Os dados são preocupantes. Pelo
levantamento, o número de brasileiros vivendo na extrema pobreza é maior que a
população da Austrália.
Segundo projeções da Fundação
Getúlio Vargas (FGV), já são quase 27 milhões de brasileiros que vivem na
miséria após o fim do pagamento do auxílio emergencial. Com base nos dados das
Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílio (Pnads), neste janeiro, 12,8% da
população passaram a viver com menos de R$ 246 ao mês (R$ 8,20 ao dia).
“Com o fim do auxílio emergencial
em dezembro, 2021 começou com um salto na taxa de pobreza extrema no Brasil. O
país tem hoje mais pessoas na miséria do que antes da pandemia e em relação ao
começo da década passada, em 2011”, diz reportagem de Fernando Canzian no
jornal Folha de S.Paulo deste domingo (31).
Os dados são preocupantes. Pelo
levantamento, o número de brasileiros vivendo na extrema pobreza é maior que a
população da Austrália.
“Trata-se de um aumento
significativo na comparação com o segundo semestre de 2020, quando o pagamento
do auxílio emergencial a cerca de 55 milhões de brasileiros chegou a derrubar a
pobreza extrema, em agosto, para 4,5% (9,4 milhões de pessoas) —o menor nível da
série histórica”, revela a reportagem.
Segundo o estudo, a taxa neste
começo de década é maior que a do início da anterior (12,4%) e que a de 2019
(11%). “O efeito negativo da pandemia sobre a renda dos mais pobres já tenderia
a ser prolongado levando-se em conta a recuperação difícil que o Brasil tem à
frente (quase sem espaço no Orçamento público para novas rodadas de auxílio
emergencial), o aumento das mortes pela Covid-19 e o atraso no planejamento da
vacinação”.
Projeto internacional, liderado
pelas Universidades de Harvard e de Cornell, compara como países de 5
continentes vêm atuando em termos de saúde pública, economia e política.
Controvérsias entre ministros da saúde e presidente da República revelam a
gravidade do fracasso brasileiro.
A transferência arriscada e cara às pressas de pacientes de hospitais em colapso para outros estados foi uma das imagens mais trágicas da gestão da pandemia no Norte do país. Marco Santos
Brasil, Índia, Itália, Reino
Unido e Estados Unidos representam os maiores fracassos de resposta à Covid e,
por isso, foram classificados como países “caóticos” pelo projeto Comparative
Covid Response: Crisis, Knowledge, Politics (CompCoRe). China, Singapura,
Coreia do Sul e Taiwan como países “de controle” e Alemanha, Austrália,
Áustria, França, Japão, Holanda e Suécia como “de consenso”. Pesquisadores de
cada um desses países colaboraram com estudos de caso para a comparação.
Esta informação foi divulgada
pela publicação de resultados preliminares de um estudo comparativo entre 16
países do impacto às respostas governamentais relacionadas a saúde pública,
economia e política durante a pandemia da Covid-19. A publicação do estudo foi
feita pela Universidade de Cornell e a Universidade de Harvard, ambas nos
Estados Unidos.
Um dos dados mais reveladores do
fracasso brasileiro foi a controversa demissão do popular ministro da saúde
após a defesa de medidas de quarentena impostas por governadores e prefeitos,
mas criticadas como economicamente ruinosas por Bolsonaro. Seu sucessor
renunciou poucos dias depois, tornando o Brasil o único país do mundo à deriva
em termos de gestão da pandemia durante algum tempo. Seguindo a deixa da
postura pública de Donald Trump, o presidente Jair Bolsonaro zombou do vírus e
defendeu uma política inviável de “isolamento vertical”, visando atingir os que
correm mais risco e ao mesmo tempo manter a economia aberta. O número de mortos
da Covid-19 no Brasil subiu para o segundo maior do mundo.
O projeto CompCoRe foi financiado
pela National Science Foundation, agência governamental americana que promove o
progresso da ciência, e pelo Schmidt Futures, instituição privada que busca
aproximar cientistas da política pública. Os docentes e pesquisadores que
participaram do estudo brasileiro foram Marko Monteiro e o pesquisador de
pós-doutorado Alberto Urbinatti, da Unicamp, Gabriela Di Giulio, Ione Mendes e
Felipe Reis, da USP, e Philip Macnaghten, da Universidade de Wageningen, na
Holanda.
O Brasil está entre os países que
mais chamaram atenção no estudo. Para Alberto Urbinatti, “a Covid-19 explicitou
e aprofundou questões pré-existentes em cada país. Isto fica bastante evidente
no caso brasileiro: uma intensa polarização política pré-existente deu o tom
das respostas à pandemia, principalmente no que diz respeito às controvérsias
que surgiram em torno das responsabilidades federal, estadual e municipal com
as medidas de combate à Covid-19”. O relatório preliminar do estudo apresentou
3 tipologias diferentes de pensar as relações entre as respostas à pandemia e a
forma como a sociedade aceitou ou reagiu a elas.
Mitos desmascarados
Os resultados preliminares do
projeto indicam falácias comuns aos diferentes países analisados que, segundo
os pesquisadores, precisam ser evitadas.
Os cinco principais lugares
comuns que se mostraram falhos como referência para o combate à pandemia foram:
1) uma pandemia pode ser
gerenciada por um “manual”. São poucas as normas que se aplicariam a todos os
casos, realidades e novos eventos. Alguns países abandonaram manuais de
pandemia para aplicar políticas públicas novas e bem sucedidas, assim como
outros não entraram em consenso sobre seus manuais e acabaram fracassando;
2) em situações de emergência, as
políticas públicas são mais importantes do que o contexto político; ou seja, o
contexto político se mostrou definidor das políticas públicas ou ausência de
sua aplicação, como nos casos em que polarizações raciais e econômicas se
acentuaram e criaram desconfianças da elite governante ou no caso de sociedades
consensuais em que se reforçaram os laços de solidariedade para o sucesso do
enfrentamento;
3) os indicadores de sucesso e
fracasso são sempre nítidos e os resultados podem ser bem definidos e medidos
objetivamente. A pandemia mostrou que os dados podem ser escolhidos
politicamente e valorados de forma diferente; especialistas divergem sobre
quais indicadores são mais importantes e que decisões foram mais importantes
para definir um quadro.
4) o assessoramento por
cientistas permite que os formuladores de políticas definam as melhores
políticas públicas em todos os casos. Em muitas localidades, as recomendações
de cientistas se confrontaram com as dificuldades e desigualdades enfrentadas
pelos gestores, pelas disputas político-ideológicas, assim como com o cansaço
da população em lidar com o prolongamento de quarentenas; Cientistas não falam
com uma única voz, divergem em diagnósticos e resultados, como demonstram as
experiências de Brasil, Holanda, Reino Unido e Estados Unidos, por exemplo.
