Com a força da democracia e a determinação daqueles que têm
compromisso com o Brasil, 100 mil pessoas tomaram a avenida Paulista em São
Paulo para dizer: “Não vai ter golpe!” O ato convocado por entidades do
movimento social contou com lideranças dos mais diversos setores contra o
impeachment, contra o ajuste fiscal e pela saída de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da
Câmara dos Deputados.
O clima entre os manifestantes era de muita disposição de
luta. Em meio à multidão, encontramos Eliane Ornellas, professora de História
em Diadema, região metropolitana de São Paulo. “Temos que lutar pela
democracia. O que está acontecendo com o pedido desse impeachment é um golpe
pelo poder. A direita é contrária ao avanço social conquistado durante o
governo Dilma. Nós, como povo, somos a favor da democracia. A gente tem que
estar na rua. Temos que demonstrar de que lado estamos e o que lado estamos protegendo”,
afirmou Eliane.
Ela enfatiza que sempre morou na periferia e hoje, como
professora de escola pública, acompanha de perto os avanços conquistados nos
últimos na vida dos adolescentes para quem deu aula.
“Trabalho com adolescentes. Hoje eu tenho alunos na
universidade, coisa que antes eu não via. Por isso estou aqui lutando pela
periferia, pelos meus alunos, contra o golpe e a favor da democracia”, disse.
A disposição também se expressou na fala dos dirigentes dos
movimentos sociais. O presidente da CTB, Adílson Araújo, afirmou que a
mobilização foi uma demonstração firme em defesa do Estado Democrático de
Direito.
“O povo brasileiro vai dando conta de que o Estado
Democrático de Direito está sob um sério ataque. E nesse calor da instabilidade
política nada mais justo que levarmos o povo para as ruas, levantar a bandeira
da defesa da democracia e barrar de uma vez por todas o golpe”, destacou o
sindicalista.
Já o presidente da CUT, Vagner Gomes, reforçou que o ato tem
o objetivo esclarecer “o Brasil de que o impeachment é golpe, que o Cunha não
tem mais condições de permanecer como presidente da Câmara e dizer que o
governo precisa mudar a linha da política econômica”. E acrescentou: “Não é um
golpe contra a Dilma, mas contra o direito dos trabalhadores”.
Gilmar Mauro, da coordenação do MST, destacou o caráter
amplo do ato. “Esse movimento se ampliou. Hoje temos intelectuais, juristas,
jornalistas, atores. Há um conjunto de pessoas da sociedade civil que estão
nessa luta pela democracia.”
O coordenador do MTST, Guilherme Boulos, criticou a postura
do vice-presidente Michel Temer (PMDB) ao escrever, na semana passada, uma
carta com críticas à presidenta Dilma. “Oportunista a postura do Michel, quer
ser presidente escrevendo carta, vá presidir os correios! Para ser eleito para
governar a nação é preciso voto”, afirma.
A presidenta da UNE, Carina Vitral, reforçou a importância
da luta jurídica e popular, para derrotar a tentativa de retrocesso promovido
pela direita. “Esta quarta-feira (16) é um dia histórico. Os estudantes não só
se fazem presente nas ruas de todo o Brasil, marchando contra o golpismo, como
também entrou no STF como ‘amicus curiae’, representada por Pedro Dallari, que
é advogado e ex-coordenador da comissão nacional da verdade e fez a defesa de
que o rito do impeachment deve ser transparente, aberto e com a legalidade
estabelecida, para que nós consigamos, no voto, barrar o impeachment golpista
na Câmara dos Deputados”, conclui.
Para o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos
Gonçalves (Juruna), a manifestação foi uma demonstração da consciência política
dos trabalhadores.
“Os trabalhadores são capazes de defender os seus direitos,
mas também são capazes de compreender a importância do respeito à legalidade.
Assim como defendemos que é preciso respeitar às convenções coletivas do
trabalho, numa negociação entre trabalhadores e empresários, é importante
também defender a Constituição. E a Constituição é clara: de quatro em quatro
anos nós temos eleição para presidente. Durante esse período há que se
reivindicar os direitos econômicos, mas querer tirar a presidente no momento em
que não há nada que possa determinar o impeachment, para nós é golpe.”
Entre as lideranças partidárias, estava o vice-presidente
nacional do PCdoB, Walter Sorrentino, e Nivaldo Santana, secretário nacional
Sindical e dirigente da CTB. Walter
destacou a importância da unidade em defesa da legalidade.
“O PCdoB sempre esteve unido às forças populares e elas hoje
representam o que tem de mais avançado no país em torno do qual se unem vastos
setores, democratas da intelectualidade, do movimento cultural, do mundo
jurídico. Estamos na vanguarda de um movimento em defesa da democracia como
sempre foi em nossa história. Demos muito sangue pela democracia e estamos aqui
para dizer que golpismo não passará”, salientou.
A deputada estadual por São Paulo, Leci Brandão (PCdoB), também
marcou presença e manifestou a sua emoção. “É um momento emocionante. Estamos
mostrando pra essa gente que não aceita a igualdade, que não aceita os
direitos, que não aceita a inclusão, que o povo tem outra definição. O povo
está aí, na rua, para dizer isso”, declarou.
Via Portal Vermelho
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