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quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Trabalhadores da Volks celebram acordo histórico na justiça

 

Na foto, o ex-metalúrgico Lúcio Belentani, que mostrou a colaboração da empresa com o regime militar. O trabalhador faleceu em 2019

A associação das vítimas da perseguição política na empresa ressalta o caráter inédito e histórico mundial do acordo para a justiça de transição, a memória e verdade da ditadura militar e a reparação coletiva.

Por Cézar Xavier

No Portal Vermelho

A Associação Heinrich Plagge, que reúne os trabalhadores brasileiros da Volkswagen vitimados pela perseguição política na empresa entre 1964 e 1985, emitiu nota em que aponta o caráter inédito e histórico para o Brasil do acordo entre a multinacional alemã e os trabalhadores brasileiros.

Após três anos de organização, luta, pesquisa e levantamento de provas, foi firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que “tem enorme importância na promoção da justiça de transição, não só no Brasil, mas com reflexos mundiais, na busca de garantir a revelação da verdade, a preservação e divulgação da memória, a promoção de garantias de não-recorrência dessas práticas, bem como reparações aos direitos difusos e coletivos de ordem material e moral e aos direitos individuais dos trabalhadores vitimados por tais perseguições, embora tardiamente”.

Leia a íntegra da nota:

NOTA PÚBLICA DA ASSOCIAÇÃO “HEINRICH PLAGGE”

Há décadas os trabalhadores da Volkswagen do Brasil, hoje ex-empregados, vitimados por perseguições políticas durante o período da ditadura civil-militar vivida no Brasil entre 1964 e 1985, com colaboração desta com os órgãos de repressão, lutam pela revelação da verdade do que com eles aconteceu nesse período opaco da vida brasileira e por reparação das vítimas e da coletividade.

Essa luta tem sido na busca de promoção da responsabilização dos autores das graves violações aos direitos humanos desses trabalhadores, preservação e divulgação da memória dessas violações aos direitos humanos praticadas no dito regime ditatorial.

Com esse objetivo e para propiciar maior investigação sobre esses fatos, as vítimas, com o apoio de inúmeras entidades civis, incluindo as centrais sindicais, fizeram chegar às mãos dos Ministérios Públicos Federal, do Estado de São Paulo (MPSP) e do Trabalho em São Bernardo do Campo, denúncia fundamentada das violações dos Direitos Humanos desses trabalhadores, com repercussão na sociedade.

A partir dessa denúncia oferecida em 2015 os órgãos dos Ministérios Públicos empreenderam intensa investigação, incluindo muitos depoimentos de testemunhas, das vítimas, pareceres de peritos e vasta documentação, inclusive parte dela extraída dos anais da comissão da verdade, demonstrando-se a real colaboração da empresa com os órgão de repressão do Estado durante a ditadura civil-militar, propiciando, assim, as muitas perseguições e agressões aos direitos humanos dos trabalhadores com prisões, condenações, torturas, demissões injustas, afastamentos das atividades remuneradas, cárcere privado no interior da empresa, colocação dos nomes, endereços de residências e fornecimento de documentos funcionais aos órgãos de repressão do Estado, nomes vinculados em listas negras para o sistema empresarial/repressivo, impedindo-os de acessar outro emprego, entre outras agressões aos direitos humanos.

Com a coleta desses importantes dados, para evitar a judicialização do conflito, foi desencadeada negociação entre as partes, com a participação da ASSOCIAÇÃO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DA VOLKSWAGEN DO BRASIL VITIMADOS POR PERSEGUIÇÕES POLÍTICAS E IDEOLÓGICAS NO PERÍODO DA DITADURA CIVIL-MILITAR, criada em 2018 para representar as vítimas, orientá-las e assessorá-las na busca dos seus direitos.

Foram quase três anos de intensa negociação, considerando a complexidade do caso e a resistência da empresa em atender às reivindicações dos trabalhadores e dos órgãos ministeriais.

Mas, finalmente, em 23 de setembro de 2020 chega-se à assinatura de um acordo com a VOLKSWAGEN DO BRASIL, através de um TAC – Termo de Ajustamento de Conduta, firmado no âmbito de três Inquéritos Civis que investigam as denúncias de colaboração da empresa com o aparato da repressão do regime militar.

Diante da complexidade da negociação, entende esta Associação, que é a legítima representante dos trabalhadores, que fala por eles, que os MPs chegaram a um acordo possível. Esse acordo foi acompanhado por esta Associação, pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e pelos atores sociais envolvidos, contemplando reparações coletivas, difusas e de direitos individuais homogêneos num momento difícil que vive o Brasil em termos de respeito aos direitos humanos.

Esse acordo inclui várias obrigações de natureza coletiva, em prol da sociedade e outras individuais, em favor das vítimas, a fim de que elas sejam compensadas financeiramente pelos prejuízos que sofreram nos seus direitos humanos.

O acordo assinado data de ontem é algo inédito na história brasileira para os trabalhadores e para a sociedade e tem enorme importância na promoção da justiça de transição, não só no Brasil, mas com reflexos mundiais, na busca de garantir a revelação da verdade, a preservação e divulgação da memória, a promoção de garantias de não-recorrência dessas práticas, bem como reparações aos direitos difusos e coletivos de ordem material e moral e aos direitos individuais dos trabalhadores vitimados por tais perseguições, embora tardiamente.

As reparações pecuniárias incluirão 9 milhões de reais para Fundos federal e estadual de direitos difusos (FDD), R$ 10,5 milhões para projetos de promoção da memória e verdade em relação a violações aos direitos humanos durante a ditadura militar de 1964 a 1985 e para a realização de estudos, pareceres e pesquisas sobre empresas e órgãos de repressão da época, R$ 6 milhões para um Memorial da Luta por Justiça, na sede da antiga Auditoria militar em São Paulo, de iniciativa da OAB/SP e do Núcleo de Preservação da Memória Política (NPMP), com a possibilidade de participação de entidades interessadas em preservar e divulgar a memória desses movimentos, R$ 4,5 milhões para a Universidade Federal de São Paulo (R$ 2,5 milhões para o Centro de Antropologia e Arqueologia Forenses (CAAF), para identificação das ossadas de Perus, pela ocultação dos restos mortais de perseguidos políticos e R$ 2 milhões para novas pesquisas sobre a cumplicidade de empresas com violações aos direitos humanos durante o governo ditatorial e R$ 16,8 milhões de reais para a Associação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Volkswagen que tenham sofrido violações aos direitos humanos durante a ditadura civil-militar com colaboração da VW.

O acordo contemplou importante reivindicação das vítimas e dos atores sociais envolvidos na discussão, um Memorial da Luta por Justiça, com um espaço especial para a luta dos trabalhadores dentro do que era possível e viável fazer neste momento, atendendo aspectos técnicos e legais, embora alguns atores sociais quisessem outras alternativas.

Sobre a destinação de parte dos valores aos Fundos federal e estadual de direitos difusos (FDD) existe previsão legal (art. 13 da lei 7.347/85), cujos recursos serão destinados à reconstituição dos bens lesados. Esses fundos são geridos por Conselhos de que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade.      

Depois de homologado o referido acordo (TAC) pelos órgãos superiores dos Ministérios Públicos, a empresa assinará um Termo de Doação dos valores a serem destinados às compensações dos trabalhadores vitimados, cujos interessados deverão se habilitar perante a Associação em prazos a serem estabelecidos e comunicados de forma pública e oficial.

Também, depois de homologado referido acordo (TAC) pelos órgãos superiores dos Ministérios Públicos, a empresa publicará em jornais de grande circulação de São Paulo uma declaração pública sobre o assunto. Tanto essa publicação, como as demais prestações fixadas no TAC ocorrerão logo após os órgãos de controle interno do MPF e do MPSP homologarem o arquivamento dos Inquéritos civis, o que se estima possa ocorrer até o final de 2020 e os desembolsos financeiros definidos no TAC devem ser concretizados em janeiro de 2021.

