terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Como adestrar seu aluno,

A Folha de São Paulo continua com sua campanha para retroagir a educação brasileira ao tempo da palmatória – ideologia e interesse


por Sérgio Saraiva

Mais um editorial contra o modelo de ensino previsto no Plano Nacional de Educação (PNE) e na BNC – Base Nacional Comum Curricular do MEC. Como este de 27 de dezembro de 2015 é a terceira ou quarta vez que a Folha volta ao assunto, nota-se que ele é caro a alguém de muita influência no jornal.

”Educação fora da caixa” – esqueçam o título, é contrapensar criado pelo “Ministério da Verdade”. Para a crítica sobre o assunto basta voltar a ”E, no entanto, ele nos temem”.

A acrescentar, apenas que, seja quem for o patrocinador do retrocesso educacional na Folha, seus argumentos são vazios.

“Chega a ser aflitivo contemplar o desfiladeiro que separa o que é preciso fazer pela educação brasileira daquilo que na prática se está fazendo. Precisamos de uma revolução, mas não logramos nem mesmo conceber uma reforma decente”.

Retórica grandiloquente e nada mais. Substitua educação brasileira, no parágrafo acima, por saúde, meio ambiente ou paz mundial e fica tudo do mesmo tamanho.

Mas o que propõem o editorial, quando propõe alguma coisa?

“Um choque de gestão nas escolas públicas”.

Ato falho, sem dúvida. Denuncia claramente a ideologia por traz das críticas. Se não o partido.

E os riscos também. Os últimos choques de gestão que assistimos serviram para construir aeroportos em terras de parentes e para transportar amigos bem nascidos em aeronaves do Estado. Serviram também para provocar crises de abastecimento de água à população, mas garantindo alta lucratividade aos donos da empresa de abastecimento. Que em princípio era pública.

Vejamos a metodologia de ensino preconizada:

“… dar aulas de verdade, que utilizem o tempo disponível para explicar o conteúdo definido e sua utilidade; propor exercícios sobre o que foi ensinado; corrigir os erros cometidos e explicar por que são erros”.

Isso não é educação, isso é adestramento.

Educação utilitarista e tecnicismo educacional.

Pode até treinar trabalhadores braçais, ou cobradores de falta. É também o método utilizado para adestrar animais. Mas, sem dúvida, não forma cidadãos críticos de sua realidade e com saberes para interferir nessa realidade.

E, por certo, nem deseja formá-los.

Basta isso.

Não é necessário entrar no mérito de propostas, tais como:

cobrar pelo ensino superior nas universidades públicas,
demitir professores que não demonstrem “empenho e desempenho” e
fechar escolas “ruins” ou entregar sua gestão a “organizações sociais”,
para perceber que há método atrás de tantas sandices e muita ideologia e interesses.

PS1: para quem desejar entender um pouco mais sobre em que estágio do desenvolvimento pedagógico se encontra a proposta da Folha: aqui.

PS2: a Oficina de Concertos Gerais e Poesia apoia a educação cidadã e o Movimento  Golpe Nunca Mais.

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