segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Funcionários dos Correios anunciam greve para 18 de agosto

Categoria também luta contra retirada de direitos e por proteção contra Covid-19.

Funcionários alegam que terão perda salarial - Foto: Divulgação


No Portal VermelhoPor Mariana Branco.


 A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos anunciou nesta segunda-feira (3) greve nacional da categoria a partir do dia 18 de agosto. Segundo nota divulgada no site da Fentect, os trabalhadores lutam contra a retirada de direitos do atual acordo coletivo e a privatização da estatal, que vem sendo anunciada pelo governo em meio à crise sanitária.

 A categoria também reivindica proteção para os quase 100 mil funcionários devido à pandemia da Covid-19. Segundo a Fentect, os sindicatos têm travado batalhas judiciais para garantir aos funcionários itens de proteção e higiene, desinfecção de agências, testagem e afastamento de pessoas do grupo de risco, que coabitam com grupos de risco, ou têm filhos em idade escolar.

 Ainda de acordo com a Fentect, a estatal se nega a fornecer os dados de funcionários e terceirizados infectados pela Covid-19, bem como a quantidade de óbitos na categoria.

 A atual direção dos Correios propôs recentemente a redução de aproximadamente 70 cláusulas de direitos dos seus empregados. Em nota, a empresa afirmou que ajustará os benefícios concedidos ao que está previsto na CLT e em outras legislações.

 Entre as cláusulas do acordo coletivo que a empresa quer suprimir estão 30% do adicional de risco, vale-alimentação, licença maternidade de 180 dias e auxílio creche, entre outros. Segundo Emerson Marcelo Gomes Marinho, diretor da comunicação da Fentect, com o corte o salário médio dos funcionários dos Correios, hoje em R$ 2 mil, pode cair para R$ 1,4 mil.

 “Na verdade, todo o enxugamento da folha salarial dos trabalhadores, mais os fins dos benefícios, têm como pano de fundo deixar a empresa enxuta para concluir o projeto de privatização colocado pelo Salim Mattar [secretário de Desestatização e Desinvestimento] e Paulo Guedes [ministro da Economia]”, afirma o diretor de comunicação.

 Emerson Marinho nega que a estatal seja deficitária e afirma que os Correios não precisam de aportes do Tesouro Nacional. “A direção alega que teve prejuízo no ano passado, mas colocou no Portal da Transparência que teve R$ 104 milhões de lucro líquido em 2019. A receita no ano passado chegou a R$ 20 bilhões. Com a pandemia, o governo argumenta que tem que gastar mais, mas teve acréscimo de 30% na receita de março a junho devido ao crescimento do e-commerce”.

 Em 17 de agosto, 36 sindicatos de funcionários dos Correios realizarão assembleia para votar a deflagração da greve. Caso aprovada, a paralisação começa à 0h do dia 18 de agosto.


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