Por fim, pelos resultados ora alcançados, cabe registrar nossos agradecimentos aos membros dos Ministérios Públicos que vêm atuando no caso, pelo empenho e fiel cumprimento das funções institucionais na busca de uma solução que atenda os interesses das vítimas e da sociedade, ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na pessoa do seu Presidente Wagner Santana, aos trabalhadores vítimas pelas perseguições políticas na ditadura civil-militar e herdeiros dos que já se foram, pelo empenho e crença no papel desta Associação e a todos os atores sociais que contribuíram com essa luta.

Associação “Heinhich Plagge”

terça-feira, 29 de setembro de 2020

49% acham que governo Bolsonaro é melhor do que Temer, aponta CNI-Ibope

 Apenas 21% disseram que o governo atual é pior do que o anterior. Outros 26% acham que não houve melhora nem piora.

Foto: Agência Brasil

Por Cíntia Alves

No Jornal GGN

Apesar de liderar a maior recessão econômica em 40 anos, uma crise sanitária que deixou quase 140 mil mortos por Covid-19, entre inúmeros retrocessos, Jair Bolsonaro faz um governo melhor do que seu antecessor, Michel Temer, para 49% dos brasileiros. É o que aponta a pesquisa CNI-Ibope divulgada nesta quinta (24).

Temer encerrou seu mandato, em dezembro de 2018, como o presidente mais impopular desde o fim da ditadura, com 62% da população avaliando seu governo como ruim ou péssimo, segundo o Datafolha.

Na CNI-Ibope de setembro, além dos 49% que preferem Bolsonaro a Temer, outros 26% disseram que consideram os dois governo iguais, e apenas 21% acham que Bolsonaro é pior do que Temer.

Questionados também sobre a percepção do noticiário em relação a Bolsonaro, a maior parte dos entrevistados, 43%, disse que as matérias são mais desfavoráveis ao governo. Outros 20% acharam que são favoráveis e, para 25%, não são nem favoráveis nem desfavoráveis a Bolsonaro.

A CNI-Ibope de setembro mostrou ainda que a popularidade de Jair Bolsonaro interrompeu a trajetória de queda e subiu acima de sua melhor avaliação de governo, aferida pela primeira pesquisa CNI-Ibope, de abril de 2019. Naquele mês, 35% achavam a gestão ótima ou boa. Esse número caiu progressivamente até chegar ao menor patamar da série, em dezembro de 2019, com 29%. Agora, Bolsonaro tem o governo bem avaliado por 40% da população. Na nova pesquisa, 29% disseram que o governo é regular e outros 29% consideraram ruim ou péssimo.

A CNI-Ibope ouviu 2.000 pessoas entre 17 a 20 de setembro em 127 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e a confiança, de 95%.

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Redução do auxílio emergencial devolverá 11 milhões à pobreza

 

Redução para R$ 300 vale a partir deste mês - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Com o auxílio de R$ 600, caiu de 50 milhões para 38,9 milhões o total de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza em agosto.

Por Redação

Via - Portal Vermelho

Os indicadores de pobreza e desigualdade devem crescer a partir de setembro, com a redução do auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300. Segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 11 milhões voltarão à pobreza neste mês em razão da diminuição do valor.

Os números, obtidos pelo jornal Valor Econômico, foram publicados nesta quinta-feira (24). Segundo o Ibre/FGV, o auxílio fez o total de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza cair de 50 milhões em maio para 38,9 milhões em agosto. Isso representa 11,1 milhões de brasileiros a menos com renda inferior a US$ 5,50 por dia, linha estabelecida pelo Banco Mundial.

No mesmo período, segundo a reportagem, o número de pessoas com rendimento inferior a US$ 1,90 por dia, a linha da pobreza extrema, recuou de 8,8 milhões em maio para 4,8 milhões em agosto. .

O auxílio emergencial de R$ 600 foi aprovado pelo Congresso Nacional após articulação de parlamentares, notadamente da oposição, para aumentar o valor de R$ 200 proposto por Paulo Guedes e Jair Bolsonaro. Bolsonaro viu que o benefício lhe dava popularidade e surfou na onda. Mesmo assim, optou pela redução para R$ 300 sob a alegação de que o programa é caro.

sábado, 26 de setembro de 2020

Dos trabalhos que fiz...


Nessa vida aperreiada

De excluído do sistema

Eu já fiz de tudo um pouco

Já fui frentista de posto

Fui poeta e fui poema

 

Já trabalhei de padeiro

Oreia seca em construção

Já fui vendedor de foto

Fui colhedor de algodão

 

Já vendi móvel e eletro

Trabalhei de almoxarife

Fui vigilante noturno

Trabalhando no escuro

Sem ter na mão faca ou rifle

 

Eu também já fui porteiro

Fui professor de História

Fui atendente de mesa

Já fui mão a palmatória

 

Sou vapor que move a máquina

Usado na mais valia

Fui entregador de compra

Balconista em padaria

 

Já quebrei milho na roça

No sol quente o dia inteiro

Conduzi carro de som

Propaganda e difusão

Mas nunca tenho dinheiro...

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Escola fechada é sinal de que o resto não deveria estar aberto, diz Átila Iamarino

 


"Sabe esse medo com reabertura das aulas ou qualquer retomada? É porque a pandemia não foi controlada no país. Tudo vai parecer inadequado porque é inadequado."

Por Jornal GGN

O virologista e biólogo Átila Iamarino comentou no Twitter sobre a situação das escolas fechadas em diversos estados brasileiros, após seis meses de pandemia. Segundo ele, a responsabilidade pela transmissão não pode ser “transferida” dos governantes para as escolas.

“Sabe esse medo com reabertura das aulas ou qualquer retomada? É porque a pandemia não foi controlada no país. Tudo vai parecer inadequado porque é inadequado. Sem controlar o surto no Brasil, não dá pra retomar o que outros países retomaram”, disparou.

Para ele, “se temos bares e outras atividades não essenciais abertas e escolas não, isso é sinal de que o resto não deveria estar aberto. Inclusive porque o vírus transmitido no bar é o que inviabiliza a aula.”

“Esperar que escolas contenham a transmissão do coronavírus com a situação descontrolada é como esperar que blindem janelas e coloquem coletes à prova de balas nas crianças pra proteger contra tiro em região violenta. O problema tem que ser resolvido fora de lá”, avaliou Átila.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Flávio Dino: Meu pai

 


Meu pai me apresentou o mar. O mar que tanto amo e onde nada eternamente o meu Marcelo, chamado carinhosamente pelos seus amigos de “peixinho”. Naquele recinto onde guardamos as recordações mais longínquas, está um passeio dominical com meu pai e meu avô Nicolau para ver o mar. E foram muitas idas à praia, quando meu pai fazia longas caminhadas. Mas Sálvio Dino me apresentou um oceano maior do que o Atlântico: os livros.

Por *Flávio Dino

Conheço o luto. Todos nós conhecemos ou somos destinados a conhecer. Eu conheci do pior modo para um pai: a perda de um filho tão amado, brutalmente arrancado de mim por graves imperícias profissionais em um hospital. Dor que rasga a alma e que não tem passado, só presente, traduzida em lágrimas diárias na face e no coração. Este último agosto me trouxe mais um motivo de luto. O coronavírus, esse causador de terrível doença, levou meu pai, aos 88 anos.

Sálvio Dino teve uma longa vida, cheia de sonhos, marcada por vitórias e frustrações, como é o destino humano. Muito jovem se fez político e escritor. E assim foi até os momentos finais. Como político, muitas passagens poderiam ser lembradas. Escolho três. A primeira, a violenta cassação do seu mandato parlamentar em abril de 1964, logo nos atos iniciais das trevas ditatoriais que caíram sobre a nossa Pátria por mais de 20 anos. Como registro da história, Sálvio Dino deixa o seu corajoso discurso no dia da sua degola política, denominado “Oração da Despedida”. Nela, confirma sua crença na reforma agrária e na justiça social. Da tribuna da Assembleia foi levado para o arbitrário cárcere, sem ter cometido qualquer crime, apenas por suas ideias.