5) a desconfiança no
assessoramento dado pelos especialistas em saúde pública reflete um
“analfabetismo científico”. Este lugar comum se choca com a politização do
debate e a estratégia intencional de gestores em desinformar a população
desacreditando os cientistas para impor suas vontades políticas. Na experiência
internacional se observa o estrelismo de certos cientistas que se confronta com
ideias divergentes de pares, assim como a evolução da pandemia altera as
percepções e decisões de especialistas, como Fauci, nos EUA, que mudou sua
posição sobre uso de máscaras ou cientistas que mudaram sua posição sobre
imunidade de rebanho e lockdowns. Muitas desconfianças sobre vacina derivam de
países desiguais e conflituosos onde diferenças sociais definiram a
marginalização e exploração de grupos sociais.
“Esses pontos derivam do debate
sobre casos bastante diversos. Não são pontos que buscam delimitar ‘regras’,
mas indicam fortemente uma necessidade de levar em conta que os fracassos de
política pública e resposta à pandemia, cujos casos mais paradigmáticos são os
Estados Unidos e o Brasil, devem-se não necessariamente à ausência de boas
políticas públicas ou a uma ausência de bons cientistas e conhecimento, mas
pela forma como tais conhecimentos e protocolos sanitários conhecidos foram
ignorados ou preteridos por conta de disputas políticas, como no caso
brasileiro”, aponta Marko Monteiro.
Um dos objetivos do projeto foi
justamente dar soluções rápidas, bem fundamentadas e que pudesse ajudar a
orientar a própria resposta dos países à pandemia. Os resultados reforçam a
importância de se proteger a economia e os empregos a longo prazo e identifica
que as melhores respostas de saúde pública estão relacionadas tanto a fatores
biológicos, como biologia molecular, clínica médica e epidemiologia, quanto a
fatores sociais, como o comportamento humano. O contexto político de cada país
também é responsável pelos avanços ou retrocessos em políticas públicas.
Segundo Alberto Urbinatti, o
projeto aponta nas suas conclusões questões necessárias para pensar um ‘novo
globalismo’ do século XXI. As vacinas, por exemplo, “evidenciaram questões de
ética e ciência em um palco global, criando novas redes de interação e
conflitos políticos”. Para Marko Monteiro, dados os problemas em produzir
vacinas, destaca-se a “necessidade de produzir um novo pacto global, além de um
pacto social internamente a esses países, a respeito do papel da ciência nas
tomadas de decisão. Um novo globalismo pode representar uma forma de
reorganizar tanto cadeias de produção e relações comerciais, quanto as
instituições de alcance global que participam da governança desses eventos,
como a Organização Mundial da Saúde (OMS). São questões centrais para os anos
futuros”.
Estados Unidos: Apesar das impressionantes conquistas dos EUA em
biomedicina e extenso planejamento para preparação para pandemia, o histórico
dos EUA em lidar com a crise de saúde pública da Covid-19 está entre os piores
do mundo, conforme evidenciado pela incidência absoluta de fatalidades,
perturbação econômica contínua, e extrema desordem política.
Alemanha: Uma resposta eficaz em nível nacional manteve a
incidência per capita na Alemanha mais baixa do que em muitos de seus vizinhos
em todas as ondas de transmissão que atingiram a Europa. Em contraste com os
EUA e o Brasil, a resposta econômica alemã enfatizou a preservação de empregos
e relações econômicas, o que resultou na preservação da estabilidade e da ordem
social. As medidas de emergência foram amplas e inclusivas e não produziram
controvérsias significativas em torno da ciência ou das políticas do tipo visto
em muitas outras nações.
Taiwan: uma ação rápida de um oficial júnior do ministério da saúde
que ouviu falar do surto de Wuhan no Twitter em 31 de dezembro de 2019 levou as
autoridades de saúde a interceptar voos de chegada naquele mesmo dia e ajudou a
impedir a propagação da Covid-19 em Taiwan, um país insular, quase
imediatamente. As autoridades identificaram até o momento 776 casos de Covid-19
e 7 mortes. O crescimento esperado do PIB para 2020 caiu de 2,5% para 1,1%, mas
ainda deixou Taiwan na rara posição de projetar crescimento positivo para o
ano.
Índia: com o segundo maior número de casos e o terceiro maior
número de mortes no mundo, a Índia foi duramente atingida pela Covid-19. No
entanto, os números absolutos não contam a história completa, o que teria que
ser responsável por grandes diferenças regionais nas taxas de letalidade
relatada. Um elemento único da resposta indiana foi um bloqueio repentino e
drástico que levou dezenas de milhões de trabalhadores migrantes de volta para
suas vilas, enfrentando graves dificuldades na estrada e enfrentando
perspectivas econômicas de longo prazo incertas. A recuperação econômica da
Índia pode ser muito mais problemática do que a recuperação da doença, onde a
Índia, como grande fabricante de vacinas, desfruta de vantagens tecnológicas.
Holanda: O primeiro-ministro holandês anunciou um “bloqueio
inteligente” com o objetivo de controlar o vírus, mas não o cidadão, que
poderia ser considerado razoável e seguir os conselhos de especialistas de
maneira adequada. Essa resposta contrastou com os bloqueios totais do Sul da
Europa e a abordagem sem bloqueio da Suécia. Esse “bloqueio inteligente”
funcionou bem no início, mas na segunda onda de casos no outono, o progresso
foi em grande parte desfeito, fazendo com que a Holanda mudasse drasticamente
sua resposta, especialmente com relação às máscaras.
China: após inação desastrosa durante as primeiras semanas cruciais
do surto, quando as autoridades em Wuhan suprimiram informações e autoridades
sanitárias internacionais não foram bem-vindas, o CDC central chinês
implementou uma política de contenção com precisão militar. A máquina avançada
de vigilância digitalizada foi mobilizada e milhões de cidadãos foram testados
e examinados diariamente para febre. O tratamento em hospitais designados,
combinado com o rastreamento de contato parcialmente eletrônico, controlou a
doença e, subsequentemente, pequenos surtos locais foram suprimidos com
sucesso.
Reino Unido: Apesar de ter um sistema de saúde público universal
amado e confiável por seus
cidadãos, a contagem de casos per capita do Reino Unido permanece entre os mais
altos do mundo e seu próprio primeiro-ministro foi hospitalizado com Covid-19
em um momento de imenso debate sobre políticas de contenção apropriadas. A
fonte oficial de aconselhamento científico do governo, o Science Advisory Group
for Emergencies (SAGE), foi contestado por um grupo não oficial que se
autodenominou Independent SAGE, ou “indieSAGE” para abreviar, que se tornou uma
voz de oposição clamando por uma ação de saúde pública mais rigorosa do que o
governo conservador perseguia.
