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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

O mestre sala dos mares

Texto publicado em 2015 no Portal Geledés em ocasião dos 135 anos de nascimento de João Cândido conhecido como “O Mestre Sala dos Mares.”

( Joâo Cândido: Museu da Imagem e do Som/1968) 

“É preciso que trabalhemos muito, que haja muita união, parte com parte. Desapareçam as paixões, os espíritos de vinganças que hão devir ou virão, é preciso que estejamos unidos para o futuro”.

Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite* via Guest Post para o Portal Geledés

A abolição da escravatura, em 13 de maio de 1888, ocorreu sem inclusão social, restando aos libertos a pobreza, o subemprego e o estigma de séculos de escravidão. Este quadro excludente, o historiador e jornalista gaúcho, Décio Freitas (1922-2004), que foi dirigente do Partido Comunista Brasileiro, conceituou de “Brasil inconcluso”, título de um de seus livros.

A Censura no governo militar

Em nosso país, entre outras contribuições, o samba se constitui numa herança musical do negro, representando uma das formas da sua resistência cultural. “O Mestre-Sala dos Mares”, composto, em 1975, por João Bosco e Aldir Blanc, é um relicário desse gênero musical, cuja letra foi censurada no regime militar (1964-1985) por trazer a público a figura de João Cândido Felisberto (1880-1969), o líder da “Revolta da Chibata” (1910), personagem que a história oficial soterrou nos porões da memória nacional. Entre outras alterações na letra, destacam-se a substituição de marinheiro por feiticeiro e navegante no lugar de almirante.

No mês de junho de 1880, há 135 anos, nasceu João Cândido e nada mais justo que nos lembremos do samba que evoca a sua figura e o exemplo de resistência contra a opressão. Essa composição, imortalizada na voz de Elis Regina (1945-1982), poderia, também, ser batizada com o título de “Mestre-Sala da Liberdade”, devido à sua luta contra a injustiça e o desrespeito à dignidade humana. Na escola de samba, o mestre-sala corteja e protege a porta-bandeira. No caso do Almirante Negro, ele defendeu a porta-bandeira da liberdade no bailar das águas.
“O Mestre-Sala dos Mares” nasceu em Encruzilhada, no Rio Grande do Sul, em 24/6/1880. Filho dos ex-escravos João Felisberto e Inácia Cândido Felisberto. João Cândido, com apenas 13 anos, lutou a serviço do governo na Revolução Federalista do Rio Grande do Sul (1893-1895). Aos 14 anos se alistou no Arsenal de Guerra do Exército e com 15 anos ingressou na Escola de Aprendizes Marinheiros de Porto Alegre. Passados cinco anos foi promovido a marinheiro de primeira classe. Ao completar 21 anos, em 1903, foi promovido a cabo-de-esquadra, embora tenha sido rebaixado a marinheiro de primeira classe, por introduzir no navio um baralho para jogar. Serviu na Marinha do Brasil por 15 anos, tempo em que viajou pelo Brasil e outros países.

A Revolta da Chibata /1910

À noite, em 22 de novembro de 1910, eclodiu, no Rio de Janeiro, a “Revolta da Chibata”, devido aos castigos corporais sofridos pelos marujos, que eram punidos com chibatadas como à época da escravidão. Após Marcelino Menezes ter recebido, como castigo, 250 chibatadas, no encouraçado Minas Gerais, a marujada, composta por 90% de negros pobres, rebelou-se. O movimento tramado por marinheiros, como Francisco Dias Martins, o “Mão Negra” e os cabos Gregório e Avelino, teve como porta-voz o timoneiro João Cândido.

O “Mestre Sala dos Mares” era prestigiado pelos colegas, sendo com frequên-
cia designado para exercer liderança a bordo, inclusive, em suas viagens por outros países da Europa. Na Marinha, João Cândido devido a seu bom comportamento nunca sofrera castigos físicos. Em 1910, foi enviado à Inglaterra, para conduzir o encouraçado Minas Gerais ao Brasil.

Durante a viagem inaugural do Minas Gerais, João Cândido e companheiros ficam sabendo do movimento em prol da melhoria das condições de trabalho que exerciam os marinheiros britânicos entre 1903 e 1906. Tomaram conhecimento, também, da insurreição dos russos embarcados no encouraçado Potemkin, em 1905, que se tornaria tema de filme em 1925.

No calor da luta, quando eclodiu a revolta, três oficiais e o comandante do encouraçado Minas Gerais, João Batista das Neves, foram mortos, o que trouxe consequências trágicas para os envolvidos. O motim se estendeu a outros navios, sendo seus comandantes destituídos. Além do Minas Gerais, os marujos tomaram os navios Bahia, São Paulo, Deodoro, Timbira e Tamoio, hasteando bandeiras vermelhas e um pavilhão: “Ordem e Liberdade”.

Cerca de 2.300 homens comandaram os navios de guerra, direcionando mais de 80 canhões para o Palácio do Catete (RJ). Além da anistia, os marujos exigiam o fim dos castigos, aumento do soldo e redução da carga horária. Em 25/11/1910, o presidente Hermes da Fonseca (1855-1923) lhes deu anistia, porém, três dias depois, decretou as expulsões da Marinha e prisões. Os marujos, após devolverem os navios aos oficiais, foram surpreendidos: haviam sido traídos. Na imprensa, neste ínterim, alguns periódicos começaram a criticar a fragilidade do Governo e da Marinha ao concederem a Anistia aos revoltosos. Alguns membros da Marinha, inclusive, de alta patente faziam declarações públicas no mesmo sentido. Os jornais da época registram que a população local teve o reflexo de buscar abrigo fora do centro da cidade e das regiões litorâneas, temendo os canhões dos poderosos navios que estavam apontados para o Palácio do Catete. Embora o receio, uma parte da imprensa manifestou simpatia pelas reivindicações dos marujos.


