domingo, 8 de agosto de 2010

As Mãos do meu pai - Poema de Mario Quintana.



As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já cor de terra
— como são belas as tuas mãos —
pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram
na nobre cólera dos justos...

Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,
essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam
nos braços da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas...

Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
vieste alimentando na terrível solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?
Ah, Como os fizeste arder, fulgir,
com o milagre das tuas mãos.

E é, ainda, a vida
 que transfigura das tuas mãos nodosas...
essa chama de vida — que transcende a própria vida...
e que os Anjos, um dia, chamarão de alma...


À José Marques de Souza meu pai.


Mateus Brandão de Souza.

Um comentário:

  1. O Mateus, assim você faz qualquer um chorar...Pois é impressionante a braveza deste homem e a longevidade que a vida lhe oferece, que Deus ilumine a vida deste grande guerreiro que faz da vida um palco das suas travessuras cuja platéia somos nós, sua família que o ama e admira muito!

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