sexta-feira, 29 de abril de 2022
quinta-feira, 28 de abril de 2022
Carnaval de 2022 joga os holofotes sobre as desigualdades sociais
Enquanto as escolas de samba desfilavam com enredos antifascistas e antirracistas, público das arquibancadas manifestava o apoio popular à candidatura do ex-presidente. Já os gritos que partiram dos camarotes deixaram clara a preferência das elites brasileiras por Bolsonaro.
Por Mariana Mainenti
Presentes nas fantasias e nas
alegorias, as desigualdades sociais brasileiras estiveram evidenciadas neste
Carnaval no próprio público que assistiu aos desfiles. Após dois anos sem folia
por conta da pandemia, agravada pela gestão Bolsonaro, as escolas de samba
deram voz às minorias e Lula recebeu o apoio das arquibancadas enquanto dos
camarotes ouviu-se gritos vindos dos ricos favoráveis ao atual presidente.
Em São Paulo, com o grito de
“Basta!”, a arquibancada juntou-se à Gaviões da Fiel exigindo “meu lugar de
fala/a voz destemida/
cabeça erguida por nossos
direitos/quando o fascismo do asfalto
é opressor à militância por
respeito”. Cantando que “o ventre das mazelas sociais/Ante ao preconceito vai
se libertar/Vidas negras nos importam/O grito da mulher não vão calar”, a
escola levantou o público. A plateia foi arrebatada ainda mais pelos versos
“Meu gavião, chegou o dia da revolução/Onde a democracia desse meu Brasil/Faça
o amor cantar mais alto que o fuzil”, para em seguida conclamar “Escute o meu
clamor, ó pátria amada/É hora da luta sair do papel/Basta é o grito que embala
o povo/
Eu sou Gaviões, sou a voz da Fiel”
Segunda a desfilar neste sábado
(23), a escola fez críticas não somente ao fascismo como à escravidão,
lembrando o enriquecimento dos donos de Engenho às custas da exploração de
homens e mulheres. De acordo como G1, o carro abre-alas, com um enorme gavião –
símbolo da escola – fez uma homenagem ao povo africano, mostrando como chegaram
ao Brasil. O segundo carro teve como destaque a escultura de uma criança magra
com um prato com ossos e tinha, na parte de cima, um banquete. Os participantes
da escola encenaram também a moradia em cortiços e favelas, troca de tiros e
morte na escadaria lateral. O carro lembrou ainda tragédias como a do menino
Miguel, em Recife, e a falta de oxigênio para tratar pacientes internados com
coronavírus.
O terceiro carro, que simulava um
incêndio na mata e representava a devastação ambiental e resistência indígena,
trouxe o cacique Raoni, líder do povo Kayapó conhecido internacionalmente pela
defesa dos direitos dos povos indígenas. O quarto e último carro da Gaviões da
Fiel pedia paz, e foi uma celebração às pessoas que lutaram por justiça, com
homenagens a nomes como Nelson Mandela, Frida Kahlo, Mahatma Gandhi e o jogador
Sócrates. Contudo, segundo informações do portal UOL, ao final do desfile da
escola, houve brigas entre integrantes da torcida que estavam na arquibancada e
pessoas de um camarote.
Jacaré na Avenida
Na mesma noite, a Rosas de Ouro também encantou o público com um grande ritual de cura através da fé, da magia, da ciência e, claro, do samba, após dois anos de pandemia. A escola criticou declarações do presidente Jair Bolsonaro contra a vacinação e o “transformou” em jacaré na avenida.Já a Mocidade Alegre celebrou a história da cantora brasileira Clementina de Jesus, mulher negra e referência do samba carioca. E a Águia de Ouro fez uma homenagem à cultura afro-brasileira, reverenciando Oxalá. Primeira a desfilar, a Vai-Vai também voltou ao Grupo Especial homenageando os povos africanos enquanto a Barroca Zona Sul, fez uma homenagem ao Zé Pilintra, uma entidade das religiões afrodescendentes.
Luta de classes
No Rio, o clima esquentou já no primeiro dia do Grupo Especial, quando as vozes que vieram do público refletiram a luta de classes. Segundo relata o portal Socialismo Criativo, o público da arquibancada pedia animado ‘Fora Bolsonaro’, enquanto os frequentadores dos camarotes respondiam com xingamentos ao ex-presidente Lula. No setor 3 da Sapucaí, a resposta veio com um Lulaço: “Olê, Olê, Olê, Olá, Lula, Lula…”.
Em vídeos realizados pelo repórter da Revista Fórum, Lucas Rocha, é possível ouvir os protestos, que tiveram início quando o presidente da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) anunciou no sistema de som as escolas de samba que iriam desfilar naquela noite e a banda da Polícia Militar do Rio de Janeiro tocou o hino nacional.
Já o “filho 01” do presidente Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), foi vaiado por foliões da arquibancada ao chegar à Sapucaí. As vaias somente cessaram quando o senador pelo PL (RJ) entrou no Camarote.
Com enredo antirracista, o Salgueiro foi ovacionado. A escola teve seu grande momento quando a bateria se ajoelhou com o punho erguido. A alegoria que trazia um totem simbolizando a derrubada do racismo e outra com referências a Laíla, Marielle Franco, Moïse Kalagambe, Haroldo Costa e Mary Marinho foram destaque na apresentação.
A escola veio repleta de convidados, com cerca de 170 ativistas, artistas e intelectuais negros, além de um grupo de 20 refugiados de cinco nacionalidades diferentes que vivem no Rio de Janeiro. Estiveram presentes pessoas de Angola, Marrocos, República do Congo, Síria e Venezuela.
Com informações dos portais UOL, G1, Socialismo Criativo e Revista Fórum.
quarta-feira, 27 de abril de 2022
Como o "voto jovem" pode influenciar as eleições deste ano
TSE |
Celebridades se engajam para
estimular jovens de 16 a 18 anos a tirar título de eleitor. Segmento se afastou
do processo eleitoral nos últimos anos, mas pode beneficiar Lula nestas
eleições.
É um direito mas não é um dever.
No Brasil, onde o voto é obrigatório, jovens de 16 a 18 anos podem se alistar
para manifestarem sua vontade nas urnas — mas de forma facultativa. Em tempos
de polarização e um cenário eleitoral que se desenha para uma disputa acirrada,
a mobilização para que essa faixa etária também vote passou a ser bastante
enfatizada.
Nos últimos dez anos, a
participação do jovem eleitor no Brasil caiu de 4 milhões para menos de 900 mil
pessoas, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para conter essa
queda, o próprio órgão tem investido em tecnologia. Por um lado, o alistamento
eleitoral está mais simples e pode ser feito de forma online, em um processo
que leva menos de 10 minutos.
Por outro, a comunicação também
foi pensada para alcançar diretamente a esse público. O TSE criou uma campanha
chamada Bora Votar que usa de hashtags e mobiliza diretamente em redes sociais,
com uma linguagem segmentada e fácil. Um hotsite específico está no ar com
orientações a respeito.
Para participar do processo
eleitoral de 2022, é preciso estar com o título em dia até 4 de maio.
Adolescentes com 15 anos podem se alistar, desde que tenham 16 anos completados
antes do primeiro turno — marcado para 2 de outubro.
Nas últimas semanas, artistas,
influenciadores digitais e outros formadores de opinião também passaram a
incentivar a participação dos jovens. “Vejo com bons olhos essas campanhas de
mobilização e elas podem interferir no resultado das eleições, já que os jovens
são sensíveis ao apelo dos artistas, sobretudo quando a opinião não é no
sentido de ‘vote em determinado candidato’, mas em algo mais amplo, por exemplo
‘vote contra o governo Bolsonaro’“, avalia a cientista política Camila Rocha,
autora do livro Menos Marx, Mais Mises – O Liberalismo e a Nova Direita no
Brasil.