O Museu da Comunicação Hipólito José da Costa (Musecom), instituição fundada, em setembro 1974, em Porto Alegre, (RS) guarda e preserva, em sua hemeroteca, jornais e revistas deste período, nos quais o pesquisador tem a oportunidade de constatar a forma como a Revolta da Chibata (1910) foi divulgada na época. Um exemplo, do registro desta história, é a revista “Careta”, de 10 de dezembro de 1910, que faz parte do acervo da Instituição. Esta traz uma charge com o título “A disciplina do futuro: Eu to vendo que nom guento ocês sem chibata” onde oficiais de carreira reverenciam a figura de João Cândido no encouraçado Minas Gerais. Atualmente, o Musecom, responsável por este valioso acervo, é dirigido pelo arquivista e jornalista Yuri Victorino. 


A falsa Anistia e as perseguições   

Acusados de outro levante, no Quartel da Ilha das Cobras, que, segundo alguns pesquisadores há a possibilidade de ter sido forjado pelos próprios oficiais da Marinha, o governo recebe plenos poderes do Congresso para agir, sendo a ilha cercada e bombardeada. Cerca de 100 marinheiros são presos e enviados para os porões do navio “Satélite” junto a ladrões, prostitutas e desocupados recolhidos pela polícia. A proposta era de “limpar” a capital, enviando-os para trabalhos forçados na Comissão Rondon, ou para serem deixados na Floresta Amazônica. Na lista de nomes, que foi entregue ao comandante do “Satélite”, alguns eram marcados por uma cruz vermelha. Estes morreriam fuzilados e, depois, seriam jogados ao mar.

  Mortes e dor

18 líderes foram presos na solitária da Ilha das Cobras. Neste local, João Cândido e outro marujo sobreviveram. Os outros 16 morreram sufocados, devido à evaporação da cal misturada à água para lavar o local. Marques da Rocha, comandante do Batalhão Naval, capitão-de-fragata, por motivos que se “desconhecem”, levou as chaves da cela e foi passar a noite de Natal no Clube Naval, embora morasse na Ilha. Sem as chaves, a guarda da madrugada, mesmo ouvindo os gritos de dor e pavor, não conseguiu abrir a cela. Quando o comandante Marques da Rocha retornou à ilha, às oito horas da manhã, já era tarde demais… O Natal dos companheiros do “Mestre- Sala dos Mares” fora de sofrimento e morte.

O desfecho

O médico da Marinha deu como causa das mortes insolação, e o comandante Marques da Rocha foi absolvido em Conselho de Guerra, além de ser promovido e recebido em jantar oferecido pelo presidente da República Hermes da Fonseca (1855-1923).

No ano de 1911, o “Mestre- Sala dos Mares” foi internado como louco no Hospital dos Alienados sob o choque emocional de presenciar a morte dos companheiros de cela. Ao obter alta, retornou para a prisão da Ilha das Cobras, saindo em 1912. Estigmatizado como rebelde e perigoso à sociedade, foi expulso da Marinha. João Cândido viveu o resto da vida pobre, como estivador e vendedor de peixe na praça XV do Rio de Janeiro.

Em 1917, a sua primeira esposa faleceu, e Joâo Cândido começou a trabalhar como pescador para sustentar a família. Casou-se novamente, porém sua segunda esposa suicidou-se no ano de 1928. Dez anos após esta tragédia, novamente voltaria a ocorrer, mas desta vez com uma de suas filhas. O “Mestre-Sala dos Mares” se casou três vezes e teve 11 filhos.

João Cândido não tinha por hábito comentar sobre a Revolta da Chibata (1910) com seus filhos. De acordo com dona Zeelândia e Candinho, seu filho menor, era comum escutá-lo falar do levante na rua ou das homenagens públicas recebidas por ele. A família sabia que o maior sonho, acalentado por João Cândido, era retornar para a Marinha de Guerra. Infelizmente, este desejo nunca se realizou..

No mês de março de 1964, João Cândido recebeu o convite da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil, sob a liderança de José Anselmo dos Santos – agente infiltrado dos órgãos de repressão brasileiros –, para participar do histórico encontro do Sindicato dos Metalúrgicos no Rio de Janeiro. Este reuniu cerca de duas mil pessoas e de acordo com historiadores, foi o estopim para o golpe militar de 64. Junto a Leonel Brizola (1922-2004), então deputado federal, João Cândido, naquela ocasião, presenciou discursos inflamados. Alguns discursos, acerca da melhoria na alimentação dos barcos e revisão dos regulamentos da Marinha, eram velhos na memória do marinheiro. Outras questões, de cunho político, contra o governo, causavam-lhe desconfiança. Ao encerrar o palavrório, o velho marinheiro disse a frase que entraria para a história dos movimentos sindicais e seria lembrada por vezes: “revolta de marinheiro só dá certo no mar”.

João Cândido faleceu, aos 89 anos, em 6/12/1969, vítima de câncer, no Hospital Getúlio Vargas, sendo sepultado no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro. O “Mestre -Sala dos Mares” nos deixou uma herança de coragem e dignidade. Incrível é o fato, que, em seu velório, ocorrido em pleno regime militar, foi vigiado por viaturas na área do cemitério.

Em 1959, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul concedeu uma pensão de dois salários para o marinheiro gaúcho. A pensão foi o único dinheiro que João Cândido recebeu dos cofres públicos, após a revolta de 1910, para sustentar a sua família.

O jornalista Edmar Morel (1912-1989) demonstrou sua importância para o país. Sustentado por entrevistas, com João Cândido e outros companheiros da revolta, matérias impressas nos jornais à época, documentos oficiais da Marinha e o diário do Navio Satélite, o jornalista fez uma releitura da história apagada da memória da Nação. Foi um trabalho pioneiro e João Cândido, ainda, em vida, teve a satisfação de ver publicado o livro “A Revolta da Chibata” (1959). Esta obra esteve, muitas vezes, nas listas das mais vendidos, ao lado dos volumes do grande Jorge Amado (1912-2001). O jornalista Edmar Morel (1979, p. 182) registrou este depoimento, que segue, dado por João Cândido acerca da morte dos companheiros na prisão da Ilha das Cobras:

“Depois da retirada dos cadáveres, comecei a ouvir gemidos dos meus companheiros mortos, quando não via os infelizes, em agonia, gritando desesperadamente, rolando pelo chão de barro úmido e envoltos em verdadeiras nuvens da cal.  A cena dantesca jamais saiu dos meus olhos”.      

