terça-feira, 8 de novembro de 2016

Temer pede paciência a empresários e defende o fim do Bolsa Família

Há 180 dias no poder após impor um golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff, Michel Temer (PMDB) aproveitou a seleta plateia de empresários de um evento promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para dizer que seu governo está desmontando um “ciclo perverso” pelo qual passava o país, mas que, nas suas contas, está no poder há apenas 60 dias.


“Querem que o governo assuma e dois meses depois o céu esteja azul. Não é assim. Isso leva tempo”, tentou justificar Temer sobre a situação econômica do país. Quando assumiu, Temer prometeu que seu governo seria de “salvação nacional”, mas as medidas que tomou só agravaram o quadro de recessão.

Temer, no entanto, disse que “a retomada do emprego é algo que demora”, mas espera que no segundo semestre de 2017 o PIB não seja negativo. “Se não for, que nos cobrem”, avisou.

Ele afirmou que a aprovação da PEC 241, agora PEC 55 em tramitação no Senado, e outras medidas de arrocho fiscal garantirão a retomada da geração de emprego e de registrar melhora no Produto Interno Bruto. Disse também que está cumprindo toda a cartilha do mercando financeiro para assegurar que o país tenha uma boa avaliação das agências internacionais, ligadas à especulação financeira.

O golpista também se sentiu à vontade para dizer mais uma vez – como se mandasse um recado – que não há necessidade de manter o Bolsa Família por muito tempo, pois o programa de transferência de renda deve ser somente uma “passagem”.

Disse que “temos uma sociedade muito facetada” com “gente rica, classe média, pobre e paupérrima”. E que, assim como os investimentos públicos que quer congelar por 20 anos com a PEC dos gastos, “ninguém espera falar do Bolsa Família daqui a 20 anos”.

“Deve ser uma passagem, de modo que não haja mais necessidade para o Bolsa Família”, afirmou Temer, emendando que, por enquanto, vai manter.

Temer destacou que seu governo busca os “investimentos privados” em áreas estratégicas, como tenta fazer com a abertura do pré-sal para o capital estrangeiro. Declarou ainda que o “padrão de despesas” que se consolidou nos últimos anos “se tornou insustentável”.

“Precisamos então começar cortando na carne, portanto limitar os gastos públicos”, disse ele, ao se referir à PEC que congela os investimentos públicos por 20 anos cortando o orçamento de saúde e educação, além dos programas sociais, ou seja, a carne que se refere é a do povo brasileiro.

Durante o discurso, Temer voltou a citar a ex-primeira-ministra da Inglaterra, Margareth Tatcher, que foi responsável por implementar o aprofundamento do liberalismo com redução do Estado e forte papel do mercado na economia. “Vi um discurso da Tatcher, em que ela dizia: ‘olha, saiba você que não existe dinheiro público. Dinheiro sempre vem do setor privado. Quem está pagando é você. Ou você controla, ou a generosidade desaparece’. O Estado é como a sua empresa. Você não pode gastar mais do que arrecada. Essa é a proposta singelíssima da PEC dos gastos públicos”, disse Temer.

Ele aproveitou para dizer que depois da PEC “sequencialmente ou paralelamente” mandará, ao Congresso Nacional, a proposta para reforma da Previdência Social para arrochar as aposentadorias. “Aprovado o teto, é fundamental que se faça uma reforma da Previdência nesse país.”

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