quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Quem paga a conta?


“A corda sempre arrebenta no lado mais fraco”.

Este ditado óbvio faz referência a ocasiões onde, dado as circunstâncias que acontecem determinadas adversidades, pessoas de menor poder aquisitivo, menor influência social e baixa posição hierárquica, arcam com a responsabilidade de pagar por erros que se quer cometeram.

Em questões de crise, por exemplo, muitas vezes, aquele que não desfruta de bom salário, é quem responde por conseqüências que ele não ocasionou. Quando uma empresa decide cortar gastos, é no bolso da maioria assalariada que ela busca sua estabilização, desta forma, confisca do empregado menos remunerado o seu complemento salarial, a hora extra. Quando a situação se torna mais drástica, a empresa vai além, recorre à demissão em massa de sua mão-de-obra barata, em meio a este revés empresarial, os que detêm melhor remuneração e posição hierárquica, não tem de seus salários, um único centavo retirado.

Ou seja, cabe a classe funcional assalariada o sacrifício de contribuir para que o caixa de sua empresa saia do vermelho, pois, assim decidem aqueles que tem em mãos o poder da regência empresarial, não há para eles maneira mais viável de sanar suas dificuldades do que apelar para o bolso do trabalhador. Partindo de ideologias anti-sociais como esta, o setor empregatício criou o famigerado banco de horas, conduta amparada em lei que afeta o “colaborador” no seu ganha pão diário.

Aliás, o termo colaborador, define exatamente o que é a classe trabalhadora, pois se há na empresa ameaças na estabilização de seu caixa, o corpo funcional de baixa renda é quem será sacrificada colaborando para o barco sair da tormenta e voltar a bonança.

Conhecem a história do boi jogado para as piranhas? É exatamente a mesma forma, haverá sempre quem será usado em sacrifício para a salvação e regozijo de outro, o revés daqueles, garantirá a sorte destes.

Quem paga o pato? Hora quem, aquele que for menor é claro, a culpa cai sobre os que não merecem. Alguma dúvida de que o sistema é injusto?

Nos reinos medievos, quando um rei tinha ganas em acumular moedas e garantir seu bem estar, era na escassez dos bolsos de seus súditos que ele ia garimpa-las, através de impostos abusivos, o rei criava um meio de seu povo suprir as necessidades palacianas.
Nem todos tiveram a mesma sorte dos compatriotas e contemporâneos de Robin Hood, aqueles, colaram-se ao herói esperando nele a possibilidade de ser feito justiça. No fim, a ação Robin-hoodiana restituiu aos pobres o que lhes foi roubado pelos ricos, tornou-se ele, príncipes dos ladrões e se foi ele uma lenda ou não, o importante é que por seus roubos ele merece muito mais de cem anos de perdão.

No entanto prezado Leitor, neste sistema que é promissor para tão poucos, neste sistema onde os poucos que tem muito, criam leis favoráveis aos seus interesses dominantes, a quem é levado ao dever de pagar a conta?
Quem é levado ao sacrifício e quem garante a sobrevivência do sistema parasita?...

Lamentavelmente são todos aqueles que nada devem e menos tem...


Mateus Brandão de Souza, graduado em história pela FAFIPA.


           

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Não resisti a pontiaguda citação.
    Antes de mais nada, texto excelente.
    É a mais pura verdade, como estudante de uma das ciências do controle de bens alheios, a diminuição dos gastos em 90% das vezes cai no bolso dos assalariados. Os cortes em salários são os mais comuns, demissões, e o indignável banco de horas, que nada mais é, em outras palavras, não pagar o que se trabalhou. Em tempos do ápice capitalista que nos encontramos, somos vítimas de qualquer abalo financeiro. Mas porque? Fomos nos que provocamos a crise?

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  3. De certa forma pode se dizer que sim Marcelo, fomos nós que provocamos essa infinda crise a partir do momento em que nos omitimos por fraqueza ou o "medo", se continuarmos agindo assim jamais sairemos da base dessa pirâmide. Os proletariados são a grande maioria e são quem movimenta a economia mundial, está nas mãos do proletariado tomar consciência do poder que tem em mãos se por ventura juntar-se todos num único propósito o de igualdade e justiça. Me diz você, que se por ventura não vir a pagar qualquer imposto que seja, terá algum privilégio como por exemplo um empréstimo no banco? É evidente que não!! Agora pega na internet a lista dos maiores devedores do INSS e veja a poca vergonha das grandes indústrias, estas não pagam seus impostos e quando precisam de dinheiro o governo juntamente com os bancos emprestam sem o menor receio! Depois disso não há mais dúvidas do que somos e fazemos para nós mesmos...

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  4. O caso abordado no texto não é bem o enfoque do seu comentário. Mas o que voce disse é válido também. O caos é mais preocupante do que parece, o rico cada vez mais rico e o pobre cada vez mais sem oportunidades.

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