Ah Terezinha! Lembrei-me de ti, não que eu seja saudosista ao extremo.
Sinto saudades sim, de muita coisa, afinal, saudades todos nós temos. Hoje,
porém, senti falta de um tempo que era nosso.
Aurora de vida foi aquela, quando nossa existência estava
centrada em uma singularidade incomparável, quando tínhamos as nossas idades
pequenas e quando éramos pessoas importantes naquele nosso pequeno grande
mundo, mundo aquele suficiente para abranger nossas fantasias, nossos sonhos e
as nossas inocências.
Aurora de vida foi aquela, dos nossos verdes dias, dos
nossos verdes campos, da nossa vida azul. Saudades dos nossos olhares puros, da
ausência da maldade, saudades de quando tudo era riso, de quando as
preocupações e os medos eram apenas com as almas do outro mundo ou de não
encontrarmos o caminho de nossas casas quando saíamos da escola.
O tempo do nosso tempo hoje me faz muita falta. Lembras dos
dias em que o céu anunciava chuva forte? Tu te lembras dos ventos uivantes
varrendo do chão os grãos de areia que salpicavam nossas canelas? Quantos risos
e quão magnífico era aquilo para nós.
Foi um mundo sem igual, foi um tempo sem par. Com o passar
dos anos a gente chega à conclusão de que a busca de cada um por dias melhores
é ilusão. Na época da ternura somos completos, felizes, plenos.
Ofuscados pela luz de novos horizontes, a gente corre atrás do muito e os
deslizes são tantos, que por fim concluímos que o ideal para vida era
exatamente o pouco que tínhamos em nosso ponto de partida.
Nossos olhares eram puros, nosso mundo era nivelado, não
havia vaidade, não havia maldade, não havia divisões, não havia imposições e
tudo era igual em justa medida, pois naquela época nem julgávamos e nem éramos
julgados...
Pois é, por um momento ou outro me pego mergulhado nas
lembranças do outrora, me é comum sentir falta daquela que foi a aurora da
minha vida. E hoje me bateu saudades de você que conheces tão bem estas
reminiscências, você que viveu e partilhou aqueles momentos efêmeros dos
primeiros anos de nossa jornada.
...Teu cabelinho enrolado, lembras?
Ah, aurora de vida foi aquela... Vou parar por aqui, mas
saiba, sinto imensas, desmedidas saudades de você, minha terna Terezinha.
Mateus Brandão de Souza