Homenagens ao Mestre Sala dos Mares

União da Ilha do Governador /1985
Na maior festa popular do mundo, o Carnaval, a União da Ilha do Governador (RJ), em 1985, e a Camisa Verde (SP), em 2003, homenagearam a figura do Almirante Negro em seus enredos.

Em julho de 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a anistia póstuma ao marinheiro João Cândido Felisberto, líder da Revolta da Chibata (1910). A anistia havia sido proposta, desde 2002, pela senadora Marina Silva (PT-AC). Numa solenidade, em 20 de novembro de 2008, “Dia da Consciência Negra”, com a ausência da Marinha e do Ministério da Defesa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reinaugurou, no Rio de Janeiro, à beira-mar, a estátua do “Mestre Sala dos Mares” João Cândido Felisberto.

Devido à resistência da Marinha, a estátua demorou meses até ser transferida para Praça XV, no centro do Rio de Janeiro. Antes, ela se encontrava no Museu da República. Graças à atuação do ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, a transferência se efetivou. Na ocasião o ministro declarou: “É uma medida emblemática na luta contra o racismo e pela Igualdade Racial, quando comemoramos 120 anos da Abolição da Escravatura. João Cândido é um herói negro do Brasil”.

Porto Alegre (RS) presta homenagem a João Cândido, no Parque Marinha do Brasil, por meio de um busto, criado pelo artista plástico Vasco Prado (1914-1998). Este é uma réplica de outro que se encontra na tradicional Sociedade Floresta Aurora, fundada, em 1872, por negros alforriados.

João Cândido, ainda, faz por merecer o reconhecimento do povo brasileiro, pela sua coragem em desafiar e lutar por uma sociedade menos excludente e mais solidária. Sua luta foi pelo direito sagrado da liberdade diante de uma “Abolição da Escravatura (1888)”, que libertou o escravizado do cativeiro, mas não viabilizou o acesso à cidadania plena. O legado de João Cândido (1880-1969), O “Mestre=Sala dos Mares”, é o exemplo de que não devemos nos calar jamais, lutando sempre que a liberdade e o bem comum estejam ameaçados em qualquer latitude do planeta.




Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite* - Pesquisador e Coordenador do Setor de Imprensa do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa*

Bibliografia

BRAGA, Cláudio da Costa. 1910 – O Fim da Chibata – Vítimas ou Algozes. Rio de Janeiro: Editora Cláudio Braga, 2010.

CHEICHE, Alcy. João Cândido: O Almirante Negro. Porto Alegre: L & PM, 2010.

GRANATO, Fernando. O Negro da Chibata. Rio de Janeiro: Editora Objetiva 2000.

MAESTRI, Mário. Cisnes negros: 1910: a revolta dos marinheiros contra a chibata. São Paulo: Moderna, 1998.

MARTINS, Hélio Leôncio. A revolta dos Marinheiros – 1910 Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1985.

MOREL, Edmar. A Revolta da Chibata. Quarta Edição. 1986. Editora Graal.

NASCIMENTO, Álvaro Pereira do. Cidadania, cor e disciplina na revolta dos marinheiros de 1910. Rio de Janeiro: Mauad, 2008.



MEMÓRIAS DA CHIBATA (2005). Filme sobre João Cândido e a Revolta da Chibata

terça-feira, 30 de outubro de 2018

LER DEVERIA SER PROIBIDO

Guiomar de Grammont

Por *Guiomar de Grammont

A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.

Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem.

A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Don Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.

Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.

Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?

Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.

Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebida. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.

Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência.Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.

Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.

O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?

É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no silêncio da alcova... Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.

Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.
Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.

Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos... A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.

Ler pode tornar o homem perigosamente humano.


*Guiomar de Grammont é uma escritora, editora, curadora, dramaturga, historiadora e filósofa brasileira. Seu nome completo é Guiomar Maria de Grammont Machado de Araújo e Souza. Atualmente, também é diretora do Instituto de Filosofia Artes e Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto em Minas Gerais. Fonte Wikipédia.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Fátima Bezerra será única mulher a governar um estado brasileiro

Fátima Bezerra (PT) foi eleita governadora do Rio Grande do Norte neste domingo (28). 


Ela venceu a disputa contra Carlos Eduardo (PDT). O vice-governador será Antenor Roberto (PCdoB). É a primeira vez que a senadora vai ocupar um cargo no Poder Executivo. Até ser eleita, Fátima era senadora. Ela tem 63 anos e é natural de Nova Palmeira (PB).

Professora e sindicalista, Fátima Bezerra está na carreira política desde 1994, quando foi eleita deputada estadual (1995-2003). Em 2004 e 2008 tentou a eleição como prefeita de Natal, mas perdeu. Fátima também foi deputada federal (2003-2015).

A vitória de Fátima consolida a quarta vitória do PT Nordeste, região onde o partido vai governar Bahia, Ceará e Piauí nos próximos quatro anos. Ela será a única mulher a governar um estado brasileiro no próximo período.



sábado, 27 de outubro de 2018

LETICIA PIVA – A BELA DA SEMANA


Nosso respeito por sua condição de mulher, daquela mulher que encara a vida com a coragem peculiar das fortes, da mesma mulher que não se deixa humilhar no mundo machista, nossa reverência a soberania feminina, reveladora do quanto são dignas de admiração estas preciosas mulheres que aqui evidenciamos...

Nosso respeito, pois, a Leticia Piva, que pelas qualidades já mencionadas, tem seu nome na lista de notáveis que toda semana dão a este espaço o toque de classe que somente as belas são capazes, neste ensejo, louvemos a beleza e o valor feminino tão bem representados na imagem e na personalidade de Letícia...

Nossa reverência a ela, que pela supremacia feminina, agrega para si outros valores que tornam incomparáveis estas criaturas plenas de encanto, o encanto proveniente de quem por ser mulher se torna o mais perfeito modelo da raça humana. Sendo assim, louvemos Leticia, suprema flor que nos confiou a continuidade desta honorável oportunidade de difundir a realeza feminina.

