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sexta-feira, 31 de julho de 2020

A Igreja contra Bolsonaro: bispos lançam Carta ao Povo de Deus

Documento, assinado por 152 arcebispos e bispos da Igreja Católica, acusa o presidente de “incapacidade e inabilidade” para enfrentar as múltiplas crises vividas pelo País.


Por André Cintra

Nada menos que 152 arcebispos e bispos da Igreja Católica assinaram um dos mais fortes ataques ao governo Jair Bolsonaro. O documento, intitulado Carta ao Povo de Deus, acusa o presidente de “incapacidade e inabilidade” para enfrentar as múltiplas crises vividas pelo País – política, econômica, social e sanitária. 

“As reformas trabalhista e previdenciária, tidas como para melhorarem a vida dos mais pobres, mostraram-se como armadilhas que precarizaram ainda mais a vida do povo”, aponta o texto. “É insustentável uma economia que insiste no neoliberalismo, que privilegia o monopólio de pequenos grupos poderosos em detrimento da grande maioria da população.”

Os bispos também denunciam o viés genocida do governo, agravado pela política ultraliberal do Ministério da Economia, sob a tutela de Paulo Guedes. “O sistema do atual governo não coloca no centro a pessoa humana e o bem de todos, mas a defesa intransigente dos interesses de uma ‘economia que mata’ (…), centrada no mercado e no lucro a qualquer preço”, reforça o texto.

A Carta ao Povo de Deus seria publicada na última quarta-feira (22) pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Porém, como não houve consenso sobre o teor do documento, o documento veio a público como uma manifestação coletiva dos 152 arcebispos e bispos – mas não um gesto institucional da CNBB.

Leia abaixo a íntegra:

Carta ao Povo de Deus

Somos bispos da Igreja Católica, de várias regiões do Brasil, em profunda comunhão com o Papa Francisco e seu magistério e em comunhão plena com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que no exercício de sua missão evangelizadora, sempre se coloca na defesa dos pequeninos, da justiça e da paz. Escrevemos esta Carta ao Povo de Deus, interpelados pela gravidade do momento em que vivemos, sensíveis ao Evangelho e à Doutrina Social da Igreja, como um serviço a todos os que desejam ver superada esta fase de tantas incertezas e tanto sofrimento do povo.

Evangelizar é a missão própria da Igreja, herdada de Jesus. Ela tem consciência de que “evangelizar é tornar o Reino de Deus presente no mundo” (Alegria do Evangelho, 176). Temos clareza de que “a proposta do Evangelho não consiste só numa relação pessoal com Deus. A nossa reposta de amor não deveria ser entendida como uma mera soma de pequenos gestos pessoais a favor de alguns indivíduos necessitados […], uma série de ações destinadas apenas a tranquilizar a própria consciência. A proposta é o Reino de Deus […] (Lc 4,43 e Mt 6,33)” (Alegria do Evangelho, 180). Nasce daí a compreensão de que o Reino de Deus é dom, compromisso e meta.

É neste horizonte que nos posicionamos frente à realidade atual do Brasil. Não temos interesses político-partidários, econômicos, ideológicos ou de qualquer outra natureza. Nosso único interesse é o Reino de Deus, presente em nossa história, na medida em que avançamos na construção de uma sociedade estruturalmente justa, fraterna e solidária, como uma civilização do amor.

O Brasil atravessa um dos períodos mais difíceis de sua história, comparado a uma “tempestade perfeita” que, dolorosamente, precisa ser atravessada. A causa dessa tempestade é a combinação de uma crise de saúde sem precedentes, com um avassalador colapso da economia e com a tensão que se abate sobre os fundamentos da República, provocada em grande medida pelo Presidente da República e outros setores da sociedade, resultando numa profunda crise política e de governança.

Este cenário de perigosos impasses, que colocam nosso País à prova, exige de suas instituições, líderes e organizações civis muito mais diálogo do que discursos ideológicos fechados. Somos convocados a apresentar propostas e pactos objetivos, com vistas à superação dos grandes desafios, em favor da vida, principalmente dos segmentos mais vulneráveis e excluídos, nesta sociedade estruturalmente desigual, injusta e violenta. Essa realidade não comporta indiferença.

É dever de quem se coloca na defesa da vida posicionar-se, claramente, em relação a esse cenário. As escolhas políticas que nos trouxeram até aqui e a narrativa que propõe a complacência frente aos desmandos do Governo Federal, não justificam a inércia e a omissão no combate às mazelas que se abateram sobre o povo brasileiro. Mazelas que se abatem também sobre a Casa Comum, ameaçada constantemente pela ação inescrupulosa de madeireiros, garimpeiros, mineradores, latifundiários e outros defensores de um desenvolvimento que despreza os direitos humanos e os da mãe terra. “Não podemos pretender ser saudáveis num mundo que está doente. As feridas causadas à nossa mãe terra sangram também a nós” (Papa Francisco, Carta ao Presidente da Colômbia por ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente, 05/06/2020).

Todos, pessoas e instituições, seremos julgados pelas ações ou omissões neste momento tão grave e desafiador. Assistimos, sistematicamente, a discursos anticientíficos, que tentam naturalizar ou normalizar o flagelo dos milhares de mortes pela COVID-19, tratando-o como fruto do acaso ou do castigo divino, o caos socioeconômico que se avizinha, com o desemprego e a carestia que são projetados para os próximos meses, e os conchavos políticos que visam à manutenção do poder a qualquer preço. Esse discurso não se baseia nos princípios éticos e morais, tampouco suporta ser confrontado com a Tradição e a Doutrina Social da Igreja, no seguimento Àquele que veio “para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).

Analisando o cenário político, sem paixões, percebemos claramente a incapacidade e inabilidade do Governo Federal em enfrentar essas crises. As reformas trabalhista e previdenciária, tidas como para melhorarem a vida dos mais pobres, mostraram-se como armadilhas que precarizaram ainda mais a vida do povo. É verdade que o Brasil necessita de medidas e reformas sérias, mas não como as que foram feitas, cujos resultados pioraram a vida dos pobres, desprotegeram vulneráveis, liberaram o uso de agrotóxicos antes proibidos, afrouxaram o controle de desmatamentos e, por isso, não favoreceram o bem comum e a paz social. É insustentável uma economia que insiste no neoliberalismo, que privilegia o monopólio de pequenos grupos poderosos em detrimento da grande maioria da população.

O sistema do atual governo não coloca no centro a pessoa humana e o bem de todos, mas a defesa intransigente dos interesses de uma “economia que mata” (Alegria do Evangelho, 53), centrada no mercado e no lucro a qualquer preço. Convivemos, assim, com a incapacidade e a incompetência do Governo Federal, para coordenar suas ações, agravadas pelo fato de ele se colocar contra a ciência, contra estados e municípios, contra poderes da República; por se aproximar do totalitarismo e utilizar de expedientes condenáveis, como o apoio e o estímulo a atos contra a democracia, a flexibilização das leis de trânsito e do uso de armas de fogo pela população, e das leis do trânsito e o recurso à prática de suspeitas ações de comunicação, como as notícias falsas, que mobilizam uma massa de seguidores radicais.

