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segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Estoquista é chamada de ‘escrava’ por gerente em shopping no Leblon

 

Janine trabalhava como estoquista numa loja do Shopping Leblon Foto: Arquivo pessoal


De
Diego Amorim no Extra

“Ela apontou para mim e me chamou de escrava, como se fosse algo natural. Resolvi denunciar porque não podemos mais aceitar isso. É hora de abrir a boca e expor o racismo”. O relato de mais um caso de preconceito e injúria racial é da assistente de vendas Janine de Oliveira Monteiro, de 27 anos, que trabalhava como estoquista na loja Rosa Chá, no Shopping Leblon, Zona Sul do Rio. De acordo com ela, no último dia 14 de julho, a gerente da loja a chamou de escrava durante uma reunião de trabalho na presença de outros funcionários.

— Estávamos conversando, eu e outro colega de trabalho, sobre uma receita de bolo de chocolate chamado de “Nega maluca” quando ela começou a abordar temas de judeus e escravos, algo que nada tinha a ver com o assunto. Num determinado momento, ela me usou como exemplo e disse “assim como você, escrava”. Foi horrível. Custei a acreditar que ela estava me chamando dessa forma — relata Janine.

Logo após, a vítima conta que a gerente prosseguiu falando como se nada tivesse acontecido. Os outros funcionários que testemunharam a cena apoiaram Janine. Ela registrou ocorrência na 14ª DP (Leblon). (…)

E esse não foi o primeiro caso de racismo vivido por ela. Por isso, espera que todas as vítimas também tenham coragem de denunciar.

(…)

Via - DCM

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

País tem mais beneficiários do auxílio do que trabalhadores formais

 

O presidente da CTB, Adílson Araújo (Foto da Karla Boughoff)

“Brasil beira uma depressão”, diz Adilson Araújo, da CTB

Por André Cintra

A crise econômica, agravada pelo bolsonarismo e pela pandemia, provocou um cenário desalentador no mercado de trabalho brasileiro. Conforme levantamento do Poder360, o País tem hoje 65,4 milhões de pessoas que recebem o auxílio emergencial – mas somente 37,7 milhões de trabalhadores formais (com carteira assinada). Em 25 estados, o número de beneficiários do auxílio supera o de empregados formalizados – as únicas exceções são Santa Catarina e Distrito Federal.

“Os indicadores econômicos revelam que o Brasil beira uma depressão e apontam o tamanho do drama social em que o País está mergulhado”, afirma Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). O sindicalista critica a política ultraliberal que domina o Ministério da Economia, sob as ordens do ministro Paulo Guedes.

Com a crise, nada menos que 68% da força de trabalho no Brasil está recebendo o auxílio emergencial. Hoje, essa força de trabalho – que inclui empregados e desempregados – abrange 96,1 milhões de trabalhadores. Dez estados contam até com mais benefícios do Bolsa Família do que vagas preenchidas de emprego formal.

O cenário mais crônico é o do Nordeste, onde 21,3 milhões de moradores recebem o auxílio emergencial e apenas 6,3 milhões têm carteira assinada. Nos nove estados nordestinos, há pelo menos três vezes mais beneficiários do auxílio do que trabalhadores formais.

“Paulo Guedes e sua equipe econômica precisam pedir para sair. A sua receita para a grave crise sanitária e econômica – a agenda de redenção ao mercado e de privatizações – está levando o País para o fundo do poço”, diz Adilson. Ele lembra que até mesmo o trabalho informal – “que crescia de forma vertiginosa no pré-coronavírus” – agora estagnou.

Na contramão do governo Jair Bolsonaro, o Maranhão lançou, na semana passada, um Plano Emergencial de Empregos, que prevê investimentos de R$ 558 milhões em obras e compras públicas. De acordo com Adilson, é preciso seguir o exemplo do governador Flávio Dino (PCdoB-MA) e apostar na valorização da vida, do emprego e da renda.

“Precisamos, urgentemente, construir um pacto em defesa da vida e do Brasil. As insuficiências da pandemia explicitaram o quanto o Brasil precisa desenvolver forças produtivas e retomar com celeridade a rota do desenvolvimento sustentável e solidário”, afirma Adilson. “Este é o caminho a ser percorrido pelo conjunto da sociedade, em aliança com prefeitos e governadores e o Congresso Nacional.”

Via – Portal Vermelho

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Tem nome de índio o meu Ceará

O Ceará, é o estado da federação que faz em nome de seus municípios uma alusão aos nativos de nossa terra, aos quais os invasores portugueses denominaram índios, é plausível o apreço deste estado ao povo indígena, uma das maiores obras da nossa literatura é criação do cearense José de Alencar, onde ele enaltece a beleza da índia Iracema, a virgem dos lábios de mel... 

Tenho afinidade com um dos maiores cearenses que conheço, um cidadão fictício nascido no Crato e que atende pelo nome de Procópio Torquato da Silva, através dele recebi este cordel falando do estado do Ceará e sua ligação com o povo genuinamente nacional. Tem nome de índio o meu Ceará.

Poema de Manoel Leandro

Música: Kassio Soares e Rosy Silva

Edição de vídeo: Ana Cristina Leandro





quarta-feira, 26 de agosto de 2020

CORONEL LUDUGERO


Nascido em 1929, Luiz Jacinto Silva, o famoso Coronel Ludugero, foi escoteiro aos dez anos e estudou no Colégio de Caruaru (hoje Colégio Diocesano), onde concluiu o Curso Ginasial. 

Começou a trabalhar ajudando o pai a fazer celas de cavalo, mas não seguiu a profissão.
Com 12 anos foi parar numa padaria entregando pão e em seguida foi ajudante de pedreiro. 

Com 16 anos foi para os correios entregar telegramas. Nessa época serviu em São Bento do Una e Serinhaém.

