sábado, 22 de agosto de 2020

Nossas assombrações são melhores

 

Diante da realidade que vivemos onde mais e mais o potencialismo europeu e estadunidense rouba a cultura latina de nossa América, é preciso falar daquilo que povoa o imaginário popular e enriquece nosso folclore. Segue alguns nomes de assombração “existentes” no Brasil que de fato é de uma preciosidade cultural extraordinária.

Boto-rosa – Diz os crédulos que se trata de um demônio que vive nas águas da amazônia, durante a noite se transforma um rapaz bonito de vestes brancas, ele é um sedutor de moças donzelas, elas, encantadas pela beleza inebriante do boto, sedem-lhe a honra, e fatalmente saem grávidas após contato com este ser sobrenatural.

Mula-sem-cabeça – Vira mula-sem-cabeça, mulher que se deita com padre ou ainda aquela que trai o marido com o compadre. Quando morrem, elas ficam vagando pelos sertões assustando aos vivos, se a mesma aparece para alguém, é bom esconder unhas e dentes para livrar-se do ataque dessa devassa que não foi digna nem do céu nem do inferno.

Caipora – exímia apreciadora de tabaco, vive nas matas brasileiras, sobre sua aparência as opiniões se divergem, uns dizem ser ela uma velha feia e aos frangalhos, outros já a mostram sendo uma moça bonita, de saia rodada e fumando muito. Esta diabinha tem o costume de embaraçar as crinas dos animais de modo que jamais são desembaraçadas se as mesmas não forem cortadas. Para isentar-se das diabruras da caipora, é aconselhável deixar para ela, uma porção de fumo encima de um toco, a caipora por gratidão não faz traquinices com as pessoas que lhe ofertam fumo.

Curupira – índio fantástico, cabelos vermelhos, vive no meio do mato, sua principal característica são os pés virados pra trás, protetor incondicional dos bichos e da natureza, o curupira é o terror de caçadores e lenhadores.

Lobisomem – O filho que nasce depois de sete filhas vira lobisomem, também aquele que passa sete anos sem entrar em uma igreja sofre esta metamorfose. É um perigo sair de casa em noites de lua cheia, no período da quaresma, o lobisomem corre todas as noites. É preciso tomar cuidado, o lobisomem aprecia cocô de galinha mas também devora bezerros e crianças recém nascidas.

Boitatá – Conta-se que o boitatá é guardião dos cemitérios e pântanos, olhos de fogo, pele reluzente, mostra-se como uma assombrosa luz que oscila entre o chão e o alto, assusta aos que caminham fora de hora.

Saci-pererê – Clássico por suas diabruras, moleque peralta de cor negra tem uma única perna, gorro vermelho sobre a cabeça pitando um saboroso cachimbo. Se manifesta em redemoinhos de vento, adora assustar cavalos fazendo-os disparar, gosta também de azedar o leite e surrar cachorros, é sofrível ganido de cachorro quando apanha do sací.

Estes são apenas alguns dos vários exemplos da nossa rica cultura cheia de crendices populares. É preciso resgatarmos nossas origens, ressuscitar nossas lendas, para que o domínio estrangeiro não roube nossa identidade. Professores, profissionais da pedagogia, pais e mães do Brasil, ensinem sobre o nosso folclore, ao invés do ‘halloween’, é muito mais bonito nossas assombrações. Esqueçam as bruxas norte americanas, digam não ao estrangeirismo e sim ao sobrenatural que enriquece o imaginário nacional. Viva os nossos curupiras, caiporas lobisomens sacis e tantas outras assombrações da nossa terra.

Por: Mateus Brandão de Souza, graduado em História pela FAFIPA.

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