O desprezo pela educação, cultura, saúde e pela diplomacia também nos estarrece. Esse desprezo é visível nas demonstrações de raiva pela educação pública; no apelo a ideias obscurantistas; na escolha da educação como inimiga; nos sucessivos e grosseiros erros na escolha dos ministros da educação e do meio ambiente e do secretário da cultura; no desconhecimento e depreciação de processos pedagógicos e de importantes pensadores do Brasil; na repugnância pela consciência crítica e pela liberdade de pensamento e de imprensa; na desqualificação das relações diplomáticas com vários países; na indiferença pelo fato de o Brasil ocupar um dos primeiros lugares em número de infectados e mortos pela pandemia sem, sequer, ter um ministro titular no Ministério da Saúde; na desnecessária tensão com os outros entes da República na coordenação do enfrentamento da pandemia; na falta de sensibilidade para com os familiares dos mortos pelo novo coronavírus e pelos profissionais da saúde, que estão adoecendo nos esforços para salvar vidas.

No plano econômico, o ministro da economia desdenha dos pequenos empresários, responsáveis pela maioria dos empregos no País, privilegiando apenas grandes grupos econômicos, concentradores de renda e os grupos financeiros que nada produzem. A recessão que nos assombra pode fazer o número de desempregados ultrapassar 20 milhões de brasileiros. Há uma brutal descontinuidade da destinação de recursos para as políticas públicas no campo da alimentação, educação, moradia e geração de renda.

Fechando os olhos aos apelos de entidades nacionais e internacionais, o Governo Federal demonstra omissão, apatia e rechaço pelos mais pobres e vulneráveis da sociedade, quais sejam: as comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, as populações das periferias urbanas, dos cortiços e o povo que vive nas ruas, aos milhares, em todo o Brasil. Estes são os mais atingidos pela pandemia do novo coronavírus e, lamentavelmente, não vislumbram medida efetiva que os levem a ter esperança de superar as crises sanitária e econômica que lhes são impostas de forma cruel. O Presidente da República, há poucos dias, no Plano Emergencial para Enfrentamento à COVID-19, aprovado no legislativo federal, sob o argumento de não haver previsão orçamentária, dentre outros pontos, vetou o acesso a água potável, material de higiene, oferta de leitos hospitalares e de terapia intensiva, ventiladores e máquinas de oxigenação sanguínea, nos territórios indígenas, quilombolas e de comunidades tradicionais (Cf. Presidência da CNBB, Carta Aberta ao Congresso Nacional, 13/07/2020).

Até a religião é utilizada para manipular sentimentos e crenças, provocar divisões, difundir o ódio, criar tensões entre igrejas e seus líderes. Ressalte-se o quanto é perniciosa toda associação entre religião e poder no Estado laico, especialmente a associação entre grupos religiosos fundamentalistas e a manutenção do poder autoritário. Como não ficarmos indignados diante do uso do nome de Deus e de sua Santa Palavra, misturados a falas e posturas preconceituosas, que incitam ao ódio, ao invés de pregar o amor, para legitimar práticas que não condizem com o Reino de Deus e sua justiça?

O momento é de unidade no respeito à pluralidade! Por isso, propomos um amplo diálogo nacional que envolva humanistas, os comprometidos com a democracia, movimentos sociais, homens e mulheres de boa vontade, para que seja restabelecido o respeito à Constituição Federal e ao Estado Democrático de Direito, com ética na política, com transparência das informações e dos gastos públicos, com uma economia que vise ao bem comum, com justiça socioambiental, com “terra, teto e trabalho”, com alegria e proteção da família, com educação e saúde integrais e de qualidade para todos. Estamos comprometidos com o recente “Pacto pela vida e pelo Brasil”, da CNBB e entidades da sociedade civil brasileira, e em sintonia com o Papa Francisco, que convoca a humanidade para pensar um novo “Pacto Educativo Global” e a nova “Economia de Francisco e Clara”, bem como, unimo-nos aos movimentos eclesiais e populares que buscam novas e urgentes alternativas para o Brasil.

Neste tempo da pandemia que nos obriga ao distanciamento social e nos ensina um “novo normal”, estamos redescobrindo nossas casas e famílias como nossa Igreja doméstica, um espaço do encontro com Deus e com os irmãos e irmãs. É sobretudo nesse ambiente que deve brilhar a luz do Evangelho que nos faz compreender que este tempo não é para a indiferença, para egoísmos, para divisões nem para o esquecimento (cf. Papa Francisco, Mensagem Urbi et Orbi, 12/4/20).

Despertemo-nos, portanto, do sono que nos imobiliza e nos faz meros espectadores da realidade de milhares de mortes e da violência que nos assolam. Com o apóstolo São Paulo, alertamos que “a noite vai avançada e o dia se aproxima; rejeitemos as obras das trevas e vistamos a armadura da luz” (Rm 13,12).

O Senhor vos abençoe e vos guarde. Ele vos mostre a sua face e se compadeça de vós.
O Senhor volte para vós o seu olhar e vos dê a sua paz! (Nm 6,24-26).

quinta-feira, 30 de julho de 2020

País fecha 1° semestre com perda de 1,2 milhão de empregos formais

Com redução na maioria dos setores, as demissões (7,9 milhões) superaram com folga as admissões (6,7 milhões).

Brasil vive drama do desemprego - Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo
O país fechou o primeiro semestre com 1,2 milhão de vagas formais eliminadas. Ou exatos 1.198.363 empregos com carteira a menos, queda de 3,09% no estoque. De janeiro a junho, as admissões somaram 6,7 milhões, queda de 18,3% em relação a igual período de 2019, enquanto as demissões totalizaram 7,9 milhões, aumento de 1,3%. Os dados são do “novo” Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado hoje (28) pelo Ministério da Economia.

Com os resultados, o estoque de empregos formais caiu para 37.611.260 em junho. No melhor momento, em igual mês de 2014, atingiu 41.245.162.

Entre os setores, a agropecuária abriu 62.633 vagas no semestre (4,21%). A administração pública, que inclui outras áreas, também cresceu, 1,41%, com 70.293 postos de trabalho.

O setor de serviços foi o que mais fechou vagas: 507.708 (-2,77%). Em seguida, o comércio eliminou 474.501 (-5,09%). A indústria fechou 246.593 (-3,28%) e a construção, 32.092 (-1,48%).

Nem com flexibilização

O corte se concentrou no período março-maio. Apenas no mês de junho foram fechadas 10.984 vagas – 906.444 demissões e 895.640 admissões. formais. Houve alta na agropecuária e na construção.

Mesmo a flexibilização não tem ajudado a abrir empregos no país, contrariando o discurso oficial. O trabalho intermitente teve saldo de 20.549 vagas no semestre, enquanto o parcial fechou 4.806. Já os desligamentos por “acordo” somaram 89.548.

O salário médio de admissão caiu para R$ 1.696,22.

Fonte: Rede Brasil Atual

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Basquete e socialismo: como a NBA combate a desigualdade no país mais desigual do mundo, os EUA

O New York Times publicou matéria de Binyamin Appelbaum e Tala Schlossberg sobre o “socialismo” da NBA, a liga de basquete americana.

Draft: NBA premia jogadores de primeira linha para as piores equipes do ano anterior
Por Davi Nogueira
No DCM

“Os Estados Unidos são um dos países mais desiguais do primeiro mundo. As pessoas que não são ricas têm menos chances de sucesso e menos chances de seus filhos terem sucesso”, diz o texto.

“Quando se fala em consertar essas coisas, no entanto, as pessoas perdem a cabeça. Tributar os ricos? Ajudar os pobres? Para muitos americanos, isso cheira a socialismo”.

Segundo os autores, uma parte da sociedade americana — a NBA — vem lutando com sucesso contra a desigualdade há anos porque o  importante é “garantir que todos tenham uma chance”.

