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quinta-feira, 28 de abril de 2022

Carnaval de 2022 joga os holofotes sobre as desigualdades sociais

Foto: Reprodução da Internet

Enquanto as escolas de samba desfilavam com enredos antifascistas e antirracistas, público das arquibancadas manifestava o apoio popular à candidatura do ex-presidente. Já os gritos que partiram dos camarotes deixaram clara a preferência das elites brasileiras por Bolsonaro.

Por Mariana Mainenti

No Portal Vermelho

Presentes nas fantasias e nas alegorias, as desigualdades sociais brasileiras estiveram evidenciadas neste Carnaval no próprio público que assistiu aos desfiles. Após dois anos sem folia por conta da pandemia, agravada pela gestão Bolsonaro, as escolas de samba deram voz às minorias e Lula recebeu o apoio das arquibancadas enquanto dos camarotes ouviu-se gritos vindos dos ricos favoráveis ao atual presidente.

Em São Paulo, com o grito de “Basta!”, a arquibancada juntou-se à Gaviões da Fiel exigindo “meu lugar de fala/a voz destemida/

cabeça erguida por nossos direitos/quando o fascismo do asfalto

é opressor à militância por respeito”. Cantando que “o ventre das mazelas sociais/Ante ao preconceito vai se libertar/Vidas negras nos importam/O grito da mulher não vão calar”, a escola levantou o público. A plateia foi arrebatada ainda mais pelos versos “Meu gavião, chegou o dia da revolução/Onde a democracia desse meu Brasil/Faça o amor cantar mais alto que o fuzil”, para em seguida conclamar “Escute o meu clamor, ó pátria amada/É hora da luta sair do papel/Basta é o grito que embala o povo/

Eu sou Gaviões, sou a voz da Fiel”

Segunda a desfilar neste sábado (23), a escola fez críticas não somente ao fascismo como à escravidão, lembrando o enriquecimento dos donos de Engenho às custas da exploração de homens e mulheres. De acordo como G1, o carro abre-alas, com um enorme gavião – símbolo da escola – fez uma homenagem ao povo africano, mostrando como chegaram ao Brasil. O segundo carro teve como destaque a escultura de uma criança magra com um prato com ossos e tinha, na parte de cima, um banquete. Os participantes da escola encenaram também a moradia em cortiços e favelas, troca de tiros e morte na escadaria lateral. O carro lembrou ainda tragédias como a do menino Miguel, em Recife, e a falta de oxigênio para tratar pacientes internados com coronavírus.

O terceiro carro, que simulava um incêndio na mata e representava a devastação ambiental e resistência indígena, trouxe o cacique Raoni, líder do povo Kayapó conhecido internacionalmente pela defesa dos direitos dos povos indígenas. O quarto e último carro da Gaviões da Fiel pedia paz, e foi uma celebração às pessoas que lutaram por justiça, com homenagens a nomes como Nelson Mandela, Frida Kahlo, Mahatma Gandhi e o jogador Sócrates. Contudo, segundo informações do portal UOL, ao final do desfile da escola, houve brigas entre integrantes da torcida que estavam na arquibancada e pessoas de um camarote.

Jacaré na Avenida


Na mesma noite, a Rosas de Ouro também encantou o público com um grande ritual de cura através da fé, da magia, da ciência e, claro, do samba, após dois anos de pandemia. A escola criticou declarações do presidente Jair Bolsonaro contra a vacinação e o “transformou” em jacaré na avenida.Já a Mocidade Alegre celebrou a história da cantora brasileira Clementina de Jesus, mulher negra e referência do samba carioca. E a Águia de Ouro fez uma homenagem à cultura afro-brasileira, reverenciando Oxalá. Primeira a desfilar, a Vai-Vai também voltou ao Grupo Especial homenageando os povos africanos enquanto a Barroca Zona Sul, fez uma homenagem ao Zé Pilintra, uma entidade das religiões afrodescendentes.

Luta de classes

No Rio, o clima esquentou já no primeiro dia do Grupo Especial, quando as vozes que vieram do público refletiram a luta de classes. Segundo relata o portal Socialismo Criativo, o público da arquibancada pedia animado ‘Fora Bolsonaro’, enquanto os frequentadores dos camarotes respondiam com xingamentos ao ex-presidente Lula. No setor 3 da Sapucaí, a resposta veio com um Lulaço: “Olê, Olê, Olê, Olá, Lula, Lula…”.  

Em vídeos realizados pelo repórter da Revista Fórum, Lucas Rocha, é possível ouvir os protestos, que tiveram início quando o presidente da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) anunciou no sistema de som as escolas de samba que iriam desfilar naquela noite e a banda da Polícia Militar do Rio de Janeiro tocou o hino nacional.

Já o “filho 01” do presidente Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), foi vaiado por foliões da arquibancada ao chegar à Sapucaí. As vaias somente cessaram quando o senador pelo PL (RJ) entrou no Camarote.

Com enredo antirracista, o Salgueiro foi ovacionado. A escola teve seu grande momento quando a bateria se ajoelhou com o punho erguido. A alegoria que trazia um totem simbolizando a derrubada do racismo e outra com referências a Laíla, Marielle Franco, Moïse Kalagambe, Haroldo Costa e Mary Marinho foram destaque na apresentação.

Foto: Reprodução da Internet

A escola veio repleta de convidados, com cerca de 170 ativistas, artistas e intelectuais negros, além de um grupo de 20 refugiados de cinco nacionalidades diferentes que vivem no Rio de Janeiro. Estiveram presentes pessoas de Angola, Marrocos, República do Congo, Síria e Venezuela.

Com informações dos portais UOL, G1, Socialismo Criativo e Revista Fórum.

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Como o "voto jovem" pode influenciar as eleições deste ano

 

TSE

No Pragmatismo Político

Celebridades se engajam para estimular jovens de 16 a 18 anos a tirar título de eleitor. Segmento se afastou do processo eleitoral nos últimos anos, mas pode beneficiar Lula nestas eleições.

É um direito mas não é um dever. No Brasil, onde o voto é obrigatório, jovens de 16 a 18 anos podem se alistar para manifestarem sua vontade nas urnas — mas de forma facultativa. Em tempos de polarização e um cenário eleitoral que se desenha para uma disputa acirrada, a mobilização para que essa faixa etária também vote passou a ser bastante enfatizada.

Nos últimos dez anos, a participação do jovem eleitor no Brasil caiu de 4 milhões para menos de 900 mil pessoas, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para conter essa queda, o próprio órgão tem investido em tecnologia. Por um lado, o alistamento eleitoral está mais simples e pode ser feito de forma online, em um processo que leva menos de 10 minutos.

Por outro, a comunicação também foi pensada para alcançar diretamente a esse público. O TSE criou uma campanha chamada Bora Votar que usa de hashtags e mobiliza diretamente em redes sociais, com uma linguagem segmentada e fácil. Um hotsite específico está no ar com orientações a respeito.

Para participar do processo eleitoral de 2022, é preciso estar com o título em dia até 4 de maio. Adolescentes com 15 anos podem se alistar, desde que tenham 16 anos completados antes do primeiro turno — marcado para 2 de outubro.

Nas últimas semanas, artistas, influenciadores digitais e outros formadores de opinião também passaram a incentivar a participação dos jovens. “Vejo com bons olhos essas campanhas de mobilização e elas podem interferir no resultado das eleições, já que os jovens são sensíveis ao apelo dos artistas, sobretudo quando a opinião não é no sentido de ‘vote em determinado candidato’, mas em algo mais amplo, por exemplo ‘vote contra o governo Bolsonaro’“, avalia a cientista política Camila Rocha, autora do livro Menos Marx, Mais Mises – O Liberalismo e a Nova Direita no Brasil.