Aos 18 anos foi morar em Recife, onde fez um concurso para telegrafista. Embora não tenha sido aprovado, foi aproveitado pelos correios porque sabia taquigrafia. Permaneceu no órgão até ingressar na vida artística.
Luiz Jacinto começou sua vida artística no Rádio Clube de Pernambuco, onde fazia o programa das 12:30h sob o patrocínio da Manteiga Turvo.
Em 1960 conheceu Luiz Queiroga, que criou o personagem Coronel Ludugero Na mesma época, conheceu também Irandir Peres (Otrope), a atriz Mercedes Del Prado (Filomena).
Com incentivo de Onildo Almeida e Nelson Ferreira, iniciou gravações de músicas sertanejas. A primeira foi "Cumbuque de Ludugero" e a segunda "Ludugero Aposentado". Juntos gravaram vários discos. Seu primeiro grande sucesso foi "Se tivé muié" gravada pelo selo Mocambo, do Recife. O artista gravava também textos humorísticos.
Além de Ludugero, Luiz Jacinto interpretava mais dois personagens:
Zé Beato, um sacristão puritano e envergonhado (criado por Hílton Marques) e Virgulino (criado por Luiz Queiroga).
Em 1964, juntamente com Irandir Costa e Luiz Queiroga, foi trabalhar na extinta TV Tupy, no Rio de Janeiro.
Na TV Tupy, participou do programa AEIOU Urca, fazendo o personagem Zé Beato. Depois participou da Escolinha do Professor Raimundo de Chico Anysio fazendo Zé Beato e Ludugero.
Luiz Jacinto passou a gravar pela CBS do Rio de Janeiro, que fazia a promoção dos seus discos com a Caravana Pau de Sebo, apresentando shows em várias cidades do Nordeste. Entre os artistas que também participavam da Caravana estavam Jacson do Pandeiro, Marinês e Trio Nordestino. Quando morreu, já trabalhava para a Rede Globo.
No dia 14 de março de 1970, morre Luiz Jacinto e toda sua equipe, vítima de desastre aéreo na Baía de Guajará Mirim, em Belém do Pará. O corpo só foi encontrado no dia 30 de março e sepultado um dia depois, em Caruaru.
QUEM ERA O PERSONAGEM CORONEL LUDUGERO
Retratava com bom humor a figura lendária dos coronéis, muitos dos quais pertenciam à Guarda Nacional e gozavam de grande prestígio junto a população. Era um homem simples de poucas palavras, amante da verdade e sincero, gabava-se de si próprio. Contador de histórias fantásticas, era casado com dona Filomena. Bom aboiador, bom cantador de viola e poeta. Mantinha um secretário (Otrope) que o orientava nos negócios e nas questões políticas. Ludugero se sentia feliz em contar histórias, dando expansão ao seu gênio brincalhão, quando não estava em crises de impaciência e nervosismo.
TEXTO EXTRAÍDO DO JORNAL VANGUARDA Nº 6.797
Fonte: caruaru
Dados Artísticos
Fez sucesso no rádio e na televisão com o personagem Coronel Ludugero, de temperamento explosivo e pronúncia incorreta das palavras. Em 1962 gravou com Rosa Maria pela Mocambo o cômico "Ludugero apoquentado" de Luiz Queiroga e em gravação solo "Combuque de Ludugero", de motivo popular adaptado por Luiz Queiroga. No mesmo ano, gravou de Onildo Almeida e Luiz Queiroga a moda de roda "Si tivé mulé" e de Luiz Queiroga o xote "Fiscá fulero". Em 1964 gravou de Nelson Ferreira e Luiz Queiroga a moda de roda "Sem mulé não presta" e de Onildo Almeida o xote "Duas fia pra casá". Em 1971 lançou o LP "Ludugero casa uma filha", no qual interpretou "Vou pra tamarineira", de Elino Julião. Seu maior sucesso foi "A volta do regresso", de Onildo Almeida e Irandir Costa. Morreu em meados dos 1970 em acidente de avião. Em 1999 a Polydisc lançou o CD "Coronel Ludugero - 20 supersucessos", com músicas que marcaram a carreira do artista, especialmente as paródias humorísticas, com destaque para "Vedete", "Filomena Flor" e "Sem mulé não presta".
Discografia
(1999) Coronel Ludugero. 20 Supersucessos • Polydor • CD
(1971) Ludugero casa uma filha • CBS • LP
(1970) muita saudade • CBS • LP
(1964) Sem mulé não presta/Duas fia pra casá • Mocambo • 78
(1962) Ludugero apoquentado/Combuque de Ludugero • Mocambo • 78
(1962) Si tivé mulé/Fiscá fulero • Mocambo • 78

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Festa da bicharada

 

Quando eu contava com 11 anos de idade, estudava no Colégio Princesa Izabel em Marilena - PR, meu amigo de sala de aula, o memorável e estimado Caubi Alves da Costa, me apresentou este cordel que contava a história de um porco embriagado e toda uma bagunça ocorrida no reino dos bichos, uma fábula em cordel com ótimas tonalidades de sarcasmo. Depois de adulto, consegui o livro pela editora Luzeiro e tomei conhecimento que a história é de autoria do paulista Arlindo Pinto de Souza - Aos leitores que a conhecem, vamos relembrar, aos que não, vejam que engraçado sem deixar de admirar a métrica das rimas e dos versos como condiz a literatura de cordel:

 

Quando bode era doutor

E cachorro advogado

Andava tudo direito

O mundo bem governado

A justiça muito reta

Ninguém vivia enganado!

 

O leão sempre foi rei

Casa com uma leoa

Jacaré seu secretário

Onça era uma grande pessoa

Mestre sapo professor

Na beira duma lagoa

 

Coelho chefe do mato

Peru era viajante

O galo, por ser tenor

Regia um café-cantante

Macaco bicho do rei

E urso rapaz amante

 

O porco era vagabundo

Passava o dia a beber

Por isso dele ninguém

Amigo queria ser

De toda festa que havia

Porco queria saber


Um dia, mestre coelho

Fez uma festa no mato

Foi cachorro e jacaré

Gente de mais aparato

Finalmente todo bicho:

Menos porco e mestre gato

 

Rato tocava flauta

Priquito no rabecão

Caititu no contrabaixo

Cururu no violão

Mucuim no clarinete

E tatu no bombardão

 

O pinto ia com os pratos

O carneiro com o tambor

Mosquito numa rabeca

Era quase professor

Mestre sapo, como chefe

Ia feito regedor

 

Quando o porco soube disso

Ficou muito injuriado

Disse ao gato: - "Vamos lá

Que eu garanto, por meu lado

Ou nós entramos na festa

Ou o baile está terminado"


O gato disse: - "Eu não vou

Porque acabo apanhando…"

O porco lhe respondeu:

- "Você bem que está mostrando

Ser um gato sem coragem…

Pois fique, que eu vou andando".

 

O porco, chegando lá

Queria o baile invadir

Jacaré veio e falou

Mandou o porco sair

Como não obedeceu

Foi preciso onça intervir

 

O urso logo zangou-se

Por a sua namorada

Que era uma anta bonita

E estava ali bem trajada

Por um porco vagabundo

Ser assim desrespeitada

 

Botaram porco pra rua

Mas ele tornou a entrar

Aí, já era demais

Impossível se aturar

Coelho puxou revólver

Para no porco atirar

 

O porco sacou da faca

Para matar ou morrer

Cotia teve um ataque

Paca queria correr

Galinha caiu sem fala

Durinha, sem se mexer

 

Raposa quase que morre

Mucura quebrou o braço

Lagartixa foi pisada

Quase ficou em pedaço

A cabra apanhou de pau

Se não corre, era bagaço

 

Barata correu pr’um canto

Não quis a vida perder

Preguiça estava num pau

Disse: - "Foi bom não descer…"

Canguru disse: - "O diabo

Quem não trata de correr…"

 

Girafa, como era grande

Estava tudo apreciando:

Quando viu, na sua costa

Arara estava trepando…

Ema disse: - "Eu vou me embora…"

Coruja saiu voando

 

Borboleta, há muito tempo

Já tinha se escapulido

Mosca fez sua viagem

Levou pium, seu marido

Garça disse: - "Vocês briguem

Mas não me suje o vestido…"

 

Aranha estava tremendo

E lesma morta de rir

Macaco olhou para um galho

Tratou logo de subir

Dizendo: -"Porco não trepa

Aqui nunca pode vir!"

 

Catraia gritava tanto

Que gritava à luz da lua

Minhoca não acertava

Para que lado era a rua

Curica ficou sem pena

Siriroca quase nua

 

Finalmente, a muito custo

Botaram porco pra fora…

Já tinha dado e apanhado

Por isso disse: - "É agora:

Antes que chegue a polícia

Vou tratando de ir-me embora!"