De acordo com pesquisa
Exame/Ideia divulgada na última segunda (18), essa mobilização vem dando
resultados, já que 9 em cada 10 adolescentes entre 16 e 17 anos ouvidos
afirmaram pretender votar na próxima eleição. Levantamentos recentes indicam
que o cenário favorece atualmente o principal candidato de oposição ao atual
presidente Jair Bolsonaro (PL), ou seja, o ex-presidente Lula da Silva (PT).
Na última pesquisa divulgada pelo
instituto PoderData, a preferência do eleitorado jovem — entre 16 e 24 anos —
era de 51% para o petista, frente a 29% para o atual presidente. “Os mais
jovens tendem a defender pautas mais progressistas, como sustentabilidade e
meio ambiente, diversidade e inclusão, além de algumas pautas sociais de forma
difusa“, analisa o cientista político Leonardo Bandarra, pesquisador do German
Institute of Global and Area Studies (Giga), em Hamburgo.
Adesão recente
Com o apelo de celebridades como
a cantora Anitta e o youtuber Felipe Neto, e a intensificação das campanhas do
TSE — que chegou a promover um tuitaço para engajar os jovens —, os números de
alistados para votar melhoraram significativamente no último mês. Apenas em
março, foram 290 mil os adolescentes que tiraram o título, um aumento de 45% em
relação ao mês anterior.
Rocha acredita que esse
afastamento seja em virtude de uma visão que os próprios jovens têm de si, como
“pouco aptos” e “desconhecedores da política”. “Foi o que indicou uma pesquisa
que fiz no ano passado em conjunto com a professora [socióloga] Esther Solano e
outros pesquisadores latino-americanos. O próprio contexto da política
institucional afasta os jovens, que não se veem representados pela política e
tudo acaba convergindo para uma diminuição do interesse“, afirma.
Para o jurista e cientista
político Enrique Carlos Natalino, pesquisador da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) e professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
(PUC-MG), o desinteresse do jovem é consequência também da falta de formação
escolar, já que não há no currículo nenhuma disciplina voltada à “capacitação
no sentido de entender o funcionamento da democracia e como exercer a
cidadania“.
“Também acredito que esses
jovens, já imersos no mundo digital, não se identificam com o processo político
formal que ainda se organiza em partidos políticos hierarquizados e poucos
abertos à horizontalidade“, acrescenta ele.
Professora na Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a socióloga e cientista política Mayra
Goulart enfatiza que há “um desgaste da política tradicional e dos partidos
políticos”. “Isso vem no bojo de um discurso de negação da política, que vê a política
como uma coisa corrupta e condenável. Ou mesmo como um lugar de briga e de
desavenças. Cada vez mais é comum pessoas falarem ‘eu não comento sobre
política’“, contextualiza ela.
A professora ressalta que no
cenário polarizado vivido pela sociedade brasileira atual, muitas vezes o jovem
prefere se abster da politização para evitar conflitos familiares. “A política
vem sendo vista como vilã. Isso é terrível, porque afasta as pessoas dessa
esfera, a única esfera que o cidadão tem para transformar os rumos do país“,
acrescenta.
terça-feira, 26 de abril de 2022
No Brasil, 44% da população não lê e 30% nunca comprou um livro, diz Rafael Guimaraens
Rafael Guimaraens, um escritor e editor de seu tempo -
Larissa Ferreira
Walmaro Paz
No Dia Mundial do Livro, o
escritor comenta o desafio de escrever e editar em um país que não lê.
Rafael Guimaraens começou como
jornalista transitando por várias redações, entre elas a do lendário Coojornal,
virou assessor de imprensa e descobriu-se escritor para, em nova
autodescoberta, tornar-se editor, ao lado de sua companheira Clô Barcellos. É a
dobradinha que, pilotando a editora Libretos, há mais de 20 anos escava,
esmiuça e mapeia a história política, social e cultural de Porto Alegre.
Nesta jornada, todos nós ficamos
sabendo mais sobre a enchente que arrasou a cidade em 1941, a efervescência
local do movimento estudantil sob a ditadura, o levante dos gaúchos contra o
fracassado golpe militar urdido pelos militares contra João Goulart em 1961, a
trajetória dos teatros de Arena e de Equipe, a epopéia de quatro anarquistas
que assaltaram uma casa de câmbio em 1911 deixando a provinciana capital em
polvorosa e muitos outros episódios, instituições e personagens.
Para marcar o Dia Mundial do
Livro, 23 de abril, o Brasil de Fato RS conversa com Rafael Guimaraens. Na
pauta, o duplo ofício de escritor e editor, o baixo índice de leitura nacional,
a ascensão dos e-books, a extinção das políticas de apoio ao livro, a
privatização acelerada dos espaços públicos de Porto Alegre, o apagamento
seletivo da memória da cidade e os ataques à Cultura no país.
Brasil de Fato RS - Que papel tem o livro na sua vida?
Rafael Guimaraens - Cresci num quarto com uma estante de livros que
ocupava toda a parede, que pertenceram ao meu avô, o poeta Eduardo Guimaraens,
e ao meu pai, jornalista e intelectual. Com tantos livros, aprendi a ler
sozinho, aos quatro anos. Desde então, houve época em que eu lia muito e outras
em que eu lia menos, por falta de tempo. Trabalhei como jornalista, mas só
comecei a escrever livros depois dos 40 anos. Hoje, estou sempre envolvido em
projetos literários. Termino um livro e já tenho outro em mente, e isso tem
sido a minha vida.
“Vemos os influencers produzindo conteúdos irrelevantes para milhões”
BdF RS - Na história da humanidade, o livro teve o papel de guardar
a memória e contar as histórias dos que os escreviam, mas o acesso era restrito
porque se tratavam de manuscritos. Com o advento da imprensa houve uma
democratização da leitura?
Rafael Guimaraens – O livro é um fabricante de memória, assim como
os jornais. A questão da efetiva democratização da informação, nos dois casos,
é mais complicada. Os livros ainda são restritos e os jornais, no caso do
Brasil, são vinculados a grupos com interesses econômicos e políticos bastante
específicos. Muitas vezes, misturam a informação jornalística, que é de
interesse público, com os interesses do proprietário. Talvez por isso estejam
perdendo leitores
para as redes sociais, o que é
preocupante. Vemos os tais influencers, muitos sem qualquer preparo, produzindo
para milhões de pessoas conteúdos irrelevantes, que muitas vezes reforçam
preconceitos, ou atuam na área da fofoca e do culto a celebridades fabricadas
pelos escritórios de gestão de imagem.
BdF RS - Como define a tarefa de editar livros em um país que não
lê?
Rafael Guimaraens – Um desafio enorme. Estamos sempre atentos ao
segundo “L”, o da Leitura, ou seja, o acesso ao livro como direito de
cidadania. Participamos de feira, realizamos doações a bibliotecas
comunitárias, promovemos ações de contação de histórias e, para cada livro
lançado, realizamos eventos abertos sobre o tema tratado. Também procuramos
manter uma política de preços mais acessíveis, mesmo que isso signifique
diminuição da nossa margem. E, como editora, nos envolvemos em ações promovidas
por entidades da área e frentes parlamentares em defesa do livro.
“No
Brasil, 30% da população nunca comprou um livro na vida”
BdF RS - De acordo com a publicação Retratos da Leitura no Brasil,
52% (ou 100,1 milhões de pessoas) dos brasileiros, dedica-se à leitura, sendo a
bíblia e jornais os mais lidos. A que se deve esse percentual aquém do ideal?
