Santiago do Chile, 7 set (Prensa Latina) Premiado no
prestigiado Festival de Cannes deste ano, o documentário Allende meu avô
Allende (Allende mi abuelo Allende) passou nos primeiros dias de prova no Chile
com notável presença de público e aceitação.
Era sem dúvida o maior temor de sua direção, Marcia
Tambutti, neta do presidente constitucional do Chile destituído do governo em
11 de setembro de 1973 pelo sangrento golpe de Estado de Augusto Pinochet.
Estou muito nervosa, porque inquieta-me bastante a reação do
público, espero que gostem, declarou à Prensa Latina a realizadora na noite de
estreia nesta capital, onde foi recebida com ovações.
De uma emotividade intensa, mas tímida, sem esgravatar com
excessos na dor da tragédia que tocou viver sua família, Marcia Tambutti
oferece agora um presente valioso para o Chile, em uma semana realmente
lutuosa.
Feridas sem estancar ainda, como reconheceu Isabel Allende
Bussi, a mãe da cineasta, o filme resgata virtudes e defeitos do ex-presidente
que o enaltecem ainda mais na qualidade de figura muito querida no Chile.
Julio Jung (Coronación, Cachimba), o veterano e destacado
ator chileno foi direto em seus comentários à Prensa Latina: "dá-me ânsia
de ir agora mesmo ver minha família e dar um grande abraço em todos". Suas
palavras relacionam-se com a forma pausada mas direta em que o documentário
aborda os pormenores da família Allende após o dia 11 de setembro. Também o
fato de que durante os oito anos de filmagem morreram duas pessoas.
Hortencia Bussi, a valente e lúcida viúva de Allende, que
contribuiu com detalhes imprescindíveis para o material fílmico, falece em
2009. Depois em 2010, o suicídio de Gonzalo, irmão de Marcia, pressionado pela
morte de sua esposa.
Oito anos para adiantar um árduo trabalho que pôde concluir
pela própria força da inspiração de sua família.
"Encontrar imagens de um "Chicho" (Allende)
dormindo sesta, na praia, de férias, imagens inéditas, descobrir que tinha todo
um arquivo de fotos familiares de meu avô, foi algo muito impactante",
afirmou Tambutti à Prensa Latina.
Retrato humano e profundamente sensível, Allende meu avô
Allende mereceu o Prêmio O olho de ouro no Festival de Cannes deste ano. Mérito
acrescentado para uma cineasta estreante que ingressou na sétima arte com este
longa-metragem de 90 minutos.
Por Fausto Triana
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