 

Com pouco veio o elefante

Que era, então, o delegado

Com camelo, seu colega

Oficial reformado

E, logo atrás o cavalo

No seu papel de soldado

 

Coelho aí contou tudo

Quanto tinha acontecido

Além disso, como ruim

O porco era conhecido

De forma que o elefante

Deu tudo por resolvido

 

Levou a queixa ao leão

Tal qual haviam lhe dado…

Aí foi expressa a ordem

De porco ser procurado

Mas por onde andava ele

Era o caso ignorado

 

No outro dia, a mucura

Também foi lá se queixar

Mostrou o braço pro rei

Que prometeu lhe vingar

Resolveram, então, ir todos

O tal porco procurar

 

Foram à casa do gato

Pois este era seu amigo

Gato dise: - "Este sujeito

Deu-me pancada e roubou-me

Deixou-me como mendigo"

 

Realmente, o gato estava

Com o corpo todo marcado

Não tinha nem um vintém

O baú estava arrombado

E o porco só lhe fez isso

Por não ter-lhe acompanhado

 

Levaram gato doente

À presença do leão

E o gato, gemendo muito

Pediu também punição…

Deste jeito, mestre porco

Estava mal de informação

 

Ganhava um conto de réis

Quem mestre porco pegasse

Teria um ano de folga

O soldado que o encontrasse

Fosse vivo ou fosse morto

O certo é que ao rei levasse

 

Andaram por mais de um mês

Sem saber-lhe o paradeiro

Até que, um dia, o acharam

Bêbado num atoleiro

Querendo dar no mucuim

Por não ser seu companheiro

 

O elefante e o cavalo

Deram a ordem do rei…

O porco lhes respondeu:

- "Eu aqui de nada sei

Eu, dentro da minha casa

Não sei o que diabo é lei"

 

O elefante, então disse:

- "Olhe, eu sou o delegado!

Aquilo que eu digo faz-se

Tem de ser bem respeitado…

Se você não for por bem

Mando levá-lo arrastado"

 

- "Eu irei (lhe disse o porco)

Mas só se for carregado…"

Não pôde dizer mais nada:

Já tinha sido amarrado

E para a casa do rei

Sem demora foi levado

 

Quando chegou, estava o leão

Sentado numa cadeira

(Ao lado estava a leoa

Sua fiel companheira)

Vendo o porco muito sujo

Falou-lhe desta maneira:

 

- "Porco imundo, qual a causa

De tu seres valentão?

Bem sabes que ser valente

Pertence ao teu rei leão!

Tenho de ti muitas queixas

Só de ruim informação"

 

Formou o leão um júri

Para o porco ser julgado

Foi quando este conheceu

Que o caldo estava entornado

A prova é que a seu favor

Nem porca tinha votado

 

Todos queriam que porco

Sofresse pena ruim…

Depois de tudo apurado

A contenda teve fim

Lavrou-se logo a sentença

Que foi deste jeito assim:

 

"Como justiça de rei

Sua majestade o leão

Manda fazer avisado

Que o porco, por valentão

Foi preso e está condenado

A trinta anos de prisão"

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Cuba testará em humanos sua vacina “Soberania 01” contra Covid-19

A conclusão do estudo está prevista para 11 de janeiro e os resultados ficarão prontos em 1º de fevereiro de 2021 e publicados em 15 de fevereiro.

(Foto: pictrure-alliance/AP Photo/I.Francisco)

Autoridades sanitárias de Cuba informaram que a “Soberania 01”, projeto de vacina contra a Covid-19, será testada em humanos na próxima semana. O recrutamento de candidatos começará no próximo dia 24 de agosto e terminará no final de outubro. A conclusão do estudo está prevista para 11 de janeiro e os resultados ficarão prontos em 1º de fevereiro de 2021 e publicados em 15 de fevereiro. As informações são do G1.

O Registro Público de Ensaios Clínicos de Cuba e o Centro de Controle Estatal de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos autorizaram o início dos ensaios em 676 pessoas entre 19 e 80 anos. Essas pessoas não devem ter “alterações clinicamente significativas” e devem dar seu consentimento por escrito para receber a dose, disseram as autoridades.

“Embora haja vacinas de outros países, precisamos das nossas para ter soberania”, disse o presidente cubano Miguel Díaz-Canel. O chefe da Epidemiologia Cubana, Francisco Durán, disse que a expectativa é que o país tenha acesso à vacina no primeiro trimestre de 2021. O governo cubano costuma ressaltar o desenvolvimento de sua biotecnologia e apontar entre suas conquistas a própria vacina contra hepatite B.

Com 11 milhões de habitantes, a ilha conseguiu conter a nova pandemia do coronavírus. Até o início da semana, Cuba registrava oficialmente mais de 3,4 mil casos e 88 mortos. Um surto recente obrigou as autoridades a reforçar as medidas de prevenção na capital, Havana.

Via – Portal Vermelho

sábado, 22 de agosto de 2020

Nossas assombrações são melhores

 

Diante da realidade que vivemos onde mais e mais o potencialismo europeu e estadunidense rouba a cultura latina de nossa América, é preciso falar daquilo que povoa o imaginário popular e enriquece nosso folclore. Segue alguns nomes de assombração “existentes” no Brasil que de fato é de uma preciosidade cultural extraordinária.

Boto-rosa – Diz os crédulos que se trata de um demônio que vive nas águas da amazônia, durante a noite se transforma um rapaz bonito de vestes brancas, ele é um sedutor de moças donzelas, elas, encantadas pela beleza inebriante do boto, sedem-lhe a honra, e fatalmente saem grávidas após contato com este ser sobrenatural.

Mula-sem-cabeça – Vira mula-sem-cabeça, mulher que se deita com padre ou ainda aquela que trai o marido com o compadre. Quando morrem, elas ficam vagando pelos sertões assustando aos vivos, se a mesma aparece para alguém, é bom esconder unhas e dentes para livrar-se do ataque dessa devassa que não foi digna nem do céu nem do inferno.

Caipora – exímia apreciadora de tabaco, vive nas matas brasileiras, sobre sua aparência as opiniões se divergem, uns dizem ser ela uma velha feia e aos frangalhos, outros já a mostram sendo uma moça bonita, de saia rodada e fumando muito. Esta diabinha tem o costume de embaraçar as crinas dos animais de modo que jamais são desembaraçadas se as mesmas não forem cortadas. Para isentar-se das diabruras da caipora, é aconselhável deixar para ela, uma porção de fumo encima de um toco, a caipora por gratidão não faz traquinices com as pessoas que lhe ofertam fumo.

Curupira – índio fantástico, cabelos vermelhos, vive no meio do mato, sua principal característica são os pés virados pra trás, protetor incondicional dos bichos e da natureza, o curupira é o terror de caçadores e lenhadores.

Lobisomem – O filho que nasce depois de sete filhas vira lobisomem, também aquele que passa sete anos sem entrar em uma igreja sofre esta metamorfose. É um perigo sair de casa em noites de lua cheia, no período da quaresma, o lobisomem corre todas as noites. É preciso tomar cuidado, o lobisomem aprecia cocô de galinha mas também devora bezerros e crianças recém nascidas.

Boitatá – Conta-se que o boitatá é guardião dos cemitérios e pântanos, olhos de fogo, pele reluzente, mostra-se como uma assombrosa luz que oscila entre o chão e o alto, assusta aos que caminham fora de hora.

Saci-pererê – Clássico por suas diabruras, moleque peralta de cor negra tem uma única perna, gorro vermelho sobre a cabeça pitando um saboroso cachimbo. Se manifesta em redemoinhos de vento, adora assustar cavalos fazendo-os disparar, gosta também de azedar o leite e surrar cachorros, é sofrível ganido de cachorro quando apanha do sací.

Estes são apenas alguns dos vários exemplos da nossa rica cultura cheia de crendices populares. É preciso resgatarmos nossas origens, ressuscitar nossas lendas, para que o domínio estrangeiro não roube nossa identidade. Professores, profissionais da pedagogia, pais e mães do Brasil, ensinem sobre o nosso folclore, ao invés do ‘halloween’, é muito mais bonito nossas assombrações. Esqueçam as bruxas norte americanas, digam não ao estrangeirismo e sim ao sobrenatural que enriquece o imaginário nacional. Viva os nossos curupiras, caiporas lobisomens sacis e tantas outras assombrações da nossa terra.

Por: Mateus Brandão de Souza, graduado em História pela FAFIPA.

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Deputado vê sabotagem nos Correios para justificar sua privatização

 Categoria anunciou greve por tempo indeterminado a partir de terça-feira (18) em todo território nacional.

Correios em greve - Sintect-RJ

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) se manifestou nesta quarta-feira (19) em apoio à greve dos trabalhadores dos Correios. Para ele, a paralisação é fundamental para a manutenção de direitos constitucionais desses profissionais. “Em momentos em que os serviços de entrega privados crescem, eles querem tirar os Correios de jogo. Dizem que é uma empresa inviável, isso é mentira. O que precisa é de gestão e valorização”, afirmou o parlamentar.

A estatal há muito tempo tem sido enfraquecida financeiramente com o objetivo de ser privatizada. Seu papel social é insubstituível, já que chega também a regiões pouco acessíveis do país. “Querem sabotar os Correios para justificar sua privatização”, explicou Daniel Almeida, que organizou a Frente Parlamentar em Defesa dos Correios em 2015 e 2019.

De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect), 70% dos trabalhadores aderiram à paralisação nacional. Almeida explica que muitas conquistas estão sendo tiradas da classe. “Querem retirar acordos de convenções coletivas, conquistas de tantos anos que os trabalhadores obtiveram depois de tantas lutas”, afirmou.

Segundo o deputado, defender os Correios é defender o país, é não deixar a supressão de direitos dos trabalhadores e, principalmente, a acessibilidade de entrega a regiões do Brasil em que empresas privadas jamais chegarão por alegarem “perigo” ou consideradas regiões pobres.

Fonte: Assessoria de Comunicação do deputado Daniel Almeida

Via – Portal Vermelho

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Bolsonaro afirma que auxílio de R$ 600 é “muito”

 “Isso não é dinheiro do povo, isso é endividamento. Se o país endivida demais perde a sua credibilidade para o futuro”, afirmou.

“Isso não é dinheiro do povo, isso é endividamento. Se o país endivida demais perde a sua credibilidade para o futuro”, afirmou Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (19) que sobre o auxílio emergencial de R$ 600. Segundo ele, R$ 600 é “muito”.

Bolsonaro admite prorrogar o auxílio, mas em um valor menor. Ele comentou ainda que o ministro da Economia, Paulo Guedes sugeriu R$ 200, mas que pode haver um “meio-termo”.

Segundo Bolsonaro, a prorrogação do auxílio emergencial foi discutida pela manhã com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Guedes também afirmou que “não há recurso” para pagar os R$ 600. Para mudar o valor do benefício, o governo precisa submeter um projeto de lei ou medida provisória ao Congresso. A prorrogação anterior, sem mudanças no valor de R$ 600 original, foi feita por decreto, sem aval do Legislativo.

Fonte: O Globo

Via - Portal Vermelho

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Ex-ministro de Temer é novo líder do governo na Câmara

 Deputado Ricardo Barros (PP-PR) assume posto no lugar do deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO); troca foi oficializada ontem.

Deputado federal Ricardo Barros (PP-PR); ex-ministro de Temer é o novo líder do governo na Câmara. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Por Jornal GGN

O deputado federal Ricardo Barros (Progressistas-PR) irá assumir a liderança do governo Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, substituindo o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO). A troca foi oficializada ontem.

“Desde a semana passada, o presidente vinha sinalizando para mim que gostaria de fazer uma mudança na liderança. Ele fez uma nova avaliação de cenário em função dos novos desafios que vão ser colocados agora, como as reformas que terão que ser aprovadas, e ele decidiu fazer a mudança”, disse Vitor Hugo, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo.

Ex-ministro da Saúde no governo Michel Temer, Barros integra o Centrão, grupo de partidos do qual o Palácio do Planalto se aproximou para tentar construir uma base de apoio mais consistente, enquanto o Major Vitor Hugo era alvo de críticas tanto por parlamentares como por integrantes do próprio governo.

Segundo Vitor Hugo, a liderança será entregue para Barros em uma situação mais tranquila do que quando assumiu, quando a resistência a Bolsonaro era vista com mais expressiva por conta dos partidos pelos quais foi eleito (PSL e PRTB) e pelo discurso mais duro contra o Congresso.

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Casos de covid-19 no sistema carcerário aumentam 72,4% em um mês

 Mais de 15 mil presos e quase 7 mil servidores já foram infectados pelo coronavírus, de acordo com monitoramento do CNJ

"Desencarceramento é a única medida efetiva para diminuir contágio", afirma Leonardo Biagioni, coordenador do Núcleo Especializado de Situação Carcerária da Defensoria Pública do Estado de SP - Foto: Luiz Silveira/Agência CNJ

Por Lu Sudré
Brasil de Fato

Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça  (CNJ) divulgados nesta quarta-feira (12), 15.569 pessoas presas já foram contaminadas pelo coronavírus no Brasil. Se somado aos casos de infecção entre os servidores, que totalizam 6.908, o número total de diagnósticos positivos para a covid-19 no sistema carcerário chega a 22.477. Um aumento de 72,4% nos últimos 30 dias.

O número de pessoas privadas de liberdade que perderam a vida em razão da covid-19 chega a 89. Entre os trabalhadores, foram 73 mortes. No total, são 162 óbitos registrados desde o início da pandemia.

O monitoramento do CNJ aponta ainda que as regiões Sudeste e Centro-Oeste concentram a maior porcentagem de diagnósticos positivos entre as pessoas encarceradas. Apenas o estado de São Paulo, por exemplo, registra 3.984 contaminações.

Em entrevista ao Brasil de Fato, Leonardo Biagioni, defensor público do Estado de São Paulo e coordenador do Núcleo Especializado de Situação Carcerária da Defensoria Pública do Estado de São Paulo (Nesc), afirma que não há condições mínimas dentro do sistema carcerário brasileiro para impedir a proliferação do vírus entre os presos.

Além da superlotação tornar o distanciamento social impraticável, Biagioni ressalta que os detentos também não têm acesso a produtos de higiene e fornecimento de água da forma adequada para a higienização correta.

A recomendação 62/2020, feita pelo CNJ no início da pandemia, alertou para os perigos da proliferação do coronavírus no cárcere e incentivou magistrados a reverem prisões de pessoas de grupos de risco e em final de pena que não tenham cometido crimes violentos ou com grave ameaça. No entanto, conforme explica Biagioni, a orientação não tem sido cumprida e as medidas do Estado brasileiros são tímidas diante da gravidade do problema.

“Infelizmente, essa resposta não tem vindo da forma que deveria pelo poder Judiciário, que seria o responsável por esse encarceramento em massa que existe hoje no país. Já era necessário um desencarceramento em massa anterior ao período de pandemia e agora há uma necessidade ainda mais urgente”, defende o coordenador do Nesc.

“Todos os órgãos internacionais e nacionais que se relacionam ao direito da população presa já disseram que a principal medida é o desencarceramento. O desencarceramento é a única medida viável e efetiva para diminuir qualquer possibilidade de contágio e prevenir a doença no interior do cárcere”, enfatiza. 

Um levantamento feito pelo Nesc após visita na última sexta-feira (7), constatou que 47% dos detentos do Centro de Detenção Provisória (CDP) II de Pinheiros, na zona Oeste de São Paulo,  estão contaminados pela covid-19.

De acordo com Biagioni, essa porcentagem de contaminação tem sido a média na parcela restrita de unidades prisionais que passaram pela testagem em massa.

Confira a entrevista na íntegra.

Brasil de Fato: São mais de cem mil vidas perdidas para a covid-19 no Brasil. Qual a situação das pessoas privadas de liberdade, cinco meses após a chegada da pandemia?

