quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Amor à primeira máscara



Por Claudia González Corrales

No Prensa Latina

A famosa frase 'amor à primeira vista' parece adquirir hoje diferentes significados, quando os rostos se escondem sob máscaras e a recomendação principal é estar a um metro e meio de distância das outras pessoas.

Neste 14 fev, Dia do Amor e da Amizade, o mundo chega com a rápida expansão da Covid-19, uma pandemia que alterou rotinas, impôs confinamentos e colocou incerteza nas saudações de estranhos, será que terá a doença?

Segundo vários estudos, o isolamento social devido à crise de saúde gerou nas pessoas reações como medo, raiva, depressão, ansiedade, insônia ou euforia, todas impactando nos relacionamentos.

A este respeito, Raida Semanat, investigadora do Centro de Estudos Juvenis desta capital, explicou à Prensa Latina que a Covid-19 marcou novos marcos nas formas de estabelecer laços de amor entre os mais jovens.

Assim, por exemplo, alguns atrasaram o momento desejado de encontrar um parceiro, enquanto outros atrasaram o início das relações sexuais.

A isso se somam desafios para a dinâmica dos sindicatos, como a falta de espaço próprio, responsabilidade no cuidado de outras pessoas, estresse com o trabalho doméstico, trabalho, fornecimento de alimentação e outros recursos essenciais à vida, disse.

Uma investigação da Sociedade Multidisciplinar Cubana para o Estudo da Sexualidade, apontou os casais afastados, seja por estarem em diferentes países ou províncias, como as pessoas que mais sofreram com as consequências da pandemia, apesar de manterem contato de forma virtual.

A abordagem científica também revelou os efeitos prejudiciais da coexistência nas relações com dificuldades anteriores.

Desse modo, casais que viviam juntos e viviam conflitos, em muitos casos viram seu agravamento e até se separaram.

Enquanto isso, foram fortalecidas aquelas que conseguiram flexibilizá-lo e buscar novos mecanismos de adaptação ao contexto.

Um estudo da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, chegou a conclusões semelhantes, enquanto uma investigação na Argentina estimou uma maior satisfação em morar junto em núcleos habitados apenas por casais.

Segundo a escritora espanhola Celia Blanco ao meio Euronews, a emergência sanitária estimulou a sedução pelas redes sociais, prática difundida antes do aparecimento do coronavírus SARS-CoV-2.

 'A internet era a alternativa aos beijos impossíveis com máscara a um metro de distância', afirmou a publicação, e fez referência a uma forma diferente de se comunicar, se relacionar e fazer sexo.

Para o jornalista inglês Alix Fox, a pandemia obrigou as pessoas a repensarem o que é uma troca agradável.

'Já ouvi falar de casais que escrevem histórias eróticas e de pessoas que namoram e se encontram em quarentena, em lugares diferentes, aproveitando o tempo e a distância', disse ele à rede de notícias britânica BBC.

Os avisos de diversos meios de comunicação sobre o aumento das vendas de brinquedos sexuais em países como Equador, Colômbia, México, Espanha e Itália, complementam esse panorama para as relações com a doença.

Em geral, concordam as fontes, os dias da Covid-19 exigem novas competências nas formas de expressão da sexualidade e na dinâmica das uniões, para que prevaleça a conjugação do prazer com a responsabilidade de cuidar da própria saúde e do casal.

Assim, hoje, data em que Cuba recorda os 180 anos daquela primeira festa do Dia dos Namorados na ilha, as pessoas se atrevem a olhar para o amor além dos tradicionais buquês de flores, chocolates ou compromissos, para colocar, bem na testa, uma máscara.

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