De acordo com pesquisa Exame/Ideia divulgada na última segunda (18), essa mobilização vem dando resultados, já que 9 em cada 10 adolescentes entre 16 e 17 anos ouvidos afirmaram pretender votar na próxima eleição. Levantamentos recentes indicam que o cenário favorece atualmente o principal candidato de oposição ao atual presidente Jair Bolsonaro (PL), ou seja, o ex-presidente Lula da Silva (PT).

Na última pesquisa divulgada pelo instituto PoderData, a preferência do eleitorado jovem — entre 16 e 24 anos — era de 51% para o petista, frente a 29% para o atual presidente. “Os mais jovens tendem a defender pautas mais progressistas, como sustentabilidade e meio ambiente, diversidade e inclusão, além de algumas pautas sociais de forma difusa“, analisa o cientista político Leonardo Bandarra, pesquisador do German Institute of Global and Area Studies (Giga), em Hamburgo.

Adesão recente

Com o apelo de celebridades como a cantora Anitta e o youtuber Felipe Neto, e a intensificação das campanhas do TSE — que chegou a promover um tuitaço para engajar os jovens —, os números de alistados para votar melhoraram significativamente no último mês. Apenas em março, foram 290 mil os adolescentes que tiraram o título, um aumento de 45% em relação ao mês anterior.

Rocha acredita que esse afastamento seja em virtude de uma visão que os próprios jovens têm de si, como “pouco aptos” e “desconhecedores da política”. “Foi o que indicou uma pesquisa que fiz no ano passado em conjunto com a professora [socióloga] Esther Solano e outros pesquisadores latino-americanos. O próprio contexto da política institucional afasta os jovens, que não se veem representados pela política e tudo acaba convergindo para uma diminuição do interesse“, afirma.

Para o jurista e cientista político Enrique Carlos Natalino, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), o desinteresse do jovem é consequência também da falta de formação escolar, já que não há no currículo nenhuma disciplina voltada à “capacitação no sentido de entender o funcionamento da democracia e como exercer a cidadania“.

“Também acredito que esses jovens, já imersos no mundo digital, não se identificam com o processo político formal que ainda se organiza em partidos políticos hierarquizados e poucos abertos à horizontalidade“, acrescenta ele.

Professora na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a socióloga e cientista política Mayra Goulart enfatiza que há “um desgaste da política tradicional e dos partidos políticos”. “Isso vem no bojo de um discurso de negação da política, que vê a política como uma coisa corrupta e condenável. Ou mesmo como um lugar de briga e de desavenças. Cada vez mais é comum pessoas falarem ‘eu não comento sobre política’“, contextualiza ela.

A professora ressalta que no cenário polarizado vivido pela sociedade brasileira atual, muitas vezes o jovem prefere se abster da politização para evitar conflitos familiares. “A política vem sendo vista como vilã. Isso é terrível, porque afasta as pessoas dessa esfera, a única esfera que o cidadão tem para transformar os rumos do país“, acrescenta.

terça-feira, 26 de abril de 2022

No Brasil, 44% da população não lê e 30% nunca comprou um livro, diz Rafael Guimaraens

Rafael Guimaraens, um escritor e editor de seu tempo - Larissa Ferreira


Walmaro Paz

No Dia Mundial do Livro, o escritor comenta o desafio de escrever e editar em um país que não lê.

Brasil de Fato

Rafael Guimaraens começou como jornalista transitando por várias redações, entre elas a do lendário Coojornal, virou assessor de imprensa e descobriu-se escritor para, em nova autodescoberta, tornar-se editor, ao lado de sua companheira Clô Barcellos. É a dobradinha que, pilotando a editora Libretos, há mais de 20 anos escava, esmiuça e mapeia a história política, social e cultural de Porto Alegre.

Nesta jornada, todos nós ficamos sabendo mais sobre a enchente que arrasou a cidade em 1941, a efervescência local do movimento estudantil sob a ditadura, o levante dos gaúchos contra o fracassado golpe militar urdido pelos militares contra João Goulart em 1961, a trajetória dos teatros de Arena e de Equipe, a epopéia de quatro anarquistas que assaltaram uma casa de câmbio em 1911 deixando a provinciana capital em polvorosa e muitos outros episódios, instituições e personagens.

Para marcar o Dia Mundial do Livro, 23 de abril, o Brasil de Fato RS conversa com Rafael Guimaraens. Na pauta, o duplo ofício de escritor e editor, o baixo índice de leitura nacional, a ascensão dos e-books, a extinção das políticas de apoio ao livro, a privatização acelerada dos espaços públicos de Porto Alegre, o apagamento seletivo da memória da cidade e os ataques à Cultura no país.

Brasil de Fato RS - Que papel tem o livro na sua vida?

Rafael Guimaraens - Cresci num quarto com uma estante de livros que ocupava toda a parede, que pertenceram ao meu avô, o poeta Eduardo Guimaraens, e ao meu pai, jornalista e intelectual. Com tantos livros, aprendi a ler sozinho, aos quatro anos. Desde então, houve época em que eu lia muito e outras em que eu lia menos, por falta de tempo. Trabalhei como jornalista, mas só comecei a escrever livros depois dos 40 anos. Hoje, estou sempre envolvido em projetos literários. Termino um livro e já tenho outro em mente, e isso tem sido a minha vida.

“Vemos os influencers produzindo conteúdos irrelevantes para milhões”

BdF RS - Na história da humanidade, o livro teve o papel de guardar a memória e contar as histórias dos que os escreviam, mas o acesso era restrito porque se tratavam de manuscritos. Com o advento da imprensa houve uma democratização da leitura?

Rafael Guimaraens – O livro é um fabricante de memória, assim como os jornais. A questão da efetiva democratização da informação, nos dois casos, é mais complicada. Os livros ainda são restritos e os jornais, no caso do Brasil, são vinculados a grupos com interesses econômicos e políticos bastante específicos. Muitas vezes, misturam a informação jornalística, que é de interesse público, com os interesses do proprietário. Talvez por isso estejam perdendo leitores

para as redes sociais, o que é preocupante. Vemos os tais influencers, muitos sem qualquer preparo, produzindo para milhões de pessoas conteúdos irrelevantes, que muitas vezes reforçam preconceitos, ou atuam na área da fofoca e do culto a celebridades fabricadas pelos escritórios de gestão de imagem.

BdF RS - Como define a tarefa de editar livros em um país que não lê?

Rafael Guimaraens – Um desafio enorme. Estamos sempre atentos ao segundo “L”, o da Leitura, ou seja, o acesso ao livro como direito de cidadania. Participamos de feira, realizamos doações a bibliotecas comunitárias, promovemos ações de contação de histórias e, para cada livro lançado, realizamos eventos abertos sobre o tema tratado. Também procuramos manter uma política de preços mais acessíveis, mesmo que isso signifique diminuição da nossa margem. E, como editora, nos envolvemos em ações promovidas por entidades da área e frentes parlamentares em defesa do livro.

 No Brasil, 30% da população nunca comprou um livro na vida”

BdF RS - De acordo com a publicação Retratos da Leitura no Brasil, 52% (ou 100,1 milhões de pessoas) dos brasileiros, dedica-se à leitura, sendo a bíblia e jornais os mais lidos. A que se deve esse percentual aquém do ideal?

Rafael Guimaraens – É baixíssimo. Por exemplo, os franceses leem 21 livros por ano, cinco vezes mais do que os brasileiros. No Brasil, 44% da população não lê e 30% nunca comprou um livro na vida. E o pior: o país vem perdendo leitores a cada nova pesquisa.

O estímulo à leitura só pode ser feito através de políticas consistentes de acesso, redução do preço de capa, estímulo a programas de leitura nas escolas e comunidades, incentivo a bibliotecas, promoção de eventos. Essa é uma tarefa da sociedade e do poder público, que, obviamente, não será assumida pelo atual Governo. Não vamos esquecer as palavras do atual mandatário a respeito dos livros didáticos: “Um montão de amontoado de muita coisa escrita”.

“Parece que a cidade perdeu sua alma”

BdF RS - A pesquisa aponta também Porto Alegre como a 14ª capital no quesito leitura, mesmo abrigando a maior feira a céu aberto da América Latina. A que se atribui isso?

Rafael Guimaraens  – É um dos efeitos do processo de apagamento da memória do período áureo que a cidade vivenciou durante a década de 1990 e início dos anos 2000, quando Porto Alegre chamava a atenção do mundo por soluções democráticas originais que combinavam participação popular com maior qualidade de vida, com ênfase na Cultura.

Para os interesses econômicos que passaram a mandar na cidade, era necessário desmobilizar a cidadania, através de um lento e proposital esvaziamento dos processos de participação popular, o sucateamento dos órgãos de defesa do meio ambiente e a extinção de políticas culturais de apoio aos artistas e democratização da Cultura – cito, como exemplo o fim do Fumproarte (Fundo Municipal de Apoio à Produção Artística e Cultural).

Fico com a impressão de que a cidade foi anestesiada por uma sucessão de ações desmobilizadoras das administrações seguintes, que, embora de partidos diferentes, seguiram e seguem a mesma política. Parece que a cidade perdeu sua alma. Aquela cidadania viva, atuante e participativa tornou-se desanimada e conformista. Evidentemente que há bolsões de resistência, especialmente pelo trabalho dos artistas, dos lutadores sociais, e a transformação da cidade, na minha opinião, passará por eles.

 “Estamos vendo coisas que nem a mente mais tresloucada poderia imaginar”

BdF RS -  "Quando ouço alguém falar em cultura, puxo o meu revólver". A frase atribuída tanto a Himmler quanto a Goebbels, ministros de Hitler, ganhou uma atualização inesperada com a decisão da Secretaria da Cultura de Bolsonaro de recomendar o uso da Lei Rouanet para incentivar a adoção de armas pela população como acaba de ser denunciado. Qual a sua opinião enquanto escritor e editor?

Rafael Guimaraens – “Abaixo a inteligência, viva la muerte!”, diziam os fascistas espanhóis. Essa proposta é uma caricatura bizarra e indecente deste governo, a Cultura instrumentalizada não para o prazer e o esclarecimento da cidadania, mas para estimular a indústria da morte. Estamos vendo coisas que nem a mente mais fértil e tresloucada poderia imaginar. Me parece que na reta final, Bolsonaro toma medidas ou faz acenos para, mesmo que não ganhe a eleição – e não ganhará -, consolidar o bolsonarismo como força política. Este será seu único e indesejável legado para a História do Brasil.

BdF RS - Como foi ser escritor nesses dois anos de pandemia?

Rafael Guimaraens – Meus livros têm o perfil de construção da memória. Assim, no meu caso, além da revolta, como cidadão, por assistir, impotente, ao extermínio de milhares de cidadãos pela covid somada à irresponsabilidade criminosa do governo, a pandemia dificultou o acesso aos locais de pesquisa.

BdF RS – Qual o papel do livro em sua vida? Fale também sobre a sua parceria com a Clô Barcellos na editora Libretos.

Rafael Guimaraens - A Libretos foi criada há pouco mais de 20 anos e se mantém no mercado como uma editora reconhecida por seu catálogo de obras relevantes. Ao longo deste tempo, busca se aperfeiçoar, principalmente por iniciativa da Clô, que está sempre ligada nas questões do mercado editorial. Não editamos todos os livros que gostaríamos, mas todos os que editamos nos orgulham. A Clô dirige a Libretos e é responsável pelo design de quase todos os livros que publicamos neste período – e já são mais de duzentos. Além disso, me garante todas as condições para que eu possa trabalhar com tranquilidade.

 Uma assinatura de streaming custa metade do preço de um livro”

BdF RS - Neste século, com as novas mídias, o papel do livro continua o mesmo?

Rafael Guimaraens – O papel do livro é o mesmo: uma fonte de prazer que provoca a reflexão e estimula a imaginação de forma mais completa do que outras formas de expressão artística. Em relação às outras mídias, bem, e-book é livro. Em outro formato, mas é livro. Sua evolução, de início, foi mais lenta do que o anunciado, mas cresceu muito durante a pandemia. Hoje, vende-se um e-book a cada 42 livros no Brasil, mas três anos atrás a relação era um e-book para cada 95 livros físicos vendidos.

Os leitores jovens, em geral, estão aderindo ao livro digital, portanto é natural que essa relação se torne equilibrada. Além disso, o livro físico enfrenta um momento delicado. Os custos gráficos aumentam em patamares superiores à inflação. No caso do papel, estão vinculados ao dólar – e essa é uma vantagem dos digitais. O preço de capa do livro físico não consegue acompanhar os custos, pois as vendas diminuiriam. Tivemos um momento grandioso em 2005, com a Lei do Livro que desonerou o IOF (12%) da cadeia produtiva do livro e provocou um aumento excepcional no número de obras editadas e nas vendas de livros. Essa iniciativa do Governo Lula era complementada com uma série de iniciativas de estímulo à cadeia dos três “L”s (livro-economia, leitura-direito de cidadania, literatura-estímulo aos escritores).

Em relação a outras mídias de entretenimento, há uma relação desigual. Por exemplo, a mensalidade de uma assinatura de streaming, em muitos casos, é a metade do preço de um livro. Em outros países com mais tradição, o livro sobrevive com vigor. No Brasil, sem uma ação governamental mais consistente, o problema do livro irá se agravar.

 A paisagem da cidade vem sendo violentada por uma enxurrada de torres e espigões”

BdF RS - Seus livros trazem como ambiente a cidade de Porto Alegre. A cidade está passando por transformações, com a orla sendo renovada, a Redenção ganhando um espaço gourmet, o centro cultural do Gasômetro abandonado, o anúncio da demolição do anfiteatro Por do Sol, o encaminhamento das privatizações do DMAE e da Carris. Como vê este momento em que os projetos da cidade em andamento são aqueles que envolvem a iniciativa privada?

Rafael Guimaraens - Porto Alegre, na minha opinião e na de muita gente, está sendo descaracterizada de forma abrupta e acelerada. A paisagem da cidade vem sendo violentada por uma enxurrada de torres e espigões que põem abaixo o casario tradicional da cidade e sequestram da população as paisagens mais nobres, deixando os graves problemas da cidade à sua sombra.

Aos exemplos mencionados na pergunta, acrescento a situação do Cais do Porto, a área mais importante da cidade do ponto de vista histórico, fechado há mais de dez anos, com seus armazéns abandonados pelo descaso e sendo corroídos pela ferrugem. Este é o resultado de uma privatização irresponsável na qual o poder público cedeu a área, não se sabe em troca de quê, para a instalação de torres e de um shopping center no local. O projeto fracassou e a carta de concessão do cais tornou-se uma espécie de moeda, passando de mão em mão para grupos cada vez mais desqualificados e sem compromisso com o patrimônio histórico. A prometida revitalização transformou o Cais em escombros. O governo estadual foi obrigado a retomar a área, a contragosto, mas não adotou nenhuma iniciativa no sentido de recuperá-la. O Cais Embarcadero, instalado entre o Cais e a Usina é uma espécie de maquiagem para esconder a colossal incompetência para enfrentar o problema.