Na minha memória, tenho também a sua preocupação em ser um eficiente legislador, empenhado em propor boas leis. Muitas se tornaram realidade, como o projeto que pioneiramente determinava a criação de uma Universidade Estadual sediada em Imperatriz, proposta que tive a alegria de concretizar com a criação da UEMASUL, já no nosso mandato governamental. Mas, sobretudo, sublinho o caráter inovador dos projetos que Sálvio Dino propôs sobre a temática ambiental ainda nos anos 80, como a lei que protege as nossas palmeiras de babaçu.

Quanto à atuação política do meu pai, há outro ensinamento que muito me marcou. Ele foi prefeito da cidade de João Lisboa, por duas vezes. Não fez fortuna, sequer deixou bens materiais em herança. Morava na mesma casa, em João Lisboa, sempre mantendo-a de portões abertos até sua derradeira saída para o hospital, de onde não voltou.

O Sálvio Dino escritor amava a literatura. Nos últimos anos, dedicou-se a semear e apoiar Academias de Letras. Lembro a sua alegria quando inauguramos uma biblioteca pública em João Lisboa e a sede da Academia Grajauense de Letras. Meu pai escreveu contos, artigos jornalísticos, poesias, estudos históricos. Escreveu muito e tinha muito orgulho de pertencer à Academia Maranhense de Letras, guardiã maior da cultura do nosso Estado. Mas, acima de tudo, Sálvio Dino amava a oratória. Foi um dos maiores oradores que conheci. Voz firme, belas imagens, variedade de técnicas, largueza de gestos. Quando eu discursava na sua presença, ao finalizar sempre buscava seu olhar para ler a sua avaliação silenciosa, fruto de uma intimidade que não pode ser traduzida em palavras, só alcançável pelo amor que une pais e filhos. E como eu me empenhava para impressioná-lo e para ele ter a certeza de que eu tinha sido um atento e dedicado aluno.

Meu pai me apresentou o mar. O mar que tanto amo e onde nada eternamente o meu Marcelo, chamado carinhosamente pelos seus amigos de “peixinho”. Naquele recinto onde guardamos as recordações mais longínquas, está um passeio dominical com meu pai e meu avô Nicolau para ver o mar. E foram muitas idas à praia, quando meu pai fazia longas caminhadas. Mas Sálvio Dino me apresentou um oceano maior do que o Atlântico: os livros. “Leia os clássicos” – certamente foi o que mais ouvi dele quando criança e adolescente. Ele aconselhava e dava o exemplo, pois não me lembro de um único dia em que ele não tivesse um livro nas mãos. Foi assim até no hospital, já doente.

A doença que o levou permitiu que ele me desse a sua derradeira lição neste plano existencial: o profundo amor pela vida. Dela não desistiu em nenhum momento e lutou contra o coronavírus, com coragem e humildade. Na nossa última conversa, ele já no leito hospitalar, falamos sobre literatura, política e futebol. E ele me disse que tinha um livro para terminar de escrever. Pode haver melhor síntese e maior lição?

Deus sabe o quanto tem sido difícil esse período em que me cabe liderar a prevenção e o combate ao coronavírus no Maranhão. O que já era difícil ficou ainda pior, com tantas lembranças. A aliviar este peso, de quando em quando ouço a voz do meu pai declamando Gonçalves Dias para mim, horas antes de morrer: “Não chores, meu filho; Não chores, que a vida; É luta renhida: Viver é lutar.”

 

*Governador do Maranhão (PCdoB). Advogado e professor da Universidade Federal do Maranhão. Foi juiz federal, deputado federal e presidente da Embratur. Membro da direção nacional do PCdoB.

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Ataque à estátua de Ariano Suassuna e a cruzada contra a cultura

 


Essa canalha sabe as razões por que derrubam e depredam valores universais esculpidos em pedra no Recife. Pois como vândalos são bárbaros, que odeiam a cultura.

Por Urariano Mota

No Portal Vermelho

A imprensa na última segunda-feira (21) divulgou a notícia, mas não se deu conta do mal que tem diante dos olhos. 

“A estátua do escritor Ariano Suassuna, localizada na Rua da Aurora, área central do Recife, amanheceu depredada e caída após ato de vandalismo.

Em março deste ano, a estátua de Ariano Suassuna teve o nariz quebrado e a de João Cabral de Melo Neto teve o nariz e parte do queixo quebrados, além das placas de identificação pichadas”.

O que as notícias não dizem é que esse vandalismo é sintoma de uma cruzada contra a cultura, um assalto que vem do alto, ou melhor, que vem do mais baixo valor que está na presidência.  O desgoverno do Brasil hoje atrai e espalha uma onda contra tudo que representa educação e artes. Nestes dias, não há um só ato bárbaro que não seja inspirado e estimulado pelo bolsonarismo.

Destruir um patrimônio cultural é natural em bárbaros no governo que prevê um corte de 78% na verba destinada à cultura, em nível de orçamento. Mas em nível ideológico a pregação contra valores humanos é feita por todos escalões do seu ministério. Eles aconselham e incendeiam matas e florestas de árvores e de gentes. Alguma dúvida?  Alunos filmam professores nas salas de aula para denunciá-los, mulheres são espancadas nas ruas, negros sofrem racismo explícito, público, declarado, lideranças indígenas são mortas. E de tal modo estão à vontade, que não se envergonham de expressões fascistas de baixo calão:

“Atos antidemocráticos são meus ovos na goela de quem inventou isso!”

No conjunto dessa destruição, os vândalos desta segunda-feira podem não saber a dimensão do escritor Ariano Suassuna, que um dia falou em entrevista:

“Considero Canudos o mais importante episódio brasileiro. É quando Brasil urbano e privilegiado se lança contra o arraial popular. Agora, na literatura universal, Dom Quixote foi fundamental na minha vida e obra, porque Cervantes conseguiu expressar, como ninguém, os problemas do ser humano, a partir de circunstâncias locais”.

Esses bárbaros podem não alcançar O Cão sem plumas de João Cabral de Melo Neto, cuja estátua na Rua da Aurora também já foi mutilada:


“A cidade é passada pelo rio

como uma rua

é passada por um cachorro;

uma fruta

por uma espada.

 

O rio ora lembrava

a língua mansa de um cão,

ora o ventre triste de um cão,

ora o outro rio

de aquoso pano sujo

dos olhos de um cão.


Aquele rio

era como um cão sem plumas.

Nada sabia da chuva azul,

da fonte cor-de-rosa,

da água do copo de água,

da água de cântaro,

dos peixes de água,

da brisa na água….”

Mas essa canalha sabe as razões por que derrubam e depredam valores universais esculpidos em pedra no Recife. Pois como vândalos são bárbaros, que odeiam a cultura. E desse modo cometem atos contra a arte, a ciência e a civilização. Destroem símbolos porque desejam destruir o que representa a história. As trevas em primeiro lugar, o fascismo acima de tudo.  

Hoje, vendo a foto de Ariano Suassuna assim caído, as mãos para trás do escritor me pareceram estar amarradas, algemadas. De fato, na imagem e em outros atos, os bárbaros tentam derrubar a cultura, na escultura, para assim melhor o bolsonarismo andar à solta.  

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Tribunal Superior do Trabalho julga greve dos trabalhadores do Correios não abusiva

O julgamento aconteceu nesta segunda-feira (21) na Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC) e registra 5 votos a 2 pela não abusividade da greve.


Por Fernanda Valente

No Portal Vermelho

O Tribunal Superior do Trabalho já tem maioria de votos para afastar a abusividade da greve dos Correios, que estão paralisados desde 17 de agosto. Quatro ministros concordam com a relatora do processo, ministra Kátia Arruda, de que os trabalhadores foram provocados pela empresa a fazer greve, ante a retirada de praticamente “todos os direitos que construíram ao longo da história”.

O julgamento acontece nesta segunda-feira (21) na Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC) e registra 5 votos a 2 pela não abusividade da greve. A sessão foi suspensa para aguardar que todos os integrantes estejam com acesso à internet. Devido à chuva, alguns ministros perderam a conexão. O tribunal pretende continuar ainda hoje o julgamento para passar a votar sobre outro ponto: a definição da proposta de compensação dos dias parados.