Escrevem Appelbaum e Schlossberg:

Na NBA, há equipes ricas e equipes pobres. New York Knicks, Los Angeles Lakers e outros times das grandes cidades cobram mais por ingressos, vendem mais mercadoria e negociam mais direitos de transmissão. Eles estão rolando em dinheiro. Enquanto isso, Phoenix Suns e Minnesota Timberwolves estão lutando para sobreviver.

Talvez você esteja pensando: “Ótimo. Isso é uma competição. Que vença o melhor, certo?”. Bem, não. A NBA quer competição na quadra. Mas para manter essa competição e garantir que cada equipe tenha uma chance de lutar, a NBA impõe regras rigorosas para limitar a competição em todos os outros lugares.

Regra 1: compartilhamento de receitas. A NBA ganha cerca de 2,6 bilhões de dólares por ano com os acordos da televisão nacional. Mas esse dinheiro é dividido igualmente entre as equipes, independentemente do número de espectadores que cada uma atrai. Equipes populares, que atraem grandes audiências, estão na verdade desistindo de parte de seus ganhos para ajudar as equipes menos lucrativas.

Regra 2: limite de gastos. Há uma coisa chamada teto salarial. É um limite de quanto cada equipe pode gastar com os jogadores. No ano passado, foi de cerca de 110 milhões de dólares. Cada time tem que ficar abaixo dessa margem. Assim, em vez de promover um mercado livre e sem barreiras, a NBA tenta garantir que as equipes ricas não superem sempre todas as outras. E isso significa que as equipes pobres podem fazer ofertas salariais competitivas aos melhores jogadores.

Regra 3: o Draft. Novos jogadores entram na NBA através de um sorteio. Mas como decidir quem adquire o novo talento? Bem, não é aleatório. A associação premia aqueles preciosos jogadores de primeira linha para as piores equipes do ano anterior. Isso mesmo. Os piores times de cada temporada são na verdade recompensados por seus fracassos, obtendo uma melhor chance na escolha dos atletas. Pode ser um trunfo na construção de um time melhor para a próxima temporada.

Por que a NBA faz tudo isso? Em termos simples, eles sabem que uma competição desregulada seria um desastre. Os times ricos usariam suas montanhas de dinheiro para comprar todos os melhores jogadores e, em pouco tempo, estrangulariam os outros no campeonato. Você começaria a ver os mesmos poucos times disputando o título em todos os anos – Lakers, Bulls, Knicks. Lakers, Bulls, Knicks. Imaginem só – os Knicks. Seria muito parecido com o resto dos EUA, onde as pessoas mais ricas podem montar fundos fiduciários para seus filhos, enquanto todos os outros se esforçam apenas para pagar o aluguel.

Talvez você esteja se perguntando: por que as equipes ricas concordam em compartilhar seus lucros obtidos com seus rivais mais pobres? Bem, a resposta é simples – os Lakers precisam de outras equipes para jogar – boas equipes. Caso contrário, qual é o sentido? A única razão pela qual os fãs acompanham o basquete é porque acreditamos que é uma luta justa. (…)

O que seria necessário para que a América se parecesse um pouco mais com a NBA? Bem, precisaríamos de impostos mais altos sobre os ricos para redistribuir o dinheiro deles para o resto de nós. E, assim como a minuta da NBA, precisaríamos dar às pessoas pobres uma melhor oportunidade, como garantir que todos tenham acesso à educação e a uma boa moradia. (…)

Mas ainda podemos aprender uma lição com a NBA. Eles não aboliram os vencedores e os perdedores. Eles não aboliram o capitalismo, nem a riqueza ou o lucro. Eles simplesmente impedem que as equipes usem esses lucros para manipular o sistema e estragar o jogo para os demais.

Isso não é socialismo. É apenas um jogo limpo. Então, em que mundo você quer viver? Numa sociedade em que todos têm uma chance de sucesso ou numa onde os vencedores são sempre os New York Knicks?

terça-feira, 28 de julho de 2020

A mídia é refém da caricatura que fez do PT e de Lula

Uma das maiores limitações da mídia brasileira é acreditar no que publica; uma imprensa que não lê a divergência, para não mencionar os fatos, e se enreda nas realidades virtuais que vai criando. É o caso dos artigos de Ascânio Seleme, no Globo de 11 de julho, sobre “perdoar” um PT que a maior parte da mídia criou para ser odiado, e de sábado (18), em que um outro PT é criado para receber o perdão que nunca pediu. Os PTs ali retratados são criações fictícias como enredos de novela, com a diferença de que estes são mais próximos da vida real.

Lula. Foto: Reprodução/YouTube
Por Ricardo Amaral

O primeiro artigo parte de uma constatação rara em nossa imprensa, a de que o país em crise profunda não vai se reencontrar excluindo um terço da população, a parcela identificada com Lula e seu partido. Mas não extrai desse fato a consequência que estaria ao alcance da própria Globo: levantar a censura imposta ao PT e a Lula pelo maior grupo de comunicação do país. Seria o gesto imprescindível para restabelecer o debate democrático, mais eficaz que a arrogante oferta de perdão a quem sofreu a maior campanha de destruição de imagem já feita contra um partido e seu líder.

O PT e o Lula excluídos da Globo e do debate foram forjados nas 13 horas de notícias negativas somadas no Jornal Nacional entre janeiro e agosto de 2016; o julgamento midiático que antecedeu a denúncia do powerpoint em setembro. O “tríplex do Lula” nasceu numa notícia falsa e jamais corrigida do Globo, em dezembro de 2010, e transformada na última hora em “prova” da denúncia frívola (“Tesão demais essa matéria de O Globo. Vou dar um beijo em quem de vocês achou isso”, registrou Deltan Dallagnol nos arquivos da Vazajato). Foi pela Globo que Sergio Moro fez a diferença, vazando o grampo ilegal da presidenta Dilma em 16 de março de 2016.

Diferentemente do que diz o artigo deste sábado, o PT não foge do assunto Petrobrás: denuncia a manipulação dos processos e o acobertamento da corrupção tucana, confessada desde Pedro Barusco, o pai das delações. Nem diz que o mensalão foi inventado pela mídia: denuncia a pressão que ela exerceu sobre um STF que julgou “com a faca no pescoço”. Tampouco o PT defende o “controle popular” da mídia, mas a regulamentação dos artigos 220 a 240 da Constituição, que não interessam à Globo e seus associados regionais porque estabelecem diversidade, pluralidade, respeito às identidades étnicas e regionais nas concessões de TV. Coisa de outro mundo.

De fato, o PT da Globo e da maioria da imprensa é uma longa criação, para a qual contribuem fragmentos da realidade, mitos, preconceitos e, obviamente, os erros cometidos em 40 anos de uma trajetória que jamais foi objeto de debate equilibrado na mídia. E não seria agora, porque essa narrativa histórica, com perdão pela palavra gasta, justificaria outra, terrivelmente atual, de que a rejeição ao PT seria responsável pela ascensão de Bolsonaro. Como se a mídia não fosse acionista fundadora da indústria do antipetismo que a tantos propósitos tem servido, inclusive o de explicar sua responsabilidade no golpe de 2016 e no processo eleitoral de 2018.

A imprensa daria um grande passo se criticasse o PT pelo que o partido realmente é, não o que ela gostaria que fosse. Da mesma forma que Sergio Moro e a Lava Jato tornaram-se prisioneiros da farsa judicial que criaram para condenar Lula (e eleger Bolsonaro), a maior parte da mídia é refém da caricatura do PT que ela desenhou e não consegue apagar nem mesmo para permitir o inadiável reencontro do país com a normalidade. E por isso tem de desenhar, volta e meia, um PT que não seria nem o real nem sua caricatura, nem sua direção nem sua militância, mas um partido domesticado e livre dessa ideia radical de acabar com a desigualdade no Brasil.