Qual a cidade do mundo que permitiria que seu cartão postal, um de seus espaços mais importantes, fosse tratado desta forma? O movimento Cais Cultural Já é uma iniciativa importante no sentido forçar a abertura os portões e destinar a área para atividades artísticas e da economia solidária, o que, na minha opinião, é uma solução natural e inteligente.

“ Hoje, não se proíbe a impressão, mas se extingue políticas de apoio ao livro”

BdF RS - O Brasil tem uma história de proibição e da impressão e da manutenção do analfabetismo como política de governo durante a maior parte de sua história. O que representa isso na indústria do livro?

Rafael Guimaraens – Manter o povo na ignorância é o recurso mais óbvio utilizado pelos dominadores. Hoje, não se proíbe a impressão, mas se extingue políticas de apoio ao livro, como, por exemplo, o fim ou a redução das compras de livros pelo governo, que garantiam o acesso dos leitores e devem fôlego às editoras. Aliás, a extinção do Ministério da Cultura – ou sua transformação em secretaria no âmbito do Ministério do Turismo -  demonstra o enorme receio dos governos déspotas em relação à potência da Cultura como ferramenta para o esclarecimento das massas.

BdF RS – O que está lendo no momento?

Rafael Guimaraens – Estou lendo Quatorze camelos para o Ceará, do jornalista Delmo Moreira, e recomendo com muito entusiasmo.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Ayrton Centeno

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Forças Armadas estão sendo usadas para descreditar processo eleitoral, diz Barroso

 

TSE - Divulgação

Para o ministro, o desfile de tanques é exemplo de intenção intimidatória e que, desde 1996, o processo eleitoral não tem nenhum episódio de fraude.

Lourdes Nassif

lourdesnassifggn@gmail.com

No GGN

Há uma tentativa de levar as Forças Armadas ao ‘varejo da política’, disse o ministro Luís Roberto Barroso ao participar de seminário neste domingo. O ministro vê uma tentativa de usar as FA para atacar o processo eleitoral e que o país vê a ascensão do populismo autoritário.

Barroso pontua que os comandantes militares devem evitar a contaminação, e lembra que os representantes das Forças Armadas foram convidados pelo TSE para participarem do processo de fiscalização das urnas.

Para o ministro, o desfile de tanques é exemplo de intenção intimidatória e que, desde 1996, o processo eleitoral não tem nenhum episódio de fraude.

Outro ponto destacado é que é preciso estar atento com a politização das Forças Armadas, pois que é um risco real para a democracia. Colocou-se como crítico ferrenho da ditadura e que, nesses 33 anos de democracia não houve notícia ruim vindo das Forças Armadas.

Mas agora o quadro mudou, com Bolsonaro tentando jogar as Forças Armadas no ‘varejo da política’. Sua expectativa é de que as FA não se deixem seduzir e que o profissionalismo e o respeito às instituições prevaleçam.

O ministro evitou comentar sobre o indulto a Daniel Silveira e disse que o caso deverá voltar para a Corte. E que não pode opinar antes disso.

Barroso ainda falou sobre desinformação e instituições brasileiras aos estudantes brasileiros que moram na Alemanha. No entanto, falou de forma ampla, evitando associações com o Brasil.

Mas enfatizou que o Brasil é um dos países que passa pela ascensão do ‘populismo autoritário’ e que hoje o país passa por um momento de desprestígio internacional com o governo Bolsonaro.

Com informações de O Globo.

terça-feira, 19 de abril de 2022

No Brasil e no mundo, os povos se levantam contra a carestia

 


Tarda ao Brasil lembrar de um passado, nem tão distante, em que nos anos 1970 e 1980 – ainda na ditadura – mulheres da periferia se levantaram e enfrentaram a carestia e o medo dos militares

Por Antonio Pedro (Tonhão)

No Portal Vermelho

O mês de março trouxe mais uma triste notícia ao povo e aos trabalhadores brasileiros. A inflação bateu em 1,62%, a maior dos últimos 28 anos (para o mês), desde 1994, quando foi criado o Plano real. Como para esse governo, “desgraça pouca pro povo é bobagem”. O presidente do Banco Central, Roberto Campos, já avisou que a inflação, prevista de 4,7% para 2022 vai estourar o teto da meta, de 5%, e deve chegar a 7,1% no fim do ano. Para o espanto de todos, Campos disse estar surpreso com a inflação. Se ele fosse a um supermercado ou feira, como qualquer trabalhador, saberia que isso virou rotina.

Tarda ao Brasil lembrar de um passado, nem tão distante, em que nos anos 1970 e 1980 – ainda na ditadura – mulheres da periferia se levantaram e enfrentaram a CARESTIA e o medo dos militares para exigir controle de preços dos gêneros de primeira necessidade e aumento de salários para seus companheiros – operários, cujo sindicatos estavam na ilegalidade. Foi uma década – entre 1973 e 1982 – de organização na base que trouxe muito aprendizado do “saber e fazer” popular. Um levante precisa acontecer novamente para o despertar do povo.

O Brasil vivencia uma crise social pior que a do Peru. Lá, por muito menos, o povo já saiu às ruas, houve confrontos com a polícia e pelo menos cinco pessoas morreram. A carestia dos alimentos e combustíveis foi o estopim para a revolta, inclusive da classe média, que não viu seus salários acompanharem a inflação. Embora seja um governo progressista, não conseguiu ainda se livrar de pilares neoliberais que retiram as riquezas do país e mantem a desigualdade.

Na Ásia, Oriente Médio, América do Sul e Europa, o povo não quer mais pagar a conta da crise capitalista. Os motivos que estão levando países como Peru, Sri Lanka, Paquistão e Grécia a revoltas populares, inclusive derrubando governos, são mais ou menos os mesmos: inflação descontrolada de itens básicos como energia, gás, combustíveis e alimentos, somados a não correção e aumento dos salários.

Essas tensões não ficarão limitadas a esses países. No Brasil, a situação se torna a cada dia mais insustentável, uma vez que o governo Bolsonaro só agrava a crise.

segunda-feira, 18 de abril de 2022

Araguaia: como o Exército tentou ocultar o extermínio dos comunistas

 


Manto de sigilo imposto pelas Forças Armadas sobre o extermínio da Guerrilha do Araguaia permanece até hoje, 50 anos depois.

Laura Petit da Silva perdeu três irmãos na ditadura militar. Lúcio, Jaime e Maria Lúcia eram militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e, em 1970, juntaram-se ao núcleo da luta armada que ficou conhecido como a Guerrilha do Araguaia, no Norte do país. Formado por cerca de 70 combatentes, o grupo foi dizimado pelos militares, que jamais informaram o destino dos mortos. Os irmãos Petit eram considerados desaparecidos até que, há 25 anos, uma reportagem do jornal O Globo revelou a foto do corpo de Maria Lúcia com um saco na cabeça.

