quinta-feira, 14 de julho de 2016

Heróis da América: José Manuel Moreno, o goleador da “La Máquina” que merecia uma Copa

Este texto faz parte da série Heróis da América, que aborda jogadores, treinadores e dirigentes que fizeram história nos países latino-americanos, mas que nem sempre são bem conhecidos por aqui.


Por *GUILHERME SEMERENE

Que a Argentina sempre fabricou grandes jogadores não é novidade para ninguém. Nomes como Alfredo Di Stéfano, Diego Maradona e mais recentemente Lionel Messi vêm logo em nossas cabeças – e com razão, pois, de fato, marcaram época e são acima da média.

Moreno atuando
 pelo River Plate
em seu 1º título
nacional em 1936
Só que antes que Don Alfredo, Dieguito ou La Pulga começassem a escrever suas histórias no futebol, Juan Manoel Moreno, apelidado de El Chaco, já mostrava sua arte no gramado do Monumental de Nuñez. 

Criado no folclórico bairro de La Boca, em Buenos Aires, Moreno foi de uma dispensa nas categorias de base do Boca Juniors a um dos melhores atacantes da década de 40 no River Plate.

Atacante veloz, mas ao mesmo tempo exímio cabeceador, Chaco atuava pelos dois flancos do campo e era admirado por sua inteligência. De acordo com pesquisa publicada pela IFFHS, Moreno foi eleito o quinto melhor jogador sul-americano do século XX e está entre os 30 maiores jogadores de todos os tempos.

Sua história na equipe dos Millonários começa em 1935. Em duas passagens, que duraram 11 anos, Moreno venceu cinco campeonatos nacionais, marcando época como parte integrante da incrível “La Máquina”, equipe que tinha seu plantel ofensivo formado por Adolfo Padernera, Ángel Labruna, Juan Carlos Muñoz e Félix Lostau, além de José Manoel Moreno.

Em mais de 20 anos de carreira, o grande El Chaco foi campeão nacional por 4 países diferentes [Argentina (36-37-41-42-47), México (46), Chile (49) e Colômbia (55-57)], anotando 243 gols em 523 partidas. Vale lembrar que Moreno também jogou no Boca Juniors. Foram apenas 22 jogos e seis gols, em 1950.

“La Máquina”: Muñoz, Moreno, Pedernera, Labruna e Loustau (Crédito: El Clarín)
Todo o sucesso conquistado nos clubes se repetiu, na medida do possível, na seleção argentina. Em 14 anos vestindo a camisa albiceleste, Moreno atuou em 34 jogos balançando as redes em 19 oportunidades. Os grandes momentos do atacante na Argentina aconteceram nos campeonatos sul-americanos – antigo nome da Copa América – de 1941 e 1947.

Moreno atuou pelo Boca em 1950
(Crédito: Jornal Mundo Deportivo)
No vice-campeonato de 1942, Moreno chegou a marcar cinco gols em um mesmo jogo. O recorde aconteceu no duelo diante do Equador vencido por 12 a 0, maior goleada da história do torneio. O caminhão de gols feitos neste jogo levou Moreno ao posto de 3º maior artilheiro de todos os tempos da competição com 13 gols marcados.

Já quando o assunto é Copa do Mundo, Moreno não conseguiu repetir as mesmas glórias dos torneios sul-americanos, simplesmente porque não disputou nenhuma edição. Vivendo grave crise financeira, a Argentina não participou das eliminatórias de 1938 e 1950 e no auge da carreira de Moreno explodia a Segunda Guerra Mundial, que fez os Mundiais de 1942 e 1946 deixarem de acontecer.

Talvez seja coincidência, mas talvez não. José Manuel Moreno faleceu aos 62 anos, no dia 26 de agosto de 1978, pouco mais de dois meses depois da primeira conquista da Argentina em Copas do Mundo.

Argentina Campeã Sul-Americana de 1941: Moreno é o segundo agachado da direta para a esquerda

*Guilherme Semerene
Guilherme Semerene é jornalista por influência do pai, mas usa o sobrenome da mãe. Goiano do pé-rachado, atualmente trabalha no site da Jovem Pan e sonha com o ataque dos sonhos: Rafael Moura e Walter, abastecidos por Rodrigo Tabata, no primeiro título nacional do Goiás.


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