Rafael Guimaraens – É baixíssimo. Por exemplo, os franceses leem 21
livros por ano, cinco vezes mais do que os brasileiros. No Brasil, 44% da
população não lê e 30% nunca comprou um livro na vida. E o pior: o país vem
perdendo leitores a cada nova pesquisa.
O estímulo à leitura só pode ser
feito através de políticas consistentes de acesso, redução do preço de capa,
estímulo a programas de leitura nas escolas e comunidades, incentivo a
bibliotecas, promoção de eventos. Essa é uma tarefa da sociedade e do poder
público, que, obviamente, não será assumida pelo atual Governo. Não vamos
esquecer as palavras do atual mandatário a respeito dos livros didáticos: “Um
montão de amontoado de muita coisa escrita”.
“Parece que a cidade perdeu sua alma”
BdF RS - A pesquisa aponta também Porto Alegre como a 14ª capital
no quesito leitura, mesmo abrigando a maior feira a céu aberto da América
Latina. A que se atribui isso?
Rafael Guimaraens – É um dos
efeitos do processo de apagamento da memória do período áureo que a cidade
vivenciou durante a década de 1990 e início dos anos 2000, quando Porto Alegre
chamava a atenção do mundo por soluções democráticas originais que combinavam
participação popular com maior qualidade de vida, com ênfase na Cultura.
Para os interesses econômicos que
passaram a mandar na cidade, era necessário desmobilizar a cidadania, através
de um lento e proposital esvaziamento dos processos de participação popular, o
sucateamento dos órgãos de defesa do meio ambiente e a extinção de políticas
culturais de apoio aos artistas e democratização da Cultura – cito, como
exemplo o fim do Fumproarte (Fundo Municipal de Apoio à Produção Artística e
Cultural).
Fico com a impressão de que a
cidade foi anestesiada por uma sucessão de ações desmobilizadoras das
administrações seguintes, que, embora de partidos diferentes, seguiram e seguem
a mesma política. Parece que a cidade perdeu sua alma. Aquela cidadania viva,
atuante e participativa tornou-se desanimada e conformista. Evidentemente que
há bolsões de resistência, especialmente pelo trabalho dos artistas, dos
lutadores sociais, e a transformação da cidade, na minha opinião, passará por
eles.
“Estamos vendo coisas que nem a
mente mais tresloucada poderia imaginar”
BdF RS - "Quando ouço
alguém falar em cultura, puxo o meu revólver". A frase atribuída tanto a
Himmler quanto a Goebbels, ministros de Hitler, ganhou uma atualização
inesperada com a decisão da Secretaria da Cultura de Bolsonaro de recomendar o
uso da Lei Rouanet para incentivar a adoção de armas pela população como acaba
de ser denunciado. Qual a sua opinião enquanto escritor e editor?
Rafael Guimaraens – “Abaixo a inteligência, viva la muerte!”,
diziam os fascistas espanhóis. Essa proposta é uma caricatura bizarra e
indecente deste governo, a Cultura instrumentalizada não para o prazer e o
esclarecimento da cidadania, mas para estimular a indústria da morte. Estamos
vendo coisas que nem a mente mais fértil e tresloucada poderia imaginar. Me
parece que na reta final, Bolsonaro toma medidas ou faz acenos para, mesmo que
não ganhe a eleição – e não ganhará -, consolidar o bolsonarismo como força
política. Este será seu único e indesejável legado para a História do Brasil.
BdF RS - Como foi ser escritor nesses dois anos de pandemia?
Rafael Guimaraens – Meus livros
têm o perfil de construção da memória. Assim, no meu caso, além da revolta,
como cidadão, por assistir, impotente, ao extermínio de milhares de cidadãos
pela covid somada à irresponsabilidade criminosa do governo, a pandemia dificultou
o acesso aos locais de pesquisa.
BdF RS – Qual o papel do livro em sua vida? Fale também sobre a sua
parceria com a Clô Barcellos na editora Libretos.
Rafael Guimaraens - A Libretos foi criada há pouco mais de 20 anos
e se mantém no mercado como uma editora reconhecida por seu catálogo de obras
relevantes. Ao longo deste tempo, busca se aperfeiçoar, principalmente por
iniciativa da Clô, que está sempre ligada nas questões do mercado editorial.
Não editamos todos os livros que gostaríamos, mas todos os que editamos nos
orgulham. A Clô dirige a Libretos e é responsável pelo design de quase todos os
livros que publicamos neste período – e já são mais de duzentos. Além disso, me
garante todas as condições para que eu possa trabalhar com tranquilidade.
“Uma
assinatura de streaming custa metade do preço de um livro”
BdF RS - Neste século, com as novas mídias, o papel do livro
continua o mesmo?
Rafael Guimaraens – O papel do livro é o mesmo: uma fonte de prazer
que provoca a reflexão e estimula a imaginação de forma mais completa do que
outras formas de expressão artística. Em relação às outras mídias, bem, e-book
é livro. Em outro formato, mas é livro. Sua evolução, de início, foi mais lenta
do que o anunciado, mas cresceu muito durante a pandemia. Hoje, vende-se um
e-book a cada 42 livros no Brasil, mas três anos atrás a relação era um e-book
para cada 95 livros físicos vendidos.
Os leitores jovens, em geral,
estão aderindo ao livro digital, portanto é natural que essa relação se torne
equilibrada. Além disso, o livro físico enfrenta um momento delicado. Os custos
gráficos aumentam em patamares superiores à inflação. No caso do papel, estão
vinculados ao dólar – e essa é uma vantagem dos digitais. O preço de capa do
livro físico não consegue acompanhar os custos, pois as vendas diminuiriam.
Tivemos um momento grandioso em 2005, com a Lei do Livro que desonerou o IOF
(12%) da cadeia produtiva do livro e provocou um aumento excepcional no número
de obras editadas e nas vendas de livros. Essa iniciativa do Governo Lula era
complementada com uma série de iniciativas de estímulo à cadeia dos três “L”s
(livro-economia, leitura-direito de cidadania, literatura-estímulo aos
escritores).
Em relação a outras mídias de
entretenimento, há uma relação desigual. Por exemplo, a mensalidade de uma
assinatura de streaming, em muitos casos, é a metade do preço de um livro. Em
outros países com mais tradição, o livro sobrevive com vigor. No Brasil, sem
uma ação governamental mais consistente, o problema do livro irá se agravar.
“A
paisagem da cidade vem sendo violentada por uma enxurrada de torres e espigões”
BdF RS - Seus livros trazem como ambiente a cidade de Porto Alegre.
A cidade está passando por transformações, com a orla sendo renovada, a
Redenção ganhando um espaço gourmet, o centro cultural do Gasômetro abandonado,
o anúncio da demolição do anfiteatro Por do Sol, o encaminhamento das
privatizações do DMAE e da Carris. Como vê este momento em que os projetos da
cidade em andamento são aqueles que envolvem a iniciativa privada?
Rafael Guimaraens - Porto Alegre, na minha opinião e na de muita
gente, está sendo descaracterizada de forma abrupta e acelerada. A paisagem da
cidade vem sendo violentada por uma enxurrada de torres e espigões que põem
abaixo o casario tradicional da cidade e sequestram da população as paisagens
mais nobres, deixando os graves problemas da cidade à sua sombra.