Austrália: Em contraste com outros sistemas federais, especialmente
os EUA, o governo australiano reuniu uma resposta nacional unificada à
pandemia. Pela primeira vez, o primeiro-ministro estabeleceu um Gabinete
Nacional que incluía os chefes de todos os estados e territórios, sem levar em
conta a filiação partidária para coordenar uma resposta de “tempo de guerra”.
Bloqueios rígidos, restrições a viagens internacionais e domésticas,
distanciamento social e testes, rastreamento de contatos e isolamento
mantiveram a incidência e a mortalidade (908 mortes) em níveis baixos.
Repercursão
O relatório foi divulgado no evento
global “Schmidt Futures Forum“, que ocorreu de forma online nos dias 12 e 13 de
janeiro, no qual Tedros Adhanon, diretor-geral da OMS, fez a fala de abertura
Adhanom ressaltou as disparidades globais no processo de vacinação que se
iniciou em dezembro de 2020, além das diferenças de aderência às recomendações
de saúde púbica mapeadas no estudo. Ele destacou também o papel central de
sistemas públicos de saúde diante dessa e de futuras pandemias e clamou pelo
envolvimento de toda sociedade nessas ações.
O jornal americano The New York
Times citou o projeto em uma matéria publicada em 15 de janeiro, na qual
ressalta a noção de “condições pré-existentes” sugerida no estudo para entender
as diferenças de resposta dos países no mundo.
Tanto Bolsonaro quanto Paulo
Guedes adotam discurso ambíguo. Não descartam a possibilidade de volta do
auxílio, mas juram fidelidade ao mercado.
Com a nova onda de contágio da
pandemia em meio a um cenário de desemprego e inflação, fica cada vez mais
clara a necessidade da continuidade de alguma forma de proteção à população,
seja por meio de uma reedição do auxílio emergencial ou outro programa de
transferência de renda. Segundo Pesquisa Datafolha realizada nos dias 20 e 21
de janeiro, 69% dos brasileiros que receberam o auxílio emergencial ainda não
têm fonte de renda que substitua o benefício.
Matéria publicada nesta
terça-feira (26) pela Folha de S. Paulo mostra que a necessidade de renovação
do auxílio já é reconhecida por entidades empresariais. Representantes da
Fecomércio SP, Confederação Nacional de Serviços (CNS) e Associação Brasileira
de Varejo Têxtil (Abvtex) reconheceram a necessidade da ação do poder público,
com retorno do benefício. Edmundo Lima, da Abvtex, defendeu ainda o resgate do
programa do governo federal que permitiu a redução de jornada e salário para
evitar demissões.
O representante da Associação
Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) disse que é preciso ainda
esperar o desenvolvimento da pandemia para avaliar se o retorno do auxílio será
necessário. Os representantes da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de
Confecções (Abit) e Confederação Nacional dos Transportes (CNT) defenderam,
respectivamente, ajuda dos governos estaduais e uma campanha de conscientização
sobre o vírus em vez de fechamento do comércio.
A discussão de um novo auxílio
emergencial é também um ponto de concordância entre os dois candidatos mais
cotados para levar a presidência da Câmara dos Deputados, o bolsonarista Arthur
Lira (PP-AL) e Baleia Rossi (MDB-SP), candidato de Rodrigo Maia (DEM-RJ) que
tem o apoio dos partidos de oposição.
Em resposta às pressões, tanto
Jair Bolsonaro quanto Paulo Guedes têm adotado um discurso escorregadio. Não
descartam a possibilidade, mas buscam assegurar ao mercado a manutenção do teto
de gastos públicos e que qualquer benefício concedido será temporário.
Nesta segunda (25), Jair
Bolsonaro disse que “auxílio emergencial não é aposentadoria” a apoiadores na
porta do Palácio da Alvorada. “A palavra é emergencial. O que que é
emergencial? O que não é duradouro, não é vitalício, não é aposentadoria.
Lamento muita gente passando necessidade, mas a nossa capacidade de
endividamento está no limite”, declarou.
Hoje, em evento virtual com
investidores internacionais, Paulo Guedes disse que a recriação do auxílio
implicaria no congelamento de despesas em áreas como educação e segurança
pública. “Nós temos que ter muito cuidado. Quer criar o auxílio emergencial de
novo, tem que ter muito cuidado, pensa bastante. Porque se fizer isso não pode
ter aumento automático de verbas para educação, para a segurança pública”,
afirmou.
No mesmo evento, Jair Bolsonaro
se comprometeu com o teto de gastos e prometeu acelerar privatizações, em uma
tentativa de de acalmar o mercado após seu candidato à presidência do Senado,
Rodrigo Pacheco (DEM-MG) não ter garantido a votação da privatização da
Eletrobras e o presidente da estatal, Wilson Ferreira Júnior, ter anunciado sua
demissão.
Jair Bolsonaro tem interesse
pessoal na questão do auxílio emergencial, principalmente após perder a guerra
da vacina contra a Covid-19 para seu maior adversário político, o governador de
São Paulo, João Doria. Ele sabe que deve o aumento de sua popularidade ao
benefício, cujo encerramento já começou a refletir em perda de apoio em
pesquisas de opinião.
No entanto, também lhe é cara a
sustentação do empresariado, que, por enquanto, ainda dá um voto de confiança à
agenda liberal de Paulo Guedes. Em uma sinuca de bico, Bolsonaro vai acendendo
uma vela para Deus e outra para o diabo. Caso reedite o auxílio, está claro que
será em moldes liberais – um valor bem menor do que os R$ 600 ou mesmo R$ 300
anteriores, direcionado a uma parcela menor da população. Caberá, portanto, ao
Congresso Nacional lutar para que os brasileiros tenham a proteção adequada
para atravessar mais uma onda da pandemia.
A situação do trabalho infantil
piorou hoje devido à pandemia de Covid-19, por causa do aumento da pobreza que
reverte o progresso na luta contra este flagelo, advertiu a Organização
Internacional do Trabalho (OIT).
O fechamento de escolas e medidas
restritivas estão agravando a situação em que os menores devem trabalhar para
contribuir com a renda familiar, disse Guy Ryder, diretor-geral da OIT,
referindo-se aos 152 milhões de crianças que trabalham em todo o mundo.
Ressaltou que 'desde o início
deste século, quase 100 milhões de crianças deixaram de trabalhar', entretanto,
ele lembrou que situações de conflito e fragilidade como as vividas pela
humanidade devido à pandemia de Covid-19 aumentam um problema que afeta uma em
cada 10 crianças no mundo.
