quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Saudações a um gênio, Maradona

 


O mundo lamenta uma de suas grandes personalidades do esporte, um homem que encheu sua vida de lembranças indeléveis até se tornar um ícone eterno, Diego Armando Maradona.

'El Pelusa', um de seus vários epítetos, era arte na grama e cada toque seu na bola tinha a delicadeza de um dançarino, um gênio do tango capaz de dar 44 passos em 10,6 segundos para cumprir a 'meta do século' e sentando para ver o quanto de inglês ele viu na estrada em 1986 em um campo no México.

O ídolo das multidões partiu para outro plano de vida sem nem se despedir, mas deixou uma história de futebol que inspira e se apaixona, enquanto a plasticidade dos dribles volta e enche de magia o pensamento dos torcedores.

A 'Mão de Deus', a 'meta do século', sua escolha como o melhor jogador de todos os tempos, e até o título de Mestre Inspirador dos Sonhos, da Universidade de Oxford, fizeram de '10' uma referência sagrada no mundo mais popular dos esportes.

Maradona nasceu em 30 de outubro de 1960 no sul da Grande Buenos Aires, em Villa Fiorito, 'bairro sem água, pão, carne', como costumavam dizer; mas também onde ele estava livre como em nenhum outro lugar e deu seus passos iniciais com uma bala nos pés.

Talvez por isso 'Pelusa' seja o apelido que mais gosta de todos os que lhe deram, porque o remete à infância em Fiorito, aos arcos de cana e àquela equipa Cebollitas em que começou a enlaçar uma corrente que o levou a cúpula mais alta do futebol mundial.

Argentinos Juniors foi o primeiro passo de sua ascensão vertiginosa. Lá ele estreou em 20 de outubro de 1976 no Campeonato Metropolitano e quase um mês depois, em 14 de novembro, ele marcou seus dois primeiros gols contra o San Lorenzo.

Em menos de um ano, ele estreou pela Seleção em uma partida contra a Hungria, disputada em 27 de fevereiro de 1977, e na qual esteve apenas alguns minutos.

A proclamação, dois anos depois, como campeão da Copa do Mundo Júnior foi o prelúdio da chegada de Maradona ao Boca Juniors, que de lá seguiu para o Barcelona espanhol, com o qual disputou 39 partidas e foi o artilheiro do time com 27 gols.

Mais tarde (1984), ele começou seu tempo na Itália Nápoles, com a qual ganhou a Copa da Itália, a Copa EUFA e a Supertaça da Itália; depois de jogar 259 jogos e marcar 115 gols.

Foi no meio de sua aventura italiana que alcançou sua verdadeira consagração: o título da Copa do Mundo de 1986 no México, onde também marcou dois gols famosos: 'o gol do século' e a 'Mão de Deus'.

Naquele dia, 22 de junho de 1986, e em uma partida das quartas de final contra a Inglaterra, o 'Pibe de Oro' enganou o gigante goleiro inglês Peter Shilton, mas, como se isso não bastasse, quatro minutos depois um demonizado Maradona ele terminou uma corrida sublime na grama verde, desviando dos rivais a cada toque sutil na bola.

O 'Pelusa' percorreu 60 metros, derrubou os seis jogadores ingleses que se interpunham em seu caminho e tocou suavemente a rodada antes da saída de Shilton para selar um histórico de 2 a 1 a favor da Argentina.

Os problemas de 'Diego' começaram no início dos anos 1990, quando ele deu positivo para doping na Itália em 1991, motivo pelo qual foi suspenso por 15 meses e investigado por uma suposta relação com a máfia.

Em meados da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, ele testou positivo para o uso de substâncias proibidas após um jogo contra a Nigéria e sua ilusão foi frustrada. Três anos depois, em 30 de outubro de 1997, anunciou sua aposentadoria, que passou a vigorar.

Porém, em novembro de 2008 voltou a campo, mas depois como diretor técnico da seleção argentina, imerso na época em uma campanha fraca pelas eliminatórias para o Mundial.

Maradona - que teve apenas uma breve transição como treinador pelos clubes Mandiyú e Racing na década de 1990, sem sucesso - conseguiu se classificar para a Copa do Mundo de 2010 na África do Sul e levou-a às quartas de final.

Um ataque cardíaco, problemas respiratórios e cardíacos e hepatite severa colocam a vida dos '10' em risco em mais de uma ocasião, tudo antes de se submeter a uma cirurgia para perder 40 quilos de peso e se tornar uma estrela da televisão no programa 'La noche del 10'.

Perto de sua Villa Fiorito natal, Maradona comemorou seu 60ú aniversário em 30 de outubro, apesar do confinamento pela Covid-19 ou doenças, porque seu gênio rebelde e brincalhão nunca desistiu e sua figura sempre voltou a inefável 'Mão de Deus'.

Diego Armando Maradona sofreu uma parada cardiorrespiratória na manhã desta quarta-feira em sua casa no bairro de San Andrés, no município de Tigre.

Várias ambulâncias foram até sua casa para atendê-lo, mas nada puderam fazer para salvar sua vida, 22 dias após ser operado de um hematoma subdural. Portanto, éramos um gênio.

Via – Prensa Latina

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