O julgamento foi designado pela relatora depois de duas tentativas de solução consensual para o conflito. Em seu voto, ela chamou a atenção para a importância histórica do julgamento. Segundo ela, é a primeira vez que TST julga o caso de uma empresa que praticamente retirou todas as cláusulas de garantia dos trabalhadores.

De acordo com a ministra, houve “patente conduta negacionista” dos Correios para tentar negociar o conflito, de forma que a greve foi a única solução encontrada pelos trabalhadores. Ela também apontou que não há qualquer demonstração de prejuízo para o ano seguinte “fora mera alegação da empresa”. Até agora, disse a ministra, “o que temos visto é apenas lucro.

No início deste mês, a ministra proibiu a empresa de fazer cortes nos salários dos empregados. Na liminar, ela entendeu que a atividade dos Correios, por  ser serviço essencial, deveria ser mantida em 70% durante a greve.

Hoje, a relatora destacou que à época da liminar, os Correios já haviam efetuado desconto de imediato dos trabalhadores, conduta proibida por lei.

Não participou do julgamento a presidente do tribunal, ministra Cristina Peduzzi, que foi diagnosticada com Covid-19 na última semana.

Fonte: Conjur

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Maranhão e DF confirmam interesse na vacina Sputnik V



Embora o Brasil não tenha adotado, ainda, uma posição oficial sobre a primeira vacina contra a Covid-19, alguns estados brasileiros têm procurado se antecipar nas negociações ou conversas em torno da Sputnik V.

Na última sexta-feira (11), a Bahia anunciou um acordo com o Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFPI) prevendo o fornecimento de 50 milhões de doses da vacina russa. A ideia seria enviá-la futuramente para outras partes do país. A informação é da Sputnik Brasil.

O estado espera começar a realizar ensaios clínicos com 500 voluntários no próximo mês, e aguarda, por enquanto, o posicionamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A Sputnik V foi registrada pelo Ministério da Saúde da Rússia no dia 11 de agosto, após obter grande sucesso nas fases I e II de testes, com resposta imunológica de 100%, sem reações adversas graves. Atualmente, está em desenvolvimento a fase III da vacina, com 40 mil voluntários.

Antes da Bahia, o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) já havia celebrado um acordo com o RFPI e, na tarde de ontem (11), o Rio de Janeiro revelou que estava considerando a possibilidade de iniciar conversas com os russos sobre a vacina.

Secretaria de Estado de Saúde (SES) do Rio de Janeiro disse que há possibilidade de iniciar conversas nas próximas semanas. Outros estados disseram que vão aguardar posição federal https://t.co/u02IgQL0kC

Atendendo a uma solicitação da Sputnik Brasil, outras unidades da federação se manifestaram sobre o tema, com destaque para o Distrito Federal, cuja Secretaria de Saúde informou que já “está em discussão com a Embaixada da Rússia sobre a possibilidade de a vacina russa ser testada e produzida no DF”, e para o Maranhão, que explicou no sábado (12) que, uma vez autorizado pela Anvisa, “deve tentar comprar” a vacina “conjuntamente com o estado da Bahia”.

O Espírito Santo, por sua vez, disse através de um comunicado que diante do dinamismo do cenário e da rápida evolução das pesquisas científicas, está monitorando todas as candidatas a vacina que estão em desenvolvimento atualmente e aguarda a disponibilização da vacina a ser adquirida via Programa Nacional de Imunização.

“Estados que realizaram acordos para comercialização da vacina, como Paraná, São Paulo [CoronaVac, da China] e Bahia, possuem fundações, institutos e entidades públicas ligadas à indústria de medicamentos, testes, vacinas e comercialização de produtos medicinais. Esses estados atuam como mediadores da produção / comercialização dos itens citados, em especial ao Ministério da Saúde (MS), que disponibilizará a vacina adquirida via Programa Nacional de Imunização”, disse a Secretaria da Saúde do ES (Sesa). “O Espírito Santo não possui atividade estatal de produção e comercialização de produtos farmacêuticos e acompanha junto ao MS e por meio do Conselho Nacional de Secretários de Saúde todas as ações para a disponibilização da vacina aos usuários do Sistema Único de Saúde.”

Via – Portal Vermelho

sábado, 19 de setembro de 2020

"A língua é o chicote da bunda"

 


Este ditado vulgar se transborda em verdade, hora, é de se pasmar a forma como os dias acabam conspirando contra pessoas que desatam a língua a praguejar e falar sobre os reveses alheios.

Nada como um dia atrás do outro e a pessoa se vê em maus lençóis, pagando até com juros a dívida contraída por sua língua em outros tempos. É de se admirar também, o capricho do destino contra determinadas pessoas em suas determinadas colheitas, as sementes plantadas a esmo, sem critério e preocupação de escolha no ato de semear, são seus frutos obrigatoriedade de colheita.

O castigo, a mão corretiva do tempo, mata o orgulho de pessoas tão donas de si, tão mergulhadas na prepotência e tão plenas no auto conceito e na altivez. Os sábios já diziam: “Planta-se ventos, colhe-se tempestades”.

A vida é uma roda em constantes giros, e o destino, este é astuto nas puxadas de tapetes, suas cobranças são implacáveis. E assim, com o mesmo desdém e descaso com que açoitastes ao teu semelhante, a tua pele também acabará por sentir os duros golpes de tua ferina língua.

As quedas, as idas e voltas deste mundo acabam inevitavelmente fazendo-te quitar as tuas dívidas, a tua língua é, pois o chicote que fustiga a tua própria carne, a praga que jogastes sobre outrem, cai inevitavelmente sobre ti.

Não te lamentes agora como se fosses vítima de injustiça, não lamurie o teu azar, examine antes a tua consciência e assim você se dará conta que os maus frutos desta colheita maldita são na verdade as sementes por ti plantadas no dia de ontem.

Há tempo de rir e tempo de prantear.

“Cuspir pra cima cai na cara”.

Nunca pensastes nisso?

Mateus Brandão de Souza, é graduado em História pela FAFIPA e desde muito tempo consciente de que ações tem reações.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Nós Anti Sociais?

Erram os que nos taxam anti-sociais, pois nossa visão de mundo é socialista, nossas ideologias primam pelo bem comum, uma posição totalmente inversa daqueles que nos denominam insociáveis, eles ao contrário abominam a distribuição de rendas e não suportam que todos na sociedade desfrutem parcelas iguais de dignidade e bem estar.


A verdade é que nossos oposicionistas nos odeiam, nos acham chatos, pois enquanto expomos conceitos e reclamamos nossos direitos, eles vivem nos seus achismos. Eles nos acham pedantes, insuportáveis, agitadores, inflamadores e presunçosos, eles que acham tantos predicados depreciadores, também acham que nós nos achamos.

Nós, os supostos anti-sociais, somos caluniados, nos difamam, nos apontam como responsáveis por muitos erros, por tudo que é baixo, por todo jogo sujo, eles nos atribuem culpa, sem conhecer nossa conduta e integridade.

Nos são hostis os que não partilham de nossas idéias, odeiam nosso seleto grupo, dizem que somos as maçãs podres, que comprometemos e colocamos em risco toda coletividade. Querem a todo custo nos ceifar. Não somos anti-sociais, somos questionadores de supostas verdades, fazemos uso do direito de indignar-se.

Os que nos tem asco, dizem que nos achamos, não é verdade, apenas não gostamos do que é sem qualidade, vivemos no mundo real, não na fantasia. Primamos por boas leituras, ouvimos musicas que possuem fundamento, enfim, gostamos de coisas construtivas, e que nos edifique o raciocínio. Não somos a definição do pedantismo, como assim nos dizem, nossas rodas de bate-papo, ao contrario que muitos pensam, são regadas por diversos temas que abrangem a sociedade, mas há também muita descontração e conversa jogada fora, pois ninguém é de ferro.

Não há em nós o horrendo diabo que muitos pintam, somos na verdade, vítimas dos pré-conceitos e da forma errônea que nos julgam. Os que de fato nos conhecem, aqueles que conosco possuem estreita amizade, sabem que não somos nem desprezíveis, nem desgraçados, nem lazarentos e muito menos “filas da puta” como muitos dizem que somos.