Aos exemplos mencionados na
pergunta, acrescento a situação do Cais do Porto, a área mais importante da
cidade do ponto de vista histórico, fechado há mais de dez anos, com seus
armazéns abandonados pelo descaso e sendo corroídos pela ferrugem. Este é o
resultado de uma privatização irresponsável na qual o poder público cedeu a
área, não se sabe em troca de quê, para a instalação de torres e de um shopping
center no local. O projeto fracassou e a carta de concessão do cais tornou-se
uma espécie de moeda, passando de mão em mão para grupos cada vez mais
desqualificados e sem compromisso com o patrimônio histórico. A prometida
revitalização transformou o Cais em escombros. O governo estadual foi obrigado
a retomar a área, a contragosto, mas não adotou nenhuma iniciativa no sentido
de recuperá-la. O Cais Embarcadero, instalado entre o Cais e a Usina é uma
espécie de maquiagem para esconder a colossal incompetência para enfrentar o
problema.
Qual a cidade do mundo que
permitiria que seu cartão postal, um de seus espaços mais importantes, fosse
tratado desta forma? O movimento Cais Cultural Já é uma iniciativa importante
no sentido forçar a abertura os portões e destinar a área para atividades
artísticas e da economia solidária, o que, na minha opinião, é uma solução
natural e inteligente.
“ Hoje, não se proíbe a impressão, mas se extingue políticas de apoio
ao livro”
BdF RS - O Brasil tem uma história de proibição e da impressão e da
manutenção do analfabetismo como política de governo durante a maior parte de
sua história. O que representa isso na indústria do livro?
Rafael Guimaraens – Manter o povo na ignorância é o recurso mais
óbvio utilizado pelos dominadores. Hoje, não se proíbe a impressão, mas se
extingue políticas de apoio ao livro, como, por exemplo, o fim ou a redução das
compras de livros pelo governo, que garantiam o acesso dos leitores e devem
fôlego às editoras. Aliás, a extinção do Ministério da Cultura – ou sua
transformação em secretaria no âmbito do Ministério do Turismo - demonstra o enorme receio dos governos déspotas
em relação à potência da Cultura como ferramenta para o esclarecimento das
massas.
BdF RS – O que está lendo no momento?
Rafael Guimaraens – Estou lendo Quatorze camelos para o Ceará, do
jornalista Delmo Moreira, e recomendo com muito entusiasmo.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Ayrton Centeno
segunda-feira, 25 de abril de 2022
Forças Armadas estão sendo usadas para descreditar processo eleitoral, diz Barroso
TSE - Divulgação |
Para o ministro, o desfile de
tanques é exemplo de intenção intimidatória e que, desde 1996, o processo
eleitoral não tem nenhum episódio de fraude.
Lourdes Nassif
No GGN
Há uma tentativa de levar as
Forças Armadas ao ‘varejo da política’, disse o ministro Luís Roberto Barroso
ao participar de seminário neste domingo. O ministro vê uma tentativa de usar
as FA para atacar o processo eleitoral e que o país vê a ascensão do populismo
autoritário.
Barroso pontua que os comandantes
militares devem evitar a contaminação, e lembra que os representantes das
Forças Armadas foram convidados pelo TSE para participarem do processo de
fiscalização das urnas.
Para o ministro, o desfile de
tanques é exemplo de intenção intimidatória e que, desde 1996, o processo
eleitoral não tem nenhum episódio de fraude.
Outro ponto destacado é que é
preciso estar atento com a politização das Forças Armadas, pois que é um risco
real para a democracia. Colocou-se como crítico ferrenho da ditadura e que,
nesses 33 anos de democracia não houve notícia ruim vindo das Forças Armadas.
Mas agora o quadro mudou, com
Bolsonaro tentando jogar as Forças Armadas no ‘varejo da política’. Sua
expectativa é de que as FA não se deixem seduzir e que o profissionalismo e o
respeito às instituições prevaleçam.
O ministro evitou comentar sobre
o indulto a Daniel Silveira e disse que o caso deverá voltar para a Corte. E
que não pode opinar antes disso.
Barroso ainda falou sobre
desinformação e instituições brasileiras aos estudantes brasileiros que moram
na Alemanha. No entanto, falou de forma ampla, evitando associações com o
Brasil.
Mas enfatizou que o Brasil é um
dos países que passa pela ascensão do ‘populismo autoritário’ e que hoje o país
passa por um momento de desprestígio internacional com o governo Bolsonaro.
Com informações de O
Globo.
terça-feira, 19 de abril de 2022
No Brasil e no mundo, os povos se levantam contra a carestia
Tarda ao Brasil lembrar de um
passado, nem tão distante, em que nos anos 1970 e 1980 – ainda na ditadura –
mulheres da periferia se levantaram e enfrentaram a carestia e o medo dos
militares
Por Antonio Pedro (Tonhão)
O mês de março trouxe mais uma
triste notícia ao povo e aos trabalhadores brasileiros. A inflação bateu em
1,62%, a maior dos últimos 28 anos (para o mês), desde 1994, quando foi criado
o Plano real. Como para esse governo, “desgraça pouca pro povo é bobagem”. O
presidente do Banco Central, Roberto Campos, já avisou que a inflação, prevista
de 4,7% para 2022 vai estourar o teto da meta, de 5%, e deve chegar a 7,1% no
fim do ano. Para o espanto de todos, Campos disse estar surpreso com a
inflação. Se ele fosse a um supermercado ou feira, como qualquer trabalhador,
saberia que isso virou rotina.
Tarda ao Brasil lembrar de um
passado, nem tão distante, em que nos anos 1970 e 1980 – ainda na ditadura –
mulheres da periferia se levantaram e enfrentaram a CARESTIA e o medo dos
militares para exigir controle de preços dos gêneros de primeira necessidade e
aumento de salários para seus companheiros – operários, cujo sindicatos estavam
na ilegalidade. Foi uma década – entre 1973 e 1982 – de organização na base que
trouxe muito aprendizado do “saber e fazer” popular. Um levante precisa
acontecer novamente para o despertar do povo.
O Brasil vivencia uma crise
social pior que a do Peru. Lá, por muito menos, o povo já saiu às ruas, houve
confrontos com a polícia e pelo menos cinco pessoas morreram. A carestia dos
alimentos e combustíveis foi o estopim para a revolta, inclusive da classe
média, que não viu seus salários acompanharem a inflação. Embora seja um
governo progressista, não conseguiu ainda se livrar de pilares neoliberais que
retiram as riquezas do país e mantem a desigualdade.
Na Ásia, Oriente Médio, América
do Sul e Europa, o povo não quer mais pagar a conta da crise capitalista. Os
motivos que estão levando países como Peru, Sri Lanka, Paquistão e Grécia a
revoltas populares, inclusive derrubando governos, são mais ou menos os mesmos:
inflação descontrolada de itens básicos como energia, gás, combustíveis e
alimentos, somados a não correção e aumento dos salários.
Essas tensões não ficarão
limitadas a esses países. No Brasil, a situação se torna a cada dia mais
insustentável, uma vez que o governo Bolsonaro só agrava a crise.
segunda-feira, 18 de abril de 2022
Araguaia: como o Exército tentou ocultar o extermínio dos comunistas
Manto de sigilo imposto pelas
Forças Armadas sobre o extermínio da Guerrilha do Araguaia permanece até hoje,
50 anos depois.
Laura Petit da Silva perdeu três
irmãos na ditadura militar. Lúcio, Jaime e Maria Lúcia eram militantes do
Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e, em 1970, juntaram-se ao núcleo da luta
armada que ficou conhecido como a Guerrilha do Araguaia, no Norte do país.
Formado por cerca de 70 combatentes, o grupo foi dizimado pelos militares, que
jamais informaram o destino dos mortos. Os irmãos Petit eram considerados
desaparecidos até que, há 25 anos, uma reportagem do jornal O Globo revelou a
foto do corpo de Maria Lúcia com um saco na cabeça.