Por estar na condição suprema é que Leticia aparece no rol das notáveis, pois, nela a beleza é evidente, a cor morena, esta hegemônica cor que caracteriza a tantas belas, é também característica dela, por conta disto, é impossível nos privarmos da necessidade de elogiar quem merece.

Por isso, não nos esquivamos ao fato de reverenciar aquela que além de bela, é esposa dedicada responsável pela felicidade de um lar, ela que com tantos predicados é mulher de referência, digna de nossa admiração. À Leticia, nossa gratidão por nos conceder a oportunidade de enaltecê-la...

Portanto, é com gosto que apresentamos parte do que se resume Leticia Piva, obviamente que palavras não traduzem com exatidão a personalidade e a imagem de quem está além de nossas definições, contemplar uma bela é terapia capaz de nos fazer esquecer dissabores, o mundo vale a pena quando algo divino está a favor do nosso olhar.

É que a beleza tem cor morena, enaltecida seja por sua condição, pela oportunidade de se nascer mulher e se fazer destaque... Um brinde ao dom da visão agraciado pelo colírio que naturalmente lhe favorece, a beleza feminina segue em evidência, Leticia Piva é a Bela da Semana.

*LETICIA PIVA DE OLIVEIRA RABELO – Nova Londrina – PR. Ela é torcedora do São Paulo, fornada em Pedagogia pela CESPRI, Faculdade de Primavera-SP e casada com Rafael Rabelo.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

“Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível”

Fernando Braga da Costa é um psicólogo social brasileiro que viveu uma experiência transformadora e que revela muitas coisas sobre o comportamento humano, em relação às pessoas que consideram, de alguma forma, “inferiores”.

Por Luiza Fletcher

Ele, voluntariamente, trabalhou por oito anos como gari, nas ruas da Universidade de São Paulo. Com todas as experiências que viveu durante todos esses anos, Fernando chegou à conclusão de que, para a maioria das pessoas, os trabalhadores são vistos como “seres invisíveis, sem nome”.

Braga não trabalhava toda a jornada, apenas meio período, e também não recebia o salário de R$ 400 como seus companheiros, mas, para ele, o mais valioso não era o dinheiro, mas, sim, as experiências de vida que ganhava todos os dias. Ele diz que essa experiência lhe ensinou a maior lição de sua vida:

“Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência”.

As coisas não eram fáceis e ele conta que experimentou como é ser tratado como indiferente, com descaso e, muitas vezes, até mesmo com falta de humanidade:

“Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão”

Baseado nessa experiência, Fernando conseguiu provar em sua tese de mestrado, pela USP, publicada no ano de 2008, a existência da “invisibilidade pública”, que prova que pessoas em determinadas funções de trabalho não são vistas como pessoas, apenas como representantes das funções que exercem. Por exemplo: muitas vezes garis não são vistos como pessoas, apenas como “juntadores de lixo”.

Em uma entrevista realizada por Plínio Delphino, Fernando conta melhor sobre como foi sua experiência durante os oitos anos como gari, confira abaixo.

Como é que você teve essa ideia?

Fernando Braga da Costa – Meu orientador desde a graduação, o professor José Moura Gonçalves Filho, sugeriu aos alunos, como uma das provas de avaliação, que a gente se engajasse numa tarefa proletária. Uma forma de atividade profissional que não exigisse qualificação técnica nem acadêmica. Então, basicamente, profissões das classes pobres.

Com que objetivo?

A função do meu mestrado era compreender e analisar a condição de trabalho deles (os garis), e a maneira como eles estão inseridos na cena pública. Ou seja, estudar a condição moral e psicológica a qual eles estão sujeitos dentro da sociedade. Outro nível de investigação, que vai ser priorizado agora no doutorado, é analisar e verificar as barreiras e as aberturas que se operam no encontro do psicólogo social com os garis. Que barreiras são essas, que aberturas são essas, e como se dá a aproximação?

Quando você começou a trabalhar, os garis notaram que se tratava de um estudante fazendo pesquisa?

Eu vesti um uniforme que era todo vermelho, boné, camisa e tal. Chegando lá, eu tinha a expectativa de me apresentar como novo funcionário, recém-contratado pela USP para varrer rua com eles. Mas os garis sacaram logo, entretanto, nada me disseram. Existe uma coisa típica dos garis: são pessoas vindas do Nordeste, negros ou mulatos em geral. Eu sou branquelo, mas isso talvez não seja o diferencial, porque muitos garis ali são brancos também. Você tem uma série de fatores que são ainda mais determinantes, como a maneira de falarmos, o modo de a gente olhar ou de posicionar o nosso corpo, a maneira como gesticulamos. Os garis conseguem definir essas diferenças com algumas frases que são simplesmente formidáveis.

Dê um exemplo?

Nós estávamos varrendo e, em determinado momento, comecei a papear com um dos garis. De repente, ele viu um sujeito de 35 ou 40 anos de idade, subindo a rua a pé, muito bem arrumado com uma pastinha de couro na mão. O sujeito passou pela gente e não nos cumprimentou, o que é comum nessas situações. O gari, sem se referir claramente ao homem que acabara de passar, virou-se para mim e começou a falar: “É Fernando, quando o sujeito vem andando, você logo sabe se o cabra é do dinheiro ou não. Porque peão anda macio, quase não faz barulho. Já o pessoal da outra classe você só ouve o toc-toc dos passos. E quando a gente está esperando o trem logo percebe também: o peão fica todo encolhidinho olhando para baixo. Eles não. Ficam com olhar só por cima de toda a peãozada, segurando a pastinha na mão.”

Quanto tempo depois eles falaram sobre essa percepção de que você era diferente?

