AVN |
Essa semana o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro
anunciou uma série de medidas para combater a crise econômicas, entre elas uma
reconversão monetária, com a eliminação de cinco zeros da moeda local, o
bolívar, a partir do dia 20 de agosto. Com isso o governo venezuelano espera
diminuir a escassez de dinheiro devido a desvalorização da moeda.
Voltar a circular dinheiro, de forma regular, significa
certas facilidades que já não faziam parte do cotidiano do venezuelano, como
tomar um táxi na rua e fazer pagamentos em dinheiro. Praticamente todas as
transações atuais são feitas através de pagamento em cartão ou transferência
bancária.
A recepcionista Dayana Perez afirma que ter dinheiro na mão
facilitará seu dia a dia. “Tenho que tomar ônibus todos os dias para vir ao
trabalho e tenho muita dificuldade em conseguir sacar. As vezes tenho que ficar
horas na fila do banco para retirar o equivalente a uma passagem”, explica.
Apesar da dificuldade da população em conseguir o papel-moeda, os
transportistas de ônibus públicos, a maioria organizada através de cooperativas,
aceitam apenas dinheiro como forma de pagamento. Portanto, a nova medida deve
favorecer aos trabalhadores que dependem do transporte público.
A inflação, a guerra cambial, o bloqueio econômico dos
Estados Unidos e o baixo preço do petróleo, em uma economia dependente da renda
petroleira, são alguns dos elementos que contribuem para a crise que afeta o
país nos últimos quatro anos.
O valor artificial do dólar paralelo, produz o que
especialistas classificam como “guerra cambial”. O economista venezuelano Luis
Enrique Gavazut explica que trata-se de “uma manipulação artificial do valor do
dólar ditada por páginas webs administras desde os Estados Unidos e da
Colômbia”.
Um exemplo disso são os produtos de limpeza, como sabão em
pó. Hoje um pacote de 1 kg vale o equivalente a dois salários-mínimos, enquanto
a passagem de ônibus custa 0,33% do salário e a gasolina possui um valor
simbólico. Em média, os venezuelanos gastam o equivalente a 8,3% do salário em
passagens de ônibus, o que está dentro dos padrões latino-americanos. Além
disso, o transporte em metrô é gratuito em Caracas. De acordo com Gavazurt,
"é a guerra econômica contra a Venezuela que cria esse ambiente de
especulação e desequilíbrio financeiro".
Entre 2016 e 2018, a inflação impactou nos preços de bens e
serviços fornecidos por grandes empresas e multinacionais, como os produtos
importados ou produtos venezuelanos como farinha de milho, processado pela
empresa Polar, gigante venezuelana de alimentos. No entanto, no que se refere a
produção de alimentos, fornecidos por pequenos produtores rurais, como frutas e
verduras, a disponibilidade é regular e os preços estão estáveis.
Banco Central anunciará valor do bolívar
O plano de recuperação econômica anunciado pelo presidente
Nicolas Maduro nesta semana tem como objetivo combater os efeitos da “guerra
econômica”, que cria esse desequilíbrio entre a oferta e a demanda. Além de
cortar cinco zeros do bolívar, o governo atrelou o valor da moeda local ao
valor do petro, a moeda virtual venezuelana cotizada pelo preço do petróleo.
Antes do dia 20 de agosto, o Banco Central da Venezuela vai anunciar o valor do
bolívar em relação ao petro.
Para o deputado constituinte do estado venezuelano de
Táchira, Gerson González, essa medida cria um novo cenário na chamada “guerra
econômica” contra a Venezuela. “Ancorar o valor do bolívar ao petro foi uma
decisão positiva já que agora não poderão mais desvalorizar nossa moeda de
forma artificial, já que o petro é cotizado no valor do petróleo (um petro é o
equivale a um barril de petróleo)”, afirma o deputado.
O petro está sendo comercializado normalmente e tem sido
usado para fazer transações de compra e venda no mercado estrangeiro, sobretudo
no fornecimento de insumos básicos como alimentos. Isso é o que explica um
empresário brasileiro, que pediu para não ser identificado, já que sua empresa
fornece alimentos para a Venezuela e teme sofrer sanções de outros países que
possuem relação comercial com os EUA. O bloqueio imposto pelos Estados Unidos à
Venezuela inclui sanção às empresas que mantém relações comerciais com a
República Bolivariana.
Maduro também descriminalizou o uso do dólar em transações comerciais
relacionadas com os setores produtivo do país, com o objetivo de diminuir a
especulação do valor da moeda. Entre as medidas está ainda a exoneração os
impostos pelo período de um ano de todos as importações de insumos para
produção agrícola de alimentos, pneus e peças de carros e máquinas industriais,
entre outros.
Fonte: Brasil de Fato
Via - Portal Vermelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário