terça-feira, 14 de março de 2017

Protestos do dia 15 contra reforma da Previdência ganham força


Na opinião de sindicalistas e lideranças do movimento social, os atos desta quarta-feira (15) contra o projeto de reforma da Previdência Social de Michel Temer serão expressivos e podem ganhar a adesão do cidadão comum. Para dirigentes, parcelas da sociedade que não fazem parte de movimentos organizados começam a se preocupar com a aposentadoria – o que deve fortalecer os protestos do dia 15.

Por Railídia Carvalho
Portal Vermelho

Os atos são iniciativa conjunta das centrais de trabalhadores e das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Estão programados para acontecer em todas as capitais brasileiras e em diversas outras cidades.

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, afirmou, em entrevista ao Portal Vermelho, que o MTST deve comparecer ao ato da Avenida Paulista, em São Paulo, nesta quarta com cerca de 25 mil militantes.

Mobilização expressiva
“Vai ter bastante gente não só em São Paulo mas em todo o Brasil. Toda a mobilização está bem expressiva. Muitas categorias vão fazer paralisação. Da parte do movimento (MTST) existe uma clareza de que é preciso fazer encaminhamento mais amplo, que é a defesa da Previdência Social”, explicou Boulos.

O projeto de reforma da Previdência Social apresentado por Michel Temer tramita em comissão especial da Câmara dos Deputados através da Proposta de Emenda Constitucional 287/2016. Na opinião de sindicalistas, economistas, parlamentares e trabalhadores, a iniciativa de Temer acaba com a possibilidade do brasileiro se aposentar.

O governo Temer defende a adoção da idade mínima de 65 anos para homens, mulheres, trabalhadores rurais e urbanos. Em 19 cidades brasileiras, a expectativa de vida é de 65 anos, ou seja, muitos trabalhadores sequer estarão vivos quando chegar a idade de se aposentar. Os mais penalizados serão os mais pobres que entram mais cedo no mercado de trabalho.

Adesão da população

No caso dos trabalhadores rurais, que trabalham mais de 41 anos para ter acesso à aposentadoria de um salário mínimo, a reforma de Temer é perversa. Carlos Gabiatto, secretário de Assalariados(as) Rurais e de Políticas Sociais na área da Previdência Social da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado do Paraná (Fetaep), observou que à medida que a população tem contato com o projeto tende a aderir aos protestos.

“Vi com alegria quando estivemos, na semana passada, em Maringá, Curitiba e Cascavel e vi a participação da população no comércio, carros buzinando em apoio à manifestação contra a reforma da Previdência. Estamos ganhando adesão”, disse Gabiatto. Ele lembrou que a expectativa de vida do trabalhador do campo é menor do que a do trabalhador da cidade.

O alegado deficit da Previdência que é o argumento do governo para a reforma é contestado pelas entidades de trabalhadores rurais. Documento da Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (Contag) afirma que a Previdência Rural “produz melhoria na qualidade de vida de várias famílias do campo”. Também fortalece o comércio de mais de 70% dos municípios brasileiros.

Contraponto
Rogério Nunes (foto), secretário de políticas sociais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), tem boa expectativa em relação aos atos de quarta-feira. “Trabalhadores da educação pública e privada, condutores, metroviários, trabalhadores da água e esgoto devem paralisar unidades da Sabesp, entre outras categorias. Há um forte movimento aqui em São Paulo que tem a expectativa de levar cem mil pessoas para a Paulista”, contou.

Na opinião de Rogério, os movimentos sociais e sindicatos estão conseguindo furar um pouco da propaganda do governo Temer, que faz terrorismo com o fim da Previdência, e dos grandes meios de comunicação que apoiam a reforma. 

“Apesar da nossa divulgação ser insuficiente comparada com os grandes meios, estamos fazendo esse contraponto. A população está sendo bombardeada e mesmo assim começa a ficar preocupada. Acho que pode ser um prenúncio de uma futura convocação de uma greve geral”, avaliou Rogério.

