domingo, 1 de abril de 2018

Eleições na Costa Rica revelam falência do bipartidarismo e crescimento da homofobia

O segundo turno da escolha presidencial no país centro-americano acontecerá no próximo domingo, dia 1° de abril.

abricio Alvarado Muñoz e Carlos Alvarado disputam a presidência do país; ambos são candidatos por partidos fundados a menos de 20 anos / CELAG

Os cidadãos da Costa Rica, país localizado na América Central, irão às urnas neste domingo (1°) para eleger o novo presidente do país. Mais de 3,3 milhões de costarriquenhos estão convocados para votar no segundo turno da eleição presidencial.

O primeiro turno, realizado em 4 de fevereiro, esteve marcado por um alto nível de abstenção; 35% da população do país se ausentou da votação e nenhum dos candidatos presidenciais obteve os 40% dos votos necessários para ser eleito.

No primeiro turno, Fabricio Alvorado, candidato do Partido Restauração Nacional (PRN), liderou a votação com 24,7% dos votos. Enquanto Carlos Alvorado, do Partido Ação Cidadã (PAC), que atualmente governa o país, ficou em segundo lugar, com 21,7% dos votos.

Carlos Alvarado, de 38 anos, é jornalista, escritor e integra o Partido Ação Cidadã desde 2002. Em sua trajetória política, foi Ministro do Desenvolvimento Humano e Ministro do Trabalho e Seguridade Social, entre 2016 e 2017. Caso ganhe a eleição, será o presidente mais jovem da história da Costa Rica.

Já Fabricio Alvarado Muñoz, do Partido Restauração Nacional (PRN), é deputado, jornalista e cantor evangélico. O PRN é um dos partidos mais jovens do país. Fundado em 2005, é o maior representante da comunidade evangélica nestas eleições. Atualmente, Alvarado Muñoz é o único deputado do PRN e é conhecido por suas posturas conservadoras em relação a pautas como o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Segundo a última pesquisa eleitoral, a margem de diferença entre os dois candidatos é de apenas 1%. Fabricio Alvarado Muñoz tem 43% das intenções de voto e Carlos Alvarado, 42%. A pesquisa foi realizada pelo Centro de Investigação e Estudos Políticos (CIEP), da Universidade da Costa Rica (UCR).

Histórico

O partido de Carlos Alvarado, o PAC, fundado em 2000, chegou ao poder pela primeira vez na eleição de 2014, quando Luis Guillermo Solís foi eleito. A eleição de Solís marcou o fim do bipartidarismo entre o Partido da Libertação Nacional (PLN) e o Partido da União Social (PUSC) e confirmou a emergência de novas legendas políticas no país.

No entanto, o PAC, de tendência social-democrata e considerado progressista, não rompeu com a inércia neoliberal predominante na política do país durante seus últimos quatro anos de mandato.

O alto nível de abstenção, que se manteve acima dos 30% nas últimas três eleições, também é considerado como um dos efeitos do fim do bipartidarismo.

Contexto eleitoral

O casamento entre pessoas do mesmo sexo é um dos principais temas da atual campanha eleitoral, e é considerado um divisor de águas na sociedade costarriquense.

Um mês antes do primeiro turno eleitoral, a Corte Interamericana de Direitos Humanos determinou que a Costa Rica aprovasse o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ambos candidatos pautaram suas campanhas na divergência em relação ao tema.

Enquanto Carlos Alvarado comemorou a sentença, Fabricio Alvarado Muñoz se opôs terminantemente à resolução e ganhou projeção ao afirmar que retiraria o país deste tribunal por ser contra a decisão.

Segundo o Movimento Alternativo de Esquerda (Maíz), organização popular do país, o pastor evangélico fez da homofobia a sua principal ferramenta e contou com o apoio da mídia hegemônica para se tornar um fenômeno eleitoral.

*Com informações da TeleSur e da Agência Latino-americana de Informação (ALAI).

Edição: Vivian Fernandes | Tradução: Luiza Mançano

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