Há exatos 40 anos chegava ao fim uma das principais guerras
imperialistas do século passado. Em 30 de abril de 1975, os vietnamitas
finalmente colocavam um ponto final na guerra de ocupação contra seu país e
impunham aos EUA uma derrota histórica marcante e que abriu caminho para outros
enfrentamentos anti-imperialistas.
Com a reputação arranhada, - não apenas por perderem uma
guerra pela primeira vez, mas também pelas técnicas desumanas que utilizaram,
em vão, para conseguir dominar a nação asiática – os estadunidenses foram
derrotados e saíram às pressas de Saigon.
A maior potência bélica do mundo gastou mais de 200 bilhões
de dólares e chegou a enviar 550 mil soldados para a Guerra do Vietnã.
Com boa parte da opinião pública internacional contrária ao
conflito e com grande parte dos norte-americanos considerando a morte de seus
compatriotas totalmente sem sentido, o então presidente do país, Richard Nixon,
foi obrigado a bater em retirada e seus planos de combate ao comunismo na
região, foram derrotados. A agressão, que foi o método utilizado para
viabilizar estes planos, provocou a morte de mais de 1 milhão de vietnamitas e
de 60 mil estadunidenses.
Com a vitória, o Vietnã encerrou um longo período de
ingerência belicista em seu território. Embora os combates tenham se iniciado
por volta de 1957, os vietnamitas já vinham sofrendo, há décadas, com os
desmandos de potências ocidentais. Em 1883 a região, na época conhecida como
Indochina (Vietnã, Laos e Camboja), caiu sob domínio do colonialismo francês.
Esta exploração foi interrompida durante a Segunda Guerra Mundial, quando,
entre 1941 e 1945, o Japão assumiu o papel de subjugar a população local em
prol de interesses próprios. O fim da beligerância global deu a falsa impressão
aos franceses de que poderiam seguir com seu domínio. Esse ledo engano deu
origem à Guerra da Indochina, embrião da Guerra do Vietnã.
Quando em 1954, influenciados pela busca por soberania e
liberdade, os vietnamitas conseguiram se livrar da França, viram o país ser
dividido na Conferência de Genebra. O Norte, liderado pelo histórico líder
comunista Ho Chi Minh e o Sul sob a influência capitalista dos EUA, mais um dos
muitos efeitos da Guerra Fria.
A proposta inicial previa que dois anos depois, em 1956,
eleições fossem realizadas e o país fosse reunificado. No entanto, influenciado
pelos estadunidenses, o governo da região Sul descumpriu o acordo, dando origem
a uma série de combates.
A ideia norte-americana, em especial de Robert McNamara,
secretário de Defesa dos Estados Unidos durante os governos de John Kennedy
(1961 – 1963) e Lyndon Johnson (1963 – 1969), era de que se os comunistas
vencessem as eleições no Vietnã, logo o comunismo tomaria forma em toda a Ásia,
o que era inadmissível na estratégia estadunidense e justificava, para eles,
uma guerra destas proporções.
No início da década de 1960, percebendo que apenas dinheiro
e armamento não seriam suficientes para que a região Sul vencesse os conflitos
internos, os EUA intensificaram o envio de soldados, os bombardeios ao lado
Norte e até passaram a utilizar armas químicas, cujo efeito devastador é
sentido até hoje no Vietnã.
Nada disso foi suficiente. Os bravos vietcongs, como ficaram
conhecidos os combatentes vietnamitas, conseguiram libertar o país, mesmo com
menor poderio bélico, utilizando técnicas de guerrilha. Depois de encurralar as
forças estadunidenses e da fuga de seus aliados do Vietnã do Sul, organizaram
uma grande ofensiva, marcharam em Saigon e rebatizaram a cidade para Ho Chi
Minh. Um ano depois, finalmente, a nação foi reunificada, transformando-se (e
mantendo até hoje) em um país socialista.