“Nós sabíamos que ela tinha sido
executada numa emboscada em junho de 1972, porque uma pessoa próxima nos contou
seis meses depois. Mas não sabíamos que o Exército tinha anotações e
fotografias da minha irmã morta. Eles assassinaram Maria Lúcia e esconderam o
corpo”, desabafa Laura, que luta para encontrar as ossadas de Jaime e Lúcio. “É
lamentável nosso país ter tanto desprezo pelos direitos humanos e continuar
torturando as famílias dos mortos na ditadura. Vivemos um luto sem fim, sem
poder sepultar nossos parentes.”
O manto de sigilo imposto pelas
Forças Armadas sobre o extermínio da Guerrilha do Araguaia permanece até hoje.
Em 2010, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Brasil a
investigar a operação do Exército que, entre 1972 e 1975, erradicou o
movimento. A sentença determinou que o Estado deveria esclarecer as
responsabilidades e aplicar as sanções pela “detenção arbitrária, tortura e
desaparecimento forçado de 70 pessoas”. Mas muito pouco foi feito.
Dados mais relevantes foram revelados
pelo trabalho extraoficial de jornalistas, parentes de mortos, pesquisadores ou
mesmo de militares da reserva decididos a contar o horror do qual foram
cúmplices. Ainda assim, quase 50 anos após campanha do Exército no Araguaia,
apenas duas ossadas de combatentes mortos descobertas na região foram
identificadas.
Trata-se de um dos capítulos mais
violentos da ditadura militar. Oriundos de diferentes partes do Brasil, os
militantes do PCdoB começaram a chegar, no fim dos anos 60, à região conhecida
como Bico do Papagaio, entre os estados do Pará, Maranhão e Goiás, por onde
passa o Rio Araguaia. Habitado por famílias de lavradores que viviam na
miséria, trabalhando em fazendas de latifundiários, o local era considerado
ideal para se iniciar uma revolução contra o governo militar. Os guerrilheiros,
na maioria ex-estudantes universitários na casa dos 20 anos de idade,
instalaram-se abrindo pequenos estabelecimentos, dando aulas para analfabetos,
fazendo atendimentos médicos e exercendo diversas outras atividades.
Durante anos, os “paulistas”,
como eram chamados pelos locais, criaram vínculos com os moradores, enquanto
realizavam treinamentos na selva e faziam propaganda política em pequenas
reuniões. Estavam espalhados por uma área de 6.500 quilômetros quadrados,
divididos em três destacamentos (A, B e C). Mas, pouco numerosos e com
armamento tímido, eles ainda se preparavam para sua revolução quando foram
descobertos, no início de 1972, após a prisão e tortura de um guerrilheiro que
abandonara a mobilização meses antes e com
as informações fornecidas por
outra militante, Lúcia Regina Martins, mulher de Lúcio Petit, que também havia
deixado a selva, grávida e com problemas de saúde.
Em abril de 1972, há 50 anos, as
primeiras tropas chegaram ao Araguaia para combater a guerrilha, perto das
cidades de Xambioá, no Norte do território que é hoje o Tocantins, e Marabá, no
Pará. Mas, como os militantes estavam já bastante treinados e ligados à
comunidade, e como os soldados eram inexperientes naquele tipo de batalha,
foram necessárias três grandes operações envolvendo milhares de homens, durante
dois anos, até que a guerrilha fosse derrotada. Na campanha, o Exército cooptou
camponeses por meio de recompensas e represálias.
Foram usados armamentos pesados,
como bombas incendiárias lançadas em locais da selva onde investigações
apontaram acampamentos revolucionários. Prisioneiros foram torturados e mortos.
Houve até mesmo decapitações. Entre os militares, estima-se em dez o número de
mortos durante confrontos.
Em 1975, as Forças Armadas
começaram uma operação de ocultação dos fatos, sob ordens do então presidente,
Ernesto Geisel. Mais de 60 guerrilheiros haviam sido mortos, a maioria deles
após a prisão. Seus corpos foram retirados das covas rasas e incinerados, assim
como farta documentação. O trabalho foi feito de forma tão meticulosa que, até
hoje, apenas duas ossadas foram descobertas e identificadas. Cerca de 50
guerrilheiros mortos ainda são considerados “desaparecidos políticos”.
“A campanha militar do Araguaia rompeu
até mesmo com o verniz de legalidade que a ditadura criou para promover sua
repressão”, diz a historiadora Maria Cecília Vieira de Carvalho, que esteve na
região acompanhando um grupo de trabalho da Comissão Nacional da Verdade (CNV),
em 2012, e, mais tarde, elaborou a dissertação de mestrado “Não façam
prisioneiros! O combate e o extermínio da Guerrilha do Araguaia”, da UFMG. “Por
isso, o Exército mantém esse silêncio até hoje.”
Mais de 20 anos depois do
extermínio da guerrilha, um militar decidiu que aqueles eventos não podiam mais
ficar escondidos. Sem se identificar publicamente, ele entregou um caixote
cheio de papéis ao jornal O Globo. Durante meses, uma equipe de repórteres se
debruçou sobre as informações, dividindo-se em tarefas. No dia 28 de abril de
1996, o diário começou a publicar a série de reportagens que trouxe, pela
primeira vez, documentos do Exército sobre os mortos do Araguaia. Eram
fotografias, fichas com dados pessoais e anotações feitas a mão por membros das
Forças Armadas. O conteúdo provava que muitos dos “desaparecidos” haviam sido
presos, antes de “sumirem” quando estavam sob custódia do Estado.
“Até hoje, há muita falta de
informação sobre a Guerrilha do Araguaia, mas, na época, era um assunto ainda
mais obscuro. A reportagem revelou documentos do próprio Exército sobre o que
aconteceu naquele episódio”, conta a jornalista Adriana Barsotti, que assinou a
série de reportagens com Amauri Ribeiro Jr., Aziz Filho, Cid Benjamin e
Consuelo Dieguez. “Peguei as fotos e fui batendo de casa em casa para falar com
as famílias de desaparecidos e ver se eles identificavam seus parentes nas
imagens.”
O trabalho, que ganhou o Prêmio
Esso de Reportagem de 1996, contou, entre outras, a história de Maria Lúcia
Petit, morta com um tiro no peito logo no início da campanha militar no
Araguaia, em junho de 1972. Em 1991, parentes de desaparecidos começaram
escavações no cemitério de Xambioá, onde uma ossada foi descoberta e enviada à
Unicamp, que já trabalhava na identificação de restos mortais descobertos na
Vala de Perus, em São Paulo. Entretanto, mesmo com os vários pedidos de Lúcia
Petit, irmã da guerrilheira, a identificação da ossada só foi realizada após a
publicação da reportagem. A perícia confirmou que os restos mortais eram de
Maria Lúcia, e a família pôde, então, sepultar a ex-professora primária, num
cemitério em Bauru, onde morava a sua mãe.
“Tudo o que joga luz sobre aquele
período de trevas do País ganha muita importância, porque ajuda a construir
partes da História que os militares tentaram esconder”, comenta o jornalista
Aziz Filho. “A reportagem contou as histórias de pessoas que tinham morrido
combatendo a ditadura. Eram jovens que deixaram suas vidas nas cidades em
função de um ideal.”
Desde a redemocratização,
diversos trabalhos tiraram do breu tudo o que se tem ciência hoje sobre o
Araguaia, transpondo barreiras impostas até hoje pelas Forças Armadas. Em
alguns casos, foram os próprios militares que decidiram revelar o que
sabiam. Em 1993, o então coronel da
reserva Pedro Corrêa dos Santos Cabral lançou o livro Xambioá – Guerrilha no
Araguaia, no qual ele relata como pilotou um helicóptero com a missão de
ocultar corpos de combatentes mortos.