Leonardo Biagioni: Na verdade, a população privada de liberdade carece de direitos antes mesmo do período de pandemia. Sempre foi privada de direitos básicos nas unidades prisionais, como os direitos previstos na Lei de Execução Penal por exemplo. As equipes mínimas de saúde são inexistentes. Em São Paulo, por exemplo, não há nenhuma unidade prisional das 176 que tenha uma equipe mínima de acordo com o Programa Nacional de Ação Integral à Saúde da população privada de liberdade.

No período de pandemia, as violações de direito, como a precariedade da alimentação e a questão da saúde, que eu trouxe, ausência de itens para garantir assistência material, falta de água... 70% das unidades prisionais de SP racionam água, são utilizadas nesse período de pandemia. Sendo que esse período exige, para a prevenção da contaminação da doença, uma higienização e o distanciamento social que não são possíveis de serem realizados.

Principalmente em unidades prisionais superlotadas, como ocorre em todo país e aqui no estado de São Paulo. Onde não se garante direitos mínimos para a higienização da população, tendo em vista que 70% das unidades prisionais racionam um item básico para se falar em higienização que é a água. Não há fornecimento mínimo de água para as pessoas presas.

E também ausência de itens materiais. Nas inspeções feitas pelo Nesc, verificou-se, que, por exemplo, 70% das pessoas não recebiam sabonete, um item muito básico, em regularidade suficiente para manter a higienização. As violações acabam sendo potencializadas no período de pandemia.

Quais foram as respostas dadas pelo Estado brasileiro para frear o avanço da pandemia dentro dos presídios? Como avalia essa atuação?

Todos os órgãos internacionais e nacionais que se relacionam ao direito da população presa já disseram que a principal medida é o desencarceramento. O desencarceramento é a única medida viável e efetiva para diminuir qualquer possibilidade de contágio e prevenir a doença no interior do cárcere.

Queria citar aqui a Recomendação 62 do Conselho Nacional de Justiça, que trouxe diversas recomendações, sendo a principal o próprio desencarceramento. Principalmente entre grupos vulneráveis e, infelizmente, essa resposta não tem vindo da forma que deveria pelo poder Judiciário, que seria o responsável por esse encarceramento em massa que existe hoje no país.

Já era necessário um desencarceramento em massa anterior ao período de pandemia e agora há uma necessidade ainda mais urgente. Infelizmente essas medidas não vêm sendo tomadas. No Plano Executivo, vimos no início da pandemia, inclusive, algumas declarações do Ministério da Justiça, que mostrou um desconhecimento notório em relação ao que ocorre no cárcere, uma vez que as medidas propostas eram o distanciamento social, por exemplo.

Casos confirmados e óbitos por região entre os presos no Brasil / Arte: CNJ

Sabemos que isso é impossível. Existem unidades prisionais em que a superlotação chega a 200%, 300%. Não tem como falar em distanciamento de um metro e meio, que era o que se colocava na normativa, assim como separação em celas individuais. O que deveria ser um direito garantido, mas, diante da realidade do cárcere, sabemos que não seria possível.

As medidas são muito tímidas, não avançam. Em relação ao sistema de saúde no cárcere, não há um avanço também em relação aos profissionais nesse período de pandemia. O que se observou foi até mesmo uma redução, uma vez que esses profissionais não ingressaram em algumas unidades prisionais nesse período de pandemia. É um movimento contrário aquilo de que deveria ser efetivado. 

Conforme boletim mais recente do CNJ são 15.569 casos confirmados de coronavírus nas prisões brasileiras e 89 óbitos. Esses dados podem estar subnotificados?

Com certeza. Na verdade, o que temos que verificar é o número de testes que foram realizados. Há uma ausência completa na realização de testes. Apenas 5% da população prisional no nosso país foi testada. Cerca de 39 mil testes confirmados pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Ou seja, apenas 5% da população carcerária, uma vez que, conforme o próprio CNJ, nossa população estaria variando em torno de 800 mil pessoas presas.

O que é importante destacar é a porcentagem da população infectada, contaminada pela doença: 40% das pessoas testadas foram identificadas com covid. Então, 40% dos testes realizados foram confirmados. Isso causa um espanto, porque se trazemos esse número de 40% para a totalidade do sistema prisional, chegaríamos em mais de 300 mil casos. É importante dizer que isso se confirma.

Quando se faz testes em massa nas unidades prisionais, a porcentagem tem sido essa. Queria ilustrar com duas unidades prisionais de São Paulo. A Penitenciária II de Sorocaba, que tem uma população prisional de 2 mil pessoas e cerca de 700 pessoas foram identificadas com a doença, o que daria por volta de 35%. No Centro de Detenção Provisória II de Pinheiros, dos 1609 presos, 748 também estariam com a doença, ou 46%.

Tem sido a realidade. Onde se testa, tem tido, mais ou menos, esse percentual de contaminação. O que assusta e muito.

A recomendação 62 do CNJ fala da revisão de prisões de pessoas em grupo de risco e em final de pena. Até junho, o Conselho afirma que foram identificadas 32,5 mil solturas. Como avalia o impacto da medida?

Posso fazer uma avaliação pelo estado de SP. A Defensoria compilou alguns dados, analisou 30 mil processos de população que estaria em situação do grupo de risco, prevista pelo CNJ, e apenas 4% dessa população de fato teve essa soltura. Está muito abaixo do que o minimamente recomendado pelo CNJ. Vemos, infelizmente, uma resistência muito grande do Judiciário na soltura e até a essa recomendação expedida.

Aproveitando que citou o Judiciário, o que essa realidade atual explícita sobre a lógica do sistema carcerário brasileiro?

Se antes desse encarceramento em massa e do período de pandemia que nós vivemos, já era necessário o desencarceramento em massa, agora, além há também a necessidade de celeridade em desencarcerar. Até pensando em medidas efetivas, foram vários pedidos coletivos que a Defensoria Pública fez. Queria citar habeas corpus que foram impetrados diretamente no Tribunal de Justiça diretamente para a soltura de população idosa, de pessoas que compõem o grupo de risco, que sequer foram distribuídos. O Tribunal sequer apreciou esse pedido.

Isso mostra essa resistência. O quanto o Tribunal está refratário desse conservadorismo, como em todo canto, como um órgão de segurança pública e não julgando a situação dessas pessoas. Principalmente que tem a mesma situação jurídica. População idosa, que está no grupo de risco, que não praticou ou não está sendo processado por um crime com grave ameaça ou violência, e nem assim houve essa análise coletiva da situação dessas pessoas. Para haver de fato uma mudança nesse panorama, seria necessária uma atuação coletiva.

Outro exemplo, é o de mulheres gestantes e lactantes. Um grupo hipervulnerável, em situações absurdas nas unidades prisionais. Dezesseis defensorias impetraram em conjunto um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), e, infelizmente, negou-se a liminar. Impedindo que mulheres gestantes e lactantes tivessem direito à prisão domiciliar nesse período de pandemia.

Agora foi interposto, inclusive, um recurso no STF. Haverá um julgamento no dia 21. Quem sabe tenhamos um retorno positivo, no qual a Suprema Corte consiga olhar com outros olhos para essa situação. Porque se não vamos perpetuar a lógica da exclusão.

Casos confirmados e óbitos por região entre os servidores do sistema prisional / Arte: CNJ

Verificamos que de fato a percepção das pessoas, e chegando ao Judiciário, seja essa: que o sistema prisional seja somente um sistema de exclusão. Um amontoado de corpos jovens, negros, uma punição por si só. O que contraria o próprio ordenamento jurídico brasileiro. Acaba distorcendo, inclusive, o que é um Estado democrático.

