quarta-feira, 26 de maio de 2021

Mudanças na forma de crer

 


É fácil para todo historiador ou amante da História afirmar que em toda a trajetória humana os homens acreditaram e até hoje muitos acreditam que exista seres sobrenaturais que tem o poder de influenciar de forma direta suas vidas, deuses que nos trazem as vitórias, os prazeres, o amor, as desgraças e os castigos.

Sempre nos colocamos como seres frágeis e que a todo o momento necessitamos da proteção de tais deuses. Desde a América Pré-Colombiana à Sociedade Greco-Romana temos inúmeros exemplos que nos trazem essa certeza.

Por exemplo, diante de qualquer conflito bélico, o temível exército romano, exibia em seus estandartes símbolos e desenhos que representavam seus deuses. Já na sociedade cristã medieval, a cruz, imagem de santos e de Nossa Senhora eram exibidas em navios e caravelas, em 1500, a frota de Cabral trazia em suas velas a tão conhecida cruz da Ordem de Cristo.

O cristianismo antigo nos trouxe mais exemplos da submissão humana, por exemplo, o homem somente conquistará a salvação que Deus nos oferece se amá-lo, temê-lo e se procurar através do amor e da caridade ajudar a todos que precisam. Nossas orações, e nossos pedidos serão atendidos quando ele achar melhor, afinal para Deus que é senhor dos tempos, tudo tem uma hora certa, e também é ele quem julgará se aquilo que pedimos é cabível, se realmente precisamos.

De fato até ontem estávamos nas mãos de Deus ou dos deuses. Hoje devido à “praticidade” da vida moderna nos libertamos do domínio de Deus e agora temos autonomia para ordenar a ele o que queremos. “Não temos tempo” para esperar a sua boa vontade, agora devido a nossas “urgências” nós que decidimos quando seremos atendidos.

O que hoje está sendo ensinado é que aquele que obedece tudo aquilo que Deus nos deixou como tarefa tem o direito de cobrá-lo, de exigir aquilo que lhe foi pedido. Devido ao desespero e a inocência, muitos estão seguindo este caminho, estão lhes convencendo que Deus agora não passa de um servo.

Nossas orações a partir disso mudaram bastante, antes agradecíamos pela comida consumida no dia, agradecíamos pelo fato de estar vivo, éramos gratos pela saúde, pela exuberância da Natureza e do Universo, pela família, hoje agradecemos pelo carro que temos, pela casa, pelo apartamento, pela viagem ao exterior, pelo lindo e caro terno e pelos vestidos de tecido fino que vestimos.

O homem ao longo do desenvolvimento do capitalismo quis ter o controle de tudo em suas mãos, se dedicou em ter o conhecimento para saber quando iria chover, se empenhou em desenvolver recursos para obrigar a terra produzir muito mais que ela poderia produzir, desenvolveu a medicina a fim de tornar fértil ou estéril um homem ou uma mulher, sonha conhecer de forma intensa o Universo, agora se ilude em afirmar que tem a autoridade em dar ordens ao seu criador.

Portanto minha gente, cuidado com esses homens que todos os dias tentam lhe convencer que vocês são os “patrões de Deus”, o dia de finados não foi criado apenas para irmos ao cemitério para acender velas aos que já se foram, mas também para nos lembrar que somos frágeis, homens mortais, limitados. A morte serve para isso, para nivelar todos os homens e colocá-los abaixo de Deus.

 Professor Lincoln de Britto Santos -Texto grafado em 03.11.2011

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