quinta-feira, 6 de junho de 2013

Lula afirma que América do Sul 'não existia' para o Brasil antes de seu governo

Ex-presidente diz em Lima que integração latino-americana deve ser uma profissão de fé e recorda que era criticado por apostar em um modelo que não passava apenas por Estados Unidos e Europa


Por Redação RBA

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje (5), em Lima, no Peru, que a integração latino-americana evoluiu muito na última década, mas está longe de atingir seu potencial. “No lugar onde eu estiver, na hora que for, a integração da América Latina para mim será uma profissão de fé. Porque não posso conceber que nascemos para ser pobres”, disse, ao lado do presidente peruano, Ollanta Humala, frente a uma plateia de empresários e políticos.

A cerimônia marcou o aniversário de 10 anos da assinatura da Aliança Estratégica Brasil-Peru, firmada por Lula e pelo então presidente do país vizinho, Alejandro Toledo. O brasileiro recordou que foi muito criticado por firmar o acordo de integração econômica e viária, pois vários setores no Brasil consideravam que o desenvolvimento seria alcançado apenas por meio de relações com a União Europeia e os Estados Unidos. "A América do Sul não existia, nem a América Latina, não existia África nem os países árabes... Eu achava que a geografia comercial e política do mundo poderia ser modificada se acreditássemos em nós mesmos, mas não era um discurso fácil", declarou Lula.

Em 2003, as relações comerciais do Brasil com a América do Sul eram de US$ 15 bilhões, contra US$ 70 bilhões atualmente. O fluxo comercial entre Brasil e Mercosul cresceu de US$ 9 bilhões a US$ 42 bilhões em uma década, segundo os dados citados por Lula. "Com um pouco de vontade podemos concretizar as coisas, a relação com o Peru ainda não alcançou 10% de todo seu potencial", disse o ex-presidente, durante o fórum realizado para celebrar os dez anos da aliança bilateral.

Entre 2002 e 2012, a corrente de comércio entre Brasil e Peru passou de US$ 650 milhões para US$ 3,7 bilhões, um aumento de 464%. De acordo com Lula, as duas nações "vivem momentos extraordinários, com uma combinação que revolucionará a América Latina porque nunca se fez tanta política social na América do Sul como hoje".

O presidente peruano concordou com Lula no sentido de que ainda é possível explorar mais o potencial de comércio bilateral. Humala, chamando o brasileiro de “compatriota”, afirmou que o modelo de combate à pobreza de seu governo foi inspirado na política social da gestão petista. “Sozinhos podemos ser mais rápidos, mas juntos podemos avançar mais longe”, resumiu o peruano.

Humala disse que, embora o Peru tenha grande potencial na agroexportação, o projeto não é se transformar em um mero vendedor de commodities. Por isso, argumentou, é preciso garantir transferência de tecnologia e superar desafios de infraestrutura. “Precisamos fazer a integração caminhar ainda mais rápido.”

Em Lima, Lula recebe o título de doutor honoris causa da Universidade Nacional Maior de São Marcos, a mais antiga universidade das Américas, fundada em 1551. Amanhã (6), em Quito, no Equador, Lula se encontra com o presidente Rafael Correa e recebe a Condecoração da Ordem Nacional de San Lorenzo, e na sexta-feira, faz uma palestra e recebe mais três títulos de doutor honoris causa.

Com informações da EFE e do Instituto Lula

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