sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Cristovam Buarque suspende audiência após ser chamado de “golpista”


Por Márcia Xavier

BRASILIA - Aos gritos de “Fora Temer” e “Golpistas/ Fascistas/ Não passarão”, um grupo de estudantes foi retirado pela Polícia Legislativa, nesta quinta-feira (1º /9), da reunião da Comissão de Educação do Senado, que discutia o projeto Escola Sem Partido.

 A sessão foi suspensa pelo presidente do colegiado, senador Cristovão Buarque (PPS-DF), depois que a plateia levantou cartazes chamando-o de golpista.
Em um discurso que lembrava o slogan da ditadura militar implantada no Brasil em 1964 – “Brasil, Ame-o ou Deixei-o”, o senador, que votou a favor do golpe, disse aos manifestantes, antes de suspender a sessão:

“Eu quero dizer a vocês que eu tive a hombridade de sair do Brasil quando eu não conseguia conviver com golpistas! Vocês estão se submetendo a isso! Eu não me submeto a ser dirigido por um golpista! Como vocês acham que eu sou, eu suspendo a sessão!”

Igual aos americanos

Os estudantes começaram a se manifestar quando professor Bráulio Porto de Matos, que participava da audiência, defendeu a aprovação do projeto dizendo que ele é similar ao Código de Ética dos Professores dos Estados Unidos da América, chamado Association of American Educators.

“É melhor aprovar um projeto de lei similar ao Código de Ética que acabo de citar, o que em si já demonstra que o projeto de lei proposto pela Escola sem Partido não é um projeto autoritário, do que ficar esperando que os sindicatos de professores no Brasil tomem a iniciativa de aprovarem um código de ética como esse. Isto não vai acontecer. E nós sabemos por que não vai acontecer. Porque os sindicatos de professores têm sido usados, via de regra, como nos Estados Unidos, para promover uma agenda político-partidária de esquerda”, afirmou o palestrante, o que provocou a manifestação de desagrado dos estudantes.

O presidente da ONG Escola Sem Partido e autor do projeto, Miguel Nagib, que também participou da audiência, falou sobre o que ele considera “ abuso da liberdade de ensinar “, manifestando muita preocupação com os professores “que usam o seu cargo para defender, digamos, para promover as suas crenças religiosas ou a sua hostilidade, o seu ódio, a crença religiosa dos alunos. Há professores que fazem isso. Aliás, existem os dois tipos de professores: há professores que querem converter os seus alunos e há professores que querem destruir a fé dos seus alunos.”

Criminalização da ação pedagógica

Contra os dois palestrantes, falou o representante do Fórum Nacional de Educação (FNE), Toni Reis, destacando que “o projeto incentiva a censura. “Para ele, “o projeto criminaliza a ação pedagógica, intimida os professores, mesmo que não tenha intenção, institucionaliza o preconceito e potencializa a violência.” E completou: “Nega a liberdade de cátedra e a possibilidade ampla de aprendizagem e contraria o princípio da laicidade do Estado.”

Para Toni Reis, “quando se diz que não há machismo, não há racismo e não há homofobia, isso é colocar para baixo do tapete os problemas da nossa educação.” E defendeu a escola como um ambiente de debate entre professor e alunos, criticando a proposta de transformar o professor em um “mero instrutor.”  


ViaPortal Vermelho  

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