quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Donga

Das cordas do violão de Donga nasceu o samba como o conhecemos hoje.


Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos)
(Compositor e violonista)
5/4/1889, Rio de Janeiro (RJ)
25/9/1974, Rio de Janeiro (RJ)

Das cordas do violão de Donga nasceu o samba como o conhecemos hoje. Prece, na raiz da palavra africana, o gênero musical estava ainda preso à tradição das religiões afro-brasileiras que o compositor conheceu na infância, no Rio de Janeiro, quando frequentava rodas de samba e candomblé nos terreiros das "tias" baianas, cantadeiras, festeiras e mães de santo. Ernesto Joaquim Maria dos Santos sempre foi Donga, apelido familiar desde menino. Exceto por um curto período, em 1914, quando usou o nome Zé Vicente para participar do Grupo de Caxangá.

Passou a infância entre ex-escravos e negros baianos. Aprendeu o jongo, o afoxé e outras danças. Começou a tocar cavaquinho de ouvido, e passou para o violão nas aulas do grande Quincas Laranjeiras. Iniciou-se na composição com "Olhar de Santa" e "Teus Olhos Dizem Tudo" (anos mais tarde, o jornalista David Nasser faria as letras). Participava das reuniões na casa da lendária Tia Ciata, junto com João da Baiana, Pixinguinha e músicos. Em 1917, gravou o primeiro disco de samba da história: "Pelo Telefone", registrado em nome de Donga e Mauro de Almeida -- mas suspeita-se que Mauro tenha feito apenas o registro por escrito.

Em 1919, ao lado de Pixinguinha e outros seis músicos, integrou o grupo Os Oito Batutas, que excursionou pela Europa em 1922. Da França, Donga traz um violão-banjo e, em 1926, integra o grupo Carlito Jazz para acompanhar a companhia francesa de revistas Ba-Ta-Clan, que se exibia no Rio de Janeiro. Com esse conjunto viaja outra vez à Europa. Volta em 1928, quando forma a Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, que gravou para o selo Parlophon nos anos 20 e 30. Neste mesmo período participa de duas outras bandas Guarda Velha e Diabos do Céu, ambas formadas por Pixinguinha para gravações.

Em 1940, a bordo do navio Uruguai, Donga gravou nove composições (entre sambas, toadas, macumbas e lundus) do disco "Native Brazilian Music", organizado por dois maestros: o norte-americano Leopold Stokowski e o brasileiro Villa-Lobos, lançado nos Estados Unidos pela Columbia. No final dos anos 1950 voltou a se apresentar com o grupo Velha Guarda, em shows organizados por Almirante.

"Olha esse ponteado, Donga!" Essa exclamação com que Almirante incentivava o violão solista do grupo, está em um dos discos mais famosos da história da música popular brasileira, e é uma das marcas da fase de sedimentação do samba no Rio de Janeiro.

As criações mais conhecidas de Donga são "Passarinho Bateu Asas", "Bambo-Bamba", "Cantiga de Festa", "Macumba de Oxóssi", "Macumba de Iansã", "Seu Mané Luís" e "Ranchinho Desfeito". Viúvo em 1951, casou-se novamente em 1953 e morreu em 1974, no bairro de Aldeia Campista, no Rio, para onde se retirou como oficial de Justiça aposentado. Doente e quase cego, viveu seus últimos dias na Casa dos Artistas. Está sepultado no Cemitério de São João Batista.

Fonte netsaber biografias

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