Brindemos nosso seleto grupo. Quanto aos horrores que nos são atribuídos, fazem parte do imaginário maldoso daqueles que nos preferem à margem da sociedade.

Não somos nós os anti-sociais, somos na verdade opositores aos que combatem a socialização da dignidade comum.

Mateus Brandão de Souza.

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

O ‘fique em casa’ levou mesmo ao aumento dos preços?

 

Preços do arroz dispararam- Foto: Image Party/Pixabay

Os principais impactos foram nos itens da alimentação no domicílio – arroz, carne, leite e óleo –, mas isso não tem relação com o distanciamento social e sim com os altos preços no mercado internacional, a desvalorização do real e o fim dos estoques reguladores.

Por Emilio Chernavsky

No Portal Vermelho

Na última quinta-feira (9), ao comentar o aumento dos preços do arroz, o presidente Bolsonaro citou críticas que recebeu por falar de “vírus e emprego” quando outros diziam “fique em casa e a economia vem depois” . A relação que ele insinua entre as medidas de distanciamento social e o aumento dos preços tem sido repetidamente evocada para atacar opositores do presidente nas redes sociais frequentadas por seus apoiadores. “Fique em casa” contra o vírus? “A conta chegou”.

Houve até “especialistas” explicando os preços mais altos como resultado do aumento dos custos unitários provocado pela redução das vendas na esteira das medidas de distanciamento. Isso certamente ocorreu em setores e locais, mas estaria aí a explicação central para o aumento do custo de vida no país que tem afetado especialmente as famílias mais pobres?

Basta analisar a evolução dos preços dos distintos itens desde o início da pandemia para facilmente constatar que não. Os principais impactos ocorreram em itens da alimentação no domicílio – arroz, carne, leite e óleo –, que respondem por grande parcela das despesas das famílias, e são fornecidos por grandes complexos agroindustriais cujas produção e vendas não só não caíram com o distanciamento social, mas cresceram nos últimos meses. Como, aliás, declarou o próprio presidente, “o campo não parou”.

De fato, não parou, e viu os preços de seus produtos crescerem muito acima da inflação geral, em muitos casos mais de 10% em apenas seis meses, gerando lucros elevados para os produtores. Essa situação não tem nenhuma relação com o distanciamento social, mas, sim, com os altos preços no mercado internacional, a desvalorização do Real e o fim dos estoques reguladores no país.

Outros setores que registraram aumentos importantes de preços são o de cimento e de produtos eletrônicos que, assim como o de alimentos, ao invés de reduzirem, elevaram suas vendas desde o início da pandemia. Com efeito, parte do auxílio emergencial pago pelo governo foi direcionado a gastos atípicos nesses setores que, dominados por grandes oligopólios, conseguem aproveitar a expansão pontual na demanda para elevar os preços e aumentar suas margens.


Em compensação, os preços praticados justamente pelos setores mais afetados pelos aumentos de custos e da incerteza decorrentes das medidas de distanciamento, que em sua maioria atuam no setor de serviços prestados às famílias e que contam com grande participação de micro e pequenas empresas e de profissionais autônomos, não só não cresceram mais que o índice geral, como, em razão da queda da renda de parcela da população que normalmente usa esses serviços, em muitos casos caíram ou mesmo despencaram.

Ou seja, enquanto os setores que mais aumentaram seus preços estão entre aqueles menos impactados pelas medidas de distanciamento social, aqueles mais impactados não aumentaram ou até reduziram seus preços. A relação entre o “fique em casa” e o aumento de preços que tem pressionado o custo de vida dos mais pobres é, portanto, mentirosa. Isso não impede que ela circule amplamente entre os apoiadores do presidente como evidência de que ele “tinha razão”.

Fonte: Brasil Debate

 

 

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Quanto a Traição



“O último homem a andar na linha o trem pegou”

Este ditado é atribuído ao movimento feminista, aqui elas depreciam a conduta masculina afirmando que de forma alguma existe um homem honesto e que mereça o mínimo de confiança em lugar algum do mundo. Tomando emprestada a sabedoria criadora deste ditado, vamos aqui generalizá-la e lançar a inexistência da confiança não somente sobre homens, mas, sobre toda raça humana.

A história nos menciona traidores célebres, pela bíblia tomamos conhecimento de Judas Iscariotes, delator do próprio Cristo. Nos livros de história nacional, conhecemos Joaquim Silvério dos Reis, o homem que cantarolou para parte mais interessada, todo plano encabeçado por Tiradentes que mais tarde, seria esquartejado pelos anti inconfidentes.

O fato intrigante é que, existirá sempre os traidores de plantão, seja pelo prazer sádico de entregar ou ferrar o próximo, seja pelo interesse de uma gratificação, ou ainda pela tortura física ou psicológica. A grande verdade é que o papel do cagueta sempre será exercido por alguém, a traição está penetrada no meio social através de nossa mente e também de nossa carne, é um tumor inoperável.

A grande dúvida é que, se medirmos a fidelidade das pessoas através de suas tentações e fraquezas, não sabemos se existirá algum justo. “Na tortura toda carne se trai”, já dizia Henri Charriere o Papillon.

Se for sob a tortura física ou psicológica que germinam os infiéis, logo concluiremos que a possibilidade de vivermos sem traidores é inexistente. O ser racional é pérfido por natureza, sob suas fraquezas ele trai a si próprio e seu semelhante, o homem se torna incapaz do auto controle, quando coagido ou tentado.

A condição de ser humano é falível, débil e limitada, o homem não suporta golpes ininterruptos lhe fustigando a mente ou a carne e assim, a raça humana se torna corrompida.

Não somos pessimistas nem desconfiados em demasia, somos realistas, enquanto não formos evoluídos, existirá as condições adversas que instigam e levam o homem a ser o traidor de seus princípios e de sua integridade. Tanto o trair, quanto o provocar a traição é prova de nossa carência de evolução.

No entanto, a desconfiança é um escudo protetor contra aos que fazem o mal, ter cautela não é sinal de insegurança, porém, uma maneira de se defender dos inevitáveis golpes da traição e da má fé.

Portanto prezado leitor, se a raça humana é violável, desconfie de tudo, nunca podemos nos desobrigar da prudência.

Vigiai, vigiai, a desconfiança é fundamental.

Por Mateus Brandão de Souza, graduado em História pela FAFIPA.

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

JESUÍNO BRILHANTE


Capa do Cordel Jesuíno Brilhante o Cangaceiro Romântico de Emanoel Amaral - Aucídes Sales e Luíz Elson

O RN também teve o seu cangaceiro. Jesuíno Brilhante, "O Cangaceiro Romântico", do sítio Tuiuiú, município de Patu, onde nasceu em 1844. Tropeiro, lavrador e vaqueiro, tornou-se o cangaceiro mais famoso do RN (1871). Um gentil-homem tipo de Robin Hood. Implantou um “Estado Paralelo” nos sertões do RN/PB.

Adorado pelo povo, subtraia dos coronéis em beneficio dos pobres. Matava em defesa dos oprimidos. Seu principal refúgio era uma caverna na Serra do Cajueiro (Patu), conhecida como Casa de Pedra de Jesuíno. Sobreviveu quase 10 anos na ilegalidade. O sertanejo dizia que no tempo de Jesuíno, honra de moça donzela e de mulher pobre tinha defesa.

Na trágica seca de 1877, Jesuíno assaltava comboios de alimentos para distribuí-los entre os pobres. Assaltou a cadeia da cidade de Pombal-PB, para libertar seu pai e seu irmão, presos injustamente (1874).

Andava mais 10 companheiros, sempre cantando. Jesuíno foi emboscado e tombou lutando contra seus inimigos (1879), aos 35 anos.

Seus restos mortais foram levados pelo médico Francisco Pinheiro para longa exposição em Mossoró, depois foi para o acervo museológico do alienista Juliano Moreira - RJ.

Adendo: Infelizmente despareceu!

Via - Blog do Mendes & Mendes

sábado, 12 de setembro de 2020

DONA FRANCISCA JACOSA (CHICA JACOSA) IRMÃ DE MARIA SULENA DA PURIFICAÇÃO MÃE DE LAMPIÃO

O menino da foto é PEDRO FERREIRA. Seu pai era primo carnal de Lampião. A mulher era Chica Jacosa sua tia, (não confundir com a avó de Lampião), a mocinha chamava-se Ana Clemente e o homem era Elói Clemente, vaqueiro da casa. (Segundo o pesquisador e escritor Raul Meneleu Mascarenhas.)

Por José Mendes Pereira

Muitos estudantes do cangaço assim como eu que confundia esta foto como sendo da avó de Lampião, Dona Jacosa, mas na verdade, ela era filha de dona Jacosa que era avó de Lampião e se chamava Francisca Jacosa (Chica Jacosa), que era irmã de dona Maria Lopes ou Maria Sulena da Purificação.

Se existe foto de dona Jacosa feita por fotógrafo eu desconheço. Apenas tem uma que foi desenhada por um artista, e é esta que nela aparecem dona Jacosa avó de Lampião, José Ferreira, dona Maria Lopes e todos os seus filhos, exceto as duas irmãs que faleceram ainda pequeninas.

Família de Lampião

Ela foi desenhada por Lauro Villares utilizando-se de antigos retratos. Dona Jacosa é a primeira da parte superior.

Se o estudante quiser conferir adquira o livro "Lampião a Raposa das Caatingas" do escritor José Bezerra Lima Irmão.

Para você adquiri-lo entre em contato com o professor Francisco Pereira Lima através deste e-mail: franpelima@bol.com.br

Via – Blog do Mendes & Mendes

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Lampião e o sequestro que saiu caro

Foto: Sertão Sangrento

Em 1930 Lampião sequestrou o casal de missionários Virgílio Schimidt e Ramona, o líder dos religiosos Orlando Boyer enviou à Lampião a quantia de 236$000 (duzentos e trinta e seis mil réis) pelo resgate dos amigos, mas Lampião achou pouco e exigiu mais cinco mil contos de réis. Orlando pediu para conversar com Lampião pessoalmente, mesmo correndo risco de vida, o que foi concedido.

Via Blog Mendes & Mendes
Ao encontrar Lampião este se ajoelhou humildemente à seus pés, explicou que não tinham mais dinheiro e que aquele casal tinha filhos pequenos, e pediu para morrer no lugar deles, presenteando Lampião com uma Bíblia, e dizendo que faria por eles o que Jesus fez por nós.

Lampião ficou visivelmente emocionado. enxugou disfarçadamente algumas lágrimas e bruscamente devolveu os 236 mil réis, deu mais 109 réis de seu bolso e disse: “Podem ir embora, depressa, vão embora!”, retirando-se com seu bando, libertando os reféns sem resgate, e ainda dando dinheiro à eles, levando consigo a Bíblia que dias depois, fugindo de uma perseguição das volantes, a escondeu num tronco oco de uma árvore, e quando voltou para pegar, não estava mais lá.

(João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce.) 09/10/2019

Via - Blog do Mendes & Mendes

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Tanta gente sem teto, tanto teto sem gente

 Déficit habitacional deve entrar na pauta das eleições municipais deste ano. É preciso exigir cumprimento do Estatuto das Cidades.

Durante a pandemia, foram protocoladas mais de 15,5 mil ordens de despejo - - Foto: Pedro Cerrano

Por Wagner de Alcântara Aragão

Domingo destes os repórteres Caco Barcellos e Nathália Tavolieri trouxeram, no Fantástico (TV Globo), a dura realidade vivida por famílias que, sem condições de continuar pagando aluguel, decidiram ocupar uma área sob ponte da Rodovia dos Imigrantes, que liga a capital de São Paulo ao litoral. A concessionária da autoestrada obteve na Justiça a reintegração de posse, e o que se viu foi um triste, dramático e violento despejo.

Até antes da pandemia do novo coronavírus, os indicadores mais recentes mostravam um déficit habitacional no Brasil da ordem de 7,78 milhões de moradias, de acordo com levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV, 2017). E, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea, 2019), por baixo 101 mil pessoas moravam na rua, em todo o país.

Certamente, se atualizados, os dados revelariam uma realidade ainda mais cruel. A mesma reportagem mencionada no início deste texto, por exemplo, apontou que durante a pandemia mais de 15,5 mil ordens de despejo foram protocoladas em tribunais de Justiça de 17 Estados. Por ruas e praças de grandes, médias e pequenas cidades em todas as regiões brasileiras, dormir sob marquises e viadutos e barracos sendo erguidos em pontos inadequados têm feito parte da rotina.

Depois do golpe de 2016, o qual destituiu o governo de Dilma Rousseff, a principal iniciativa do poder público no combate ao déficit habitacional, o Minha Casa Minha Vida – que havia sido lançado em 2009, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva – foi gradativamente esvaziado. O atual governo resolveu rebatizar o programa (Casa Verde Amarela) e estabelecer algumas alterações, que ainda carecem de maior consistência para se mostrarem, de fato, efetivas.

Teremos, em novembro, eleições municipais, e é bem provável que candidatos às Prefeituras e às Câmaras de Vereadores tenham de se pronunciar sobre planos para a habitação. Favelas, palafitas, cortiços e outros tipos de sub moradias representam um problema cuja solução não está nas mãos apenas da municipalidade. Exige articulação com governos estaduais e governo federal. Mas o prefeito e prefeita têm um instrumento importante sob sua alçada sim.

Chama-se Estatuto das Cidades. Se quiser saber se o candidato ou candidata está mesmo comprometido ou comprometida com a luta por garantir um lar digno às famílias de seu município questione sobre o conhecimento dele ou dela em torno da legislação. Mais ainda: verifique o quão o pretendente ao posto de prefeito ou prefeita está disposto a enfrentar os interesses do mercado e por fim à especulação imobiliária que deixa terrenos e prédios abandonados enquanto na calçada muitos vivem sem um teto.

Caso o concorrente titubeie ou demonstre desconhecimento, aqui está a íntegra do Estatuto das Cidades, para que ignorância não possa mais alegar.

Fonte: Brasil Debate – Via Portal Vermelho







quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Covid-19 matou pelo menos 244 médicos desde março

 Dados foram levantados pelo Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp). Lista de vítimas inclui dados de março ao início de setembro.

Médicos estão na linha de frente do combate à Covid-19 - Foto: Rovena Rosa/ABr

A Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus (SarsCov-2) matou pelo menos 244 médicos em todo o país desde março. A faixa etária acima de 60 anos foi a mais afetada, com 109 óbitos (44,6%), seguida da faixa etária de 41 a 60 anos (27%). A maioria das vítimas – 215, ou 88% – é de homens).

As informações foram publicadas pela jornalista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo, citando como fonte o Sindicato dos Médicos de São Paulo.

O sindicato divulgou em seu site um memorial em homenagem aos médicos vítimas da Covid-19 em todo o mundo. A homenagem inclui uma lista com data nome, idade e cidade onde ocorreram os óbitos.

Segundo a entidade, trata-se dos nomes de vítimas que foram divulgados. O último profissional da medicina incluído foi Guido Céspedes, de Sinop, no Mato Grosso, em 2 de setembro.

As pessoas que souberem de médicos que faleceram devido à Covid e quiserem incluí-los na homenagem podem enviar informações ao sindicato por meio do endereço eletrônico noticias@simesp.com.br.

Via – Portal Vermelho

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Em Brasília, ato lembra excluídos e mortos por política de Bolsonaro

Performances artísticas representaram povos indígenas e jovens negros. Educação e saúde também foram representados. Manifestação é parte do Grito dos Excluídos, que terá atos pelo país.

Grupo protesta pela educação em ato do Grito dos Excluídos - Foto: Divulgação

Em Brasília, capital federal, o 26º Grito dos Excluídos se inspirou na cultura para uma manifestação simbolizando todas as mazelas brasileiras, intensificadas sob a gestão de Jair Bolsonaro. Os participantes realizaram um Ato Cênico Performático dividido em alas a exemplo de uma escola de samba. Estavam representados os povos indígenas, profissionais da saúde, cultura e outros. A concepção foi do dramaturgo José Regino, que levou em conta a segurança devido à pandemia.