O STF já declarou há alguns anos que o estado de coisas que ocorrem dentro do sistema prisional é inconstitucional. Não garante os direitos que deveria garantir. Ou seja: existe a margem da legalidade. Isso foi dito pelo nosso próprio STF e observa-se que não muda. O problema é esse: não se muda a cultura.

A maioria da população que está presa hoje no Brasil não praticou um crime com grave ameaça ou violência. Observamos isso todos os dias. São pessoas que estão nessa situação degradante, situações desumanas, de maus tratos, como o próprio STF já disse, e não praticaram crime com grave ameaça ou violência. Ou seja, não agiu com uma conduta violenta e está submetido a uma situação de violência. O que é muito contraditório se queremos ter um Estado mais civilizado.

Dos 1600 processos analisados pela Defensoria em relação à população idosa do estado de São Paulo, somente 7% teve a soltura. Estamos falando de pessoas com mais de 60 anos dentro do cárcere, presas. Uma situação muito degradante e, inclusive, se reconhece o próprio processo de envelhecimento precoce.

Falamos de uma população idosa em uma sociedade extramuros com 60 anos de idade. Mas, se pensarmos isso no cárcere essa idade é menor devido às condições degradantes. Talvez 50 anos. Mas sequer as de 60 anos não estão tendo a oportunidade de ter a pena privativa de liberdade nas unidades prisionais convertidas para uma prisão domiciliar. Ou mesmo pessoas presas provisoriamente, que nem uma condenação possuem.

Por outro lado, vimos uma decisão da Justiça que favoreceu Fabrício Queiroz, investigado pelo esquema de rachadinha na Alerj. Ele foi beneficiado com a prisão domiciliar poucos dias após ser preso por estar no grupo de risco da covid-19. O que isso mostra do ponto de vista do papel da Justiça? Há uma diferença de tratamento?

Na verdade, essa diferença de tratamento é um aspecto histórico. Está inserido na própria prisão, que em seu surgimento ocupa o espaço de estrutura de "depósito dos excluídos" no sistema capitalista. Isso acaba sendo colocado em casos concretos como esse. Justificando algumas solturas, que podemos entender como legais, mas que não vêm para outro grupo. Para outro grupo mais vulnerável, infelizmente.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA pediu que o governo brasileiro adote medidas para frear a proliferação da covid-19 nos presídios, após um pedido da própria Defensoria e outras organizações. Tendo em vista que o contágio segue crescendo pelo país, qual a perspectiva para a população carcerária diante do governo Bolsonaro?

Foi um pedido que fizemos com diversas outras entidades e que foi acolhido. E, principalmente, para o Estado brasileiro, que entre as medidas a serem tomadas, esteja, de fato, o desencarceramento. Esse é o objetivo e forma mais concreta e efetiva de se lidar com essa doença em unidades prisionais.

Apenas havendo um desencarceramento, que conseguiremos de fato minimizar os danos. Espero que com essa decisão da Comissão Interamericana, com essa orientação que chega ao Estado brasileiro, tenhamos uma mudança de postura em relação ao Judiciário, que ele mude a forma de atuar em relação ao que vem ocorrendo e às decisões que vêm sendo proferidas ao contrário de todas as recomendações nacionais e internacionais.

Bem como, que consigamos obter de fato testagens na população prisional. Que se tenha um maior cuidado e atenção em relação às políticas de saúde, a disponibilização de itens básicos de higiene. Que o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) se coloque de uma forma mais pró-ativa nessas circunstâncias, principalmente na distribuição de itens de higiene, na questão do Executivo, na sua competência. Na questão da Política de Atenção Integral à Saúde do sistema prisional, que isso se dê de uma forma mais efetiva, bem como a suspensão do racionamento de água. Essa condição absurda e completamente desumana que, infelizmente, ainda ocorre nas unidades prisionais.

Quando se fala sobre a situação dos presídios brasileiros, há uma defesa dos governos conservadores em prol da construção e privatização de novos presídios.  Qual o posicionamento da Defensoria sobre isso?

Precisamos parar de construir presídios e construir órgãos de direito social que de fato vão combater causas consideradas crimes, como escolas, hospitais. Quem sabe se parássemos de fechar escolas e construir presídios e fizéssemos o inverso, nossa sociedade não estaria muito melhor.

Acredito que temos evoluir no sentido da questão do desencarceramento, pegando toda essa realidade que existe hoje, de uma população majoritariamente pobre, com grande representação da população negra.

A maioria da população prisional não praticou crime de grave ameaça ou violência, estão presas por tráfico. Quando falamos das mulheres, dois terços estão presas por tráfico e quando falamos tráfico é aquele em que a pessoa é pega com 10 gramas de cocaína, 20 gramas de maconha. Essa é a média das pessoas que estão presas.

Temos que pensar uma política de desencarceramento e descriminalização de algumas condutas, e não de construção de presídios. Se construirmos um presídio, esse presídio vai superlotar, e essa vai ser a política.

Se formos pensar em uma política racional, civilizatória, de garantir direitos, temos que parar com políticas paliativas, que é o sistema prisional e de segurança pública, e pensar em outras medidas mais efetivas alocando recursos para essas outras áreas. Como moradia, lazer, saúde, educação. Isso sim melhoraria todos os efeitos do cárcere como ocorre nos países mais desenvolvidos.

Sem essas medidas, então, as pessoas encarceradas estão fadadas a um grande risco de contaminação?

Exato. As medidas determinadas pela sociedade é o distanciamento social e a própria higienização. O distanciamento social é impossível em unidades superlotadas e a higienização é comprometida em unidades prisionais que não garantem o mínimo em relação à água, sabonete, itens básicos para que a população se previna.

E havendo essa contaminação, ocorre a contaminação em massa, que é o que temos visto.Quase metade das pessoas nas unidades que são testadas estão contaminadas ou já estiveram contaminadas.

A questão para pensarmos e evoluirmos enquanto sociedade, enquanto Estado brasileiro, é esse pensamento do desencarceramento hoje. Principalmente nessas condutas que não são praticadas com grave ameaça ou violência, principalmente no caso do tráfico, do fruto. Temos que ter outro olhar em relação a essas medidas.

Quando falamos de um período tão complicado como esse que estamos enfrentando na pandemia, é necessário um olhar mais fraterno. Mais solidário. E um entendimento melhor dessa situação que vem ocorrendo hoje e que vem, infelizmente, agravando a situação daquele público que já era mais vulnerável, como acontece com as pessoas presas.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Radiofonia do noroeste paranaense de luto, morre o locutor Joaquim de Paula

"Comunicamos com pesar o falecimento do Joaquim Mário de Paula Pinto, 74 anos, ele faleceu as 02:30 da madrugada desta segunda feira vitima de um infarto, onde estava internado na santa casa. Joaquim foi internado na noite de sábado pra domingo com fortes dores no peito, e aguardava uma transferência pra Arapongas. Joaquim de Paula deixa a esposa, 3 filhos e 4 netos. Seu corpo será velado na capela em frente ao cemitério de Paranavaí e o sepultamento será no final da tarde desta segunda feira em Nova Londrina, sua cidade natal. Joaquim de Paula militou por muitos anos no rádio de Paranavaí e Nova Londrina, e era proprietário estúdio de gravação CD GENIUS em Paranavaí". 

Bolsonaro avisa que não vai furar o teto de gastos e repactua com o bando que deu o golpe de 2016

Publicado por Kiko Nogueira

No DCM

As forças que deram o golpe de 2016 repactuam e se reagrupam em nome do acordão que os levou ao poder em 2018.

Jair Bolsonaro discursou em frente ao Palácio da Alvorada nesta quarta-feira (12) tendo ao lado os presidentes do Senado Federal, Davi Alcolumbre, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.