Só que não existem dois PTs, como não existem duas Globos. No PT convivem e podem divergir Lula, Gleisi Hoffmann, Fernando Haddad, Eduardo Suplicy, Rui Costa e Benedita da Silva, mas, diferentemente da Globo, onde também convivem divergências, o PT não tem dono. A Globo tem. E é ele (ou eles) quem define o que é o que é não é notícia, como fazia Roberto Marinho, quem pode e quem não pode falar no JN. É quem não admite o PT no jogo político. Um país com milhões de excluídos precisa, sim, de uma esquerda forte, mas precisa também de uma mídia plural e democrática, coisa que a Globo não é, nem mesmo como caricatura.

Via - DCM

sábado, 25 de julho de 2020

Brasil passa de 80 mil mortes por coronavírus; oito estados pioraram

País tem 80.120 mortes por covid-19 e 2.118.646 infectados. Média móvel de novas mortes na última semana foi de 1.047 óbitos, uma variação de +2% em relação aos dados registrados duas semanas atrás.

Por Cézar Xavier

Na atualização diária do Ministério da Saúde, divulgada no início da noite de hoje (20), consta que foram registradas 632 novas mortes por covid-19 entre ontem(19) e hoje, totalizando 80.120, enquanto o consórcio da imprensa registrou 718 e 80.251. O balanço apresenta também 20.257 (21.749, segundo a imprensa) novos casos confirmados de covid-19 nas últimas 24 horas. No total, 2.118.646 (ou 2.121.645) pessoas foram diagnosticadas com a covid-19 no Brasil desde o início da pandemia e 1.409.202 se recuperaram da doença.

A média móvel de casos foi de 33.384 por dia, uma variação de -12% em relação aos casos registrados em 14 dias.

De acordo com o Ministério da Saúde, 629.324 pacientes estão em acompanhamento. Há ainda 3.946 óbitos em investigação.

A taxa de letalidade (número de mortes pelo total de casos) ficou em 3,8%. A mortalidade (quantidade de óbitos por 100 mil habitantes) atingiu 38,1. A incidência dos casos de covid-19 por 100 mil habitantes é de 1008,2.



Segundo especialistas, a letalidade da covid-19 tende a aumentar conforme ocorre a interiorização da pandemia. Cidades menores de interior do país têm mais população idosa e também menos condições hospitalares para atendimento. É o que vem se percebendo conforme a pandemia avança pelos estados do Sul do país.

Aos sábados, domingos e segundas-feiras, o número diário registrado tende a ser menor pela dificuldade de alimentação dos bancos de dados pelas secretarias municipais e estaduais. Já às terças-feiras, o quantitativo em geral é maior pela atualização dos casos acumulados aos fins de semana.


Covid-19 nos estados

Os estados com mais registro de mortes por covid-19 são: São Paulo (19.788), Rio de Janeiro (12.161), Ceará (7.185), Pernambuco (6.036) e Pará (5.538). As Unidades da Federação com menos óbitos são: Mato Grosso do Sul (228), Tocantins (299), Roraima (431), Acre (465) e Amapá (515).

Os estados com mais casos confirmados desde o início da pandemia são: São Paulo (416.434), Ceará (147.566), Rio de Janeiro (141.005), Pará (139.396) e Bahia (123.292). As Unidades da Federação com menos pessoas infectadas registradas são: Mato Grosso do Sul (16.337), Tocantins (17.898), Acre (17.462), Roraima (25.686) e Rondônia (29.801).

No total, 8 estados apresentaram alta de mortes: PR, RS, SC, MG, MS, MT, TO e PB.


Em relação a domingo (19), GO e PA deixaram a lista de estados com alta, e PB e MT entraram.

Subindo: PR +31%, RS +64%, SC +127%, MG +24%, MS +29%, MT +16%, TO +50% e PB +29%.

Em estabilidade, ou seja, o número de mortes não caiu nem subiu significativamente: ES -6%, RJ -14%, SP +10%, DF 0%, GO +12%, AC 0%, AP 0%, PA +13%, RO +13%, AL -15%, BA -2%, MA 0% e PE -5%.

Em queda: AM -22%, RR -62%, CE -33%, PI -16%, RN -38% e SE -16%.

Atraso na divulgação

O Brasil chegou às 70 mil mortes por covid-19 notificadas pelo Ministério da Saúde no dia 10 de julho. Este marco, no entanto, pode ter sido atingido muitos dias antes. A causa é a diferença entre a data em que a morte aconteceu e o dia em que ela foi anunciada oficialmente.

Ao comparar dados dos registros de ocorrências das mortes com as notificações feitas pelo ministério e pelas secretarias da saúde estaduais e municipais, o portal UOL descobriu que os marcos de óbitos estão sendo divulgados pelo governo com pelo menos 10 mil mortes de atraso. Os dados oficiais são apurados pelas autoridades de saúde locais e consolidados por Brasília em nível nacional.

O motivo? Demora para inclusão no sistema nacional, atraso de resultados laboratoriais confirmando coronavírus, falta de equipamentos, entre outros.


sexta-feira, 24 de julho de 2020

Pandemia pode aumentar disparidade econômica entre homens e mulheres

FMI destaca que mulheres estão nas ocupações mais afetadas pela crise sanitária e assumem mais trabalho doméstico não remunerado.

Trabalho doméstico traz sobrecarga às mulheres
No Portal Vermelho

A crise econômica provocada pela pandemia de Covid-19 pode comprometer o progresso feito pelas mulheres nas últimas três décadas para reduzir a disparidade econômica entre os gêneros, alertou o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira (21/07).

De acordo com a entidade, são quatro os principais motivos que fazem com que as mulheres sejam mais afetadas do que os homens pela crise que gerará uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) global de 4,9%. O principal deles é que elas ocupam mais cargos em setores fortemente afetados pelo confinamento, como serviços, varejo e turismo.

Em um texto no blog do FMI, a diretora-geral da instituição, Kristalina Gueorguieva, e outras quatro colegas, destacam que, no Brasil, 67% das mulheres atuam em setores que não permitem o teletrabalho. Já nos Estados Unidos, 54% estão nessa situação e o desemprego entre as mulheres americanas de abril a junho deste ano foi dois pontos percentuais superior ao dos homens.

O segundo motivo que prejudica as mulheres é que elas atuam mais em empregos do setor informal em países de baixa renda. Nessa situação, elas têm salários mais baixos e não têm proteção de leis trabalhistas nem de benefícios, como pensões ou seguro de saúde. Além disso, a informalidade foi fortemente afetada pela crise. Na Colômbia, a pobreza aumentou 3,3% entre as mulheres. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que a pandemia fará com que 15,9 milhões de pessoas passem a viver na pobreza na América Latina e no Caribe, elevando o total para 214 milhões, grande parte mulheres.

O terceiro motivo destacado pelo FMI é que as mulheres assumem mais o trabalho doméstico não remunerado. Elas costumam exercer essas atividades, em média, 2,7 horas por dia a mais do que os homens. Além disso, carregam o peso de assumir as responsabilidades familiares resultantes das medidas de confinamento, como o fechamento de escolas e o cuidado de pessoas idosas.

Como quarto motivo, o FMI aponta que, normalmente, pandemias fazem as mulheres correrem mais risco de abandonar os estudos. Em muitos países em desenvolvimento, as meninas são forçadas a deixar a escola e trabalhar para complementar a renda familiar.

