sábado, 7 de março de 2020

6 greves de mulheres no mundo que mudaram o curso da História

Por Jimena O., no Pijama Surf

Tradução Cynara Menezes

A história dos movimentos de trabalhadores foi muito bem documentada. E as mulheres tiveram um papel muito relevante neles, pois graças à sua organização deram o exemplo para as gerações seguintes.

Veja algumas das greves e movimentos de mulheres mais importantes da história dos movimentos trabalhistas e suas conquistas.

1. Trabalhadoras da indústria do tabaco em Madri, 1857


A greve das 4000 trabalhadoras da Fábrica de Tabaco de La Coruña é considerada a vanguarda do movimento operário espanhol.

Numa segunda-feira, 7 de dezembro de 1857, as operárias deixaram seus postos de trabalho e foram para cima com tudo: destruíram escritórios, móveis e maquinário. Entre as razões que desataram a fúria das trabalhadoras estavam as jornadas de trabalho cada vez mais longas, as oficinas abarrotadas onde as mulheres trabalhavam em temperaturas extremas e o ritmo de produção exigido, cada vez mais rápido, tudo isso a salário cada vez menores.

Depois do exemplo das trabalhadoras do tabaco houve uma greve de marceneiras em 1880 e a paralisação das operárias do tabaco de Gijón em 1903.

2. Greve de Pão e Rosas em Lawrence, Massachussetts, em 1912


No começo do século 20, os operários da indústria têxtil nos EUA se movimentavam exigindo melhores condições de trabalho e melhores salários. As mulheres do setor começaram então a organizar seus próprios protestos. Em 11 de janeiro de 1912, as trabalhadoras da indústria têxtil, a maioria delas imigrantes, começaram uma paralisação que duraria dois meses e ficaria conhecida como “a greve do pão e rosas”. Formaram um cordão ao redor das fábricas, de forma que nem sequer a polícia podia entrar. Os vizinhos instalaram creches e refeitórios em apoio às trabalhadoras.

3. Dagenham, Inglaterra, 1968

Em 1968, a empresa norte-americana Ford tinha aproximadamente 55 mil trabalhadores na Inglaterra, dos quais 187 eram mulheres. Estas mulheres eram encarregadas de fazer o estofamento dos assentos dos carros. Apesar do número significativamente menor, estas operárias decidiram começar uma folga que durou três semanas para exigir sobretudo igualdade salarial, pois seus salários eram 92% menores do que os dos trabalhadores homens.

Em 1970, com o apoio do Partido Trabalhista, o Reino Unido aprovou a Lei de Igualdade Salarial, que entrou em vigor 5 anos depois em todo o país.

4. O dia livre das mulheres da Islândia em 1975

Até 1975, o salário dos homens islandeses era 40% mais alto que o das mulheres. Diante desta situação, 90% das mulheres trabalhadoras do país começaram uma greve que repercutiu em todo o país: conseguiram parar a atividade de bancos, escolas e fábricas. Os homens tiveram que ocupar os espaços vazios que as mulheres tinham deixado, tanto no trabalho como no lar. Como consequência deste movimento, cinco anos depois da paralisação a Islândia elegeu a primeira mulher presidenta: Vigdis Finnbogadottir.

5. Greve de fome das mineiras de La Paz, Bolívia, 28 de dezembro de 1977

DOMITILA CHUNGARA, ATIVISTA BOLIVIANA
Durante a ditadura de Hugo Banzer na Bolívia (1971-1978), houve quatro mulheres que encabeçaram um movimento que culminaria na queda do ditador. Luzmila de Pimentel, Nelly de Paniagua, Aurora de Lora e Angélica de Flores, todas elas esposas de dirigentes sindicais mineiros, junto com seus 14 filhos, se uniram à ativista Domitila Chungara, tomaram a arquidiocese de La Paz em 28 de dezembro de 1977 e se declararam em greve de fome. As reivindicações: anistia geral para os opositores do regime e convocação de eleições livres. Mais de 1500 bolivianos se uniram a esta greve de fome. Meio ano depois, o ditador Hugo Banzer renunciou. Estas cinco mulheres deram o primeiro passo para a democracia na Bolívia.

6. Bangalore, Índia, Garment Labour Union, 2002

Em 2002, as mulheres trabalhadoras das fábricas têxteis se uniram e formaram seu próprio sindicato, o Garment Labour Union. O GLU se propôs a reunir todas as trabalhadoras do setor têxtil para exigir melhores condições de trabalho e aumento do salário mínimo, o qual havia aumentado apenas 4 vezes em 45 anos. Um dos objetivos principais deste sindicato é conscientizar sobre os direitos trabalhistas das mulheres na Índia.


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