Isso não precisou nem ser comentado, porque os fatos no primeiro dia de trabalho já deixaram muito claro que eles sabiam que eu não era um gari. Fui tratado de uma forma completamente diferente. Os garis são carregados na caçamba da caminhonete junto com as ferramentas. É como se eles fossem ferramentas também. Eles não deixaram eu viajar na caçamba, quiseram que eu fosse na cabine. Tive de insistir muito para poder viajar com eles na caçamba. Chegando no lugar de trabalho, continuaram me tratando diferente. As vassouras eram todas muito velhas. A única vassoura nova já estava reservada para mim. Não me deixaram usar a pá e a enxada, porque era um serviço mais pesado. Eles fizeram questão de que eu trabalhasse só com a vassoura e, mesmo assim, num lugar mais limpinho, e isso tudo foi dando a dimensão de que os garis sabiam que eu não tinha a mesma origem socioeconômica deles.

Quer dizer que eles se diminuíram com a sua presença?

Não foi uma questão de se menosprezar, mas sim de me proteger.

Eles testaram você?

No primeiro dia de trabalho, paramos para o café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse: ´E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?´ E eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.

“Essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa”

O que você sentiu, na pele, trabalhando como gari?

Uma vez, um dos garis me convidou para almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar não senti o gosto da comida voltei para o trabalho atordoado.

E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?

Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando – professor meu – até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma ideia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.

E quando você volta para casa, para seu mundo real?

Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, frequento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador. Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma coisa.

Abaixo está o vídeo da entrevista com Fernando Braga da Costa.


Que história incrível, não é mesmo? Ela nos convida a ter mais empatia e respeito por todas as pessoas, independentemente de sua posição social ou profissão.

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quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Crânio de Luzia, fóssil humano mais antigo das Américas, é encontrado nos escombros do Museu Nacional

Pelo menos 80% dos fragmentos foram identificados, segundo pesquisadores.

O crânio de Luzia, que estava no Museu Nacional: fragmentos encontrados serão submetidos a exame Foto: Marizilda Cruppe / Agência O Globo - 03/07/2003

Via - O Globo

RIO — A equipe de pesquisa do Museu Nacional encontrou o crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo das Américas. O anúncio foi feito no início da tarde desta sexta-feira por Cláudia Rodrigues, profissional da equipe de escavamento da instituição, que pegou fogo no último dia 2 de setembro. Segundo ela, porém, o fóssil sofreu alterações decorrentes do incêndio que devastou a maior parte do acervo de 20 milhões de itens do museu.

— Nós conseguimos recuperar o crânio de Luzia. É claro que, em virtude do acontecimento, sofreu algumas alterações, tem alguns danos. Mas nós estamos comemorando — disse Cláudia Rodrigues, professora que integra o Museu Nacional. — O crânio foi encontrado fragmentado, e a gente vai trabalhar na reconstituição. Pelo menos 80% dos fragmentos foram identificados — continuou ela.

Segundo Cláudia, o crânio foi encontrado há alguns dias e está em melhores condições do que se imaginava.

Buscas por Luzia

Desde o incêndio, funcionários do museu e a comunidade científica estão mobilizados em busca de Luzia, como foi batizado o crânio de uma mulher que viveu há mais de 11 mil anos. Já se sabe que toda a coleção egípcia, um dos símbolos da instituição, virou cinzas. As coleções de vertebrados, invertebrados e insetos foram preservadas.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Aplicação do Enem terá quatro horários diferentes

Arquivo/Marcello Casal/Agência Brasil/Agência Brasil
O Ministério da Educação (MEC) alerta os estudantes inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2018 que a partir do primeiro dia da aplicação das provas, 04 de novembro, o país terá quatro fusos horários diferentes. Devido ao horário de verão, que entrará em vigor no mesmo dia da prova, os portões dos locais de realização do exame serão abertos e fechados em horários diferentes nos estados.

O relógio deverá ser adiantado em uma hora à meia noite de sábado (3) para domingo (4) pelos estudantes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Neste grupo de estados, com exceção de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a abertura dos portões dos locais das provas será às 12 horas e o fechamento às 13h.

Para estudantes do Amapá, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, os portões serão abertos Às 11h e o fechamento Às 12h, seguindo o horário local.

Nos estados do Amazonas, Rondônia e Roraima, os participantes poderão ingressar os locais de prova entre 10h e 11h, de acordo com o horário local. E no Acre, que tem fuso horário de três horas a menos em relação a Brasília, os portões serão abertos às 9h e fechados às 10h, também seguindo horário local.

Os cartões de confirmação da inscrição estarão disponíveis para consulta a partir da próxima segunda-feira (22), na página do participante. No cartão, são informados os dados dos estudantes, local de prova, data e horários de aplicação da prova. A segunda etapa das provas será aplicada em 11 de novembro.


terça-feira, 23 de outubro de 2018

Apesar de ameaças de Trump, hondurenhos começam a entrar no México

Apesar das advertências do governo dos Estados Unidos, os primeiros migrantes hondurenhos começam a entrar, nesta sexta-feira (19) em território mexicano, a partir da cidade de Tecún Umán, na Guatemala.

Caravana de hondurenhos começa a entrar a à força no México, a partir da Guatemala - EFE/Esteban Biba/Direitos Reservados
No Agência Brasil

O grupo cruzou à força o primeiro cerco policial, composto de uma centena de homens da guarda anti motim para se dirigir à uma cerca que separa a Guatemala do México.

Eles integram a caravana de cerca de 2 mil pessoas que deixaram Honduras a pé, no último sábado (13), fugindo da violência e crise econômica que assola o país, rumo aos Estados Unidos, em busca de melhores condições de vida, segundo declaram à imprensa.

Apesar das advertências do governo dos Estados Unidos, os primeiros migrantes hondurenhos começam a entrar, nesta sexta-feira (19) em território mexicano, a partir da cidade de Tecún Umán, na Guatemala.

O grupo cruzou à força o primeiro cerco policial, composto de uma centena de homens da guarda anti motim para se dirigir à uma cerca que separa a Guatemala do México.

Eles integram a caravana de cerca de 2 mil pessoas que deixaram Honduras a pé, no último sábado (13), fugindo da violência e crise econômica que assola o país, rumo aos Estados Unidos, em busca de melhores condições de vida, segundo declaram à imprensa.

Na caravana viajam crianças, mulheres grávidas, idosos e pessoas com deficiência, o que torna mais lento o avanço. No início da semana, os hondurenhos começaram a cruzar em massa e sem registro migratório a fronteira da Guatemala, apesar de bloqueio policial.