“Nós sabíamos que ela tinha sido executada numa emboscada em junho de 1972, porque uma pessoa próxima nos contou seis meses depois. Mas não sabíamos que o Exército tinha anotações e fotografias da minha irmã morta. Eles assassinaram Maria Lúcia e esconderam o corpo”, desabafa Laura, que luta para encontrar as ossadas de Jaime e Lúcio. “É lamentável nosso país ter tanto desprezo pelos direitos humanos e continuar torturando as famílias dos mortos na ditadura. Vivemos um luto sem fim, sem poder sepultar nossos parentes.”

O manto de sigilo imposto pelas Forças Armadas sobre o extermínio da Guerrilha do Araguaia permanece até hoje. Em 2010, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Brasil a investigar a operação do Exército que, entre 1972 e 1975, erradicou o movimento. A sentença determinou que o Estado deveria esclarecer as responsabilidades e aplicar as sanções pela “detenção arbitrária, tortura e desaparecimento forçado de 70 pessoas”. Mas muito pouco foi feito.

Dados mais relevantes foram revelados pelo trabalho extraoficial de jornalistas, parentes de mortos, pesquisadores ou mesmo de militares da reserva decididos a contar o horror do qual foram cúmplices. Ainda assim, quase 50 anos após campanha do Exército no Araguaia, apenas duas ossadas de combatentes mortos descobertas na região foram identificadas.

Trata-se de um dos capítulos mais violentos da ditadura militar. Oriundos de diferentes partes do Brasil, os militantes do PCdoB começaram a chegar, no fim dos anos 60, à região conhecida como Bico do Papagaio, entre os estados do Pará, Maranhão e Goiás, por onde passa o Rio Araguaia. Habitado por famílias de lavradores que viviam na miséria, trabalhando em fazendas de latifundiários, o local era considerado ideal para se iniciar uma revolução contra o governo militar. Os guerrilheiros, na maioria ex-estudantes universitários na casa dos 20 anos de idade, instalaram-se abrindo pequenos estabelecimentos, dando aulas para analfabetos, fazendo atendimentos médicos e exercendo diversas outras atividades.

Durante anos, os “paulistas”, como eram chamados pelos locais, criaram vínculos com os moradores, enquanto realizavam treinamentos na selva e faziam propaganda política em pequenas reuniões. Estavam espalhados por uma área de 6.500 quilômetros quadrados, divididos em três destacamentos (A, B e C). Mas, pouco numerosos e com armamento tímido, eles ainda se preparavam para sua revolução quando foram descobertos, no início de 1972, após a prisão e tortura de um guerrilheiro que abandonara a mobilização meses antes e com

as informações fornecidas por outra militante, Lúcia Regina Martins, mulher de Lúcio Petit, que também havia deixado a selva, grávida e com problemas de saúde.

Em abril de 1972, há 50 anos, as primeiras tropas chegaram ao Araguaia para combater a guerrilha, perto das cidades de Xambioá, no Norte do território que é hoje o Tocantins, e Marabá, no Pará. Mas, como os militantes estavam já bastante treinados e ligados à comunidade, e como os soldados eram inexperientes naquele tipo de batalha, foram necessárias três grandes operações envolvendo milhares de homens, durante dois anos, até que a guerrilha fosse derrotada. Na campanha, o Exército cooptou camponeses por meio de recompensas e represálias.

Foram usados armamentos pesados, como bombas incendiárias lançadas em locais da selva onde investigações apontaram acampamentos revolucionários. Prisioneiros foram torturados e mortos. Houve até mesmo decapitações. Entre os militares, estima-se em dez o número de mortos durante confrontos.

Em 1975, as Forças Armadas começaram uma operação de ocultação dos fatos, sob ordens do então presidente, Ernesto Geisel. Mais de 60 guerrilheiros haviam sido mortos, a maioria deles após a prisão. Seus corpos foram retirados das covas rasas e incinerados, assim como farta documentação. O trabalho foi feito de forma tão meticulosa que, até hoje, apenas duas ossadas foram descobertas e identificadas. Cerca de 50 guerrilheiros mortos ainda são considerados “desaparecidos políticos”.

“A campanha militar do Araguaia rompeu até mesmo com o verniz de legalidade que a ditadura criou para promover sua repressão”, diz a historiadora Maria Cecília Vieira de Carvalho, que esteve na região acompanhando um grupo de trabalho da Comissão Nacional da Verdade (CNV), em 2012, e, mais tarde, elaborou a dissertação de mestrado “Não façam prisioneiros! O combate e o extermínio da Guerrilha do Araguaia”, da UFMG. “Por isso, o Exército mantém esse silêncio até hoje.”

Mais de 20 anos depois do extermínio da guerrilha, um militar decidiu que aqueles eventos não podiam mais ficar escondidos. Sem se identificar publicamente, ele entregou um caixote cheio de papéis ao jornal O Globo. Durante meses, uma equipe de repórteres se debruçou sobre as informações, dividindo-se em tarefas. No dia 28 de abril de 1996, o diário começou a publicar a série de reportagens que trouxe, pela primeira vez, documentos do Exército sobre os mortos do Araguaia. Eram fotografias, fichas com dados pessoais e anotações feitas a mão por membros das Forças Armadas. O conteúdo provava que muitos dos “desaparecidos” haviam sido presos, antes de “sumirem” quando estavam sob custódia do Estado.

“Até hoje, há muita falta de informação sobre a Guerrilha do Araguaia, mas, na época, era um assunto ainda mais obscuro. A reportagem revelou documentos do próprio Exército sobre o que aconteceu naquele episódio”, conta a jornalista Adriana Barsotti, que assinou a série de reportagens com Amauri Ribeiro Jr., Aziz Filho, Cid Benjamin e Consuelo Dieguez. “Peguei as fotos e fui batendo de casa em casa para falar com as famílias de desaparecidos e ver se eles identificavam seus parentes nas imagens.”

O trabalho, que ganhou o Prêmio Esso de Reportagem de 1996, contou, entre outras, a história de Maria Lúcia Petit, morta com um tiro no peito logo no início da campanha militar no Araguaia, em junho de 1972. Em 1991, parentes de desaparecidos começaram escavações no cemitério de Xambioá, onde uma ossada foi descoberta e enviada à Unicamp, que já trabalhava na identificação de restos mortais descobertos na Vala de Perus, em São Paulo. Entretanto, mesmo com os vários pedidos de Lúcia Petit, irmã da guerrilheira, a identificação da ossada só foi realizada após a publicação da reportagem. A perícia confirmou que os restos mortais eram de Maria Lúcia, e a família pôde, então, sepultar a ex-professora primária, num cemitério em Bauru, onde morava a sua mãe.

“Tudo o que joga luz sobre aquele período de trevas do País ganha muita importância, porque ajuda a construir partes da História que os militares tentaram esconder”, comenta o jornalista Aziz Filho. “A reportagem contou as histórias de pessoas que tinham morrido combatendo a ditadura. Eram jovens que deixaram suas vidas nas cidades em função de um ideal.”

Desde a redemocratização, diversos trabalhos tiraram do breu tudo o que se tem ciência hoje sobre o Araguaia, transpondo barreiras impostas até hoje pelas Forças Armadas. Em alguns casos, foram os próprios militares que decidiram revelar o que sabiam.  Em 1993, o então coronel da reserva Pedro Corrêa dos Santos Cabral lançou o livro Xambioá – Guerrilha no Araguaia, no qual ele relata como pilotou um helicóptero com a missão de ocultar corpos de combatentes mortos.

Em 2019, o também jornalista Eduardo Reina lançou Cativeiro sem Fim, tirando do silêncio o drama de pessoas que eram crianças quando foram sequestradas por militares durante a campanha no Norte do Brasil. São filhos e filhas de camponeses e guerrilheiros arrancados de suas famílias e criados por pessoas ligadas às Forças Armadas, em cidades distantes do Araguaia.

