sábado, 16 de novembro de 2019

Mês da Consciência Negra: 10 docs sobre artistas negros para assistir no Netflix


Para conhecer, conscientizar e inspirar as novas gerações de talentos.

A CANTORA NINA SIMONE
Por Cynara Menezes


Todo ano, no mês de novembro, mês da Consciência Negra, o Socialista Morena publica vários posts sobre o tema, para contribuir justamente à conscientização dos brasileiros em relação à dívida histórica que temos com os negros. Em 2019, abrimos a série recomendando alguns documentários bacanas sobre artistas afro-americanos que estão no Netflix. Para conhecer, conscientizar e inspirar as novas gerações de talentos.

1. I call him Morgan
Larry Reni Thomas, um professor, tem entre suas alunas uma senhora que se identifica com a apreciação dele pelo jazz. “Ah, meu marido era músico de jazz”, ela diz. O professor então descobre que ela é ninguém menos que Helen Morgan, a viúva do trompetista Lee Morgan –e sua assassina. Helen o matou, aos 33 anos, em 1972, supostamente por ciúmes. O documentário do sueco Kasper Collin é costurado a partir do áudio da entrevista de Larry com Helen, uma figura tão complexa quanto o marido cuja carreira interrompeu.
2. O Diabo na Encruzilhada
Será mesmo que Robert Johnson, o lendário guitarrista de blues, morto aos 27 anos, que influenciou várias gerações de músicos, fez um “pacto com o diabo”, como reza a lenda, ou isso é um mito utilizado para diminuir seu talento? Essa investigação é o ponto central do documentário de Brian Oakes, cuja narrativa se completa com animações sobre a vida do músico, sobre a qual há apenas duas fotografias…
3. As duas mortes de Sam Cooke
Sam Cooke era bonito, elegante, famosíssimo como cantor e engajado nas lutas pelos direitos civis dos negros nos anos 1960. Amigo de Muhammad Ali e Malcolm X, Cooke, considerado o pai da moderna soul music, suas músicas só eram menos executadas que as de Elvis Presley. No entanto, morreu baleado na porta de um motel barato em Los Angeles, em 1964, em circunstâncias até hoje não esclarecidas, o que obscureceu tanto seu talento quanto seu ativismo político.
4. Floyd Norman
O desenhista foi o primeiro negro a trabalhar como animador na Disney, mas curiosamente o tema racial não é tão central na sua história quanto o preconceito de idade. Floyd Norman se esquiva e nega ter encontrado dificuldades na carreira por ser negro. “Eu simplesmente cheguei lá, pedi emprego e me deram”, ele diz. Mas, ao completar 80 anos e após uma trajetória brilhante, se ressente por não ter se tornado um manda-chuva dos estúdios, ao contrário dos colegas brancos, e por ter sido demitido ao se tornar “velho” para a indústria. A Disney, aliás, fez um acordo onde permitia que ele falasse da questão racial em sua autobiografia, mas não sobre a questão da idade.
5. What happened, miss Simone?
Indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2015 (perdeu para o filme sobre Amy Winehouse), traz fotos, gravações e filmagens inéditas da pianista, cantora e ativista Nina Simone, além de entrevistas com sua filha, Lisa, e amigos, misturado com imagens históricas da luta pelos direitos civis dos negros nos EUA dos anos 1960. A perseguição que sofreu por seu envolvimento levaria Nina, uma das maiores artistas negras de todos os tempos, a se mudar para a Libéria nos anos 1970, decepcionada com o que os EUA se tornaram, e depois para a França, onde morreu. “A América que eu sonhei nos anos 1960 foi uma piada ruim, com Nixon na Casa Branca e a revolução negra substituída pela era disco”, ela escreveu em suas memórias.
6. Whitney – Can I be me
Esse é provavelmente o mais triste documentário da lista. No auge da carreira, Whitney Houston chegou a ser uma das maiores popstars negras da história. O single do filme O Guarda-Costas (1992), I Will Always Love You, é até hoje o mais vendido por uma mulher em todos os tempos. A vida pessoal de Whitney, porém, era uma tragédia: um casamento tóxico e o envolvimento com drogas pesadas arruinaram sua carreira e a levaram à morte precoce aos 48 anos, em 2012, afogada em uma banheira, mesmas circunstâncias em que morreria sua filha Bobbi Kristina três anos depois, aos 22. O documentário traz revelações, como o abuso sexual sofrido na infância, para tentar explicar a trajetória de Whitney.
7. Quincy
Dirigido pela filha do lendário produtor, executivo, músico e arranjador, a atriz Rashida Jones, o documentário é um tributo a Quincy Jones. Não há espaço para críticas (como os ataques que sofreu dos próprios negros por seus casamentos com mulheres brancas), só para a celebração do artista, que completou 86 anos. Mas não deixa de ser inspirador conhecer a trajetória de Quincy, que saiu de uma infância miserável em Chicago e superou o trauma de ter a mãe esquizofrênica internada num hospício, para se tornar um dos mais poderosos nomes da indústria musical, amigo de Ray Charles, Frank Sinatra e Barack Obama. Além de ser uma personagem deliciosa de assistir, energia muito boa a do Q..

8. O pai da black music

Conta a história de Clarence Avant, pouco conhecido pelo público em geral, mas um nome fundamental da história da black music. Como quase todos os nomes desta lista, Avant, hoje com 88 anos, teve uma infância dura no Sul segregacionista dos EUA e com um padrasto abusivo que chegou a tentar envenenar. Foi morar com uma tia em Nova Jersey e lá, mesmo sem completar os estudos, decolou para uma carreira brilhante como o agente que impulsionou a carreira de muita gente, inclusive Barack Obama. Foi agente de Sarah Vaughan, do brasileiro Luiz Bonfá e também de jogadores de futebol americano, como Jim Brown.
9. Who shot the Sheriff?
O documentário parte da tentativa de assassinato, nunca elucidada, de Bob Marley em 1976 para dar um panorama da música e da política na Jamaica de então, com a violenta repressão sobre o reggae e a cultura rastafári. O país vivia então uma disputa sangrenta entre os partidários do primeiro-ministro Michael Manley, um socialista democrático até hoje muito popular no país, e seu opositor Edward Seaga, gerando uma onda de violência que só cessa em 1980 com a eleição de Seaga. Bob Marley diz que não quer se envolver em política –até que a política o alcança, na forma de dois tiros de raspão às vésperas de um show gigante, promovido com a ajuda de Manley para tentar pacificar o país. Sua mulher, Rita, e o agente Don Taylor ficam seriamente feridos. Bob irá ou não irá fazer o show?
10. Reincarnated
Cansado de escrever rap, Snoop Dogg vai à Jamaica para fazer um disco de reggae com “paz, amor e luta”. Lá, conhece Bunny Wailer, o lendário parceiro de Bob Marley, que o chama de “Snoop Lion”, sua “reencarnação”, a partir daí o alter ego reggae do cantor. Snoop vai a Trench Town, onde o reggae e o ska nasceram, e percorre as vizinhanças mais barra pesadas de Kingston, sempre recebido como um rei. Tudo regado a muita, muita maconha. Onde chega, presenteiam Snoop com “camarões” gigantescos de erva (percebe-se de onde vêm a inspiração para os dreadlocks…), que o rapper, cumpridor das regras do bom maconheiro, retribui sempre com sua marijuana californiana –o músico, ativista da erva, tem uma marca de cannabis, Leafs by Snoop. Muita informação sobre a cultura rastafári, reggae e rap –e boas gargalhadas.




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