O primeiro ponto de descanso foi o município Esquipulas, fronteira com Honduras, onde dormiram. Depois seguiram por Chimquimula e, na noite da terça-feira (16) um grupo chegou à cidade capital para dormir na Casa do Migrante, na zona 1.

Ao longo do trajeto pela Guatemala, receberam apoio da população e de organizações de direitos humanos que distribuíam água, comida, balas, roupas e fraldas.

Reação
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, expressou seu desgosto com a mobilização irregular e ameaçou cortar ajuda financeira da Guatemala, Honduras e El Salvador, se a caravana seguir avançando. Ele também ameaçou fechar a fronteira com o México .

A marcha irregular de hondurenhos ocorre a menos de uma semana da segunda Conferência de Prosperidade e Segurança na América Central, que será realizada em Washington, onde as três nações ameaçadas pelo mandatário pediram um maior apoio financeiro para enfrentar problemas regionais, principalmente a crescente emigração.

*Com informações das agências EFE e Prensa Latina

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Gesto político mais famoso dos Jogos Olímpicos completa 50 anos

Na hora do pódio, dois atletas negros dos EUA erguem o punho cerrado, símbolo do movimento Black Power. Gesto audacioso lançou ambos no ostracismo, e só aos poucos eles foram reconhecidos.

Tommie Smith e John Carlos fazem o gesto dos Panteras Negras. Australiano Norman, à frente, os apoiou

Tommie Smith ergue o braço direito, o punho cerrado. John Carlos, atrás dele, levanta o esquerdo. Ambos vestem luvas negras e inclinam levemente a cabeça para baixo. Apenas de meias pretas, os dois atletas dos Estados Unidos ouvem em silêncio a execução do hino de seu país.

As imagens desse protesto silencioso durante os Jogos Olímpicos de 1968, na Cidade do México, correram o mundo e viraram um escândalo na terra dos dois atletas.

Na terça-feira (16), este momento histórico completa 50 anos. E o motivo do protesto dos dois atletas continua mais atual do que nunca. "Em termos de direitos civis, uma lesma avançou mais do que nós nesses 50 anos", comenta John Carlos hoje.

Naquele 16 de outubro, Smith ganhou a medalha de ouro nos 200 metros e quebrou o recorde mundial com o tempo de 19,83 segundos – ele foi o primeiro atleta a bater a marca dos 20 segundos. Carlos conquistou a medalha de bronze. Mas os momentos de glória foram poucos, pois o auge da carreira de ambos foi também o começo do fim.

Afinal, com seu gesto contra a discriminação e o preconceito racial nos Estados Unidos, eles haviam quebrado uma regra fundamental do movimento olímpico: a de que esporte e política – supostamente – não se misturam.

Smith, então com 24 anos, e Carlos, um ano mais novo, pagariam pelo resto de suas vidas pelo gesto. Eles haviam provocado uma sociedade que, à época dos movimentos de direitos civis dos negros nos Estados Unidos, estava com os ânimos exaltados.

Sob pressão do Comitê Olímpico Internacional (COI), ambos foram excluídos da equipe americana, e Smith perdeu todas as verbas de patrocínio. De uma hora para a outra eles se tornaram párias e receberam até mesmo ameaças de morte.

"Não achávamos mais emprego. Não entrava mais dinheiro. Muitas pessoas que eu considerava meus amigos se afastaram de mim. Nossos filhos sofriam bulling na escola. Minha primeira mulher não suportou tudo aquilo e se matou", recorda Carlos.

A encenação fora detalhadamente pensada: os punhos erguidos eram o símbolo do movimento Black Power. As meias pretas simbolizavam a pobreza da população negra. Além disso, Smith e Carlos usavam um broche branco no peito, símbolo do movimento Projeto Olímpico pelos Direitos Humanos (OPHR, em inglês), ao qual ambos pertenciam, assim como a terceira pessoa no pódio, o australiano e medalhista de prata Peter Norman. Ele apoiou o gesto.

A OPHR lutava contra o racismo no esporte e havia até mesmo defendido o boicote dos Jogos Olímpicos. O boicote nunca aconteceu, mas a ideia de deixar uma marca ficou. "Tínhamos que fazer algo para poder avançar" na luta pelos direitos dos negros, declarou Smith ao jornal Bild am Sonntag. Por isso, ele e Carlos pensaram em usar um palco até então inexistente – a transmissão pela televisão, para todo o mundo, dos Jogos Olímpicos.

Depois de retornarem aos Estados Unidos, Smith e Carlos tiveram que batalhar pela sobrevivência e só aos poucos conseguiram se reerguer. Ambos jogaram, sem muito sucesso, na liga de futebol americano, a NFL, e depois trabalharam como técnicos e professores.

Só muitos anos mais tarde obtiveram reconhecimento pelo seu gesto audacioso. Desde 2005, uma estátua no campus da Universidade San José, na Califórnia, homenageia o protesto. Em 2016, o então presidente Barack Obama recebeu os dois na Casa Branca.

Mas a luta contra o racismo nos Estados Unidos continua, e também no esporte. Em 2016, um dos astros da NFL, Colin Kaepernick, se envolveu numa polêmica por se ajoelhar durante a execução do hino nacional, em protesto contra a injustiça racial no país. Ele está atualmente sem clube.

Assista ao gesto dos atletas:


domingo, 21 de outubro de 2018

DIAMANTE DO NORTE - Adolescentes se armam por causa de namorada


Dois adolescentes foram flagrados em um estabelecimento de ensino no município de Diamante do Norte anteontem, armados com uma faca e um canivete, respectivamente. Eles admitiram que portavam as armas por conta de desavença envolvendo uma namorada.


Por se tratar de pessoas menores de 18 anos, o caso é tratado com a devida prudência. Sabe-se que a equipe policial foi acionada e compareceu ao colégio onde os , funcionários disseram que dois alunos do ensino médio estavam armados com facas.

Durante a revista, os policiais constataram que um portava uma faca de cortar pão. Já outro se armou de um canivete. Questionados, confirmaram a história de desavença por conta de uma garota.
Diante da situação, os jovens devem responder de acordo com os termos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente.