Mesmo que a situação melhore com a reabertura da economia, a situação segue mais complicada para as mulheres do que para os homens, já que elas têm mais dificuldade em conseguir um emprego em tempo integral. Para que o retrocesso não seja tão grande, o FMI afirma que é crucial que os formuladores de políticas públicas adotem medidas para limitar os efeitos assustadores da pandemia nas mulheres.

Entre as medidas que podem ser tomadas, estão a extensão do apoio à renda para os vulneráveis, a preservação de vínculos empregatícios, o incentivo ao equilíbrio das responsabilidades no trabalho e nos cuidados com a família e a expansão ao apoio às pequenas empresas.

Fonte: Deutsche Welle


quinta-feira, 23 de julho de 2020

Governo propõe reforma tributária tímida sem taxar grandes fortunas

Liderança da Minoria na Câmara dos Deputados diz que não se pode desconsiderar uma proposta “justa, solidária e sustentável.”


O ministro da Economia, Paulo Guedes, entregou ao Congresso nesta terça-feira (21) a proposta do governo Bolsonaro para a reforma tributária que tem como ponto central a unificação do PIS e Confins com a criação do novo tributo chamado CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).  Com a alíquota de 12%, a contribuição foi muito criticada por representar aumento de carga tributária.

No Congresso, parlamentares da oposição consideraram a proposta tímida e não toca em pontos considerados fundamentais como a taxação de grandes fortunas e a divisão de lucros e dividendos. A principal crítica é que simplificar impostos não é suficiente. Há necessidade de reduzir as desigualdades no país.

Em nota, a liderança da Minoria na Câmara dos Deputados diz que não se pode desconsiderar uma proposta “justa, solidária e sustentável”. Além da taxação dos mais ricos, os parlamentares do bloco defendem a unificação de tributos e das alíquotas do ICMS. Para o líder José Guimarães (PT-CE), o projeto de Guedes é insuficiente para enfrentar a crise.

“Essa reforma tributária de Guedes é uma piada! Ricos pagarão menos impostos com essa alíquota de 20% do IR para todos. Em vez disso, ele deveria elevar as alíquotas máximas sobre rendas maiores, taxar iates e jatinhos e os milionários”, disse a deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidenta nacional do PT.

O líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ), defendeu uma reforma tributária com base em três pilares: simplificação, progressividade e sustentabilidade. “A tímida proposta entregue hoje pelo governo mal contempla o primeiro pilar. Cabe agora ao Congresso assumir o protagonismo desse debate tão urgente”, disse.

“Guedes entregou à Câmara uma reforma tributária em plena pandemia. O que importa MESMO não é feito, que é taxar as GRANDES fortunas para garantir uma renda básica ampla. O ministro que propôs R$200 de auxílio emergencial faz apenas o que interessa aos bancos, não ao povo”, publicou no Twitter a líder do PSOL na Câmara, Fernanda Melchionna (RS).


quarta-feira, 22 de julho de 2020

Vietnã, um exemplo de confronto com o novo coronavírus

Quase seis meses após o surto do novo coronavírus, o Vietnã mostra algumas estatísticas que o confirmam como um dos países mais bem-sucedidos no enfrentamento à pandemia.


De Hanói, Alberto Salazar.

Na quarta-feira (15) a nação indochinesa tem apenas 373 infectados, um número incrivelmente pequeno considerando que compartilha uma longa fronteira com a China, o foco original da doença, e um intenso comércio e turismo com o gigante asiático.

Seu número de casos por milhão de pessoas (em uma população de 96 milhões) foi contido a quatro, um dos mais baixos do mundo entre os países com mais de 80 milhões de pessoas.

Como se isso não fosse suficiente, o Vietnã não teve que lamentar nenhuma perda humana devido à doença e do número total de pessoas infectadas, 352 foram recuperadas. Os 21 ainda hospitalizados estão em um claro processo de recuperação.

Se os resultados são estes, é porque desde o primeiro momento o governo não tremeu ao tomar medidas capazes de cortar a propagação da SARS-Cov-2 e advertiu que, embora fossem persuasivos, os aplicaria ao pé da letra.

Mas a disciplina dos cidadãos também tem sido exemplar. Quando ainda não se sabia que as coisas correriam tão bem, as pessoas observaram todas as disposições à risca e somente em casos muito excepcionais foi necessário aplicar sanções, nenhuma delas extrema.

Na verdade, se o Vietnã não está mais livre da Covid-19, é porque o governo cumpriu sua promessa de não deixar ninguém para trás e nos últimos meses repatriou milhares de nacionais surpreendidos pela pandemia de outros territórios onde a situação era e ainda é complicada.

Assim, todos aqueles infectados desde 16 de abril (332) são vietnamitas retornados de outros países, o que revela o rígido controle do sistema nacional de contenção da pandemia.

O processo ainda está em andamento, mas as rigorosas quarentenas e o meticuloso monitoramento médico desses cidadãos estão impedindo a propagação da doença na comunidade.

Mas o grande triunfo do Vietnã sobre a síndrome respiratória aguda é permanecer como um dos poucos países que, apesar de relatar mais de 300 pessoas doentes, não relata mortes. E para que conste, há vários pacientes que estavam à beira da morte.

Uma delas era uma mulher de 64 anos que teve que ser tratada com oxigenação extracorpórea de membrana, uma máquina de bypass coração-pulmão (ECMO) que bombeia o sangue para fora do corpo e o devolve oxigenado, para dar um descanso a esses órgãos.

No processo, ela sofreu três ataques cardíacos, então os médicos e enfermeiras aos seus cuidados tiveram que trabalhar muito para salvá-la.

Outro exemplo do profissionalismo do pessoal médico vietnamita é o famoso Paciente 91, um britânico de 43 anos contratado como piloto pela Vietnam Airlines e considerado o caso mais grave de todos aqueles que foram tratados no país.

O homem sofreu várias complicações adicionais de saúde (obesidade, problemas de coagulação e uma resposta imune tão forte que agiu contra o corpo em vez de defendê-lo, entre outras), o que tornou seu resgate extraordinariamente difícil.

Durante dois meses ele esteve conectado a um ECMO e os especialistas consideraram realizar um transplante pulmonar, mas no final eles descartaram essa opção porque ele começou a evoluir com esperança.

Em processo de reabilitação abrangente, e após testar negativo para o vírus várias vezes, o britânico retornou ao seu país no domingo passado, na companhia de uma equipe de médicos locais. Há dias a imprensa internacional vem elogiando o que o Vietnã fez para salvar sua vida.

A nação indochinesa entrou na segunda dezena de abril em uma fase de “nova normalidade” que é visível em toda parte: as pessoas continuam usando máscaras protetoras e observando certas medidas preventivas, mas a vida voltou aos seus canais habituais.

Em outras palavras, há poucos sinais de que a ameaça da doença permaneça latente.

Entretanto, tal cenário não deixa as autoridades confiantes e há constantes avisos para se protegerem contra a doença e manterem certas medidas, tais como a suspensão dos voos internacionais.

No momento, somente os retornados e – sob normas rigorosas – diplomatas, empresários e especialistas necessários para o bom funcionamento da economia estão entrando no país. Há alguns dias, o Primeiro-Ministro Nguyen Xuan Phuc pediu a seus compatriotas que fizessem todos os esforços para evitar uma segunda onda de Covid-19 e para recuperar a economia no menor tempo possível.

Xuan Phuc saudou os resultados diante da pandemia, mas observou que os prejuízos econômicos foram altos, a ponto de o Produto Interno Bruto ter crescido apenas 0,36% no segundo trimestre, o valor mais baixo em 30 anos.

Ele considerou, portanto, que sem descuidar das medidas preventivas, “devemos agora nos concentrar na revitalização da produção, exportação, atração de investimentos estrangeiros, turismo e outros grandes contribuintes para os cofres nacionais”.

