segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Reconhecida pressão do Exército para encarcerar Lula no Brasil

 


Deu no Prensa Latina

O ex-comandante do Exército Brasileiro, general da reserva Eduardo Villas Bôas, confirmou a pressão militar sobre o Supremo Tribunal Federal para prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e suspender sua participação nas eleições de 2018.

O ex-oficial fez a revelação durante entrevista com o pesquisador Celso de Castro para o livro 'General Villas Bôas: Conversa com o Comandante', publicado recentemente pela Fundação Getúlio Vargas.

Segundo o ex-general, as publicações feitas por ele na rede social Twitter, às vésperas do julgamento de habeas corpus de Lula, em 2018, foram articuladas entre o alto-comando militar e o Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir que o ex-líder operário apelar em liberdade e disputar as eleições desse ano.

Ele reconhece em seu livro que a libertação do ex-governante na época era 'um risco para a institucionalidade do país' e aponta para a grande possibilidade de uma intervenção militar caso esse benefício tivesse sido concedido.

Um dia antes da audiência do tribunal superior, o então comandante do Exército dos governos de Dilma Rousseff e Michel Temer divulgou no Twitter que a instituição valorizava o respeito à Constituição, a paz social e a democracia, e compartilhava os votos de bons cidadãos e impunidade repudiada.

Tal mensagem na época foi interpretada, principalmente pelo Partido dos Trabalhadores (PT), como pressão sobre o STF.

O então ministro supremo, Celso de Mello, disse que um comentário feito por uma 'fonte altíssima' violava o princípio da separação de poderes.

Villas Bôas afirma que duas motivações levaram o alto-comando do Exército a adotar a ofensiva: uma foi evitar possíveis distúrbios sociais, face ao aumento das demandas, por uma intervenção militar.

O ex-general revela ainda que foi sob seu comando que os militares voltaram a se envolver na política e foi buscado um candidato que, nas eleições presidenciais de 2018, pudesse derrotar a esquerda, representada pelo PT de Lula.

Ele admite que o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro foi a opção viável para derrotar a esquerda há três anos e que os uniformizados tiveram um papel de liderança na política nacional.

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