domingo, 15 de abril de 2018

Raquel Trindade, multiartista e matriarca da cultura negra, morre aos 81


Velório acontece na tarde deste domingo (15), no Teatro Solano Trindade, em Embu das Artes.


Fundadora do Teatro Solano Trindade, em Embu, Trindade tinha um papel fundamental na promoção da cultura afro-brasileira / Prefeitura de Embu das Artes


Redação  do Brasil de Fato

Dançarina, professora, escritora, ativista da cultura negra, rainha do maracatu, artista plástica, folclorista, coreógrafa, lutadora incansável do teatro e cultura popular afrobrasileira. Essas são algumas das muitas designações de Raquel Trindade, que faleceu na madrugada deste domingo em Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo, aos 81 anos.

Natural de Recife, Raquel, filha do poeta Solano Trindade, fez sua morada e local de trabalho na cidade de Embu das Artes. A causa da morte não foi divulgada pela família e o velório acontece na tarde deste domingo no Teatro Popular Solano Trindade, fundado há 43 anos por ela em homenagem ao seu pai, que em 1950 criou o Teatro Popular Brasileiro.

O local, que receberá o último adeus à Raquel Trindade, é uma referência na preservação e promoção da cultura negra e popular. Realiza cursos, oficinas e apresentações de dança afro-brasileira, Hip Hop, ensaios abertos de Côco de Alagoas, Maracatu, Jongo da Serrinha, Jongo Mineiro, Bumba Meu Boi, Ritmos dos Orixás e muito mais. O enterro será amanhã, às 14h, em local ainda não divulgado.

Obra

Raquel Trindade também foi responsável pela fundação da Nação Kambinda de Maracatu. Mesmo sem diploma universitário, foi docente da Unicamp, com o grupo Urucungo, Puítas e Quinjengues [nomes de instrumentos musicais bantos], e era a intelectual responsável pelo curso de extensão Identidade Cultural Afro-Brasileiro, na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Era conhecida também pelo apelido de "rainha Kambinda", uma referência a nação africana Cabinda, reconhecida por ser matrilinear. Considerada uma griot, mestra guardiã do conhecimento, história e cultura dos povos afro-brasileiras, Raquel é autora do livro Embu: de Aldeia de M'Boy a Terra das Artes, publicado em 2004 e reeditado pela Noovha América Editora, em 2011.

Nas artes plásticas, fez sua primeira exposição individual em 1966 e foi uma das fundadoras do movimento de Artes de Praça da República, em São Paulo. Em 2012, recebeu a condecoração no grau de Comendadora da Ordem do Mérito Cultural.

Raquel têm três filhos e é avó do rapper Zinho Trindade.

(Com informações de O Taboanense, Afreaka e Wikipédia)

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira

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