Atualmente existem 152 milhões de
crianças afetadas pelo trabalho infantil, apesar de este número ter diminuído
38% na última década, de acordo com dados da OIT.
Quase metade dos casos de
trabalho infantil são registrados na África (72 milhões), seguida da Ásia e do
Pacífico (62 milhões), enquanto 70% dos menores que trabalham o fazem no setor
agrícola, de acordo com várias organizações internacionais.
Segundo a Organização das Nações
Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 108 milhões de crianças entre
cinco e 17 anos são identificadas como trabalhadores agrícolas, um setor
considerado um dos mais perigosos em termos de mortes relacionadas ao trabalho.
O diretor executivo do Fundo das
Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Henrietta Fore, disse que o trabalho
infantil tem sido exacerbado pelo aumento da pobreza, leis de proteção fracas e
práticas culturais em alguns países.
Na última quinta-feira, 2021 foi
inaugurado como o Ano Internacional para a Erradicação do Trabalho Infantil,
aprovado pela Assembleia Geral da ONU em 2019, dentro das metas propostas nos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que exortam os governos a
erradicar o trabalho infantil até 2025.
É um apelo para proibir e
eliminar as piores formas de trabalho infantil - em particular, o recrutamento
e uso de crianças soldados - e para acabar com todas as formas deste problema
social.
O comitê organizador dos XXXII
Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 ratificou hoje seu compromisso de celebrá-los
com sucesso de 23 de julho a 8 de agosto de 2021, com segurança e rigorosos
padrões higiênico-sanitários.
O anúncio foi feito pela referida
comissão em seu site, garantindo que os preparativos para o evento continuem,
apesar do surto de Covid-19 no mundo e no país, especificamente em sua capital.
A nota chega à arena pública,
horas depois de o jornal britânico The Times publicar um trabalho no qual cita
uma fonte próxima ao governo japonês, atestando que este havia determinado o
cancelamento definitivo da justa olímpica.
De acordo com o artigo do jornal
britânico, o Japão buscaria então se inscrever em Tóquio para sediar os Jogos
de 2032, a próxima edição disponível após Paris-2024 e Los Angeles-2028.
A este respeito, também se
apresentou a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, que negou o trabalho do The
Times e garantiu que não há ideia de desistir da celebração dos Jogos de verão.
'Trabalhamos em coordenação
estreita com o governo, o comitê organizador e o COI, e a verdade é que não
houve discussão sobre anulação ou adiamento', disse Koike à mídia.
Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020
foram adiados meses atrás devido ao surgimento e disseminação da pandemia
causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, que ainda mantém a comunidade
internacional em alerta.
Porém, esta semana o
diretor-geral da Tokyo-2020, Toshiro Muto, afirmou que a comemoração dos Jogos
não tem um plano B, e que trabalharão para desenvolver a luta com sucesso, mas
obedecendo a fortes protocolos sanitários.
A este respeito, o
primeiro-ministro Yoshihide Suga, durante uma sessão do parlamento japonês,
ratificou o compromisso de seu país de realizar a reunião de verão, enquanto o
presidente do COI, alemão Thomas Bach, observou que não há motivos para
cancelá-la.
Em declarações à agência Kyodo
japonesa, o chefe do COI disse que ele e seu executivo, junto com o comitê
organizador e as autoridades 'japonesas' estão totalmente focados em tornar os
Jogos seguros e bem-sucedidos.
No entanto, alertou que há
possibilidades de que a frequência dos adeptos do estádio seja limitada de
forma a evitar possíveis infecções pela Covid-19, já que a prioridade, disse, é
preservar a saúde dos envolvidos e dos adeptos.
O presidente estadunidense Joe
Biden passou as primeiras 24 horas no cargo assinando uma série de ordens
executivas invertendo medidas de seu antecessor, Donald Trump, incluindo
algumas relacionadas à imigração, mudança climática, economia, injustiça racial
e a pandemia de Covid-19.
Por Deisy Francis Mexidor
Durante os primeiros 10 dias na
sala oval – após a cerimônia de posse em 20 de janeiro – o democrata assinará
mais de 17 portarias que tentarão limpar a imagem de mau governo que deixou o
republicano nos últimos quatro anos.
'Trabalhar imediatamente', disse
Biden ao inaugurar seu posto em sintonia com os desafios que se apresentam em
um país polarizado, submerso em um mar de múltiplas crises.
Por isso ele insistiu em seu
discurso de posse sobre a necessidade de unir os Estados Unidos, superar as
divisões e buscar a paz. Foi assim que o novo presidente decidiu reentrar no
Acordo de Paris sobre mudança climática e cancelar a saída de seu país da
Organização Mundial da Saúde, dois passos que, na época, renderam ao Trump
inúmeras críticas.
Além disso, ele emitiu outras
disposições, como o uso obrigatório da máscara e o distanciamento para mitigar
a propagação do coronavírus SARS-CoV-2, suspendeu fundos para a construção do
muro anti-imigração na fronteira com o México e levantou a proibição de viagens
de nações com populações majoritariamente muçulmanas.
Ele também insistirá em uma
moratória sobre os contratos de exploração de combustíveis fósseis na zona de
refúgio do Ártico e reverterá a controversa autorização para colocar e utilizar
o oleoduto Keystone XL, causa dos protestos dos povos indígenas e
ambientalistas.
Haverá também uma moratória
federal sobre despejos e pagamentos de hipotecas federais até o final de março,
bem como uma interrupção dos pagamentos de dívidas estudantis até setembro
próximo.
Enquanto isso, ele deu luz verde
à ordem para que todas as agências federais considerassem a equidade racial nos
programas governamentais e acabassem com as práticas discriminatórias em uma
abordagem para enfrentar o racismo sistêmico.
Na opinião dos especialistas, com
este ponto de partida Biden solidifica sua aliança e poderia fortalecer o
'anti-Trumpismo' no tecido social para pôr um fim ao que o próprio governador
chamou de 'uma era nefasta de demonização'.
Para James C. Early do Institute
for Policy Studies, 'com a derrota dos apoiadores de Trump e sua saída da Casa
Branca, a administração Biden-(Kamala) Harris enfrenta várias crises no
contexto de uma profunda esperança, expectativas e exigências de 81 milhões de
eleitores que os apoiam'.
Falando com Orbe via Internet,
Early disse que os desafios mais urgentes para o atual presidente são as
políticas internas e apontou o impacto de uma pandemia que já matou mais de
400.000 pessoas. Os Estados Unidos têm 'a taxa mais severa e mortal entre as
nações mais desenvolvidas do mundo', disse ele.
Longe de decretar uma estratégia
para conter o vírus, Trump teve um comportamento desastroso e 'sua política
vulgar afetou desproporcionalmente as comunidades de cor, afros, latinos,
idosos', disse Early, membro do Capítulo de Intelectuais e Artistas em Defesa
da Humanidade naquele país.
