quarta-feira, 22 de março de 2017

"Moro Bola Nossa"


Carta aberta ao meritíssimo juiz Sérgio Moro

Por Geraldo Elísio, repórter

Na Capital das Minas Gerais, tempos passados existiu um juiz de futebol aficionado pelo Clube Atlético Mineiro. De tão apaixonado pelo Galo, certa vez ao definir de quem era a cobrança de um lateral durante um clássico Cruzeiro e Atlético pré-Mineirão, referindo-se a um jogador que segurava a bola ele disse:

- Me dá aqui... A bola é nossa – E passou a redonda às mãos de um jogador atleticano.

A Cidinho, o apelido do juiz foi acrescentado o “Bola Nossa”, Cidinho Bola Nossa virou lenda na história do futebol mineiro. Saiba Vossa Excelência que o Meritíssimo, quando se trata de delitos tucanos está sendo chamado de “Moro Bola Nossa”.

Cidinho Bola Nossa, ao centro, sorteia a moeda
Em futebol a partidarização de um arbitro não é correta, porém quando se trata de um Juiz de Primeira Instância Federal de Vara Civil o foro é outro, bem como as consequências. A atitude do Senhor Juiz que mais pareceu a de um “bandeirinha” em alto estilo no Maracanã contra o blogueiro Eduardo Guimarães, fundador do site Blog da Cidadania, ordenando a prisão coercitiva dele para tentar saber quais são as fontes do colega militante nas redes sociais é um tapa no rosto da democracia, da liberdade de imprensa e de expressão.

Um juiz que desconhece um princípio tão elementar do sigilo da fonte, garantido pela Constituição, deveria imediatamente ser rebaixado à condição de gandula. Por isso o jornalista e publicitário Marco Aurélio Carone, Geraldo Elísio Machado Lopes e eu, estamos aqui a protestar de público e nos solidarizando com o Eduardo Guimarães.

Foi ridículo e pífio o argumento de que ele não é jornalista, portanto não sendo protegido pela Constituição. E a liberdade de expressão onde fica? Em sua filosofia empírica o povo diz: “Diz-me com quem andas que direi quem tu és!” Além do mais nesta república de bananas onde vivemos o diploma de jornalismo foi jogado no lixo pelo Judiciário e inexistem Leis claras regulamentando a matéria.

O jornalista e publicitário Marcos Aurelio Carone foi preso sem nenhuma culpa formada e assim passou nove meses na prisão, os três últimos meses em cela de isolamento total, somente sendo libertado depois das eleições vencidas pela presidente legitima Dilma Rousseff. Tudo a mando deste pivete de rosto tarjado que anda dando sopa aí pelas redes sociais, o seu amigo Aécio Neves e a irmã dele, Andrea Neves. Dize-me com quem andas...

Da mesma forma como com uma ordem judicial eu tive a minha residência invadida, meus equipamentos eletrônicos apreendidos e até hoje não devolvidos, tudo porque o “Mineirinho” e “Dedéia Mãos de Tesoura” queriam saber quais eram as nossas fontes, que nunca dissemos quais.

Para nossa alegria vimos todas as verdades que dizíamos estampadas em jornais do mundo inteiro e tramitando em processos na PGR, no Supremo Tribunal Federal – STF – e aí na Vara de Guantánamo, em Curitiba. Sei que é bem provável que Vossa Excelência não vá gostar do meu texto, mas do alto dos meus 75 anos tenho 56 da prática de jornalismo investigativo, nunca fui acusado de favorecer o Banestado e nem trabalhar com e em função de interesses estrangeiros, além de ter um Prêmio Esso Regional de Jornalismo denunciando torturas praticadas contra um operário em 1977, quando ainda vigia o temível AI-5.

Mas ditadura é ditadura e todos os argumentos, por mais sérios e lógicos que possam ser podem cair por terra. Pouco antes de redigir ouvi a musa da Jovem Guarda, Wanderleia, cantar uma música em que em determinado momento ela diz: (...) Senhor juiz / pare agora (...). Acredito ser um boa sugestão de quem como eu, não tendo partido político por ser um anarquista filosófico (contraditório é verdade por ser um nacionalista), não querer ver o Senhor togado ao julgar casos similares escorregar na grama e dizer para os petistas: “Por favor, a bola é nossa..."

Via - Carcará

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