A conclusão é que as pessoas devem ficar atentas ao comportamento dos jovens, agindo preventivamente para evitar consequências mais graves.

sábado, 20 de outubro de 2018

GEOVANNA LIMA – A B ELA DA SEMANA


O que é privilégio?

Privilégio é poder contemplar e bendizer criaturas que possuem o dom de encantar... Por conta disto, dedicamos este quadro às mulheres, pois, ninguém além delas, possui semelhante vocação para exercer este dom...

Quando tais criaturas são belas, quando inteligentes, fatalmente tudo o que há na natureza faz reverência à elas, pois, nasceram com este atrativo natural, com esta característica notória e  sem igual tornando os nossos olhos cheios de graça e são estas mesmas características que estão presentes na bela que hora temos a honra em homenagear.

No rol das privilegiadas, Geovanna Lima tem cadeira cativa, compondo a seleção das admiráveis, ela está para a beleza como o sol para o dia, ela e a beleza se combinam, mesclam-se, se unem, e tornam-se únicas, únicas no sentido de favorecer os sentidos, únicas a nortear o que de forma exata define a beleza mais sublime, aquela advinda da mulher...

Naturalmente bela e caprichosamente morena, Geovana é um poema, uma dádiva pela qual, não só a visão, mas todos os sentidos sentem-se agraciados, somos imensamente gratos pela existência de quem é plena do que admiramos...

Impossível não notarmos Geovanna Lima quando o tema é a beleza da mulher, no meio onde brilham as criaturas fascinantes, ela tem lugar de honra. Embora sejamos pequenos para falarmos de tamanha beleza, não iremos nos furtar da verdade, A bela que neste ensejo confiou-nos sua imagem, é digna e merecedora de aplausos.

Por ela temos admiração e respeito...

Nos olhos agraciados ao vê-la, fica evidente o encanto provocado pela beleza desmedida de quem nasceu para despertar encanto.

Sendo, pois, bela, que seja evidenciada sua majestade entre as formosas, se precisarmos descrever a perfeição nos detalhes de que ela é composta, concluiremos que a beleza de Geovanna Lima,está além dos nossos dizeres, as palavras se perdem diante da imagem que fala por si.

A beleza na sua exatidão indiscutivelmente é feminina e está entre nós, apreciemo-na de maneira desmedida, sua essência é colírio que nos favorece as retinas.

 Um toque de classe destaca nossa página, o encanto procedente da mulher está mais uma vez em evidência, apreciemo-na, Geovanna Lima é a Bela da Semana.

*GEOVANNA CAROLYNE TOSTA DE LIMA – Nova Londrina/PR – Filha de Aguinaldo Fernandes de Lima e Elena Monção Tosta. Geovnna é torcedora do São Paulo e estuda Educação Física na FACINOR.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

O “bispo dos mais pobres”: quem foi Óscar Romero, assassinado durante a missa, canonizado pelo Papa

 Óscar Romero/Wikipédia

Publicado no Unisinos

O “Getsêmani” de Dom Óscar Romero antes de ser assassinado em plena missa: “Tenho medo, vão me matar”, temia o bispo salvadorenho.

O artigo é de José María Castillo, teólogo, publicado por Religión Digital, 10-10-2018. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Ninguém põe em dúvida que Dom Óscar Arnulfo Romero foi um bispo exemplar. Tão exemplar que quanto mais se conhece a sua vida, mais se aprecia e mais se admira. Isso é o mais claro e o mais seguro que posso afirmar, depois dos 17 anos que fui professor de Teologia na UCA, a Universidade dos jesuítas em El Salvador.

Eu não conheci Romero. Isso porque quando comecei a ir à América Central, fazia já nove anos que o haviam matado. Porém sua lembrança estava então, e segue agora, tão viva no povo, na gente, que todo mundo fala dele. Sem dúvida alguma, Monsenhor Romero é o salvadorenho mais universal, que presenteou com aquele país cativante a Igreja e o mundo.

Agora quando o papa Francisco o propõe como exemplo de crente e de bispo, se recordam seus melhores exemplos de vida e de fidelidade ao Evangelho. Mas na vida de um homem como Romero, sempre há dados e detalhes que ninguém imagina. Romero foi um santo. Mas antes que um santo, foi um ser humano, profundamente humano. E isso é o que quero recordar aqui.

Quando no domingo, 23 de março de 1980, o arcebispo Romero disse em sua homilia da catedral de San Salvador: “Em nome de Deus, e em nome desse sofrido povo, cujos lamentos sobem até o céu cada dia mais tumultuosos, lhes suplico, lhes rogo, lhes ordeno em nome de Deus: cessem a repressão!”. Com essas palavras, Romero firmou sua sentença de morte.


Romero depois de ser baleado. Foto: Religión Digital


Naquele mesmo domingo, à tarde, um sacerdote – que passados os anos me contou – foi ver Romero. O arcebispo estava sozinho, em uma pequena casinha que lhe haviam deixado em “El Hospitalito”. O padre, que me contou essa cena, encontrou Romero sozinho e emocionalmente “afundado”.

Suas palavras foram poucas e tremendas: “Tenho medo, muito medo, vão me matar. E eu não quero morrer, porque amo a vida. O pior de tudo é que me custa muito rezar… Não sinto Deus”.

O sacerdote que escutou essas palavras tentou dizer algo que pudesse dar alento ao arcebispo em “seu Getsêmani”. Pediu-lhe que insistisse na sua oração. E que tentasse descansar. Na manhã seguinte, o mesmo sacerdote voltou a ver Romero. Pôde dormir um pouco. E estava mais animado. O final foi naquela mesma tarde. Já conhecemos.

A Bíblia nos diz que Jesus teve medo antes de morrer. E “ofereceu orações e súplicas, com gritos e lágrimas, ao que poderia salvá-lo da morte; e Deus o escutou, mas depois daquela angústia”. (Heb 5,7). Identificar-se com o destino dos piores tratados pela vida é duro, muito duro. E ninguém escapa de semelhante destino.