“Como fazer um ato nesse momento com segurança? A partir dessa discussão, chegar a esse desenho foi uma consequência quase natural. A gente pensou em escola de samba, dividir em alas e fazer um ato totalmente parado. Cada coletivo trouxe a sua imagem para cá e eu comecei a conceber essas imagens com os índios ensanguentados, a Pietá com um jovem negro”, explicou Regino.

“A grande contribuição que o Regino traz é presença da cultura no ato, não uma presença artificial, mas como essência. É a melhor expressão da política a partir dos elementos da nossa cultura humana brasileira”, destacou o ex-ministro Gilberto Carvalho, que compareceu ao ato.

A vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carmen Foro, ressaltou a força das performances silenciosas, em especial a releitura da Pietá, com artistas representando uma mãe e um jovem negro baleado. A performance teve ainda a bandeira do movimento LGBT.

“Esse ato silencioso falou muito mais que alguns atos que temos a capacidade de expressar. É um ato que retrata, com a cultura, uma mensagem muito forte dos jovens negros assassinados na periferia, do quanto a justiça está sendo sangrada, o quanto nossa Constituição está sendo rasgada”, comentou.

Vítimas da pandemia e do descaso

A enfermeira Rita Arruda, da Rede Popular em Defesa do SUS, participou representando os profissionais da saúde. Ela lembrou o total descaso do governo Bolsonaro em relação à pandemia, que está custando as vidas de milhares de brasileiros.

“Estamos de luto por tantos profissionais, principalmente os de enfermagem, que morreram por irresponsabilidade desse governo, que não fez ações decentes e eficientes ao controle da pandemia. Uma falta de cuidado com a população e quem mais está morrendo são os profissionais de saúde”, comentou.

Um total de 396 profissionais de enfermagem já morreram devido ao coronavírus, segundo dados do Observatório da Enfermagem do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) consultados neste 7 de setembro.

Segundo cálculo do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), divulgado por Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo, pelo menos 244 médicos morreram de março ao início de setembro.

O evento realizado nesta segunda em Brasília, no gramado em frente ao Teatro Nacional, foi organizado pelo Grito dos Excluídos, Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo. Estão previstos atos do Grito dos Excluídos em todo o país neste 7 de setembro.

Via - Portal Vermelho

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Auxílio de R$ 300 vai piorar situação do PIB, avalia diretor do Dieese

A economia brasileira teve contração recorde de 9,7% no segundo trimestre de 2020. Consumo das famílias despencou 13,5%.

Em todo o Brasil o povo buscou auxílio emergencial

Por Mariana Branco
No Portal Vermelho

O Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e riquezas produzidos por um país) brasileiro despencou 9,7% no segundo trimestre de 2020 na comparação com o trimestre anterior. Em relação ao mesmo período de 2019, a queda foi ainda maior, de 11,4%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (1°) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na avaliação de Fausto Augusto Júnior, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, com a queda do auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300, anunciada hoje por Jair Bolsonaro, a situação do PIB pode tornar-se ainda mais dramática.

“[A redução do auxílio] deve afetar a economia como um todo. Boa parte das pessoas só mantiveram a subsistência por causa do benefício. Vai impactar as pessoas e o giro do mercado. O PIB caiu absurdamente e só não caiu mais porque, bem ou mal, o auxílio suportou algum grau de consumo. A redução, inevitavelmente, vai significar menos consumo”, afirmou.

Os dados do IBGE mostram que, mesmo com o auxílio emergencial no valor de R$ 600, houve contração do consumo das famílias. A despesa de consumo despencou 13,5%, a maior queda da série histórica. Foi o segundo resultado negativo após 11 trimestres de avanço.

Para Fausto Augusto Júnior, uma queda dessa magnitude no PIB já era esperada. Diferente do ministro da Economia, Paulo Guedes, ele não acredita em uma recuperação rápida. Para ele, as políticas do governo são insuficientes para garantir a retomada.

“É ilusão achar que o mercado volta [sem participação do Estado], porque não volta. É preciso o governo fazer esse papel de indutor da economia. Achar que você vai retomar a economia com reforma, privatização, não dá certo”, avalia.

“Nós estamos falando de uma queda na economia de 10%. Não é qualquer coisa. Se a gente pegar perdas e ganhos dos últimos anos, a perspectiva é que a gente chega ao fim desse ano com a economia do tamanho que era em 2010. Ou seja, nós perdemos uma década”, acrescenta.

sábado, 5 de setembro de 2020

Governo Bolsonaro começa campanha antivacinal em plena pandemia

 Vacinação em crianças é obrigatória desde o regime militar e vem tendo cobertura menor, há três anos, sob risco de retorno de doenças próximas à erradicação. Apesar disso, Bolsonaro iniciou nova onda de desinformação ao defender a “liberdade” de não tomar a vacina, às vésperas de uma campanha de vacinação contra a pandemia de Covid-19.


Por Cézar Xavier

No Portal Vermelho

A Secretaria Especial de Comunicação Social colocou hoje em suas redes sociais, uma peça publicitária com a frase do presidente Jair Bolsonaro “ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”, alegando uma defesa das “liberdades dos brasileiros”.

A frase foi dita pelo presidente na noite de segunda-feira (31), em conversa com apoiadores, quando uma mulher, que se diz da área da saúde, falou a Bolsonaro que ele não deveria deixar “fazer esse negócio de vacina” porque seria “perigoso”. “Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”, respondeu Bolsonaro —a frase usada pela Secom na peça nas redes sociais.

Na peça preparada pela Secom, sobre uma foto do presidente na rampa do Planalto, a frase do presidente é colocada em destaque. Abaixo vem escrito “O governo do Brasil preza pelas liberdades dos brasileiros.” A associação da ideia de liberdade com seu governo autoritário também é um mecanismo para confundir o imaginário da população.

Atentado contra a saúde pública

O infectologista Marcos Boulos explicou, em entrevista ao portal Vermelho, que os movimentos antivacinais começaram a aparecer, principalmente, quando as doenças que elas vacinavam começaram a desaparecer. “As pessoas perderam a memória ou não conheciam mais como era a doença natural. Quando você não vê mais a doença, ou ela é pouco comum, fica mais comum dizer que não tem problema pegar sarampo. No entanto, quando ela atinge grandes parcelas da população, como acontece com a Covid-19, ela mata 4% dos doentes, ou seja, uma taxa maior do que a do novo coronavírus”, analisou o médico.

Como na maioria das doenças, o contágio é maior entre crianças desnutridas, submetidas a condições sanitárias mais precárias de vida. No entanto, acrescenta Boulos, todas essas doenças que têm vacinas, têm uma alta taxa de letalidade, “inclusive a gripe”. “A própria taxa média de vida mais elevada que o Brasil apresenta em relação a 30 anos atrás, se deve, em parte, pela vacinação”, afirmou.

Outro aspecto da vacinação que Boulos insiste em apontar é que ela não é para o indivíduo, mas para a sociedade. “Tem indivíduos que não podem tomar a vacina, por serem imunodeficientes, então eles dependem da maioria das pessoas tomarem para não se contaminarem com a doença. Elas se protegem, quando você se vacina ao lado delas. Se você não pegar a doença, ela não pega”, declarou o infectologista.

Corrida da vacina

A apoiadora de Bolsonaro diz ainda que é farmacêutica e “e, em menos de 14 anos, ninguém pode botar uma vacina no mercado”. Devido ao impacto mortal e econômico da pandemia, laboratórios de Rússia, China, EUA e Reino Unido, entre outros, trabalham com governos para acelerar o desenvolvimento, fabricação e distribuição de uma vacina que amenize os efeitos da pandemia.

Embora haja protocolos mínimos para o desenvolvimento das vacinas com segurança, que duram anos, esses laboratórios procuram atalhos, reduzindo etapas, para obter uma vacina que se comprove mais benéfica que nociva à saúde de grupos de risco. Assim, antes do fim do ano, esperam estar vacinando populações mais vulneráveis ao contágio e consequências mais graves da doença.