Paulo Guedes também deu as caras.

O discurso do bando, uma papagaiada idiota sobre a recuperação econômica que nunca virá, girou em torno do compromisso de não furar o teto de gastos.

Bolsonaro abraçou Maia e Alcolumbre, todos usando máscaras.

O sujeito percebeu que iria cair se mantivesse o pé o acelerador dos seus aloprados.

Rifou todos os radicais, como se nunca os tivesse conhecido e patrocinado.

Vem falando da necessidade de união com o Congresso, casou com o centrão, deixou de lado a fantasia de duce bananeiro.

“A gente conseguiu avançar muito nesse um ano e meio à frente do parlamento e dar as respostas que o governo esperava do Congresso”, afirmou Alcolumbre.

Na noite anterior, Guedes havia alertado o chefe da “zona sombria” de que ele se aproximada, que podia dar no impeachment.

Bolsonaro é um sobrevivente. Ouviu e respondeu ao assovio, como um cachorro.

Maia já tinha dado a letra no Roda Viva, quando declarou não ver crime nenhum em todos os crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente.

Grave foi a pedalada fiscal de Dilma, falou. Daquele voto ele não se arrepende.

Enquanto isso, mais de 100 mil mortos dão seu grito surdo num país perdido.

sábado, 15 de agosto de 2020

Mais de 20 países querem um bilhão de doses da vacina russa

Vladimir Putin anunciou esta terça-feira que o seu país registrou a primeira vacina do mundo contra o coronavírus. O Fundo de Investimento Direto da Rússia já teria recebido pedidos de duas dezenas de países.

Rússia é primeiro país a anunciar vacina pronta para fabricação

Por Cézar Xavier

No Portal Vermelho

«Vemos um grande interesse no estrangeiro pela vacina desenvolvida» pelo Centro Nacional de Investigação de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, em Moscou, e «recebemos pedidos preliminares de 20 países para a compra de mais de um bilhão de doses da vacina», disse o presidente do Fundo de Investimento Direto da Rússia, Kiril Dmitriyev.

Neste momento, ainda não são conhecidos os países que fizeram os pedidos, embora Dmitriyev tenha sublinhado que a Rússia decidiu produzir a sua vacina contra o Sars-CoV-2 em cinco países e que espera receber a aprovação para a produção do fármaco em vários estados latino-americanos em novembro.

No Brasil, o governo do estado do Paraná emitiu um comunicado oficial anunciando que se reunirá amanhã com o embaixador da Rússia para discutir uma possível parceria. Caso aprovada a negociação, o governo estadual prevê que a vacina poderia ser desenvolvida em solo nacional.

Apesar do anúncio, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) divulgou uma nota afirmando não ter sido procurada pelo laboratório russo responsável pelo desenvolvimento da vacina. Para qualquer medicação ou imunização ser aplicada e comercializada no Brasil, é necessário que mantenha registro da Anvisa.

A vacina «Sputnik V»

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou hoje o registo oficial de uma vacina russa, a primeira do mundo contra o coronavírus Sars CoV-2, responsável pela pandemia de Covid-19.

«Tanto quanto sei, foi registada esta manhã uma vacina contra o coronavírus pela primeira vez no mundo», declarou Putin no início de uma reunião por videoconferência com o governo russo.

O chefe de Estado, que agradeceu a todos os que trabalharam na vacina, afirmou que se trata de um «momento muito importante para o mundo inteiro» e pediu ao ministro da Saúde, Mikhail Murashkin, que fornecesse informação mais detalhada sobre os planos de imunização.

O presidente russo disse ainda que a vacinação da população deverá ser realizada exclusivamente de forma voluntária e precisou que a «vacina trabalha com eficácia e cria imunidade de forma estável, tendo passado todos os testes necessários», disse.

Nos ensaios clínicos, que tinham como objetivo avaliar a segurança e os efeitos da vacina no organismo, participaram 76 voluntários. De acordo com os médicos, a investigação foi um

êxito e a vacina foi considerada segura, uma vez que, no final do processo, «todos os voluntários tinham imunidade».

Yelena Smoliarchuk, diretora do centro de investigação clínica sobre medicamentos da Universidade Sechenov, afirmou que a proteção máxima é alcançada três semanas após a injeção, quando se desencadeia a resposta do sistema imunológico.

De acordo com o Ministério russo da Saúde, a nível nacional, a vacina será aplicada primeiro a médicos, professores e pessoas idosas. A mesma fonte revelou que a nova vacina – designada Sputnik V – poderá ser fabricada de forma massiva a partir de outubro e disse esperar que esteja em circulação em janeiro do ano que vem.

Questionada no Ocidente

Sobretudo no Ocidente, tem sido questionado o processo de validação da Sputnik V, com acusações de que a Rússia não está seguindo os protocolos internacionais estabelecidos.

No entanto, Vadim Tarasov, cientista da Universidade Sechenov, em Moscou, onde os testes tiveram lugar, afirmou que o país «tinha um avanço», uma vez que passou os últimos 20 anos a desenvolver capacidades na área e a tentar perceber como os vírus se transmitem.

Nikolay Briko, funcionário do Ministério da Saúde, ressaltou a mesma noção de que a vacina não foi desenvolvida a partir do nada, acrescentando que o Centro Gamaleya possuía um registro sério e significativo no que respeita à pesquisa de vacinas.

Disse que a «tecnologia de desenvolvimento de tal vacina foi aperfeiçoada. Então, talvez o processo tenha sido acelerado devido ao fato da vacina não ter sido criada do zero».

Adenovírus humanos

O principal questionamento ocidental sobre a vacina diz respeito à falta de publicação de informações científicas sobre seu desenvolvimento. Leia abaixo como Kirill Dmitriev, presidente do Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFPI), explica a mecânica da vacina russa:

Desde a década de 1980, o Centro Gamaleya tem liderado o esforço para desenvolver uma plataforma tecnológica usando adenovírus, encontrados em adenoides humanos e normalmente transmitindo o resfriado comum, como “vetores” ou veículos que podem induzir material genético de outro vírus dentro de uma célula.

O gene do adenovírus que causa a infecção é removido, enquanto um gene com o código da proteína de outro vírus é inserido. Tal elemento inserido é pequeno e é uma parte não perigosa de um vírus, sendo segura para o corpo, mas ajuda o sistema imunológico a reagir e produzir anticorpos que nos protegem da infecção.

A plataforma tecnológica de vetores baseados em adenovírus torna a criação de novas vacinas mais fácil e rápida, através da modificação do vetor transportador inicial com o material genético de novos vírus emergentes. Tais vacinas geram uma grande resposta do corpo humano com o intuito de criar imunidade, enquanto o processo total de modificação vetorial e a produção em escala piloto demora poucos meses.

Os adenovírus humanos são considerados dos mais fáceis para modificar desta maneira, portanto, eles se tornaram vetores muito populares. Desde o início da pandemia da Covid-19, o que os pesquisadores russos tiveram de fazer foi apenas extrair um gene codificador da espiga do novo coronavírus e o implantar dentro de um vetor adenoviral familiar para o colocar em uma célula humana.

Eles decidiram usar esta tecnologia já comprovada e disponível em vez de entrar por um território desconhecido. Os estudos mais recentes indicam que apenas duas doses da vacina são necessárias para criar uma imunidade prolongada.

Desde 2015, pesquisadores russos têm trabalhado no modelo de dois vetores, daí a ideia de usar dois tipos de vetores adenovirais, Ad5 e Ad26, na vacina contra a Covid-19. Dessa forma, eles enganam o corpo, que desenvolveu imunidade contra o primeiro tipo de vetor, e impulsionam o efeito da vacina com a segunda dose usando um vetor diferente.