Se for levado a sério, e com todas as suas consequências, o desejo de justiça é o que pode fazer mais suportável este mundo. Nisso consiste o centro do cristianismo, que não é uma religião. É um projeto de vida, que consiste na luta e na dor para aliviar o sofrimento que a vida leva consigo.

E que ninguém me diga que é ficar na terra negando o céu. Nada mais – e nada menos – que Immanuel Kant deixou dito em uma frase lapidária: “A práxis há de ser tal, que não se possa pensar que não exista um além”.

Se isso se aceita de verdade e se integra nas nossas vidas, terminaremos gritando e com lágrimas. Mas isso será o preço de um mundo mais humano, que nos abre a esperança ao além.


Via - DCM

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Governo da Malásia planeja abolir a pena de morte

O governo da Malásia apresentará uma lei para abolir a pena de morte, possivelmente antes do fim de ano, diante da rejeição que gera entre a população, confirmou o ministro das Comunicações e de Multimídia, Gobind Singh Deo.


Depois de uma reunião, o gabinete malaio decidiu suspender o uso desse castigo e da Lei de Sedição e agora preparam um projeto para mudar ambas legislações por completo, assinalou Gobind.

A pena capital, que levada a cabo mediante o enforcamento, está vigente na Malásia para uma série de crimes que vão desde o assassinato até o sequestro, passando pela posse de armas de fogo, o tráfico de drogas e outros delitos.

Atualmente mais de mil e 200 presos encontram-se no corredor da morte, o que representa 2,7 por cento da população encarcerada no país.

A respeito, o ministro do governo, Liew Vui Keong declarou hoje que terá uma moratória sobre as execuções dos presos que se encontram nessa situação.

'Dado que estamos abolindo a sentença, essas execuções não deveriam ser levadas a cabo', assinalou o titular ao diário The Star.

A emenda para suprimir a pena capital se apresentará diante do parlamento na próxima segunda-feira, agregou Liew.

Na atualidade só 23 países mantêm a pena de morte e a Malásia se localizou como o décimo entre as nações que mais condenados executaram em 2016, informa a imprensa local.

Desde que a coalizão do premiê, Mahathir Mohamad, ganhou surpreendentemente as eleições em maio passado, prometeu acabar os que consideravam leis opressivas, que datam de seu antigo passado como colônia britânica.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Bancada de mulheres de esquerda dobra na Câmara dos Deputados

Como um todo, bancada feminina cresceu de 51 para 77 deputadas; PSOL e PT foram os partidos que mais ganharam mulheres.



Como se diz na Bahia, vai ser barril dobrado para os machistas, literalmente: a bancada de mulheres de esquerda na Câmara Federal pulou de 12 para 23 deputadas e é a melhor notícia desta eleição em que o movimento #EleNão protagonizou as ruas. Metade delas ocupará pela primeira vez uma cadeira no Parlamento. Ou seja, além de mais mulheres feministas, teremos energia renovada.

Os partidos de esquerda que mais ganharam representantes femininas foram o PSOL, que só tinha Luiza Erundina e agora terá as jovens Áurea Carolina (MG), Talíria Petrone (RJ), Fernanda Melchionna (RS) e Sâmia Bomfim (SP); e o PT, que ganhou a Professora Rosa Neide (MT), Marília Arraes (PE), Rejane Dias (PI) e Natalia Bonavides (RN), sem contar com a senadora Gleisi Hoffmann, que agora será deputada pelo Paraná. O mesmo aconteceu com Lídice da Mata, do PSB baiano, eleita para a Câmara.

O mais bacana é que o perfil é diverso, representando à altura a mulher brasileira: tem brancas, negras, jovens, maduras… A mais nova é a cientista política com origem na periferia de São Paulo e que estudou em Harvard, Tabata Amaral (PDT), que, aos 24 anos, recebeu mais de 260 mil votos. A mais velha é Luiza Erundina, do PSOL, que aos 83 anos vai para seu sexto mandato como deputada federal.

Entrou inclusive a primeira mulher indígena a se tornar deputada, a advogada Joenia Wapichana, pela REDE (RO). Desde 1982, quando elegeu Mário Juruna, o país não levava uma representante indígena para a Câmara. As mulheres negras têm agora cinco representantes na esquerda: Benedita da Silva (PT-RJ), Perpétua Almeida (PCdoB-AC), Talíria, Áurea e a também novata Silvia Cristina (PDT-RO). Ainda é pouco, levando em conta que as mulheres negras representam metade da população feminina brasileira, mas é um avanço.

Como um todo, a bancada feminina na Câmara aumentou de 51 para 77 deputadas, mesmo com a onda misógina que vivemos, o que significa 15% das cadeiras. Atualmente, a bancada feminina representa 10% da Câmara, com 51 deputadas. Entre as eleitas, 43 ocuparão o cargo de deputada federal pela primeira vez.

Veja a lista completa das mulheres de esquerda na Câmara abaixo. Escolhemos apenas candidatas do PT, PSOL, PSB, PcdoB, PDT e REDE que se identificam com a luta feminista e pelos direitos das minorias. Caso outras deputadas eleitas também se identifiquem com as causas progressistas, adicionaremos à relação.

Perpétua Almeida – PCdoB-AC
Professora Marcivania – PCdoB-AP
Alice Portugal – PCdoB-BA
Lídice da Mata – PSB-BA
Luizianne Lins – PT-CE
Erika Kokay – PT-DF
Professora Rosa Neide – PT-MT
Áurea Carolina – PSOL-MG
Margarida Salomão – PT-MG
Gleisi Hoffmann – PT-PR
Marília Arraes – PT-PE
Rejane Dias – PT-PI
Talíria Petrone – PSOL-RJ
Jandira Feghali – PCdoB-RJ
Benedita da Silva – PT-RJ
Natalia Bonavides – PT-RN
Fernanda Melchionna – PSOL-RS
Maria do Rosário – PT-RS
Silvia Cristina – PDT-RO
Joenia Wapichana – REDE-RR
Tabata Amaral – PDT-SP
Sâmia Bomfim – PSOL-SP
Luiza Erundina – PSOL-SP

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