Cobertura vacinal em queda

Além do desincentivo ao uso de vacinas em um momento em que a cobertura vacinal do Brasil, que sempre foi uma das melhoras do mundo, passa de três anos de queda, a peça publicitária da Secom destaca uma frase do presidente que não tem respaldo na realidade.

A aplicação de vacinas no país é obrigatória em crianças desde a criação do Programa Nacional de Imunizações, em 1973. O Estatuto da Criança e do Adolescente, lei aprovada em 1990, diz em seu artigo 14 que é “É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias.”

Pais que deixarem de levar os filhos para a vacinação obrigatória correm o risco de ser multados ou processados por negligência e maus tratos.

São poucas a vacinas recomendadas (5), como a gripe ou a febre amarela, nenhuma obrigatória para adultos, dentre as 47 disponíveis. Desse total, apenas 23 são aplicadas rotineiramente. Ou seja, a estratégia do governo não tem outro sentido, senão reforçar o negacionismo científico.

No entanto, alguns países impedem, por exemplo, a entrada de pessoas que não são imunizadas contra febre amarela, assim como o Brasil assume compromissos internacionais de erradicação do sarampo, que obrigam a imunização. Outra contradição é que, foi o próprio governo Bolsonaro que, de modo inédito, colocou a vacinação como prioridade governamental, meta 35 do plano de governo, em 2019.

O Ministério da Saúde de Bolsonaro criou no ano passado o Movimento Vacina Brasil para recuperar as baixas coberturas vacinais. Dados do próprio Ministério da Saúde apontam que nenhuma das 10 vacinas obrigatórias para menores de dois anos atingiram as metas de cobertura naquele ano. Entre elas, a poliomielite, que teve cobertura de apenas 82,1% das crianças. Considerada oficialmente erradicaa no Brasil, desde 1994, a doença exige vacinação porque o vírus ainda circula pelo mundo.

Estratégia calculada

A estratégia sistemática de desinformação antivacinal surge em “momento oportuno” em que o mundo todo luta para desenvolver uma vacina contra a Covid-19, que já matou 853 mil pessoas em sete meses. É também uma estratégia desinformativa utilizada para desviar o foco de atenção de fatos negativos do governo. No mesmo dia, foi anunciada a depressão econômica com queda histórica de 9,7% do PIB no segundo trimestre, notícia que sequer foi comentada pelo presidente.

Sempre diante da imprensa, algum assessor político do governo ou militante partidário, sem formação em saúde, se apresenta como um anônimo, diz alguma frase de fácil assimilação, dando a deixa para o presidente repercutir e dar início a sua campanha. Toda a estratégia é calculada para evitar prejuízos à imagem e dificultar acusação criminal contra o presidente.

Desde o início da pandemia, Bolsonaro usa os recursos do cargo público para disseminar desinformação em meio à pandemia e evitar a principal estratégia científica que é o distanciamento social e a quarentena, com fechamento temporário da economia para impedir a circulação do vírus.

Ele começou dizendo que a doença não teria impacto significativo no Brasil, depois disse que se tratava de uma doença leve de baixo risco de mortalidade. Não apenas foi contrário ao isolamento social e defendeu o uso de um remédio preventivo que não tem qualquer comprovação científica, como também demitiu dois ministros da saúde por discordarem dessas opiniões. Com um ministro interino, militar e sem experiência na área, ele conseguiu impor um protocolo de medicamentos, assim como começou a sabotar a divulgação de dados nacionais de contágio e óbitos. Estimulou manifestações contra as medidas sanitárias e também convidou apoiadores a invadir UTIs, sob a alegação de que era mentira o número de contágios e mortes. Sua retórica menosprezando o número de mortes e de famílias em luto contribuiu para naturalizar a convivência dos brasileiros com a alta mortalidade por Covid-19, assim como pressionar gestores públicos a flexibilizar a quarentena e reabrir a economia.

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

O desabamento do PIB e as ilusões de Bolsonaro e Guedes

 


Até que ponto o Brasil, com um Produto Interno Bruto (PIB) superior a R$ 7 trilhões, pode ser considerado um país pobre? É, sim, um país disforme, ou profundamente injusto do ponto de vista social, para usar um termo mais corrente. Com seus vícios e virtudes, esplendores e misérias, sua economia está entre as maiores do mundo, com uma industrialização média e uma razoável capacidade investimento.

Não há justificativa, portanto, para a queda de 9,7% do PIB no segundo trimestre deste ano, na comparação com o primeiro trimestre de 2020, e 11,4% em relação ao segundo trimestre de 2019. Os números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a economia voltou ao mesmo patamar do final de 2009, quando o país ainda sentia os impactos da crise financeira mundial iniciada em 2007-2008.

A queda só não foi maior devido à pressão da sociedade e a tomada de posição do Congresso Nacional em aprovar um conjunto de medidas para prover o combate à pandemia e o socorro às empresas, a proteção ao emprego. Cálculos de pesquisadores indicam que o auxílio emergencial de R$ 600, que Bolsonaro pretendia que fosse de apenas R$200, representa 2,5% do PIB do trimestre.

A alegação de que a economia foi fortemente afetada pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus não justifica uma queda nessa proporção. Pode-se dizer que a queda brasileira está em linha com as de outros países, principalmente os ricos, e até inferior a outros da América Latina, mas bem superior à da China, que no mesmo período cresceu 11,5%. Claro que essa discrepância tem a ver com a forma de enfrentar a pandemia, mas o peso maior vem da política de gestão do Estado como carro-chefe do processo econômico.

O crescimento chinês contrasta com a sinalização do Banco Mundial, que havia divulgado, no início de junho, projeções para 2020 como o ano em que a maior proporção de países apresentará retração na renda per capita ao mesmo tempo, numa série iniciada em 1870. Em 2020, 92,9% de todas as economias do mundo deverão registrar quedas. O recorde anterior foi visto em 1931, em plena Grande Depressão, quando 83,8% dos países viram a renda per capita cair. O Banco Mundial espera uma retração de 5,2% na economia mundial em 2020.

Mesmo a Índia, que antes da pandemia havia ultrapassado a China por alguns trimestres em termos de economia que mais crescia no mundo, agora está às portas de uma recessão de gravidade sem precedentes. A produção econômica do país encolheu quase 24% no último trimestre, a maior queda mundial durante a pandemia.

A reação da China e o prognóstico do ministro da Economia Paulo Guedes para a retomada da economia brasileira revelam um contraste que encerra muitas lições. Claro, não se pode comparar as duas economias em termos de tamanho e produtividade, mas é o caso de olhar para o potencial de ação do Estado brasileiro como absurdamente subestimado. O país poderia estar em situação bem menos grave se essa premissa fosse prioridade do governo.

A afirmação de Guedes de que a queda de 9,7% do PIB já era esperada pelo “mercado” e pelo governo, “um som distante”, reflexo da pandemia, e que a economia brasileira já está em recuperação em V (forte queda, seguida de rápida recuperação) não passa de verborragia oca e estridente. Sua previsão de crescimento em 2021 de 3,2% do PIB é daquelas coisas que fazem primeiro a pessoa perder o senso de realidade, depois o respeito e por fim qualquer condição de continuar falando com alguma credibilidade.

Para haver um mínimo de realismo nesse prognóstico, o país precisaria, primeiro, controlar a crise de saúde. Sem a contenção da propagação da pandemia, a probabilidade de manutenção de taxas elevadas de contaminação e mortes é grande, com fortes impactos na economia. Outra medida indispensável é a atuação do Estado, com juros zero ou negativos e crédito farto, além de puxar o investimento.

Como se sabe, essas premissas não fazem parte do governo Bolsonaro. Seu projeto econômico se limita a administrar o orçamento e o patrimônio públicos de acordo com os interesses rentistas das oligarquias financeiras. Há ainda o agravante de que o desemprego segue numa escalada descontrolada e a anunciada redução da renda de um grande contingente da população com o congelamento do salário-mínimo e redução pela metade do auxílio emergencial.

Via – Portal Vermelho

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