Diante deste cenário, várias organizações internacionais preveem que a economia vietnamita – mesmo sendo aberta – será uma das menos afetadas pelo Covid-19. E que se as coisas não piorarem globalmente, quase recuperará seus altos níveis de crescimento em 2021.

Fonte: Prensa Latina

Novo Fundeb é aprovado em primeiro turno


O novo Fundeb (Fundo de Desenvolvimento e Valorização dos Profissionais da Educação) foi aprovado em primeiro turno na Câmara dos Deputados, na noite desta terça (21), por 499 votos a favor e 7 contra.

Seis dos sete votos contrários foram de deputados da base bolsonarista, como Márcio Labre (PSL-RJ), Bia Kicis (PSL-DF), Chris Tonietto (PSL-RJ), Filipe Barros (PSL-PR) e Junio Amaral (PSL-MG).

A aprovação representa uma derrota significante para o governo Bolsonaro e uma vitória para a educação básica.

O novo texto faz com que a parcela de contribuição da União passe de 10% para 23%. A relatora também incorporou algumas sugestões discutidas com o governo.

A complementação da União para o Fundeb crescerá de forma gradativa ao longo dos próximos seis anos (2021 a 2026).

A proposta apresentada pelo general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo, previa que 5% dos recursos do Fundeb fossem destinados ao programa social Renda Brasil.

Via - DCM

terça-feira, 21 de julho de 2020

Quilimérios, um povo isolado no interior de Minas

Vídeo mostra pela primeira vez a comunidade dos Quilimérios, que se isolaram em Rubim, no Nordeste do estado há quase dois séculos.


Por Aloísio Morais

Um curta metragem feito de forma artesanal acaba de revelar, pela primeira vez, as imagens dos remanescentes de um povo que vive isolado há quase dois séculos entre as belas pedras de granito do município de Rubim, uma pequena cidade mineira incrustada no Baixo Rio Jequitinhonha, quase na divida com o sul da Bahia.

Neste belo lugar, um antigo quilombo volante, certamente vindo do interior da Bahia, resolveu se fixar de vez misturando-se aos índios para ali em isolamento, até que nas últimas décadas as novas gerações começaram a mudar para a cidade. São os Quilimérios.

Um pouco da história da comunidade começa agora a ser desvendada por uma equipe de cineastas e jornalistas mineiros esteve lá e fez o interessante curta metragem chamado Quilimérios, de 24 minutos, que trata da história de um povo que vive isolado desde o século XIX. Escondidos entre altas pedras de lugares quase inacessíveis, os Quilimérios ainda são desconhecidos por muita gente que vive até mesmo na própria região.

O curta Quilimérios conta um pouco da história deste povo, mostra cenários deslumbrantes filmados praticamente apenas com celular e drone, “o que o torna um produto experimental e inovador”, afirma Emerson Penha, o diretor do documentário. “É impressionante, nos dias de hoje, com tanta tecnologia, um povo permanecer isolado. Por outro lado, é importante poder mostrar que o mundo tem lugar para todos, independentemente do seu jeito de ser e viver. Todos têm direito a viver como desejam e isso precisa ser respeitado”, observa Penha.

Até hoje o mistério da existência deste povo permanece, inclusive a origem do nome Quilimérios. Há indícios de que sua origem estaria ligada aos bantos vindos da África, mas a história que se conta na região de Rubim é que esse grupo de pessoas foi formado a partir da fuga de um ex-escravo, Juca Preto, contratado por um fazendeiro da vizinha cidade de Pedra Azul, onde vivia, para matar alguém importante. Após praticar o crime, Juca teria fugido para a região onde seus descendentes vivem até hoje. Na fuga, levou uma mulher indígena com quem deu início à família dos Quilimérios.

São pessoas muito reservadas que cultivam costumes antigos e têm hábitos comportamentais como o casamento endogâmico. A explicação sociológica mais razoável é que sejam remanescentes dos quilombos volantes, grupos nômades formados por afrodescendentes que escapavam do cativeiro, indígenas expulsos de suas terras e mesmo por brancos que fugiam das cidades por diversas razões.

Quilimérios é um filme de Emerson Penha, com música de Túlio Mourão, fotografia de Fábio Damasceno, produção de Zu Moreira, edição de Rafael Diniz (Fiel) e argumento de Tião Soares.

Assista o filme:




segunda-feira, 20 de julho de 2020

Novo teste positivo de Bolsonaro para coronavírus mostra que a cloroquina não é a cura que ele propagandeia


Publicado por Kiko Nogueira – No DCM

Um novo teste para covid-19 realizado por Bolsonaro apresentou resultado positivo na quarta, dia 15.

Bolsonaro anunciou no dia 7 que tinha contraído a doença e garantiu que estava se sentindo bem.

Avisou recentemente que iria retomar suas atividades “normais” se estivesse “curado”.

O sujeito faz propaganda aberta da cloroquina e da ampliação de seu uso pelo Ministério da Saúde, sem que haja comprovação científica da eficácia.

Alardeia que seu tratamento “está dando certo”.

Num vídeo, aparece metendo um comprimido para dentro.

“Estou tomando aqui a terceira dose de hidroxicloroquina. Estou me sentindo muito bem. Estava mais ou menos no domingo, mal na segunda-feira… Mas hoje, terça, estou muito melhor do que sábado. Então, com toda certeza, está dando certo”, afirma.

”Sabemos que hoje em dia existem outros remédios que podem ajudar a combater o coronavírus, sabemos que nenhum tem a sua eficácia cientificamente comprovada, mas mais uma pessoa que está dando certo”.

Termina com um anúncio de margarina feito por Satanás: “Eu confio na hidroxicloroquina, e você?”.

Chama-se propaganda enganosa. Gato por lebre. Como ele mesmo, aliás.




sábado, 18 de julho de 2020

Te cuida, Borba Gato: estátua de ativista negra substitui monumento a traficante de escravos

Na Inglaterra, escultura de manifestante do Black Lives Matter é colocada no pedestal onde estava a que foi jogada no rio em junho.



A estátua do traficante de escravos Edward Colston, que há 125 anos “ornava” o centro de Bristol, na Inglaterra, e que acabou jogada no rio por manifestantes antirracistas em junho, foi substituída nesta quarta-feira pela escultura de uma ativista negra do movimento Black Lives Matter. O artista Marc Quinn eternizou em resina negra a imagem em carne e osso de Jen Reid ao subir, de punho cerrado, no pedestal onde ficava o monumento ao negociante de vidas humanas. A substituição foi feita sem autorização formal dos órgãos públicos.

Quinn explicou que o título da obra, A Surge of Power (Uma Onda de Energia), veio da descrição que Jen fez do que sentiu ao ocupar, como uma estátua viva, o pedestal vazio, quando caminhava de volta para casa após participar das manifestações. “Foi como se uma corrente de energia elétrica corresse em mim. Meus pensamentos imediatos foram as pessoas escravizadas que morreram nas mãos de Colston, e transmitir energia a eles. Eu queria transmitir energia a George Floyd, queria transmitir energia às pessoas negras como eu que sofreram injustiças e desigualdades. Uma onda de energia para todos eles.”

Jen e Marc lançaram juntos um manifesto onde explicam seus sentimentos. “Esta escultura é uma tomada de posição sobre minha mãe, minha filha, pessoas negras como eu. É sobre crianças negras vendo isso lá em cima. É algo do qual se sentir orgulhoso, ter um sentido de pertencimento, porque na realidade nós pertencemos a este lugar, não estamos indo para lugar nenhum”, disse a ativista.