Em 2019, o também jornalista
Eduardo Reina lançou Cativeiro sem Fim, tirando do silêncio o drama de pessoas
que eram crianças quando foram sequestradas por militares durante a campanha no
Norte do Brasil. São filhos e filhas de camponeses e guerrilheiros arrancados
de suas famílias e criados por pessoas ligadas às Forças Armadas, em cidades
distantes do Araguaia.
“No livro, conto sobre uma ação
do Ministério Público Federal (MPF) que chegou a flagrar integrantes do
Exército indo à casa de moradores do Araguaia, recentemente, para impedi-los de
revelar informações sobre os mortos nos anos 70”, diz Reina, que ficou 20 dias
na região do Araguaia, pesquisando para o livro. “Senti que ainda há muito
receio das pessoas de falar sobre aquela época, mesmo depois de quase 50 anos.
Eles ainda temem represálias dos militares.”
Com informações do Blog
do Acervo
Via – Portal Vermelho
quarta-feira, 13 de abril de 2022
A imortalidade do músico Gilberto Gil na Academia Brasileira de Letras
Fernanda Montenegro na posse de Gilberto Gil na Academia Brasileira de Letras. |
Músico e compositor assume a
cadeira 20 da ABL criticando a hostilidade do governo contra artistas e a
cultura.
O cantor, compositor e
ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil, foi empossado hoje como novo ocupante da
cadeira 20 da Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo ao jornalista e
advogado Murilo Melo Filho. Gil foi recebido na ABL pelo também acadêmico
Antonio Carlos Secchin.
Em seu discurso de posse, o
imortal afirmou que a Academia Brasileira de Letras é a Casa da Palavra e da
Memória Cultural do Brasil. “E tem uma responsabilidade grande no sentido de
fortalecer uma imagem intelectual do país que se imponha à maré do
obscurantismo, da ignorância, e demagogia de feição antidemocrática. Poucas
vezes na nossa história republicana o escritor, o artista, o produtor de
cultura, foram tão hostilizados e depreciados como agora”, denunciou, para
aplausos da plateia.
“Há uma guerra em prol da
desrazão e do conflito ideológico nas redes sociais da internet, e a questão
merece a atenção dos nossos educadores e homens públicos. A ABL tem muito a
contribuir nesse debate civilizatório. E eu gostaria, aqui, de colaborar para o
debate, em prol da cultura e da justiça”.
Gil disse que, entre as tantas
honrarias que a vida lhe proporcionou, entrar na ABL tem uma dimensão especial.
“Não só porque a ABL é a casa de Machado de Assis, escritor universal,
afrodescendente como eu, mas também porque a ABL representa a instância maior,
que legitima e consagra, de forma perene, a atividade de um escritor ou criador
de cultura em nosso país. Sou filho de uma professora primária e um médico. A
eles devo o meu amor às letras e música. A imagem dos meus pais está comigo
nessa noite e sua memória para mim é uma benção”, disse.
Em outro trecho Gil citou as
alegrias e perdas ao longo da vida: “Tive grandes êxitos e alegrias nesta vida,
mas também muitas tristezas, a maior e mais dolorosa, a perda do meu filho
Pedro Gil. Mas não desanimo e é preciso resistir sempre. Apesar dos tempos
politicamente sombrios que vivemos aposto na esperança contra a treva física e
moral. Que haja ao menos a chama de uma vela até chegarmos a toda a luz do
luar”.
Apesar de dizer que não cantaria,
Gil acabou cantando durante o discurso, os versos: “Se a noite inventa a
escuridão, a luz inventa o luar. O olho da vida inventa a visão, doce clarão
sobre o mar”.
terça-feira, 12 de abril de 2022
Nuvem estranha no Alasca desperta teorias que vão de ovnis a ataque russo
No UOL
Uma nuvem vertical de formato
cilíndrico, fotografada acima de uma montanha no Alasca, nos Estados Unidos,
despertou uma série de especulações nas redes sociais. Entre as teorias estavam
um possível acidente de avião, a queda de um Ovni (Objeto Voador Não
Identificado), uma erupção vulcânica e até um ataque de míssil russo,
relacionado ao conflito com a Ucrânia no leste europeu. A nuvem
"estranha" foi vista na quinta-feira (7) sobre a Lazy Mountain, no
Alasca, e virou tema de debate em um grupo do Facebook dedicado à cidade de Palmer
—o Palmer Alaska Buzz.
Investigações de autoridades
locais, no entanto, indicaram que a nuvem deve ter sido formada a partir de um
grande jato comercial que estaria voando na área quando fotos e vídeos foram
feitos. Conforme o Alaska State Troopers —um dos órgãos que investigou o
fenômeno— as fotos e os vídeos mostraram "um rastro do jato comercial,
combinado com o sol nascente, que juntos causaram a visão atmosférica
única". O órgão informou ainda que não houve relatos de acidentes com
aeronaves no local —uma das teorias levantadas. "Uma equipe de resgate em
um helicóptero voou em uma missão ao redor da área de Lazy Mountain esta manhã
[quinta-feira] e não localizou nada suspeito e não havia sinais de aeronaves
caídas," acrescentou.
segunda-feira, 11 de abril de 2022
14a. semana termina com queda de 17% nas mortes e 4% nos contágios
Ensaio técnico de escola de samba para os desfiles que ocorrem após um ano de atraso pela pandemia, a partir do próximo final de semana. |
Queda constante há cinco semanas
animou governos a flexibilizar protocolos sanitários que permitem a realização
de desfiles de carnaval, shows e jogos. Apesar disso, variante BA2 da ômicron
avança com alarme sobre EUA e Europa, antes de chegar ao Brasil.
Por Cezar Xavier
Brasil registrou neste sábado (9)
98 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, totalizando 661.220 desde o
início da pandemia. Os números são do Ministério da Saúde.
Com isso, a média móvel de mortes
nos últimos 7 dias é de 154, abaixo da marca de 200 pelo oitavo dia e a mais
baixa desde 16 de janeiro.
Em comparação à média de 14 dias
atrás, a variação foi de -35%, tendência de queda nos óbitos decorrentes da
doença. O cálculo da média é do consórcio da imprensa.
No fechamento desta 14a. semana
epidemiológica de 2022, a queda de 17,38% nos óbitos tem sido constante em
relação às semanas anteriores.
O país registrou 21.229 novos diagnósticos de Covid-19 em 24 horas, completando 30.145.92 casos conhecidos desde o início da pandemia. Com isso, a média móvel de casos nos últimos 7 dias foi de 20.833, variação de -31% em relação a duas semanas atrás.
A queda total de contágios em
relação à semana anterior foi de apenas 4,42%, embora se mantenha constante há
cinco semanas.
Em seu pior momento, a média móvel superou a marca de 188 mil casos conhecidos diários, no dia 31 de janeiro deste ano.
Situação nos estados
Distrito Federal, Rio de Janeiro
e Roraima não divulgaram boletim neste sábado. Acre, Amapá, Espírito Santo,
Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia
e Tocantins não registraram mortes por Covid em 24 horas.
A maioria dos estados continua em
desaceleração no número de mortes. Apenas estados do Norte e Nordeste (RN, AC,
CE) , com população menor, apresentam alta, pois cada óbito acaba tendo um peso
maior na população. Os quatro estados com números estáveis são SC, AP, PA e SE.
Vacinação: 75,03%
Os dados do consórcio de veículos
de imprensa desta segunda-feira (4) mostram que 161.194.339 brasileiros estão
totalmente imunizados ao tomar a segunda dose ou a dose única de vacinas. Este
número representa 75,03% da população
total do país. A dose de reforço foi aplicada em 78.934.152 pessoas, o que
corresponde a 36,74% da população.