“No livro, conto sobre uma ação do Ministério Público Federal (MPF) que chegou a flagrar integrantes do Exército indo à casa de moradores do Araguaia, recentemente, para impedi-los de revelar informações sobre os mortos nos anos 70”, diz Reina, que ficou 20 dias na região do Araguaia, pesquisando para o livro. “Senti que ainda há muito receio das pessoas de falar sobre aquela época, mesmo depois de quase 50 anos. Eles ainda temem represálias dos militares.”

Com informações do Blog do Acervo

Via – Portal Vermelho

quarta-feira, 13 de abril de 2022

A imortalidade do músico Gilberto Gil na Academia Brasileira de Letras

 

Fernanda Montenegro na posse de Gilberto Gil na Academia Brasileira de Letras.

Músico e compositor assume a cadeira 20 da ABL criticando a hostilidade do governo contra artistas e a cultura.

No Portal Vermelho

O cantor, compositor e ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil, foi empossado hoje como novo ocupante da cadeira 20 da Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo ao jornalista e advogado Murilo Melo Filho. Gil foi recebido na ABL pelo também acadêmico Antonio Carlos Secchin.

Em seu discurso de posse, o imortal afirmou que a Academia Brasileira de Letras é a Casa da Palavra e da Memória Cultural do Brasil. “E tem uma responsabilidade grande no sentido de fortalecer uma imagem intelectual do país que se imponha à maré do obscurantismo, da ignorância, e demagogia de feição antidemocrática. Poucas vezes na nossa história republicana o escritor, o artista, o produtor de cultura, foram tão hostilizados e depreciados como agora”, denunciou, para aplausos da plateia.

“Há uma guerra em prol da desrazão e do conflito ideológico nas redes sociais da internet, e a questão merece a atenção dos nossos educadores e homens públicos. A ABL tem muito a contribuir nesse debate civilizatório. E eu gostaria, aqui, de colaborar para o debate, em prol da cultura e da justiça”.

Gil disse que, entre as tantas honrarias que a vida lhe proporcionou, entrar na ABL tem uma dimensão especial. “Não só porque a ABL é a casa de Machado de Assis, escritor universal, afrodescendente como eu, mas também porque a ABL representa a instância maior, que legitima e consagra, de forma perene, a atividade de um escritor ou criador de cultura em nosso país. Sou filho de uma professora primária e um médico. A eles devo o meu amor às letras e música. A imagem dos meus pais está comigo nessa noite e sua memória para mim é uma benção”, disse.

Em outro trecho Gil citou as alegrias e perdas ao longo da vida: “Tive grandes êxitos e alegrias nesta vida, mas também muitas tristezas, a maior e mais dolorosa, a perda do meu filho Pedro Gil. Mas não desanimo e é preciso resistir sempre. Apesar dos tempos politicamente sombrios que vivemos aposto na esperança contra a treva física e moral. Que haja ao menos a chama de uma vela até chegarmos a toda a luz do luar”.

Apesar de dizer que não cantaria, Gil acabou cantando durante o discurso, os versos: “Se a noite inventa a escuridão, a luz inventa o luar. O olho da vida inventa a visão, doce clarão sobre o mar”.

terça-feira, 12 de abril de 2022

Nuvem estranha no Alasca desperta teorias que vão de ovnis a ataque russo

 No UOL

Uma nuvem vertical de formato cilíndrico, fotografada acima de uma montanha no Alasca, nos Estados Unidos, despertou uma série de especulações nas redes sociais. Entre as teorias estavam um possível acidente de avião, a queda de um Ovni (Objeto Voador Não Identificado), uma erupção vulcânica e até um ataque de míssil russo, relacionado ao conflito com a Ucrânia no leste europeu. A nuvem "estranha" foi vista na quinta-feira (7) sobre a Lazy Mountain, no Alasca, e virou tema de debate em um grupo do Facebook dedicado à cidade de Palmer —o Palmer Alaska Buzz.

Investigações de autoridades locais, no entanto, indicaram que a nuvem deve ter sido formada a partir de um grande jato comercial que estaria voando na área quando fotos e vídeos foram feitos. Conforme o Alaska State Troopers —um dos órgãos que investigou o fenômeno— as fotos e os vídeos mostraram "um rastro do jato comercial, combinado com o sol nascente, que juntos causaram a visão atmosférica única". O órgão informou ainda que não houve relatos de acidentes com aeronaves no local —uma das teorias levantadas. "Uma equipe de resgate em um helicóptero voou em uma missão ao redor da área de Lazy Mountain esta manhã [quinta-feira] e não localizou nada suspeito e não havia sinais de aeronaves caídas," acrescentou.

segunda-feira, 11 de abril de 2022

14a. semana termina com queda de 17% nas mortes e 4% nos contágios

 

Ensaio técnico de escola de samba para os desfiles que ocorrem após um ano de atraso pela pandemia, a partir do próximo final de semana.

Queda constante há cinco semanas animou governos a flexibilizar protocolos sanitários que permitem a realização de desfiles de carnaval, shows e jogos. Apesar disso, variante BA2 da ômicron avança com alarme sobre EUA e Europa, antes de chegar ao Brasil.

Por Cezar Xavier

No Portal Vermelho

Brasil registrou neste sábado (9) 98 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, totalizando 661.220 desde o início da pandemia. Os números são do Ministério da Saúde.

Com isso, a média móvel de mortes nos últimos 7 dias é de 154, abaixo da marca de 200 pelo oitavo dia e a mais baixa desde 16 de janeiro.

Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de -35%, tendência de queda nos óbitos decorrentes da doença. O cálculo da média é do consórcio da imprensa.

No fechamento desta 14a. semana epidemiológica de 2022, a queda de 17,38% nos óbitos tem sido constante em relação às semanas anteriores.


O país registrou 21.229 novos diagnósticos de Covid-19 em 24 horas, completando 30.145.92 casos conhecidos desde o início da pandemia. Com isso, a média móvel de casos nos últimos 7 dias foi de 20.833, variação de -31% em relação a duas semanas atrás.

A queda total de contágios em relação à semana anterior foi de apenas 4,42%, embora se mantenha constante há cinco semanas.


Em seu pior momento, a média móvel superou a marca de 188 mil casos conhecidos diários, no dia 31 de janeiro deste ano.

Situação nos estados

Distrito Federal, Rio de Janeiro e Roraima não divulgaram boletim neste sábado. Acre, Amapá, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia e Tocantins não registraram mortes por Covid em 24 horas.

A maioria dos estados continua em desaceleração no número de mortes. Apenas estados do Norte e Nordeste (RN, AC, CE) , com população menor, apresentam alta, pois cada óbito acaba tendo um peso maior na população. Os quatro estados com números estáveis são SC, AP, PA e SE.

Vacinação: 75,03%

Os dados do consórcio de veículos de imprensa desta segunda-feira (4) mostram que 161.194.339 brasileiros estão totalmente imunizados ao tomar a segunda dose ou a dose única de vacinas. Este número representa 75,03%  da população total do país. A dose de reforço foi aplicada em 78.934.152 pessoas, o que corresponde a 36,74% da população.

A população com 5 anos de idade ou mais (ou seja, a população vacinável) que está parcialmente imunizada é de 87,92% e a população com 5 anos ou mais que está totalmente imunizada é de 80,54%. A dose de reforço foi aplicada em 48,79% da população com 18 anos de idade ou mais, faixa de idade que atualmente pode receber o reforço da vacinação.