Ele reiterou que o cenário
nacional é difícil. Não se pode esquecer que 74 milhões de americanos votaram
contra a plataforma política de Biden-Harris, 'muitos deles ainda são
raivosos', enfatizou, 'com a crença de que a eleição (de 3 de novembro) foi
fraudada'.
O drama da população em Manaus
ficará marcado na história já trágica da Covid-19 no Brasil. Faltou o básico,
oxigênio, enquanto sobra cloroquina, desespero e falácias difundidas pela
máquina de propaganda enganosa a serviço do presidente Jair Bolsonaro.
Aliás, tirando pelo general
Pazuello, o exército de fake news é o único exército que parece ter alguma
eficácia prática no Brasil, ainda que para o mal.
Quem primeiro se mobilizou diante
da tragédia manauara não foi o Governo Federal, cujo presidente e seus
acólitos, mais uma vez, tiraram o corpo fora.
Ironicamente, foi o perseguido,
apedrejado, sancionado, insultado, governo do presidente Nicolás Maduro quem,
imediatamente e sem vacilação, estendeu a mão solidária ao povo brasileiro,
colocando em primeiro lugar a vida humana e passando por cima de toda sorte de
provocações do incrivelmente inepto e criminoso governo brasileiro.
E os venezuelanos e seu governo
realmente tiveram, de fato, que passar por cima de muita coisa para que
prevalecesse o sentimento humanista. Afinal, boa parte das enormes dificuldades
cotidianas enfrentadas pela população venezuelana decorrem de sanções e
bloqueios impostos pelos EUA e apoiados entusiasticamente pelo presidente
brasileiro.
Mais do que isso, Bolsonaro e seu
esotérico chanceler eram, sabidamente, defensores de uma agressão armada contra
a Venezuela, solução que Bolsonaro pregou abertamente em mais de uma
oportunidade.
Em conjunto com o moribundo
governo Trump e outros parceiros de extrema-direita da região, como a Colômbia,
Bolsonaro participou da fracassada manobra da falsa “ajuda humanitária” de 23
de fevereiro de 2019, que visava provocar um conflito na fronteira e justificar
uma invasão armada contra o país vizinho.
Em obediência a seu amo em
Washington, o capacho que utiliza a faixa presidencial brasileira reconheceu o
desmoralizado Juan Guaidó como presidente da Venezuela e tentou,
extraoficialmente (através da invasão criminosa da embaixada venezuelana em
Brasília) e por meios oficiais, expulsar do Brasil os diplomatas venezuelanos,
no que foi impedido pelo STF.
Mesmo com tudo isso, no dia 07 de
agosto de 2020, por orientação de Nicolás Maduro, o Chanceler venezuelano,
Jorge Arreaza, escreveu uma carta ao seu homólogo brasileiro onde dizia, entre
outras coisas:
“(…) a região da América Latina e do Caribe está passando por uma
perigosa encruzilhada, tornando-se o epicentro global do crescimento da
pandemia. Não há espaços ou desculpas para atrasar nossa responsabilidade
histórica de enfrentar e reverter os terríveis efeitos deste vírus. É urgente
uma ação coordenada entre nossos países, que compartilham uma extensa fronteira
comum, bem como uma longa tradição de laços familiares, culturais, sociais e
econômicos, especialmente nas vastas áreas limítrofes (…) Ministro, o Covid-19
não distingue ideologias ou tendências políticas (…) O mundo deve se unir para
enfrentá-lo”.
A carta ficou sem resposta e
menos de um mês depois o chanceler bolsonarista voltou ao ataque contra a
Venezuela divulgando uma nota onde convocava o mundo a “unir-se para dar fim a
esse regime atroz”.
Lembrando que em abril de 2020, o
líder de Bolsonaro, Donald Trump, ao apertar as coisas em seu país em relação
ao coronavírus, disse, textualmente, que não queria “outros países conseguindo
máscaras”, pois podia faltar para o seu. Agora, o tal avião que iria para a
Índia buscar vacina adiou “sine die” a viagem, pois o governo de
extrema-direita do país asiático disse que não tem como atender ao Brasil.
Mas quando um governador
(bolsonarista também, por falar nisso), Wilson Lima, solicita de forma
desesperada ajuda à Venezuela, o governo bolivariano responde positivamente,
sem hesitar. Em declaração ao Portal UOL, nesta sexta-feira (15), Wilson Lima
diz “que a Venezuela foi o único país que se prontificou a ajudar o estado,
após a crise pela falta de oxigênio”.
Ironicamente, à falsa ajuda
humanitária de 23 de fevereiro de 2019, a Venezuela contrapôs, sem pedir nada
em troca e sem intenções encobertas, uma ajuda humanitária verdadeira e
urgente.
Franz Kafka dizia que a
solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade
humana.
Podemos dizer que a frase também
é verdadeira em relação ao seu sentido oposto: a ausência de solidariedade é
uma característica que expressa a falta de respeito pela dignidade humana,
bastando observar Bolsonaro e seus seguidores para comprovar o acerto dessa
tese.
O gesto da Venezuela, vítima de
tantos preconceitos, jamais será esquecido, tanto por seu valor imediato, no
que tange à salvação de vidas, quanto pelo valor pedagógico que, mais dia menos
dia, despertará de sua letargia as consciências embrutecidas no ódio cevado
pela ignorância.
Quase 17 anos após o fim de
Friends, os protagonistas desta bem-sucedida série americana se preparam hoje
para seu retorno juntos à telinha, em uma proposta diferente de antes. Como
confirmado por Lisa Kudrow (Phoebe Buffay), em uma entrevista no podcast de Rob
Lowe, 'Já gravamos algumas partes. Fiz uma pré-gravação, então com certeza faremos,
porque já gravamos algo.'
Ele adiantou que o especial não é
um renascimento ou uma continuação dentro do campo da ficção, já que 'não
interpretaremos nossos personagens. Somos nós nos encontrando, o que é algo que
não costuma acontecer muito e nunca aconteceu na frente de outras pessoas desde
2004 quando terminarmos'.
Anunciado desde fevereiro de
2020, o retorno parece ocorrer após complicações diferentes, desacordos,
atrasos e o impacto da pandemia Covid-19, que causou adiamentos nas filmagens,
embora não na data de lançamento estimada.
De fato, a crise de saúde causada
pelo coronavírus SARS-CoV-2 reviveu o legado desse projeto, cujos capítulos
marcaram as listas de reprodução de streaming mais importantes no estágio de
confinamento.