A população com 5 anos de idade
ou mais (ou seja, a população vacinável) que está parcialmente imunizada é de
87,92% e a população com 5 anos ou mais que está totalmente imunizada é de
80,54%. A dose de reforço foi aplicada em 48,79% da população com 18 anos de
idade ou mais, faixa de idade que atualmente pode receber o reforço da
vacinação.
No total, 10.876.164 doses foram
aplicadas em crianças, que estão parcialmente imunizadas. Este número
representa quase 53,05% da população nessa faixa de idade que tomou a primeira
dose. Ainda nesta faixa, 3.567.609 estão totalmente imunizadas ao tomar a
segunda dose de vacinas, o que corresponde a 17,40% da população deste grupo.
quinta-feira, 7 de abril de 2022
Manifestantes vão às ruas no sábado (9) contra a carestia, a fome e o desemprego
(Fotomontagem: lula.com.br) |
#BolsonaroNuncaMais tem 42 atos confirmados em cidades de todas as regiões do Brasil e na Suíça.
Por Mariana Mainenti
Movimentos populares, centrais
sindicais e entidades preparam um dia nacional de mobilização em diversas
cidades do Brasil, no próximo sábado (9), contra o aumento dos preços dos
alimentos, dos combustíveis e do gás, a fome e o desemprego.
#BolsonaroNuncaMais é o grito da
população que sofre com todas as mazelas do desgoverno de Jair Bolsonaro (PL),
desaprovado por 63% dos brasileiros, segundo pesquisa do instituto Ipespe,
divulgada nesta quarta-feira (6).
No portal da CUT, a Central
ressalta que o percentual de brasileiros que acreditaram que a economia vai no
caminho errado é o mesmo, 63%, e reflete a preocupação com as altas taxas de
desemprego e disparada da inflação, impactada principalmente pelo aumento dos
preços da gasolina, diesel e gás de cozinha e os dos alimentos.
Organização dos atos
As manifestações deste sábado, já
marcadas em 13 capitais, que foram convocadas também pelas frentes Brasil
Popular, Povo Sem Medo e Fora Bolsonaro Nacional, integram a Campanha Fora
Bolsonaro, apontado por 43% dos brasileiros como o pior presidente do país
desde a redemocratização do país, ainda segundo a pesquisa Ipespe.
Para a professora e secretária de
Relação com os Movimentos Sociais da CUT, Janeslei Albuquerque, ir às ruas
neste sábado é fundamental para “enfatizar que a destruição” do país é culpa de
Bolsonaro. “É um ato para enfatizar a destruição, o aprofundamento da perda da
soberania, que é o centro do projeto bolsonarista”, diz ela. “É a destruição
também do campo ambiental, envenenamento dos rios, do genocídio indígena, do
sistema educacional brasileiro, da ciência e pesquisa que sofreu um corte total
de financiamento”, complementa a dirigente.
Norte
AP – Macapá – Praça da Bandeira |
16h
PA – Belém – Escadinha da
Presidente Vargas | 8h
Nordeste
BA – Itabuna – Praça Adami | 9h
BA – Feira de Santana –
Estacionamento em frente à prefeitura | 8h30
BA – Salvador – Concentração no
Campo Grande | 14h
CE – Fortaleza – Praça Portugal |
15h
MA – Imperatriz – Calçadão,
Centro | 9h
MA – Santa Inês – Praça das
Laranjeiras | 8h
MA – São Luís – Praça João Lisboa
| 9h
PE – Recife – Parque Treze de
Maio | 9h
PI – Teresina – Praça da
Liberdade | 8h
SE – Aracaju – Praça de Evento
dos Mercados | 8h
RN – Natal – Em frente ao Midway
| 15h
Centro-Oeste
DF – Brasília – Museu da
República | 16h
GO – Goiânia – Praça do
Trabalhador | 16h
GO – Rio Verde – (Aguardando
Infos) | 9h
MS – Campo Grande – Avenida
Afonso Pena c/ 14 de Julho | 9h
Sudeste
MG – Barbacena – Praça São
Sebastião | 8h30
MG – Belo Horizonte – Praça
Afonso Arinos | 9h30
MG – Juiz de Fora – Parque Halfel
| 10h
MG – Montes Claros – Mercado
Municipal | 8h
RJ – Campo dos Goytacazes – UFF
Campos | 9h
RJ – Rio de Janeiro – Candelária
| 10h
SP – Botucatu – Praça do Bosque |
14h
SP – Jaguariúna – Campinas Largo
do Rosário | 9h
SP – Marília – Praça da Ilha, em
frente a Galeria Atenas | 9h30
SP – Osasco – Estação de Osasco |
12h30
SP – Ribeirão Preto – Esplanada
Theatro Pedro II | 9h
SP – Santos – Estação da
Cidadania, Av. Ana Costa 340 | 16h
SP – São Paulo – Praça da
República | 14h
SP – São Vicente – Praça Barão |
10h
Sul
PR – Cascavel – Em frente a
Catedral | 9h
PR – Curitiba – Praça Generoso
Marques | 14h30
PR – Umuarama – Praça Arthur
Thomas | 10h
PR – Foz do Iguaçu – Praça da
Bíblia | 18h
RS – Novo Hamburgo – Praça do
Imigrante | 10h
RS – Pelotas – Mercado Público |
10h
RS – Porto Alegre – Largo Glênio
Peres | 15h
RS – Santa Maria – Praça Saldanha
Marinho | 14h
SC – Florianópolis – Largo da
Alfândega | 9h
SC – Joinville – Praça da
Bandeira | 14h
Suíça
Zurique – Flashmob e ato Rua ao
lado da casa do Povo em frente a praça Nenhuma a Menos. Klimarkirche,
Wibichstrasse 43, ZH | 17h (horário local)
Fonte: Portal da CUT e
Central de Mídia das Frentes Brasil Popular, Povo Sem Medo e Fora Bolsonaro
Nacional
quarta-feira, 6 de abril de 2022
Flamingo que sumiu de zoo há 17 anos reaparece em estado diferente nos EUA
No NPR |
No UOL
Um flamingo desaparecido de um
zoológico no estado americano de Kansas ressurgiu após 17 anos no Texas. Pink
Floyd, como o animal é conhecido, foi flagrado primeiro por um cidadão, David
Foreman, e em seguida pela Guarda Costeira em 10 de março enquanto passeava
junto a outras aves por Rhodes Point, na Baía Cox.
De acordo com a agência do
governo, esta não é a primeira vez que Pink Floyd é visto, no entanto. Há
relatos de outros flagras de suas andanças pelo estado em que escolheu viver há
alguns anos. Veja o momento em que ele foi identificado este mês.
"Parece que o Pink Floyd
voltou do lado escuro da Lua", brincaram os oficiais do Departamento de
Parques e Vida Selvagem do estado ao avistarem o flamingo africano, que estimam
ter cerca de 27 anos. A espécie vive, em média, entre 30 anos e 40 anos, segundo
o Zoológico de Basel, na Suíça. Segundo o jornal britânico Daily Mail, as
autoridades têm certeza de que este é mesmo Pink Floyd porque ele recebeu uma
numeração em sua pata — nº 492. Ele já teria sido identificado pelo mesmo
número enquanto visitava os estados de Wisconsin e Louisiana, embora não se
saiba muito mais sobre o visitante, que veio da África para os EUA em 2004 e
não chegou a ser examinado para determinar o sexo.
Pink Floyd teria escapado do
Sedgwick County Zoo, em Wichita, em 2005 porque funcionários não teriam feito
as incisões em suas asas que o impediriam de voar. Ele fugiu com um colega
durante uma tempestade, mas segundo o "Mail", o outro animal não foi
mais visto desde então.
terça-feira, 5 de abril de 2022
Serafim e seus filhos (Composição de Ruy maurity )– A história
Por José Mário Espindola
A música Serafim e Seus Filhos,
foi lançada em 1971, no LP Em Busca do Ouro de Ruy Maurity & Trio
[regravada no álbum Nem Ouro Nem Prata, de 1976]. Embora tenha feito muito
sucesso à época, sua fama se limitou ao sul/sudeste.
