Contra reformas trabalhista e da Previdência, propostas pelo
governo de Michel Temer (PMDB), categorias se mobilizam em grande greve
nacional. Eletricitários convocam população para "apagar o Brasil".
"Na sexta-feira (28), o Brasil pode apagar", diz o
presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, Eduardo Annunciato, o
Chicão. A categoria promete uma grande paralisação em repúdio às reformas
trabalhista e da Previdência, propostas pelo governo de Michel Temer (PMDB).
"Tive contato com 18 entidades de eletricitários e todas vão parar. Desde
Furnas, responsável por 10% de toda energia elétrica do país até áreas
estratégicas como Rio de Janeiro e Paraná", afirma.
Chicão faz um chamado à população que está descontente com
as medidas que precarizam o trabalho e dificultam o acesso dos trabalhadores à
aposentadoria. Apenas a greve geral e consecutiva paralisação da categoria dos
eletricitários não é suficiente para promover um apagão no país. "Estamos
fazendo uma proposta para as pessoas, às 19h30 da quinta-feira e às 7h da
sexta-feira, ligarem um ferro de passar e um chuveiro ao mesmo tempo. Com essa
atitude, apaga o Brasil", afirma.
O presidente do sindicato explica, de forma simplificada,
como funcionaria tal boicote. "O Brasil tem 151 gigawatts de potência
elétrica. Então, considerando um chuveiro fraco de 4.400 watts e um ferro de
passar de 1.000 watts, isso dá 5.400 watts. Considerando 40 milhões de
habitações no país, se metade da população aderir ao protesto, ou seja, 20
milhões de residências, teremos uma carga no sistema de 108 gigawatts. Somando
isso aos motores de geladeiras, motores de fábricas, fornos elétricos e
lâmpadas, é possível derrubar a energia de todo o país em três minutos."
Entretanto, a categoria não vai congelar totalmente as
operações, como explica Chicão, em entrevista à jornalista Laura Capriglione,
dos Jornalistas Livres. "Vamos manter alguns trabalhadores por questão de
responsabilidade. Não podemos permitir que, por exemplo, se rompe algum cabo de
alta tensão, isso pode matar pessoas. Também em relação aos hospitais, podem
ficar tranquilos em relação à falta de energia, pois todos contam com
geradores", afirma.
O dirigente argumenta que os eletricitários são
especialmente prejudicados e vulneráveis às reformas de Temer. "Não existe
a mínima condição de uma pessoa com 65 anos trabalhar em nossa atividade, que é
a quarta mais perigosa do mundo. Precisamos ter a musculatura em ordem, visão
em ordem e reflexos em dia. Esses crápulas não estão olhando isso, eles só
querem saber de dinheiro. Não vamos permitir. Se é guerra que eles querem, eles
vão ter", diz. "Querem dobrar nossas chances de morrer. É um devaneio
desse governo", completa.
As duas reformas levadas a toque de caixa pelo governo são
alvos de duras críticas. Para Chicão, a pior parte da reforma trabalhista é a
prevalência do negociado entre patrão e empregado sobre o legislado. "Isso
é um absurdo. O negociado já vale sobre o legislado, desde que seja para cima.
Isso arrasa o patamar mínimo do direito do cidadão. Hoje, por exemplo, o patrão
tem que pagar 50% em horas extras. Agora, pode valer pagando menos do que isso.
A lei anda pra trás."
Correios em greve
Outra categoria que aderiu à greve geral é a dos
trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Além de
somar ao contexto contra as reformas de Temer, os ecetistas também lutam contra
a privatização da instituição centenária. "Contra a privatização, as
demissões e retiradas de direitos, os trabalhadores dos Correios contam com o
apoio da população em mais uma luta que vão travar", afirma em nota a
Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e
Similares (Fentect).
A paralisação dos Correios começa antes do dia da greve
geral. A partir de hoje, às 22h, a categoria já cruza os braços por tempo
indeterminado. "O fim das agências próprias dos Correios, com fortalecimento
das franqueadas, esvazia os negócios da empresa para a iniciativa
privada", afirma. O atual presidente do órgão, Guilherme Campos, indicado
político do PSD, vem fechando agências e até retirando direito de férias de
alguns funcionários, alegando problemas financeiros.
Via - Rede Brasil Atual
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