sexta-feira, 17 de junho de 2016

O Racismo moderno não existia na antiguidade


Muitos escritos dos autores clássicos gregos contêm exemplos de misoginia e xenofobia. Eles até tinham uma teoria que, quanto mais distante do clima temperado, mais "selvagens" eram as pessoas, mas isso não estava diretamente relacionado à cor da pele ou traços físicos, pois a teoria se aplicava tanto às pessoas do norte da Europa quanto às do sul da Etiópia. Pode-se dizer, talvez, que este seja um pensamento racista, mas não é aquele racismo moderno, baseado em características físicas ou no conceito de raças. Isto não significa que não houve exceções, mas de modo geral, as pessoas negras eram vistas de forma positiva.

Nas palavras do historiador Frank Snowden:

"Os núbios [sudaneses] aparecem pela primeira vez na literatura europeia nos poemas homéricos, nos quais são um povo remoto, os mais distantes dos homens... A imagem homérica dos etíopes 'inocentes' (como ele e outros gregos e romanos chamavam os núbios), os favoritos dos deuses, devotos e justos, ecoa por toda a literatura clássica... De acordo com Heródoto, dizia-se que alguns núbios eram os mais altos e mais belos homens no mundo inteiro... A imagem dos etíopes justos e devotos persistiu até o fim do Império Romano. Segundo Diodoro, um historiador do fim do século I d.C., os etíopes foram os primeiros homens. Eles foram o primeiro grupo a adorar os deuses..."

De acordo com Michael A. Gomez, "os europeus ficaram completamente impressionados com a cor do africano; quanto mais escura a cor, mais forte a impressão. Apesar de impressionados, os sulistas europeus não atribuíam nenhum valor ou dignidade intrínseca à cor da pele e, ao contrário das noções contemporâneas de raça e racismo, não equiparavam a negritude com inferioridade. O racismo moderno aparentemente não existia no mundo mediterrâneo antigo. De fato, há evidência de que justamente o oposto acontecia, que os africanos eram vistos favoravelmente."

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