Os seis integrantes do elenco
(Jennifer Aniston, Courteney Cox, Matt LeBlanc, Matthew Perry, David Schwimmer
e Kudrow) voltarão, pela primeira vez às telas, para relembrar a década que
deram à série (1994-2004) e após várias atrasos na agenda da reunião.
A atriz ressaltou ainda que
espera estrear a nova série na próxima primavera, o que indica que entre março
e abril ela poderá ir ao ar, embora ainda não haja confirmação oficial.
Em meio aos preparativos para a
posse, a equipe de transição do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe
Biden, prepara hoje um conjunto de medidas urgentes para os primeiros 10 dias
de governo.
Em um memorando distribuído à
grande mídia dos EUA no sábado, os assessores de Biden descrevem essas ações
executivas como uma medida urgente para lidar com as crises mais sérias da
história moderna do país.
Ron Klain, o novo chefe de
gabinete do próximo chefe da Casa Branca, escreveu no documento que as ordens
se concentrarão na 'crise de saúde da Covid-19 e seu impacto severo resultante,
mudança climática e igualdade racial'.
O funcionário disse que as
disposições serão acompanhadas por uma agenda legislativa 'forte' e visam
trazer alívio para milhões de americanos que lutam com essas situações
terríveis.
Ele acrescentou que o presidente
eleito tomará medidas, não só para reverter os danos mais graves da
administração do governante republicano Donald Trump, 'mas também para começar
a fazer nosso país avançar'.
O novo chefe de Estado começará a
implementar as medidas na quarta-feira, dia de sua posse, com o que Klain disse
ser cerca de uma dezena de ordens executivas sobre os temas mencionados.
O líder eleito também planeja
reincorporar o país ao acordo de Mudança Climática de Paris e desfazer a
proibição de viagens aos Estados Unidos para cidadãos de sete países de maioria
muçulmana, medida implementada por Trump.
Biden também emitirá uma cláusula
para o uso obrigatório de máscaras faciais como um requisito para permanecer em
terras ou instalações de propriedade federal e em viagens interestaduais, e
também estenderá uma pausa sobre despejos e hipotecas.
Além disso, planeja tomar medidas
para mitigar a propagação expandindo os testes para Covid-19, protegendo os
trabalhadores e estabelecendo padrões de saúde claros.
A Casa Branca dedicará os oito
dias restantes para instruir seu gabinete a promover ajuda econômica com o
objetivo de aliviar os efeitos da pandemia e tomar medidas executivas em
questões como a reunificação de crianças separadas de suas famílias após
cruzarem a fronteira, entre outras.
O esforço ocorre enquanto o
Senado se prepara para o segundo impeachment do presidente Trump, nos primeiros
dias do governo Biden.
Embora a equipe de transição não
tenha delineado muitos componentes de sua próxima agenda legislativa, o próximo
chefe da Casa Branca implementou um plano de US $ 1,9 trilhões para combater os
danos do coronavírus SARS-CoV-2, no máximo prioridade para a nova
administração.
A primeira pessoa vacinada com
Coronavac, desenvolvida pela chinesa Sinovac em parceria, no Brasil, com o
Instituto Butantan, será uma enfermeira negra que trabalha na UTI do Instituto
de Infectologia Emílio Ribas, segundo coluna de Mônica Bergamo, na Folha de
S.Paulo.
Mônica Calazans tem 54 anos e é
linha de frente no combate ao coronavírus. Ela é do grupo de risco: obesa,
hipertensa e diabética.
Mesmo assim, no auge da pandemia
do coronavírus em maio, ela decidiu se inscrever para as vagas de enfermagem
abertas no regime de CTD (Contrato por Tempo Determinado). Antes disso, ela foi
auxiliar de enfermagem por 26 anos.
A vacinação se iniciou no
Hospital das Clínicas em São Paulo, neste domingo, 17, assim que a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou os imunizantes.
Pelo menos dois milhões de doses
da vacina Covid-19, desenvolvida pela Universidade de Oxford (Reino Unido) e
pela empresa anglo-sueca AstraZeneca, chegarão ao Brasil no próximo sábado,
informou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Antes da imprensa, ele
especificou que um avião, alugado pelo governo federal, parte nesta
quarta-feira com destino a Nova Déli para recolher a carga do laboratório
Serum. 'É hora de viajar, pegar e trazer, você tem o documento de importação em
mãos (…).
Então, quando você tem o cargo da
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a gente tem material para
distribuir e capacidade de vacinar em todo o país ', disse.
A Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), vinculada à pasta da saúde, entregou o pedido de uso emergencial da
vacina à Anvisa no dia 8 de janeiro. Quando dias depois o órgão regulador
anunciou que a reunião para definir a autorização de emergência está marcada
para o próximo domingo.
O ministro explicou que ainda em
janeiro, a partir da divulgação da Anvisa, o governo terá oito milhões de doses
dos dois tipos de vacinas contra a Covid-19 para injetar na população. Serão
seis milhões de porções do CoronaVac, imunizante produzido pelo Instituto
Butantan de São Paulo em associação com o laboratório chinês Sinovac, e esses
dois milhões da vacina Oxford importada da Índia. Pazuello esclareceu que
demorará três ou quatro dias para começar a distribuição do medicamento aos
estados após a aprovação da agência.
O Brasil, um dos epicentros
globais da pandemia, com mais de 204 mil perdas humanas e oito milhões de
infecções, ainda não tem data definida para iniciar a vacinação em massa contra
Covid-19 devido ao atraso dos laboratórios no registro de suas drogas e
diferenças entre autoridades.
Em 10 de outubro de 2020, uma mãe
vai ao médico, alarmada pela febre de sua filha de 5 anos. Tosse, calafrios,
altas temperaturas. Embora a menina não saia de casa há vários meses devido ao
lockdown obrigatório, a mãe decide seguir seu instinto e não esperar muito
tempo para levar a criança até uma clínica. Elas vivem em Havana, Cuba.
A chegada de uma criança com
esses sintomas desencadeia o protocolo de cuidados contra a Covid-19 e a menina
é enviada para um centro de isolamento. O hospital pediátrico conhecido como La
Balear, no município de San Miguel del Padrón, acolhe a mãe e a filha. As
condições materiais não são as melhores, mas há um grupo de médicos e
enfermeiros que gerenciam o caso com atenção.
Como medida preventiva, ambas recebem
tratamento antiviral e monitoramento sistemático da temperatura da menina.
Poucas horas depois, ela é submetida a um teste PCR em tempo real, o exame
molecular para detectar a presença da SARS-Cov2.Em menos de 72 horas, elas recebem o
resultado negativo e voltam para casa no mesmo dia. Mãe e filha também recebem
rapidamente a visita do médico de família, o que se repetirá por três dias
consecutivos.