“Esta escultura captura um momento. Isso aconteceu no meio das notícias e do efeito cascata ao redor do mundo causada pelo assassinato de George Floyd, que eu vinha acompanhando”, disse Marc Quinn. “Um amigo me mostrou a foto de Jen no instagram sobre o pedestal em Bristol, com o punho erguido em uma saudação Black Power. Meu pensamento imediato foi como seria incrível fazer uma escultura dela. Contactei Jen pelas redes sociais e ela topou.”

O artista, que é branco, defendeu a importância de os brancos com poder se engajarem na luta antirracista. “Tem uma coisa que Desmond Tutu disse que reverbera em mim fortemente: ‘Se você é neutro em situações de injustiça, você escolheu o lado do opressor. Eu acho que chegamos num ponto em que os brancos têm que se aliar e os brancos em posições de poder precisam falar e combater ativamente o racismo. Para mim isso significa me educar, ouvir os outros e achar um meio significativo de contribuir.”

Não se sabe ainda como as autoridades da cidade reagirão à presença da nova estátua. Mas imaginem se acontecesse no Brasil, um monumento a um destes bandeirantes genocidas sendo derrubado e substituído pela escultura de um dos indígenas ou de um dos negros que eles assassinaram? E não seria muito mais significativo para o nosso povo? Te cuida, Borba Gato!

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Bispos se articulam para criar frente anti-Bolsonaro na CNBB

“Estamos num confronto direto do reino de Deus com o reino de morte”, afirma religioso.


Por Igor Carvalho

Os primeiros 18 meses de governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) serviram para esfriar os bastidores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – que, em maio de 2019, teve um ápice de tensão, com a disputa entre conservadores e progressistas pela presidência da entidade, que terminou com a eleição de Dom Walmor Oliveira de Azevedo, de Minas Gerais, mais alinhado com setores à esquerda da igreja.

Passados 14 meses da eleição na CNBB, a ala progressista ganhou força diante das notícias ruins produzidas pelo governo e bispos articulam internamente uma frente para que a entidade tenha “influência” no debate contra o governo de Bolsonaro. Dois bispos escutados pela reportagem do Brasil de Fato confirmaram a existência da aliança e disseram que o avanço desse acordo não encontra resistência entre os religiosos.

Isso porque a ala conservadora, liderada por Dom Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro – que tem ligação com o presidente e chegou a fazer campanha por ele nas eleições de 2018 –, está “tímida” com “os despropósitos das medidas de Bolsonaro, que atacam os povos mais pobres, indígenas e quilombolas”.

De acordo com os bispos, essa movimentação não está restrita à CNBB, mas tem encontrado eco em paróquias e igrejas pelo país, onde padres reclamam de perseguição política, por conta das críticas feitas ao governo de Bolsonaro nas missas ou em conversas com fiéis.

Há um debate corrente entre os bispos sobre a baixa interferência da CNBB no debate político. Isso seria, de acordo com os líderes religiosos, resultado da insistência da entidade em divulgar “apenas notas” sobre os temas nacionais. A ideia seria, portanto, que os religiosos sejam mais propositivos e atuantes.

“A voz da CNBB, apesar de ser uma voz importante, perdeu força ao longo tempo, não é tem sido tão reconhecida midiaticamente. A CNBB não está influente”, lamentou um dos bispos escutados pelo Brasil de Fato.

Perseguição

No último dia 9 de julho, um grupo de 300 religiosos ligados à Igreja Católica, entre eles alguns bispos, deram uma rápida resposta aos críticos do padre Edson Adélio, de Artur Nogueira, município no interior de São Paulo, que foi perseguido após criticar o presidente em uma missa.

“Nós nos alegramos com sua voz profética que se levanta para denunciar todo esse projeto de morte que vem sendo implantado! Saiba que você não está sozinho. Conte sempre conosco e com nossa solidariedade. E agradecemos ao bom Deus que não deixa morrer a profecia. Continua a suscitar homens de coragem e de compromisso. Continue sendo essa voz que denuncia tudo o que diminui ou mata a vida de nosso povo”, afirmam os religiosos, através da organização “Padres da Caminhada.”

Durante a missa do dia 7 de junho, Adélio disse aos fiéis que esse “governo não presta”, que “Bolsonaro não vale nada e quem votou nele deveria se confessar e pedir perdão pelo pecado que cometeu, elegeu um bandido”. O vídeo com a mensagem do religioso foi publicado na internet e ele passou a ser perseguido. O Brasil de Fato conversou com o padre, que pediu para não ser entrevistado, pois ainda enfrenta um clima hostil.

Fora, Bolsonaro

No último domingo (12), durante o debate inter-religioso “Fora Bolsonaro e o desgoverno federal”, Dom Vicente Ferreira, bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG), que integra a Comissão Especial para a Ecologia Integral e Mineração da CNBB, atacou o presidente.

“Nós estamos num confronto direto do reino de Deus com o reino de morte. De fato, tudo aquilo que contribui para o reino de Deus, é nosso lugar e endereço no mundo. Agora, não posso compactuar com aquilo que é morte”, afirmou Ferreira, que encerrou sua participação no evento dizendo que “não há esperança nesse governo, infelizmente.”

Outro bispo, o emérito Mauro Morelli, também criticou Bolsonaro durante o evento. “Um governo que governa em favor de um grupo pequeno e poderoso da economia. Esse governo que está desrespeitando os povos indígenas, que está prejudicando os quilombolas, prejudicando a agricultura familiar e a saúde do povo. É muito pouco trocar o personagem”, encerrou o religioso.

Fonte: Brasil de Fato
Via – Portal Vermelho

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Guedes prepara novo pacote de maldades para pós-pandemia

O ministro da Economia de Bolsonaro insiste na capitalização da Previdência e quer trocar salário mínimo por horas trabalhadas.



Após as turbulências da pandemia de coronavírus passarem, o ministro Paulo Guedes prepara um novo pacote de maldades para os brasileiros. Segundo matéria do UOL, ele deve voltar à carga com suas reformas econômicas, buscando implementar mais mudanças trabalhistas. Ele insiste na capitalização da Previdência, na qual cada trabalhador é que tem de poupar para a aposentadoria.

O modelo, que criou uma geração de idosos paupérrimos no Chile, foi rejeitado no debate da reforma da Previdência. O ministro também quer ampliar a contratação por hora trabalhada, em vez de salário mensal. Guedes pretende criar um regime de trabalho mais “flexível”. Segundo o UOL, o governo deve enviar ao Congresso Nacional uma proposta para criar o regime de contratação por hora trabalhada.

Na prática, será definido um valor mínimo por hora trabalhada, com base no salário mínimo, precarizando ainda mais os trabalhadores. Hoje já existe o trabalho intermitente, pago por hora. Mas no regime intermitente não é possível que o contrato seja contínuo e sem intervalos.

A ideia original era de que no regime de hora trabalhada não existissem férias remuneradas, 13º salário e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).Entretanto, técnicos da equipe econômica alertaram que esses benefícios são constitucionais, e a maldade sofreria grande oposição dos parlamentares.

Guedes deseja ainda a unificação do Bolsa-Família com outros benefícios criando o Renda Brasil, na tentativa de aproximar o governo neoliberal de Jair Bolsonaro da população mais pobre.

Fonte: UOL


quarta-feira, 15 de julho de 2020

Hábitos culturais podem explicar o mistério da pandemia no Japão

A baixa mortalidade por covid-19 no Japão, sem seguir as orientações da OMC, tornou-se polêmica entre cientistas e motivo até de racismo.

