quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Médicos populares realizam ações em homenagem a Che Guevara

Profissionais brasileiros resgatam memória e ideias sobre o médico revolucionário, 48 anos após seu assassinato.


Do Saúde Popular

“Então eu me dei conta de uma coisa fundamental: para ser médico revolucionário, a primeira coisa que é preciso ter é uma revolução”. A frase é do médico e revolucionário cubano Ernesto Che Guevara, que no dia 9 de outubro de 1967, foi assassinado em uma emboscada na Bolívia. Ele morreu há 48 anos, mas sua luta e ideais continuam inspirando todos que desejam um mundo melhor. Como médico, Che Guevara defendia que os profissionais da saúde deviam ser parte de um coletivo coletividade.

Inspirada nesses ideais, a Rede de Médicas e Médicos Populares, em parceria com o Levante Popular da Juventude, vem realizando em outubro por todo país uma série de ações de promoção da saúde para lembrar a memória de Che como militante e médico.

Em Fortaleza (CE), uma equipe composta por dois médicos e uma enfermeira foi até a comunidade de Serrinha e fez mais de 40 consultas com os moradores, medindo a pressão arterial e dando orientações sobre alimentação saudável. “O Che, além de militante, teve uma grande contribuição como médico na América Latina. Ele sempre trouxe o ideal da solidariedade e valores humanistas, que hoje são esquecidos na sociedade e na classe médica. Valores que temos de resgatar”, diz o médico Leandro Araújo da Costa, que esteve presente na ação.

Em Cajazeiras (PB), os médicos da Rede, militantes do Levante e estudantes assistiram, na última sexta-feira (9), ao filme “Che – o argentino”, seguido de um debate sobre a trajetória do lutador. “O Che é um exemplo para a juventude, em relação à sua disciplina, sua paixão pelos estudos, e para nós médicos por sua dedicação ao povo e aos mais pobres”, diz o médico Henrique Medeiros.

Em Belo Horizonte (MG), será realizada neste sábado (17) uma roda de conversa com médicos populares brasileiros e cubanos, além de estudantes de Medicina para discutir o perfil de profissional de saúde que a região latino-americana precisa. “Ser médico na América Latina é diferente de ser na Europa, nos Estados Unidos ou qualquer outra parte do mundo. É preciso ter muita sensibilidade com a causa e o povo, para entender os sintomas e os fatores sociais que determinam as doenças. O Che entendeu isso”, afirma o médico Bruno Pedralva.

Saúde para o povo

Che Guevara acreditava que o médico devia não apenas tratar de doenças, mas ser parte de um processo de transformação social.

“Meu pai falava da medicina na comunidade, que deve criar um estado de saúde para os indivíduos. Não é somente não ter uma lesão física, uma doença, mas saúde como um conceito mais amplo. Uma saúde no sentido de que se tenha dignidade, trabalho, moradia, que se possa ter um lugar para desfrutar da vida. Isso é o que dá saúde para o ser humano. É ter a possibilidade de viver com dignidade”, afirma Aleida Guevara, médica e filha de Che.

Cuba seguiu esses princípios, e hoje tem um sistema de saúde considerado como modelo pela Organização Mundial da Saúde (OMS), baseado na atenção primária, na prevenção de doenças e no internacionalismo.

“Nós nos formamos no curso de Medicina já com a consciência de que se pode ajudar o ser humano em qualquer parte do mundo. Você pode ser útil em qualquer lugar do planeta. Isso é o que aprendemos e tratamos de levar à prática”, conclui Aleida.

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