quarta-feira, 15 de abril de 2015

Obama retira Cuba da lista de países que apoiam o terrorismo


Em mais um passo na direção da normalização das relações diplomáticas entre Cuba e EUA, o presidente Barack Obama anunciou nesta terça-feira (14) a retirada de Cuba da relação de países que apoiam e financiam o terrorismo. Uma relação onde "Cuba jamais deveria ter estado", conforme afirmou o presidente Raúl Castro.

O presidente estadunidense enviou nesta terça-feira (14) ao Congresso um informe com as certificações exigidas que indicam a intenção de cancelar a designação de Cuba como SSOT, sigla em inglês que significa “Estado Patrocinador do Terrorismo”.

O Congresso americano, dominado por republicanos, agora terá 45 dias para referendar a retirada de Cuba da lista, sem poder no entanto confrontar a decisão presidencial, a não ser com a aprovação de uma nova legislação, o que a Casa Branca considera pouco provável.

O documento (fac-símile ao lado) expressa que o Governo de Cuba “não tem oferecido nenhum apoio ao terrorismo internacional” durante os seis meses precedentes. De igual maneira o texto afirma que Cuba “tem oferecido garantias de que não apoiará o terrorismo internacional no futuro”.

A retirada da lista de países patrocinadores do terrorismo foi uma insistente exigência cubana para que as negociações sobre a normalização das relações diplomáticas avancem.

Na recente 7ª Cúpula das Américas, Obama já havia sinalizado com a retirada do nome de Cuba da lista, o que mereceu do presidente Raúl Castro um registro em seu discurso: “Aprecio como um passo positivo sua recente declaração de que decidirá rapidamente sobre a presença de Cuba em uma lista de países patrocinadores do terrorismo, lista em que Cuba nunca devia ter estado e que foi imposta pelo governo do presidente Reagan”.

A menção a Reagan no discurso do presidente cubano não foi gratuita. Após a queda do campo socialista, Reagan liderou uma feroz campanha que endureceu o bloqueio contra a ilha, aumentou em muito o financiamento a mercenários, traidores e sabotadores, visando obrigar o povo cubano à rendição. Segundo a profecia dos imperialistas, repercutida disciplinadamente pela mídia brasileira, a queda do regime socialista seria iminente. Passados mais de 25 anos da queda do muro, Cuba não se rendeu, superou os momentos mais difíceis e agora vem acumulando uma série de importantes conquistas diplomáticas.

Duas outras reivindicações principais têm os cubanos, a devolução de Guantánamo, território de Cuba ocupado pelos EUA e o levantamento total do bloqueio econômico, financeiro e comercial.

Na 7ª Cúpula, no discurso já mencionado, Raúl Castro elogiou Obama: “O presidente Obama é um homem honesto. Admiro sua origem humilde, e penso que sua forma de ser obedece a esta origem humilde”. Disse ainda que o atual presidente não tem culpa dos erros que os antecessores cometeram contra a ilha, e destacou que “temos expressado – e reitero agora – ao presidente Barack Obama, nossa disposição ao diálogo respeitoso e à convivência civilizada entre ambos os Estados dentro de nossas profundas diferenças”, reiterando que “Cuba seguirá defendendo as ideias pelas quais nosso povo tem assumido os maiores sacrifícios e riscos”.

É nítida a vitória da resistência cubana, que obrigou o seu principal e mais poderoso adversário a adotar novas táticas, na tentativa de reconstruir sua influência sobre a América Latina e o Caribe.


Da redação com jornal Granma

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