Profissionais brasileiros resgatam memória e ideias sobre o
médico revolucionário, 48 anos após seu assassinato.
“Então eu me dei conta de uma coisa fundamental: para ser
médico revolucionário, a primeira coisa que é preciso ter é uma revolução”. A
frase é do médico e revolucionário cubano Ernesto Che Guevara, que no dia 9 de
outubro de 1967, foi assassinado em uma emboscada na Bolívia. Ele morreu há 48
anos, mas sua luta e ideais continuam inspirando todos que desejam um mundo
melhor. Como médico, Che Guevara defendia que os profissionais da saúde deviam
ser parte de um coletivo coletividade.
Inspirada nesses ideais, a Rede de Médicas e Médicos
Populares, em parceria com o Levante Popular da Juventude, vem realizando em
outubro por todo país uma série de ações de promoção da saúde para lembrar a
memória de Che como militante e médico.
Em Fortaleza (CE), uma equipe composta por dois médicos e
uma enfermeira foi até a comunidade de Serrinha e fez mais de 40 consultas com
os moradores, medindo a pressão arterial e dando orientações sobre alimentação
saudável. “O Che, além de militante, teve uma grande contribuição como médico
na América Latina. Ele sempre trouxe o ideal da solidariedade e valores
humanistas, que hoje são esquecidos na sociedade e na classe médica. Valores
que temos de resgatar”, diz o médico Leandro Araújo da Costa, que esteve
presente na ação.
Em Cajazeiras (PB), os médicos da Rede, militantes do
Levante e estudantes assistiram, na última sexta-feira (9), ao filme “Che – o
argentino”, seguido de um debate sobre a trajetória do lutador. “O Che é um
exemplo para a juventude, em relação à sua disciplina, sua paixão pelos
estudos, e para nós médicos por sua dedicação ao povo e aos mais pobres”, diz o
médico Henrique Medeiros.
Em Belo Horizonte (MG), será realizada neste sábado (17) uma
roda de conversa com médicos populares brasileiros e cubanos, além de estudantes
de Medicina para discutir o perfil de profissional de saúde que a região
latino-americana precisa. “Ser médico na América Latina é diferente de ser na
Europa, nos Estados Unidos ou qualquer outra parte do mundo. É preciso ter
muita sensibilidade com a causa e o povo, para entender os sintomas e os
fatores sociais que determinam as doenças. O Che entendeu isso”, afirma o
médico Bruno Pedralva.
Saúde para o povo
Che Guevara acreditava que o médico devia não apenas tratar
de doenças, mas ser parte de um processo de transformação social.
“Meu pai falava da medicina na comunidade, que deve criar um
estado de saúde para os indivíduos. Não é somente não ter uma lesão física, uma
doença, mas saúde como um conceito mais amplo. Uma saúde no sentido de que se
tenha dignidade, trabalho, moradia, que se possa ter um lugar para desfrutar da
vida. Isso é o que dá saúde para o ser humano. É ter a possibilidade de viver
com dignidade”, afirma Aleida Guevara, médica e filha de Che.
Cuba seguiu esses princípios, e hoje tem um sistema de saúde
considerado como modelo pela Organização Mundial da Saúde (OMS), baseado na
atenção primária, na prevenção de doenças e no internacionalismo.
“Nós nos formamos no curso de Medicina já com a consciência
de que se pode ajudar o ser humano em qualquer parte do mundo. Você pode ser
útil em qualquer lugar do planeta. Isso é o que aprendemos e tratamos de levar
à prática”, conclui Aleida.
Via - Brasil de Fato
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