Essa história não é inédita, nem
exceção, e faz parte da vida cotidiana dos cidadãos cubanos em tempos de
pandemia.
O protocolo para o atendimento de
pacientes suspeitos de contaminação por Covid-19 foi apontado como um dos
maiores sucessos da luta contra a doença em Cuba. Embora hoje a ilha esteja
enfrentando uma nova onda da doença, que vem se propagando desde a abertura das
fronteiras, os números mostram que o país caribenho se saiu melhor do que
alguns de seus vizinhos na região. Até o domingo (10), o coronavírus havia
deixado 153 óbitos e 15.007 casos confirmados desde março.
Para enfrentar o vírus, a
dedicação dos profissionais de saúde e o uso precoce de produtos
biotecnológicos cubanos têm sido essenciais; protagonistas desde a prevenção
até as salas das unidades terapia intensiva.
Diante do ressurgimento da
doença, que suscitou alarme no país, foi anunciada a utilização de um desses
produtos, o Nasalferon, nos viajantes que chegam do exterior e em suas
famílias, gratuitamente. Especialistas explicaram à Prensa Latina que a droga evita
a multiplicação do vírus e modifica a quantidade de colônias presentes no
corpo. Além disso, fortalece o sistema imunológico e, em caso de contaminação,
previne sintomas graves.
Entre essas armas de batalha
sanitária, a Biomodulina T também tem sido usada como imunomodulador para
prevenção em idosos e outros grupos de risco. Já a Hebertrans é aplicada em
grupos de risco de forma profilática, e interferons, para tratamento antiviral.
Além destes, outros dois medicamentos – Jusvinza e Itolizumab – vêm sendo
utilizados para o controle das reações inflamatórias, efeitos mais severos da
Covid-19 em pacientes graves. Todos esses são produtos da biotecnologia cubana.
Nos últimos meses, o número de
laboratórios que realizam testes PCR aumentou para 17 em Cuba, permitindo que
15 mil diagnósticos sejam realizados diariamente. No último 9 de janeiro, por
exemplo, as autoridades do Ministério da Saúde relataram a análise de 13.592
amostras. A chave deste trabalho foi a criação de mecanismo essencial para a
coleta e o transporte de amostras clínicas suspeitas de conterem o vírus
SARS-CoV-2: uma operação de sucesso, realizada em tempo recorde pelo Centro
Nacional de Biopreparados.
Outros projetos de medicamentos e
produtos, como o desenvolvimento de respiradores artificiais, se juntam à lista
de esforços da biotecnologia cubana contra a Covid-19.
Biotecnologia como chave para o desenvolvimento e a saúde
Uma das notícias que ganhou
destaque no mundo inteiro foi o anúncio de que Cuba está trabalhando em quatro
candidatos à vacina contra a Covid-19. Os imunizantes Soberana 01 e Soberana 02
são desenvolvidos pelo Instituto de Vacinas Finlay (IFV). Já as vacinas Abdala
e Mambisaestão a cargo do Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia (CIGB).
Um tuíte recente do Instituto
Finlay anunciou que a Soberana 02 – atualmente em fase 2 de testes clínicos –
será testada em breve no Irã, graças à assinatura de um acordo bilateral entre
Havana e Teerã. De acordo com informações compartilhadas pela instituição
científica, o compromisso “permitirá um progresso mais rápido na imunização
contra a Covid-19 nos dois países”.
As duas Soberanas aparecem na
lista de 63 imunizantes registrados na fase de ensaios clínicos da Organização
Mundial da Saúde (OMS) até 5 de janeiro. Cuba é o único país da América Latina
a ter chegado mais longe na busca de uma vacina.
O cientista Vicente Vérez
Bencomo, diretor-geral da IFV e líder do projeto, afirma que “a Soberana 02
especificamente, devido às suas características, mostrou uma resposta
imunológica precoce (aos 14 dias), o que lhe permitiu passar mais rapidamente
para a fase 2 de ensaios clínicos”. Ele acrescenta que Soberana 01 “também
demonstrou muito boa segurança e resposta imunológica, mas é mais lenta devido
ao tempo necessário entre uma dose e outra, portanto, espera-se que entre na
fase 2 do ensaio clínico em fevereiro. Ambas têm demonstrado resultados
positivos à segurança e à resposta imune”, conclui o cientista.
Diante destes resultados, no
final de dezembro, Eduardo Martínez, presidente do BioCubaFarma Business Group,
revela que no final do primeiro trimestre de 2021 Cuba poderá iniciar a imunização
contra a Covid-19. “Queremos obter autorização para um uso emergencial e
começar a vacinar todo o pessoal de grupos de risco: os médicos que trabalham
na linha de frente do combate contra a doençae os profissionais de saúde”, diz
o executivo da empresa que reúne as instituições da biotecnologia cubana.
Com os resultados otimistas dos
testes, Cuba decidiu começar a aumentar a produção, disse o cientista à TV.
Desta forma, quando a vacina estiver pronta, a imunização poderá começar. No entanto,
esta estratégia foi afetada pelos problemas financeiros que o país sofre e que
se agravaram no último ano, com um forte impacto na vida cotidiana dos cubanos.
O executivo explica que algumas
empresas internacionais foram pressionadas a não colaborar com a BioCubaFarma.
“Elas estão estudando os 10% do componente norte-americano. Não podemos sequer
revelar o nome das empresas”, explicou ele.
A recusa das empresas é uma
resposta a uma das cláusulas do embargo dos Estados Unidos contra Cuba:
Washington estabelece que nenhum produto ou equipamento com mais de 10% de
componentes norte-americanos pode ser vendido a Havana.
Os resultados obtidos até agora
com as vacinas Mambisa e Abdala também refletem a segurança e inocuidade de
ambas, disse Eulogio Pimentel Vázquez, diretor geral do CIGB. Mas nem o
protocolo único de cuidados contra a Covid-19, nem o avanço dos candidatos à
imunizantes ocorrem por acaso.
Em recente entrevista à Sputnik,
o professor italiano Fabrizio Chiodo, professor da Faculdade de Química da
Universidade de Havana e um dos especialistas estrangeiros envolvidos no
desenvolvimento das vacinas Soberanas, resumiu os antecedentes desta realidade
em três pontos.
“Saúde totalmente pública,
biotecnologia totalmente pública e uma grande confiança neste sistema. Um
sistema supereficiente para muitos, com um papel fundamental para a medicina
territorial. Cuba, com 11 milhões de habitantes, teve apenas pouco mais de 150
mortes por causa da Covid-19 até agora”, disse ele.
A estreita relação entre a saúde
pública e as necessidades da população são citadas por outros especialistas
como outras razões para a capacidade de Cuba alcançar um alto desenvolvimento
tecnológico para uma nação do terceiro mundo.