Ataque ao Prouni

Para a presidenta da União Nacional dos Estudantes, Carina Vitral, começa a ficar claro para a maioria da população os prejuízos que a reforma trará para a população brasileira em geral e a juventude em particular.
“A juventude será a mais prejudicada com a reforma da Previdência porque o jovem nunca mais vai poder se aposentar a menos que comece a trabalhar aos 16 anos e nunca deixe de ter o emprego com carteira assinada e de contribuir”, enfatizou.

De acordo com ela, a reforma de Temer vai extinguir 600 mil vagas do Prouni (Programa Universidade para Todos). “Uma das coisas que nos une na rejeição à PEC é o tema do fim da filantropia nas universidades como PUC e Mackenzie. Essas instituições trocam seus impostos por bolsas e o relator incluiu o fim da filantropia na reforma da Previdência, ou seja, menos 600 mil bolsas do Prouni no Brasil inteiro, o que pra gente é um tema muito caro”, esclareceu Carina.

Boulos acredita que haverá adesão nos protestos de quarta de parcelas que não fazem parte do movimento social. “Mas não será apenas neste dia, o processo continua na Câmara quanto no Senado. No meu entendimento está numa crescente. A mobilização popular contra a reforma começa a se tornar mais crítica.”

De acordo com Gabiatto, uma estratégia que precisa ser intensificada pelo movimento social é a pressão aos deputados nas bases eleitorais. “É diferente um sindicalista dizer pra um deputado que a reforma é prejudicial do que aquele eleitor que o parlamentar vai procurar o ano que vem pra pedir voto e ouvir que ele não concorda com a reforma. Conversar com o deputado no gabinete é importante mas não é tão forte do que alguém com uma faixa na frente da casa do deputado”, defendeu o dirigente.

Confira a Agenda:

Acre
Rio Branco
                 
Alagoas
- Maceió
10h
Praça dos Martírios

- Arapiraca
9h
Praça Luiz Pereira Lima

Amazonas
Manaus
16h
Praça do Congresso

Amapá
Paralisações descentralizadas
                 
Bahia
Salvador
15h
Campo Grande

Ceará
Fortaleza
8h
Praça da Bandeira

Distrito Federal
Brasília
8h
Catedral

Espírito Santo
Vitória
7h
Pracinha das Goiabeiras

Goiás
Goiânia
9h
Centro da Cidade

Maranhão
Sao Luís
                 
Mato Grosso
Cuiabá
16h
Praça do Ipiranga

Mato Grosso do Sul
Paralisações descentralizadas
                 
Minas Gerais
-Belo Horizonte
10h
Praça da Estação
-Uberlândia
16h
Praça Ismene Mendes ( antiga Tubal Vilela)
-Governador Valadares
16h
Praça dos Pioneiros
-Teofilo Otoni
9h
Câmara Municipal

Pará
Belém
9h
Praça da República

Paraíba
João Pessoa
14h
Ministério da Previdência, próximo à Lagoa

Paraná
Curitiba
10h
Praça Tiradentes

Pernambuco
Recife
9h
Praça Oswaldo Cruz

Piauí
Paralisações descentralizadas
                 
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
16h
Candelária

Rio Grande do Norte
Natal
14h
Praça Gentil Ferreira

Rio Grande do Sul
Porto Alegre
18h
Esquina Democrática

Rondônia
Porto Velho
9h
Praça Estrada de Ferro Madeira Mamoré

Roraima
Boa Vista
8h
Assembleia Legislativa

Santa Catarina
Florianópolis
16h
Praça Miramar

São Paulo
-São Paulo
16h
MASP
-Piracicaba
9h
Poupatempo
-São José do Rio Preto
15h
Terminal Central
-Ribeirão Preto
17h
Terminal Dom Pedro II
-Sorocaba
7h
Praça Coronel Fernando Prestes
-Americana
16h
Praça Comendador Muller

Sergipe
Aracaju
14h
Praça General Valadão

Tocantins
Palmas
8h30
Colégio São Francisco


Nenhum comentário:

Postar um comentário