Atuação do Exército durante a pandemia |
Militares devem se vacinar, usar máscara e não divulgar fake news, determinam diretrizes do Exército para o combate à Covid-19. Documento é assinado pelo comandante, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.
Por Cezar Xavier
O comando do Exército divulgou as
diretrizes para o combate à Covid-19 e surpreendeu ao expressar abertamente
posicionamento contrário ao comandante supremo das Forças Armadas, Jair
Bolsonaro, não dando margem para negacionismo científico entre os militares. Entre
as orientações que os militares devem seguir, estão a vacinação para quem
retornar ao trabalho presencial, o distanciamento, o uso de máscaras e a
proibição de espalhar fake news sobre a pandemia.
Apesar de tardias, as diretrizes
revelam um descolamento dos militares do presidente que derrete nas pesquisa de
opinião pública e vê seu governo sendo rejeitado pela maioria. Além de ter sua
imagem arranhada pelo governo, os militares temem ser responsabilizados por
crimes contra a saúde pública ao manter o negacionismo do ex-ministro general
Eduardo Pazuello, denunciado na CPI da Covid no Senado. Dados revelando a alta
taxa de negacionismo vacinal nas Forças Armadas, divulgados esta semana, podem
ter gerado a reação entre os militares.
As Forças Armadas exigem que seus servidores se vacinem contra febre amarela, tétano e hepatite B – mas não contra a covid-19. A Marinha tem se recusado a informar dados sobre vacinação ou diretrizes sobre o assunto.
O documento, assinado pelo
comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, deixa claro
que o objetivo é o retorno pleno de todas as atividades administrativas e
operacionais e que isso é possível devido ao avanço da vacinação contra a Covid,
desde que sejam respeitadas as normas sanitárias de estados e municípios, além
das recomendações do Ministério da Saúde.
O comandante determina ações de
proteção individual e a comprovação da vacinação para volta ao trabalho
presencial, obrigatoriedade que Bolsonaro combate.
São 36 mil integrantes do Exército e Aeronáutica que se recusaram a receber a vacina. Além disso, quase metade dos militares não está completamente imunizada, taxa muito acima do resto da população (30%). Os dados foram obtidos pelo site Metrópoles, por meio da Lei de Acesso à Informação.
As regras foram publicadas pelo
site O Antagonista.
São 52 pontos. Entre eles, o Exército determina que:
os militares e os servidores
civis que retornarem de viagem internacional, a serviço ou privada, ainda que
não apresentem sintomas relacionados à Covid-1 deverão realizar o teste
molecular (RT-PCR) até 72 horas antes do embarque.
Para as ações de campo, como as de forças-tarefas humanitárias, e nas operações de faixas de fronteira:
estabelece que é preciso
continuar adotando medidas de prevenção à contaminação pelo coronavírus;
recomenda o distanciamento
social, o uso de máscaras e a higienização das mãos.
O Exército trabalha, por exemplo,
na acolhida de refugiados da Venezuela, em Roraima, e também acompanha o
trabalho de vacinação de indígenas. No início da pandemia, organizações de
defesa dos povos originários acusavam agentes do Exército de serem os
principais vetores da covid em reservas indígenas que ainda não tinham contato
com o vírus.
O documento reforça que pode haver
o retorno às atividades presenciais:
desde que respeitado o período de
15 dias após imunização contra a Covid-19. Os casos omissos sobre cobertura
vacinal deverão ser submetidos à apreciação do DGP (Departamento Geral do
Pessoal), para adoção de procedimentos específicos;
O comandante-geral determina ainda que será avaliada a manutenção das missões internacionais ainda não iniciadas e, também, a realização de seminários, palestras, solenidades, confraternizações que impliquem na aglomeração de pessoas.
Proíbe que os militares divulguem
nas redes sociais qualquer informação sobre a pandemia sem antes confirmar a
fonte e checar se ela é verdadeira. Diz que a prestação de informação falsa
sujeitará o militar ou o servidor às sanções penais e administrativas previstas
em lei.
O documento diz ainda que os militares devem orientar os parentes a agirem dessa mesma forma.
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