Ao longo de sua vida, cada
criança cubana recebe 11 vacinas de acordo com o cronograma oficial de
imunização. Destas, oito são produzidas pela empresa nacional de biotecnologia.
Foi no Instituto Finaly que nasceu uma das vacinas que contam como um marco na
história da saúde em Cuba, salienta um artigo publicado pela BioCubaFarma.
“A vacina antimeningocócica BC,
desenvolvida no final dos anos 1980, sob a orientação do doutor Concepción
Campa Huergo, foi a primeira de seu tipo no mundo para o controle da meningite
tipo B. Patenteado por cientistas cubanos, recebeu a Medalha de Ouro da
Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI)”, diz a publicação. Hoje,
as vacinas cubanas protegem contra 14 doenças infecciosas.
Muitos cientistas cubanos
concordam que as sementes do desenvolvimento do país em saúde e biotecnologia
começaram a ser plantadas há décadas com a Campanha de Alfabetização e livre
acesso, onde apenas o talento é mediado, e as oportunidades de formação universitária
para todos os cubanos. Em resumo, a história por trás dos candidatos à vacina
em Cuba é mais longa do que imaginávamos.
Em resposta às demissões causadas
pelo fechamento das fábricas da Ford no País e de agências do Banco do Brasil,
as centrais sindicais lançaram nesta quarta-feira (13) um documento unificado,
com foco na manutenção dos empregos. Ao todo, as entidades – CUT, Força
Sindical, UGT, CTB, NCST e CSB – lançaram oito propostas para enfrentar a
crise.
Com relação ao caso da Ford, as
centrais devem ampliar os contatos com o Poder Público, a iniciativa privada, o
conjunto do movimento sindical e social, além de outros segmentos da sociedade
civil. Para a próxima sexta-feira (15), está prevista uma reunião com as 11 centrais
sindicais brasileiras, “para encaminhar ações unitárias em defesa do emprego,
do auxílio emergencial e de vacinas para todos”. Além disso, haverá
manifestações nas concessionárias de Ford em 21 de janeiro.
O documento também se dirige ao
presidente Jair Bolsonaro e cobra ações do governo federal diante da segunda
onda da pandemia de Covid-19 no Brasil. “Neste momento, deve ser prioridade do
governo vacinar todos os brasileiros por meio de um plano nacional de vacinação
coordenado pelo SUS, visando proteger à vida de todos e dar capacidade para a
retomada segura da atividade produtiva”, afirma o texto.
Confira abaixo a íntegra do
documento das centrais:
CENTRAIS SINDICAIS E SINDICATOS UNIDOS NA DEFESA DO EMPREGO
As Centrais Sindicais CUT, Força
Sindical, UGT, CTB, NCST e CSB, reunidas virtualmente nesta quarta-feira
(13/01) no Fórum das Centrais Sindicais, debateram sobre as dramáticas notícias
para os trabalhadores brasileiros neste início de ano: o fechamento da Ford, o
fechamento de agências do Banco do Brasil e as milhares demissões anunciadas
nesta segunda-feira (11).
O anúncio extemporâneo do
fechamento da Ford, empresa presente no Brasil a mais de século, se soma aos
anúncios de fechamento da Mercedes-Benz, da Audi e aos milhares de silenciosos
fechamentos de micro, pequenas e médias empresas. Essas empresas receberam ao
longo de décadas, e continuam a receber, bilhões de reais em incentivos e
benefícios fiscais. A atitude da Ford, sem diálogo e depois de tudo que recebeu
e ganhou, demonstra o absoluto desrespeito com o país e desconsideração com o
povo brasileiro.
Mais um caso concreto do processo
de desindustrialização e de desmonte das políticas de conteúdo nacional que
avançam de maneira praticamente irreversível, fragilizando todo o sistema
produtivo no comércio, serviços e agricultura e destruindo milhões de empregos
diretos e indiretos. Desta forma o país regride para a condição de mero
exportador de produtos primários como minérios e grãos, levando, neste
movimento, a grande maioria dos brasileiros a empobrecer ou cair na miséria,
enquanto alguns poucos enriquecem. E o governo Bolsonaro avança na
implementação dessa política de destruição e aprofundamento da desigualdade
social.
Para espanto e desespero do povo,
o governo, de forma cínica, não se constrangeu em bradar: “Que vão embora”, ao
comentar sobre a saída da Ford do Brasil. Esse foi mais um de seus chocantes
absurdos. Isso não pode continuar! De nossa parte, vamos organizar, mobilizar,
resistir, enfrentar, propor e dialogar em torno de um projeto nacional de
desenvolvimento, da reindustrialização e recuperação da dinâmica virtuosa de
crescimento do sistema produtivo, de retomada dos investimentos em
infraestrutura econômica e social, em ciência, tecnologia e inovação, de
ampliação das políticas sociais, de geração de empregos de qualidade e de
crescimento da renda do trabalho.
Vamos fortalecer a nossa unidade
de ação e estabelecer uma ampla rede de debates e de negociação com os poderes
Executivos, Legislativos e Judiciário, com os empresários e com o movimento
sindical internacional. Iremos promover o debate nas bases sindicais, em
eventos regionais e nacionais, organizando nossa resistência e atuação
propositiva em cada situação e diante de cada problema, mobilizando e incidindo
local e nacionalmente.
Reafirmamos, conforme já
explicitado em documento unitário, divulgado no dia 05/01/2021, que, neste
momento, deve ser prioridade do governo vacinar todos os brasileiros por meio
de um plano nacional de vacinação coordenado pelo SUS, visando proteger à vida
de todos e dar capacidade para a retomada segura da atividade produtiva.
De imediato, as Centrais
Sindicais deliberam, para enfrentar a decisão de fechamento da Ford no Brasil:
• Investir na unidade sindical e
na construção de iniciativas e ações conjuntas.
• Ampliar e estabelecer diálogo
com os parlamentares (senadores, deputados federais, deputados estaduais e
vereadores) para tratar de iniciativas a serem tomadas em relação à Ford e
casos semelhantes.
• Estabelecer diálogo com os
Governadores de São Paulo, Bahia e Ceará para a construção de alternativas para
o caso Ford.
• Estabelecer cooperação de
atuação com entidades sindicais internacionais para denunciar a decisão da Ford
no Brasil.
• Produzir informações comuns
para alimentar a comunicação.
• Realizar reunião com as 11
Centrais Sindicais, na próxima sexta-feira (15/01), para encaminhar ações
unitárias em defesa do emprego, do auxílio emergencial e de vacinas para todos.
• Realizar no dia 21/01
manifestações nas Concessionárias de revenda Ford.
• Propor medidas a serem tomadas
na esfera Legislativa e Judiciária.