De modo comparativo, seria como dois trens que tentam levar uma carga importante a uma fortaleza do corpo humano que necessita da entrega para produzir anticorpos. Você precisa do segundo trem para ter certeza de que a carga chegará a seu destino. Tal trem deverá ser diferente do primeiro, o qual já foi submetido ao ataque do sistema imunológico do corpo e já é conhecido deste. Desta forma, enquanto os outros desenvolvedores de vacinas possuem um trem, nós temos dois.

Usando o método de dois vetores, o Centro Gamaleya também desenvolveu e registrou uma vacina contra o ebola. Tal vacina tem sido usada por milhares de pessoas nos últimos anos, criando uma plataforma vacinal comprovada que foi usada para a vacina da Covid-19. Cerca de 2 mil pessoas na Guiné receberam injeções das vacinas do Centro Gamaleya em 2017-18, enquanto o mesmo possui uma patente internacional para sua vacina contra o ebola.

Método de dois vetores

Ambas as vacinas estão atualmente em estágios avançados de testes clínicos. Tais conquistas mostram que os laboratórios russos não perderam seu tempo nas últimas décadas, enquanto a indústria farmacêutica internacional frequentemente subestimou a importância da pesquisa de novas vacinas na ausência de ameaças globais à saúde antes da pandemia da Covid-19.

Outros países decidiram seguir nossos passos desenvolvendo vacinas baseadas em vetores adenovirais. A Universidade de Oxford, Reino Unido, está usando um adenovírus de um macaco, o qual nunca foi usado antes em uma vacina aprovada, ao contrário dos adenovírus humanos.

A companhia americana Johnson & Johnson está usando o adenovírus Ad26 e a chinesa CanSino, o adenovírus Ad5 – os mesmos vetores usados pelo Centro Gamaleya. Mas eles ainda terão de dominar a técnica de dois vetores. Ambas as companhias já receberam grandes quantidades de encomendas de vacinas de seus governos.

O uso de dois vetores é uma tecnologia única, desenvolvida pelos cientistas do Centro Gamaleya, o que diferencia a vacina russa de outras vacinas vetoriais de adenovírus em desenvolvimento ao redor do mundo. É válido ressaltar que vetores adenovirais possuem claras vantagens sobre outras tecnologias, como as vacinas mRNA.

As futuras vacinas mRNA, ainda sob testes clínicos nos EUA e em outros países, não usam vetores como transporte e representam uma molécula RNA com um código de proteína de coronavírus envolto em uma membrana lipídica. Tal tecnologia é promissora, mas seus efeitos colaterais, especialmente os impactos na fertilidade, não foram estudados em profundidade.

Nenhuma vacina mRNA recebeu por enquanto qualquer aprovação oficial no mundo. Acreditamos que, na corrida mundial por uma vacina contra o coronavírus, vacinas vetoriais adenovirais serão as vitoriosas, mas até mesmo nessa categoria a vacina do Centro Gamaleya está à frente.

As duas primeiras fases de testes clínicos foram concluídas e seus resultados serão publicados neste mês, conforme exigências internacionais. Tais documentos proverão informação detalhada sobre a vacina, incluindo os exatos níveis de anticorpos mostrados tanto por diversos testes de terceiras partes como pelo teste do proprietário Centro Gamaleya, os quais identificam os anticorpos mais eficientes no ataque à espiga do coronavírus.

Eles também mostrarão que todos os participantes dos testes clínicos desenvolveram imunidade de 100% contra a Covid-19. Estudos em hamsters sírios, animais que normalmente morrem com a Covid-19, mostraram proteção em 100% e ausência de danos nos pulmões depois de terem recebido uma dose letal da infecção.

Após o registro, os cientistas russos pretendem conduzir testes clínicos internacionais em outros três países.

Com informações de agências internacionais

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Sindicato quer quarentena de jogadores ou paralisação do Brasileirão

As três primeiras divisões do torneio já registram pelo menos 52 casos de Covid-19 entre jogadores com adiamentos frequentes de jogos já programados.

Jogadores do Grêmio entram em campo com máscaras como forma de protesto

Por Cézar Xavier
No Portal Vermelho

O Sindicato dos Atletas de São Paulo disse que poderá ir à Justiça para pedir a paralisação do campeonato brasileiro, caso o protocolo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não seja aperfeiçoado para garantir a segurança dos jogadores, comissão técnica e trabalhadores envolvidos nas partidas. Após os diversos problemas ocorridos na primeira rodada, o sindicato enviou ofício à CBF, no qual defende duas opções como solução para a realização do torneio.

A partir da orientação de seu médico consultor, Dr. Renato Anghinah, o Sindicato menciona a Alemanha como exemplo, que obrigava isolamento das equipes por até sete dias antes das partidas, com tempo para que os exames fossem feitos e os resultados, conhecidos. Outra ideia proposta pela entidade é seguir o protocolo da liga de basquete americana, a NBA, que isolou totalmente os jogadores e demais membros dos times, criando uma “bolha” em Orlando, nos Estados Unidos, para que a temporada pudesse ser finalizada.

No entendimento do sindicato, os times precisam ser isolados durante toda a disputa do Brasileirão já que, com o calendário apertado, as equipes estão disputando partidas a cada três dias, sem tempo hábil para testes precisos. A entidade lembra ainda que a logística para a realização do torneio nacional, com viagens e dificuldades geográficas, precisa ser considerada.

Diante da situação de insegurança, o Sindicato dos Atletas não descarta a possibilidade de acionar a Justiça. “Em caso de resposta negativa, para a entidade dos jogadores paulistas não restará alternativa a não ser o já conhecido caminho do judiciário”, afirma a entidade, em nota.

Protocolo falho

No documento à CBF, o sindicato menciona os casos que têm aparecido na imprensa envolvendo contágios de Covid-19 entre atletas de times de futebol, expondo fragilidade dos protocolos da entidade organizadora e protestos dos jogadores. É o caso do árbitro da Série B que viajou para apitar Ponte Preta x América e soube de teste positivo dentro do avião.

Com dois casos positivos em Manaus, o treinador Vila Nova disse que os jogadores já tinham tido o contágio antes, portanto teriam imunidade. Depois noticiou-se que o campeonato começou com 37 casos de Covid-19 em quatro jogos das Séries A, B e C, mas s CBF só adiou dois.

Dentre todas as menções, o sindicato considerou particularmente arriscado para os atletas profissionais e demais membros que compõem os times correm, o fato de quatro times da Série B serem considerados transmissores da covid-19 após jogo em AL e a constatação de 18 jogadores do CSA de Alagoas positivados.

As séries A, B e C do campeonato brasileiro, iniciadas no último sábado (8), já registram pelo menos 52 casos de covid-19 entre jogadores. Ao todo, três partidas foram suspensas pela CBF por causa do alto risco de contágio pelo novo coronavírus.

Um dos exemplos foi o São Paulo, que viajou até Goiânia e entrou em campo, no último domingo (9), para enfrentar o Goiás. Horas antes da partida, dos 26 exames realizados em jogadores do time da casas, 10 testaram positivo para o novo coronavírus, sendo oito titulares. O jogo foi suspenso.

Os casos mais recentes de contaminação aconteceram no Corinthians e no Atlético-GO. O clube paulista isolou os atletas, mas o time de Goiânia entrou com recurso na CBF para escalar os quatro jogadores que testaram positivo.

O clube justificou que os jogadores já foram contaminados anteriormente e, de acordo com o próprio protocolo elaborado pela entidade, não havia mais riscos de transmissão. Na manhã desta quarta-feira (12), a CBF aceitou a solicitação e liberou os jogadores para a partida contra o Flamengo.
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