Trata-se da história de um típico
bando de ladrões de gado, gaúchos, composto pelo chefe, Serafim, e os seus
quatro filhos.
A música impressiona pelo
delicioso compasso de guarânia e por sua beleza, fazendo contrapondo com a
surpresa no desfecho da história narrada na canção. Vale a pena dar uma olhada
na letra.
No primeiro verso, o autor
apresenta e descreve o bando com suas qualidades para o métier de roubar gado:
São três machos e uma fêmea
Por sinal, Maria, que com todos se parecia
Todos de olhar esperto, para ver bem perto
Quem de muito longe é que vinha
Continua, acusando a origem da
sua prole: “... dois juramentos, todos dois sangrentos...”:
Filhos de dois juramentos, todos dois sangrentos
Em noite clarinha
Ê, ah, ôôôô
O João Quebra-Tôco, Mané Quindim, Lourenço e Maria
Descreve como partiam para
praticar um roubo:
Noite alta de silêncio e lua
Serafim, o bom pastor de casa saía
Dos quatro meninos, dois levavam rifles
Outros dois levavam fumo e farinha
Sugere que todos tinham orgulho
do que faziam, comparando-os ao herói ibérico:
Bandoleros de los campos vierdes, Dom Quijotes
De nuestro desierto
Ê, ah, ôôôô
Serafim Bom de Corte, Mané, João, Lourenço e Maria
Mas nem todos viam futuro naquela
vida. O filho mais novo estava insatisfeito, e resolveu seguir o seu próprio
destino:
Mas o tal Lourenço, dos quatro o mais novo
Era quem dos quatro tudo sabia
Resolveu deixar o bando e partir pra longe
Onde ninguém lhe conhecia
Só não contava com a atitude do pai.
Este destila todo o seu ódio na vingança, logo contra um filho, revelando a sua
face mais cruel, inimaginável numa relação familiar:
Serafim jurou vingança
Filho meu não dança conforme a dança
Ê, ah, ôôôô
E mataram Lourenço
Em noite alta de lua mansa
Todo mundo dessas redondezas conta
Que o tal Lourenço não deu sossego
Fez cair na vida sua irmã Maria
E os outros dois matou só de medo
E a canção atinge a sua apoteose, com o desfecho arrepiante:
Serafim depois que viu o filho lobisomem
Perdeu o juízo
Ê, ah, ôôôô
E morreu sete vezes
Até abrir caminho pro paraíso
Ruy Maurity compôs muitas canções
, todas belas. Mas, inegavelmente esta é a que impressiona mais, e causa
impacto mais profundo no ouvinte. É realmente uma música inesquecível.
Luiz Cláudio - SERAFIM E SEUS FILHOS - Ruy Mauriti.
Álbum: Luiz Cláudio.
Ano de 1972.
Coisas que o tempo levou.
Edição em homenagem póstuma ao
cantor e compositor RUY MAURITI, falecido em 31 de março de 2022.
Por Luciano Hortêncio em seu canal no Youtube
segunda-feira, 4 de abril de 2022
Juan Cancio Barreto - Violonista paraguaio
Juan Cancio Barreto nasceu em
Assunção , Paraguai , em 27 de março de 1950. Filho de Carmen Emategui e
Rodolfo Barreto. Começou a tocar violão aos 7 anos, quando um amigo de seu pai,
chamado Dario Duarte, também músico, lhe deu um pequeno violão (requinto). [1]
Seu pai lhe ensinou o básico e depois um vizinho, Eufrásio Riveros, o ensinou a
tocar. desde então nunca mais deixou de tocar aquele belo instrumento.
Aos 11 anos, conheceu Efrén
Echeverría , que se tornou seu professor e o inspirou a amar e apreciar o
folclore do Paraguai e particularmente sua música. O artista se lembra de sua
professora com carinho e gratidão.
Edição de carreira
Ano Evento excepcional
1968 Medalha de Ouro de “Melhor Requinto” com o Trío Esmeralda, no
Estádio dos Comuneros.
1969 “Artista Revelação” na Caravana Show, Chanel 9. No mesmo ano,
integra o elenco do Departamento Artístico do Ministério da Defesa Nacional,
departamento que foi local de eclosão de grandes valores artísticos.
década de 1970 “Noites de folclore” em Guarida del
Matrero, junto com outros músicos importantes, como Maneco Galeano, os irmãos
Carlos e Jorge (Necho) Pettengil, Enrique (Gua'i) Torales, Viquito Benítez,
Santi Medina, Oscar Gómez, Graciela Abbate , Marcos Brizuela, María Cristina
Gómez Rabito , Carlos Noguera e muitos outros.
década de 1970 Forma um dueto com Marcos
Brizuela, firma-se finalmente com seu amado instrumento e ganha vários prêmios.
1983 “Artista Revelação” do Festival Lago Ypacarai .
1976 Vencedor do troféu “Guitarra de Oro” (Guitarra de Ouro), o
prêmio mais apreciado pelos grandes músicos.
1977 Entra na delegação do festival do Lago Ypacaraí , e participa
do Festival de Cosquín , Córdoba , Argentina . Lá, ele ganha o troféu “Carmín
Cosquín”, prêmio que ganhou mais uma vez em 1979.
1978 No Festival Latino-Americano de Punta del Este , Arenas , Chile
ele ganha o “Ñandú de Oro”.
1980 Ele grava várias partituras com o grupo Los Indianos.
década de 1980 Seu filho Juan Angel começa a
acompanhá-lo no violão; eles compartilham momentos artísticos muito bons.
Juntos têm muitos sucessos e recebem a “Medalha de Ouro ao Sucesso e
Popularidade” no Festival da Raça na cidade de Villarica .
1997 em diante Inicia a série de concertos
“Guitarra adentro” com Berta Rojas , em Assunção e viajam por várias cidades do
Paraguai. A ideia de juntar a música do violão popular com o violão clássico
foi o que os fez querer trabalhar juntos.
2004 Ele recebe um disco de platina da gravadora BlueCaps pelo álbum
“Vya'y yave”, que se tornou o álbum mais vendido da última década.
Outras atividades
Juan Cancio Barreto compartilhou
e recebeu o exemplo de músicos paraguaios como: Mauricio Cardozo Ocampo ,
Eladio Martínez , Diosnel Chase, Emilio Vaesken, Edmigio Ayala Báez, Samuel
Aguayo, Agustín Barboza , Luis Alberto del Paraná e Faustino Brizuela.
Em 1980, com o apoio do governo
municipal de Assunção, viajou para a Europa, onde toca e faz várias gravações
com o famoso grupo “Los Indianos”.
Desde os anos 80 ele vem se
apresentando junto com seu filho Juan Angel, que também é guitarrista.
Juntamente com Juan Angel, eles continuam a colher sucesso e popularidade,
ganhando medalhas de ouro no Festival de la Raza na cidade de Villarrica.
Atualmente é Diretor de Cultura
do Município de Ciudad del Este.
Durante suas frequentes turnês,
conquistou audiências no Paraguai e em outros países. E hoje continua viajando
pelo interior do país, pela Argentina, Brasil e Chile, onde ainda recebe
prêmios e reconhecimentos por suas atuações.
Referências
Autobiografia em ABC Color 20 de
abril de 2009
Dicionário de música paraguaia.
Juan Cancio Barreto.Assunção Paraguai.
Via - Wikipédia