No total, 10.876.164 doses foram aplicadas em crianças, que estão parcialmente imunizadas. Este número representa quase 53,05% da população nessa faixa de idade que tomou a primeira dose. Ainda nesta faixa, 3.567.609 estão totalmente imunizadas ao tomar a segunda dose de vacinas, o que corresponde a 17,40% da população deste grupo.

 

quinta-feira, 7 de abril de 2022

Manifestantes vão às ruas no sábado (9) contra a carestia, a fome e o desemprego

(Fotomontagem: lula.com.br)


#BolsonaroNuncaMais tem 42 atos confirmados em cidades de todas as regiões do Brasil e na Suíça.

Por Mariana Mainenti

No Portal Vermelho

Movimentos populares, centrais sindicais e entidades preparam um dia nacional de mobilização em diversas cidades do Brasil, no próximo sábado (9), contra o aumento dos preços dos alimentos, dos combustíveis e do gás, a fome e o desemprego.

#BolsonaroNuncaMais é o grito da população que sofre com todas as mazelas do desgoverno de Jair Bolsonaro (PL), desaprovado por 63% dos brasileiros, segundo pesquisa do instituto Ipespe, divulgada nesta quarta-feira (6).

No portal da CUT, a Central ressalta que o percentual de brasileiros que acreditaram que a economia vai no caminho errado é o mesmo, 63%, e reflete a preocupação com as altas taxas de desemprego e disparada da inflação, impactada principalmente pelo aumento dos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha e os dos alimentos.

Organização dos atos

As manifestações deste sábado, já marcadas em 13 capitais, que foram convocadas também pelas frentes Brasil Popular, Povo Sem Medo e Fora Bolsonaro Nacional, integram a Campanha Fora Bolsonaro, apontado por 43% dos brasileiros como o pior presidente do país desde a redemocratização do país, ainda segundo a pesquisa Ipespe.

Para a professora e secretária de Relação com os Movimentos Sociais da CUT, Janeslei Albuquerque, ir às ruas neste sábado é fundamental para “enfatizar que a destruição” do país é culpa de Bolsonaro. “É um ato para enfatizar a destruição, o aprofundamento da perda da soberania, que é o centro do projeto bolsonarista”, diz ela. “É a destruição também do campo ambiental, envenenamento dos rios, do genocídio indígena, do sistema educacional brasileiro, da ciência e pesquisa que sofreu um corte total de financiamento”, complementa a dirigente.

Norte

AP – Macapá – Praça da Bandeira | 16h

PA – Belém – Escadinha da Presidente Vargas | 8h

Nordeste

BA – Itabuna – Praça Adami | 9h

BA – Feira de Santana – Estacionamento em frente à prefeitura | 8h30

BA – Salvador – Concentração no Campo Grande | 14h

CE – Fortaleza – Praça Portugal | 15h

MA – Imperatriz – Calçadão, Centro | 9h

MA – Santa Inês – Praça das Laranjeiras | 8h

MA – São Luís – Praça João Lisboa | 9h

PE – Recife – Parque Treze de Maio | 9h

PI – Teresina – Praça da Liberdade | 8h

SE – Aracaju – Praça de Evento dos Mercados | 8h

RN – Natal – Em frente ao Midway | 15h

Centro-Oeste

DF – Brasília – Museu da República | 16h

GO – Goiânia – Praça do Trabalhador | 16h

GO – Rio Verde – (Aguardando Infos) | 9h

MS – Campo Grande – Avenida Afonso Pena c/ 14 de Julho | 9h

Sudeste

MG – Barbacena – Praça São Sebastião | 8h30

MG – Belo Horizonte – Praça Afonso Arinos | 9h30

MG – Juiz de Fora – Parque Halfel | 10h

MG – Montes Claros – Mercado Municipal | 8h

RJ – Campo dos Goytacazes – UFF Campos | 9h

RJ – Rio de Janeiro – Candelária | 10h

SP – Botucatu – Praça do Bosque | 14h

SP – Jaguariúna – Campinas Largo do Rosário | 9h

SP – Marília – Praça da Ilha, em frente a Galeria Atenas | 9h30

SP – Osasco – Estação de Osasco | 12h30

SP – Ribeirão Preto – Esplanada Theatro Pedro II | 9h

SP – Santos – Estação da Cidadania, Av. Ana Costa 340 | 16h

SP – São Paulo – Praça da República | 14h

SP – São Vicente – Praça Barão | 10h

Sul

PR – Cascavel – Em frente a Catedral | 9h

PR – Curitiba – Praça Generoso Marques | 14h30

PR – Umuarama – Praça Arthur Thomas | 10h

PR – Foz do Iguaçu – Praça da Bíblia | 18h

RS – Novo Hamburgo – Praça do Imigrante | 10h

RS – Pelotas – Mercado Público | 10h

RS – Porto Alegre – Largo Glênio Peres | 15h

RS – Santa Maria – Praça Saldanha Marinho | 14h

SC – Florianópolis – Largo da Alfândega | 9h

SC – Joinville – Praça da Bandeira | 14h

Suíça

Zurique – Flashmob e ato Rua ao lado da casa do Povo em frente a praça Nenhuma a Menos. Klimarkirche, Wibichstrasse 43, ZH | 17h (horário local)

Fonte: Portal da CUT e Central de Mídia das Frentes Brasil Popular, Povo Sem Medo e Fora Bolsonaro Nacional

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Flamingo que sumiu de zoo há 17 anos reaparece em estado diferente nos EUA

No NPR

 No UOL

Um flamingo desaparecido de um zoológico no estado americano de Kansas ressurgiu após 17 anos no Texas. Pink Floyd, como o animal é conhecido, foi flagrado primeiro por um cidadão, David Foreman, e em seguida pela Guarda Costeira em 10 de março enquanto passeava junto a outras aves por Rhodes Point, na Baía Cox.

De acordo com a agência do governo, esta não é a primeira vez que Pink Floyd é visto, no entanto. Há relatos de outros flagras de suas andanças pelo estado em que escolheu viver há alguns anos. Veja o momento em que ele foi identificado este mês.

"Parece que o Pink Floyd voltou do lado escuro da Lua", brincaram os oficiais do Departamento de Parques e Vida Selvagem do estado ao avistarem o flamingo africano, que estimam ter cerca de 27 anos. A espécie vive, em média, entre 30 anos e 40 anos, segundo o Zoológico de Basel, na Suíça. Segundo o jornal britânico Daily Mail, as autoridades têm certeza de que este é mesmo Pink Floyd porque ele recebeu uma numeração em sua pata — nº 492. Ele já teria sido identificado pelo mesmo número enquanto visitava os estados de Wisconsin e Louisiana, embora não se saiba muito mais sobre o visitante, que veio da África para os EUA em 2004 e não chegou a ser examinado para determinar o sexo.

Pink Floyd teria escapado do Sedgwick County Zoo, em Wichita, em 2005 porque funcionários não teriam feito as incisões em suas asas que o impediriam de voar. Ele fugiu com um colega durante uma tempestade, mas segundo o "Mail", o outro animal não foi mais visto desde então.

terça-feira, 5 de abril de 2022

Serafim e seus filhos (Composição de Ruy maurity )– A história


 Por José Mário Espindola

A música Serafim e Seus Filhos, foi lançada em 1971, no LP Em Busca do Ouro de Ruy Maurity & Trio [regravada no álbum Nem Ouro Nem Prata, de 1976]. Embora tenha feito muito sucesso à época, sua fama se limitou ao sul/sudeste.

