terça-feira, 8 de setembro de 2015

Sucesso no Chile do documentário Allende meu avô Allende


Santiago do Chile, 7 set (Prensa Latina) Premiado no prestigiado Festival de Cannes deste ano, o documentário Allende meu avô Allende (Allende mi abuelo Allende) passou nos primeiros dias de prova no Chile com notável presença de público e aceitação.

Era sem dúvida o maior temor de sua direção, Marcia Tambutti, neta do presidente constitucional do Chile destituído do governo em 11 de setembro de 1973 pelo sangrento golpe de Estado de Augusto Pinochet.

Estou muito nervosa, porque inquieta-me bastante a reação do público, espero que gostem, declarou à Prensa Latina a realizadora na noite de estreia nesta capital, onde foi recebida com ovações.

De uma emotividade intensa, mas tímida, sem esgravatar com excessos na dor da tragédia que tocou viver sua família, Marcia Tambutti oferece agora um presente valioso para o Chile, em uma semana realmente lutuosa.

Feridas sem estancar ainda, como reconheceu Isabel Allende Bussi, a mãe da cineasta, o filme resgata virtudes e defeitos do ex-presidente que o enaltecem ainda mais na qualidade de figura muito querida no Chile.

Julio Jung (Coronación, Cachimba), o veterano e destacado ator chileno foi direto em seus comentários à Prensa Latina: "dá-me ânsia de ir agora mesmo ver minha família e dar um grande abraço em todos". Suas palavras relacionam-se com a forma pausada mas direta em que o documentário aborda os pormenores da família Allende após o dia 11 de setembro. Também o fato de que durante os oito anos de filmagem morreram duas pessoas.

Hortencia Bussi, a valente e lúcida viúva de Allende, que contribuiu com detalhes imprescindíveis para o material fílmico, falece em 2009. Depois em 2010, o suicídio de Gonzalo, irmão de Marcia, pressionado pela morte de sua esposa.

Oito anos para adiantar um árduo trabalho que pôde concluir pela própria força da inspiração de sua família.

"Encontrar imagens de um "Chicho" (Allende) dormindo sesta, na praia, de férias, imagens inéditas, descobrir que tinha todo um arquivo de fotos familiares de meu avô, foi algo muito impactante", afirmou Tambutti à Prensa Latina.

Retrato humano e profundamente sensível, Allende meu avô Allende mereceu o Prêmio O olho de ouro no Festival de Cannes deste ano. Mérito acrescentado para uma cineasta estreante que ingressou na sétima arte com este longa-metragem de 90 minutos.

Por Fausto Triana

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