quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Bajulador de Trump pede demissão depois de defender pedofilia

Milo Yiannopoulos provoca um incêndio a cada passo que dá. Católico, homossexual, poeta fracassado e ultradireitista impenitente, esse provocador nato é uma das estrelas do Breitbart News, um portal de "notícias" que era dirigido por Steve Bannon antes de ocupar o cargo de estrategista-chefe de Donald Trump.

Milo Yiannopoulos, em seu comício anti-islâmico em Orlando (Flórida).
A partir desse bastião extremista, que apoiou as propostas mais explosivas do republicano, Yiannopoulos alcançou uma notoriedade que agora se virou contra ele. Dono de um humor ferino, aos 33 anos cruzou um limite que dificilmente poderá superar: durante entrevistas gravadas em vídeo defendeu a pedofilia e chegou a fazer piada sobre o tema.

O resultado foi fulminante. A Conferência de Ação Política Conservadora, o sanctum sanctorum da direita americana, retirou o convite para participar de seu grande ato na quarta-feira. A editora Simon & Schuster cancelou a publicação de sua autobiografia (Dangerous), pela qual tinha pago um adiantamento de US$ 250 mil (R$ 750 mil). E seus próprios colegas do Breitbart, possivelmente assombrados com a magnitude do incêndio, anunciaram que pedirão demissão se o amador Yiannopoulos não renunciar ao cargo de editor.

Ele deu finalmente esse passo e divulgou uma nota: "Breitbart me apoiou quando outros não o faziam. Permitiram que eu levasse minhas ideias libertárias e conservadoras a comunidades que, de outro modo, não iriam conhecê-las. São um fator significativo do meu êxito. Cometeria um erro se minhas palavras distraíssem vocês do importante trabalho de meus colegas. Por isso hoje peço demissão de Breitbart. A decisão é apenas minha".

Escândalos não são novidade para Yiannopoulos. Defensor de que os homossexuais “voltem para o armário” e islamófobo raivoso, suas palestras frequentemente foram suspensas porque os convidados se recusavam a aparecer ao lado de semelhante carga de nitroglicerina.

O Twitter, depois de lhe enviar uma advertência pelos comentários racistas sobre a matança de Orlando, cancelou sua conta de forma permanente devido aos ataques racistas à atriz Leslie Jones. No início do mês, um grupo de estudantes da Universidade da Califórnia em Berkeley (São Francisco) impediu com violência uma palestra dele.

O protesto alcançou tamanha repercussão que o próprio Trump, já presidente, tuitou ameaças em favor de Yiannopoulos. “Se a Universidade de Berkeley não permite a livre expressão e pratica a violência com pessoas inocentes que têm um ponto de vista diferente - Corte de recursos federais?”.

Fonte: El País


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