Com poucos casos e óbitos, Tóquio começa a voltar da quarentena voluntária
Por Cezar Xavier

O Japão não tem a taxa mais baixa de mortalidade para covid-19. Na região, Coreia do Sul, Taiwan e Vietnã têm taxas menores que o Japão. Ainda assim, os números do arquipélago surpreendem pela timidez com que a pandemia avançou sobre o país, mesmo sem tomar medidas mais rígidas de isolamento social.

Em termos comparativos, o Japão tem 4,5% do território brasileiro, mas 60% da nossa população, portanto, com maior dificuldade de isolamento social devido à alta concentração demográfica. O país está entre os que menos testaram: 4 mil testes por milhão de habitantes contra 20 mil testes brasileiros. No entanto, enquanto o Brasil teve, até agora, 314 mortes por milhão de habitantes, o Japão teve apenas 8. Enquanto o Brasil teve quase 8 mil casos por milhão, o Japão teve 158 contágios a cada um milhão de japoneses.

Com menos de mil mortes confirmadas, é possível que a quantidade geral de mortes venha a ser menor do que foi em 2019. Tudo isso com quase nada de rigidez no combate à pandemia, ao contrário daqueles vizinhos.

O Japão manteve suas fronteiras abertas, quando muitos já tinham fechado. É o país com a população mais idosa do mundo e, como já devidamente enumerado, as ilhas são densamente “apinhadas” de gente em grandes cidades. A Grande Tóquio tem quase o dobro de habitantes (37 milhões) da Grande São Paulo (21 milhões), multidão que se expressa internacionalmente pelos trens absurdamente lotados.

O governo japonês não se dignou a testar a população, uma medida considerada fundamental para definir estratégias de controle epidêmico. Ainda agora, o total de testes PCR está em apenas 510 mil, ou 0,40% da população, contra 2% do Brasil, que também está entre os países que menos testam (105o. contra 157o. do Japão, num lista de 215 países).

Ao declarar estado de emergência, no início de abril, o governo apenas pediu para a população ficar em casa. Serviços não essenciais foram convidados a fechar, mas não havia nenhuma punição prevista para quem recusasse o convite. Ou seja, até aqui, o Japão não seguiu nada da receita aplicada por seus vizinhos que reduziram drasticamente o avanço da pandemia. O estado de emergência foi revogado e a vida está rapidamente voltando ao normal.

E, ainda assim, cinco meses após o registro do primeiro caso de covid-19, o Japão tem menos de 20 mil casos confirmados e menos de mil mortes. Lembre-se que o Brasil tem quase 1,7 milhão de casos e mais de 66 mil mortos.

A empresa de telecomunicações Softbank realizou testes de anticorpos em 40 mil funcionários, que mostraram que apenas 0,24% havia sido exposto ao vírus. Testagem randômica de 8 mil pessoas em Tóquio e duas outras cidades mostraram níveis ainda mais baixos de exposição. Em Tóquio, só 0,1% testaram positivo. Isso serviria de evidência do controle da pandemia.

Recentemente, o primeiro-ministro, Shinzo Abe, afirmou que outros países deveriam aprender com o Japão. Mas aprender o que?

Superioridade nipônica

Para o vice-primeiro-ministro, Taro Aso, a explicação tem a ver com a “qualidade superior” do povo japonês. Pelo menos é o que disse em um notório — e bastante criticado — comentário, ao ser perguntado por lideranças de outros países sobre o sucesso do Japão.

“Eu disse a essas pessoas: entre o seu e o nosso país, o mindo (nível das pessoas) é diferente. E isso os deixou quietos e sem palavras”. Mindo é um conceito dos tempos do período imperial do Japão, que denota um senso de superioridade racial e chauvinismo cultural.

Apesar do termo infeliz, muitos japoneses, e alguns cientistas, pensam que há mesmo algum fator inexplicável protegendo a população contra a covid-19.

O Japão tem as taxas mais baixas de doenças do coração e obesidade no mundo desenvolvido. Ainda assim, os cientistas insistem que esses sinais vitais não explicam tudo, pois a covid-19 em se mostrado um desafio para todos os sensos comuns estabelecidos.

Os japoneses começaram a usar máscaras há mais de 100 anos, durante a pandemia de gripe em 1919, e jamais pararam desde então. Se você tiver tosse ou um resfriado é esperado que você use máscara para proteger os outros ao seu redor.

Alguns aspectos dos códigos sociais japoneses — com poucos beijos e abraços nos cumprimentos — que permitem que o distanciamento social seja praticado naturalmente poderiam fazer parte da explicação. Mas ninguém parece achar que essa é a resposta.

Um professor da Universidade de Tóquio, Tatsuhiko Kodama, que estuda como pacientes japoneses reagiram ao vírus, acredita que o Japão já pode ter enfrentado uma doença como a covid-19 antes. Não exatamente a covid-19, mas algum tipo similar que pode ter deixado uma “imunidade histórica”.

O pesquisador considera ser possível que um vírus da família Sars já tenha circulado pela região antes, o que poderia explicar a taxa de mortalidade baixa, não apenas no Japão, mas também na China, Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e sudeste da Ásia.

Essa tese, no entanto, tem sido vista com certo ceticismo, pois seria difícil manter um vírus como esse restrito à Ásia.

Três lições rapidamente aprendidas

O Japão também descobriu dois padrões significativos bem no começo da pandemia. Mais de um terço das infecções se originaram de lugares muito similares: casas noturnas e karaokês.

A equipe identificou que “respiração forte e proximidade”, incluindo “cantar em salões de karaokê, festas, celebrar em clubes, conversar em bar e frequentar academias” como as atividades de maior risco.

Além disso, a equipe descobriu que a transmissão da infecção se restringiu a um percentual pequeno de pessoas que carregavam o vírus. Um estudo preliminar apontou que cerca de 80% das pessoas com Sars-Cov-2 não infectaram outras pessoas. Já os outros 20% eram altamente infecciosos.

Em vez de dizer “fiquem em casa”, o governo lançou uma campanha nacional avisando a população para evitar:

lugares fechados com pouca ventilação
lugares lotados com muita gente
contato próximo em conversas
Por um tempo, isso funcionou. Mas, em meados de março, as infecções aumentaram em Tóquio e a cidade parecia caminhar para o crescimento exponencial. Nesse momento, o Japão ou teve sorte ou fez algo muito esperto — ainda não sabemos ao certo.

Disciplina oriental

Acredita-se que as medidas foram tomadas no momento certo. No Brasil, por exemplo, há vários problemas de timing nas medidas governamentais. A quarentena começou antes do tempo, desgastando a população, especialmente aquela do interior do país que não via nenhum caso de covid-19, e agora, com a pandemia perto do pico de casos, os governos relaxam o isolamento social por pressão econômica e da própria população que não suporta mais ficar em quarentena.

O primeiro-ministro, Shinzo Abe, decretou um estado de emergência não obrigatório em 7 de abril, pedindo às pessoas que ficassem em casa “se possível”. Isto não podia ser adiado ou teria levado a uma explosão de casos, avaliam os cientistas.

Sobre as lições a serem aprendidas pelo modelo japonês, um elemento claramente definidor dos resultados é a disciplina e colaboração da população em relação aos pedidos do governo. Mesmo sem medidas draconianas, as pessoas ficaram numa quarentena mais rigorosa do que aquelas que se observam no Brasil.

O governo pediu para as pessoas se cuidarem, evitarem lugares lotados, usar máscaras e lavar as mãos, e, de maneira geral e ampla, foi exatamente isso que a maioria das pessoas fez.
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