Das
cordas do violão de Donga nasceu o samba como o conhecemos hoje.
Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos)
(Compositor e violonista)
5/4/1889, Rio de Janeiro (RJ)
25/9/1974, Rio de Janeiro (RJ)
Das cordas do violão de Donga nasceu o samba como o
conhecemos hoje. Prece, na raiz da palavra africana, o gênero musical estava
ainda preso à tradição das religiões afro-brasileiras que o compositor conheceu
na infância, no Rio de Janeiro, quando frequentava rodas de samba e candomblé
nos terreiros das "tias" baianas, cantadeiras, festeiras e mães de
santo. Ernesto Joaquim Maria dos Santos sempre foi Donga, apelido familiar
desde menino. Exceto por um curto período, em 1914, quando usou o nome Zé
Vicente para participar do Grupo de Caxangá.
Passou a infância entre ex-escravos e negros baianos.
Aprendeu o jongo, o afoxé e outras danças. Começou a tocar cavaquinho de
ouvido, e passou para o violão nas aulas do grande Quincas Laranjeiras.
Iniciou-se na composição com "Olhar de Santa" e "Teus Olhos
Dizem Tudo" (anos mais tarde, o jornalista David Nasser faria as letras).
Participava das reuniões na casa da lendária Tia Ciata, junto com João da
Baiana, Pixinguinha e músicos. Em 1917, gravou o primeiro disco de samba da
história: "Pelo Telefone", registrado em nome de Donga e Mauro de
Almeida -- mas suspeita-se que Mauro tenha feito apenas o registro por escrito.
Em 1919, ao lado de Pixinguinha e outros seis músicos,
integrou o grupo Os Oito Batutas, que excursionou pela Europa em 1922. Da
França, Donga traz um violão-banjo e, em 1926, integra o grupo Carlito Jazz
para acompanhar a companhia francesa de revistas Ba-Ta-Clan, que se exibia no
Rio de Janeiro. Com esse conjunto viaja outra vez à Europa. Volta em 1928,
quando forma a Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, que gravou para o selo
Parlophon nos anos 20 e 30. Neste mesmo período participa de duas outras bandas
Guarda Velha e Diabos do Céu, ambas formadas por Pixinguinha para gravações.
Em 1940, a bordo do navio Uruguai, Donga gravou nove
composições (entre sambas, toadas, macumbas e lundus) do disco "Native
Brazilian Music", organizado por dois maestros: o norte-americano Leopold
Stokowski e o brasileiro Villa-Lobos, lançado nos Estados Unidos pela Columbia.
No final dos anos 1950 voltou a se apresentar com o grupo Velha Guarda, em
shows organizados por Almirante.
"Olha esse ponteado, Donga!" Essa exclamação com
que Almirante incentivava o violão solista do grupo, está em um dos discos mais
famosos da história da música popular brasileira, e é uma das marcas da fase de
sedimentação do samba no Rio de Janeiro.
As criações mais conhecidas de Donga são "Passarinho
Bateu Asas", "Bambo-Bamba", "Cantiga de Festa",
"Macumba de Oxóssi", "Macumba de Iansã", "Seu Mané
Luís" e "Ranchinho Desfeito". Viúvo em 1951, casou-se novamente
em 1953 e morreu em 1974, no bairro de Aldeia Campista, no Rio, para onde se
retirou como oficial de Justiça aposentado. Doente e quase cego, viveu seus
últimos dias na Casa dos Artistas. Está sepultado no Cemitério de São João
Batista.
Fonte netsaber biografias
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