quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Oh senhor Deus pai dos pais


“Oh senhor Deus pai dos pais
Eu não sei porque consentes
Se somos todos irmãos,
Destinos tão diferentes.”

Reza a cristandade, que o homem é feito à imagem e semelhança de Deus e sendo assim, somos todos irmãos. Doutores, advogados e toda sorte de legisladores, buscam nos convencer que perante a lei somos todos iguais, a lei é para todos e o símbolo da justiça, traz seus olhos vendados, pois cega, ela é imparcial.

Assim nos é ensinado, assim nos dizem, assim nos fazem crer embora subliminarmente a realidade seja completamente oposta.

Geneticamente de fato somos iguais, pois pertencemos à mesma raça, sejam negros, brancos, vermelhos ou amarelos somos todos componentes da raça humana. Nascemos, crescemos, nos reproduzimos e morremos, até aqui nos assemelhamos até mesmo com os animais, a grande diferença entre nós e aqueles, é nossa racionalidade.

O homem então é provido de razão, um animal racional, e por causa deste grande trunfo ele subjuga os demais seres e também aos demais homens. O homem é também um ser sociável e divide-se em classes.

Friamente pensado o homem promove a desigualdade, ele de forma calculista, articula a divisão de classes para o seu próprio benefício. Surge neste momento a separação entre dominador e o dominado, o primeiro por sua vez torna-se o parasita do outro.

Caem por terra toda doutrina e princípios religiosos, a justiça deixa de ser imparcial. Uma parte destes homens se tornam vítimas deste humano quadro seletivo, onde racionalmente pensada, as divisões de classes acontecem e o homem se torna um ser diferente (inferior) ao próprio homem.

Com o processo de seleção de classes, um pode mais que o outro. As regalias que deleitam a este, não favorecem aqueles, mas tudo é lícito, pois tudo está amparado na lei.

Tudo é tão humanamente pensado, tudo tão racionalmente programado, que o dominado como se tivesse com os olhos vendados, não enxerga, e de forma pacífica, aceita sua sujeição sem tomar conhecimento dos grilhões que o aprisionam.

Dominantes adestram dominados, os colocam rédeas, os escravizam, dominantes fazem leis que favorecem aos dominantes.

Dominados são marionetes de dominantes, são fáceis de conduzir, de manejar. É fácil de lidar com a massa dominada, aos finais de semana os colocam para dançar fazem uma festa, eles ficam saltitantes de alegria. Nos finais de ano, tudo se torna muito mais bonito, estamos todos felizes, uma sensação de fraternidade e igualdade contagia a todos.

Correm-se os dias, o ano e a igualdade é apenas ilusória, o labor e a luta continuam, as forças de trabalho são compradas por vis trocados. Mas, que importa? Tem a hora do recreio, todos brincam, riem, todos brindam a ilusória liberdade e pensam que a escravidão acabou.

Assim o somos, desiguais, porém "felizes".

Mateus Brandão de Souza, graduado em história pela FAFIPA

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