Trata-se da história de um típico bando de ladrões de gado, gaúchos, composto pelo chefe, Serafim, e os seus quatro filhos.

A música impressiona pelo delicioso compasso de guarânia e por sua beleza, fazendo contrapondo com a surpresa no desfecho da história narrada na canção. Vale a pena dar uma olhada na letra.

No primeiro verso, o autor apresenta e descreve o bando com suas qualidades para o métier de roubar gado:

 

São três machos e uma fêmea

Por sinal, Maria, que com todos se parecia

Todos de olhar esperto, para ver bem perto

Quem de muito longe é que vinha

 

Continua, acusando a origem da sua prole: “... dois juramentos, todos dois sangrentos...”:

 

Filhos de dois juramentos, todos dois sangrentos

Em noite clarinha

Ê, ah, ôôôô

O João Quebra-Tôco, Mané Quindim, Lourenço e Maria

 

Descreve como partiam para praticar um roubo:

 

Noite alta de silêncio e lua

Serafim, o bom pastor de casa saía

Dos quatro meninos, dois levavam rifles

Outros dois levavam fumo e farinha

 

Sugere que todos tinham orgulho do que faziam, comparando-os ao herói ibérico:

 

Bandoleros de los campos vierdes, Dom Quijotes

De nuestro desierto

Ê, ah, ôôôô

Serafim Bom de Corte, Mané, João, Lourenço e Maria

 

Mas nem todos viam futuro naquela vida. O filho mais novo estava insatisfeito, e resolveu seguir o seu próprio destino:

 

Mas o tal Lourenço, dos quatro o mais novo

Era quem dos quatro tudo sabia

Resolveu deixar o bando e partir pra longe

Onde ninguém lhe conhecia

 

Só não contava com a atitude do pai. Este destila todo o seu ódio na vingança, logo contra um filho, revelando a sua face mais cruel, inimaginável numa relação familiar:

 

Serafim jurou vingança

Filho meu não dança conforme a dança

Ê, ah, ôôôô

E mataram Lourenço

Em noite alta de lua mansa


 A família bandida não esperava nenhuma reação de Lourenço. Para eles tudo estava resolvido. É neste momento que Ruy Maurity introduz o sobrenatural em sua música, dando um toque macabro:

 

Todo mundo dessas redondezas conta

Que o tal Lourenço não deu sossego

Fez cair na vida sua irmã Maria

E os outros dois matou só de medo 

E a canção atinge a sua apoteose, com o desfecho arrepiante:

Serafim depois que viu o filho lobisomem

Perdeu o juízo

Ê, ah, ôôôô

E morreu sete vezes

Até abrir caminho pro paraíso

 

Ruy Maurity compôs muitas canções , todas belas. Mas, inegavelmente esta é a que impressiona mais, e causa impacto mais profundo no ouvinte. É realmente uma música inesquecível.


Luiz Cláudio - SERAFIM E SEUS FILHOS - Ruy Mauriti.


Álbum: Luiz Cláudio.

Ano de 1972.

Coisas que o tempo levou.

Edição em homenagem póstuma ao cantor e compositor RUY MAURITI, falecido em 31 de março de 2022.

Por Luciano Hortêncio em seu canal no Youtube

segunda-feira, 4 de abril de 2022

Juan Cancio Barreto - Violonista paraguaio

 


Juan Cancio Barreto nasceu em Assunção , Paraguai , em 27 de março de 1950. Filho de Carmen Emategui e Rodolfo Barreto. Começou a tocar violão aos 7 anos, quando um amigo de seu pai, chamado Dario Duarte, também músico, lhe deu um pequeno violão (requinto). [1] Seu pai lhe ensinou o básico e depois um vizinho, Eufrásio Riveros, o ensinou a tocar. desde então nunca mais deixou de tocar aquele belo instrumento.

Aos 11 anos, conheceu Efrén Echeverría , que se tornou seu professor e o inspirou a amar e apreciar o folclore do Paraguai e particularmente sua música. O artista se lembra de sua professora com carinho e gratidão.

Edição de carreira

Ano       Evento excepcional

1968      Medalha de Ouro de “Melhor Requinto” com o Trío Esmeralda, no Estádio dos Comuneros.

1969      “Artista Revelação” na Caravana Show, Chanel 9. No mesmo ano, integra o elenco do Departamento Artístico do Ministério da Defesa Nacional, departamento que foi local de eclosão de grandes valores artísticos.

década de 1970                “Noites de folclore” em Guarida del Matrero, junto com outros músicos importantes, como Maneco Galeano, os irmãos Carlos e Jorge (Necho) Pettengil, Enrique (Gua'i) Torales, Viquito Benítez, Santi Medina, Oscar Gómez, Graciela Abbate , Marcos Brizuela, María Cristina Gómez Rabito , Carlos Noguera e muitos outros.

década de 1970                Forma um dueto com Marcos Brizuela, firma-se finalmente com seu amado instrumento e ganha vários prêmios.

1983      “Artista Revelação” do Festival Lago Ypacarai .

1976      Vencedor do troféu “Guitarra de Oro” (Guitarra de Ouro), o prêmio mais apreciado pelos grandes músicos.

1977      Entra na delegação do festival do Lago Ypacaraí , e participa do Festival de Cosquín , Córdoba , Argentina . Lá, ele ganha o troféu “Carmín Cosquín”, prêmio que ganhou mais uma vez em 1979.

1978      No Festival Latino-Americano de Punta del Este , Arenas , Chile ele ganha o “Ñandú de Oro”.

1980      Ele grava várias partituras com o grupo Los Indianos.

década de 1980                Seu filho Juan Angel começa a acompanhá-lo no violão; eles compartilham momentos artísticos muito bons. Juntos têm muitos sucessos e recebem a “Medalha de Ouro ao Sucesso e Popularidade” no Festival da Raça na cidade de Villarica .

1997 em diante                Inicia a série de concertos “Guitarra adentro” com Berta Rojas , em Assunção e viajam por várias cidades do Paraguai. A ideia de juntar a música do violão popular com o violão clássico foi o que os fez querer trabalhar juntos.

2004      Ele recebe um disco de platina da gravadora BlueCaps pelo álbum “Vya'y yave”, que se tornou o álbum mais vendido da última década.

Outras atividades

Juan Cancio Barreto compartilhou e recebeu o exemplo de músicos paraguaios como: Mauricio Cardozo Ocampo , Eladio Martínez , Diosnel Chase, Emilio Vaesken, Edmigio Ayala Báez, Samuel Aguayo, Agustín Barboza , Luis Alberto del Paraná e Faustino Brizuela.

Em 1980, com o apoio do governo municipal de Assunção, viajou para a Europa, onde toca e faz várias gravações com o famoso grupo “Los Indianos”.

Desde os anos 80 ele vem se apresentando junto com seu filho Juan Angel, que também é guitarrista. Juntamente com Juan Angel, eles continuam a colher sucesso e popularidade, ganhando medalhas de ouro no Festival de la Raza na cidade de Villarrica.

Atualmente é Diretor de Cultura do Município de Ciudad del Este.

Durante suas frequentes turnês, conquistou audiências no Paraguai e em outros países. E hoje continua viajando pelo interior do país, pela Argentina, Brasil e Chile, onde ainda recebe prêmios e reconhecimentos por suas atuações.

Referências

Autobiografia em ABC Color 20 de abril de 2009

Dicionário de música paraguaia. Juan Cancio Barreto.Assunção Paraguai.



Via - Wikipédia

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