terça-feira, 13 de julho de 2021

Pensamentos de um idiota as 11 da noite

Texto de Marcos Valnei.

Estava pensando do alto dos meus 45 anos que se Deus for generoso, terei pela frente outros 20 ou quem sabe 25 anos. Pouco, se levarmos em conta que são mais 5 ou no máximo 6 copas do mundo. Isto passa voando. Então, conversando com as dores nos joelhos e nas juntas, que passam a fazer parte do quotidiano de quem chega a minha idade com uma vida sedentária, concluí que não existe mais tempo a perder.
Preciso virar o jogo, ganhar, antes que a partida vá para a prorrogação e eu possa perder nos pênaltis. Resolvi escalar o que tenho de melhor.

Minha experiência de vida, meu inconformismo, minha humildade, minha arte de fazer e manter amigos... Meu amor pela natureza e pelo simples...

Decidi retardar o envelhecimento. Vou deixar o carro na garagem e pelo menos andar a pé até o serviço. Vou tentar diminuir o cigarro e depois abandoná-lo de vez... Vou brindar com água mineral ou de coco e só de vez em quando me permitir um wisky, afinal, um porre faz parte desta vida e não creio que terei outra oportunidade no céu ou no inferno, se é que eles existem.

Vou amar quem me rodeia e a quem já me rodeou. Afinal, essa gente compôs minha vida. Vou respeitar e exigir respeito. E me refiro aos poderosos. Governo, polícia e aqueles que se intitulam autoridades.

Não me arrependo de minhas escolhas. Num determinado momento, decidi não ter religião, nem partido e nem time de futebol. Entendo-me com Deus e a gente se basta. Não posso ser patriota de um país que me explora com impostos cruéis. Não posso morrer pela pátria mãe que me atraiçoa como inimigo na trincheira. Sei que o país em sua essência, não tem culpa, mas, não posso amar a mãe que se deixou prostituir por padrastos que me violam. É assim que me sinto em relação aos políticos que me cobram deveres e me negam direitos.

Não posso me orgulhar de uma universidade que recebe incentivos dos governos municipal, estadual e federal e me cobra o olho da cara a mensalidade do meu filho. Quem me incentiva? Quem se orgulha de mim?

Estou cagando e andando para qual time foi campeão... Quem bateu recorde, quem é o primeiro do ranking...

Já me iludi com estas coisas...

Um dia deixei de acreditar em Papai Noel...

Em outro, deixei de acreditar em mentiras que contam para os adultos...

Hoje eu sou mais eu...


Com todas minhas imperfeições, fracassos, descrenças e convicções...

Pelo menos eu sou autêntico comigo mesmo... E em mim ainda consigo acreditar...

Marcos Valnei






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