Por Renato Aroeira.
quarta-feira, 31 de maio de 2017
A Lava Jato pode barrar a candidatura de Lula em 2018?
Condenação em primeira instância não impediria o petista de
assumir a Presidência.
Pesquisas apontam Lula como favorito para as eleições
presidenciais de 2018 em todos os cenários / Ricardo Stuckert.
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Daniel Giovanaz
Brasil de Fato
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou
várias vezes em entrevistas e pronunciamentos oficiais a pretensão de se
candidatar pela sexta vez à Presidência da República. Réu em cinco ações penais
– três delas no âmbito da Lava Jato –, o petista depende do prazo das decisões
judiciais para viabilizar sua candidatura.
Sete anos após deixar a Presidência, Lula lidera em todos os
cenários as pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de
2018. Segundo os dirigentes do partido, não há um plano B, mesmo diante do
risco imposto pelas acusações de corrupção e obstrução à Justiça.
A defesa do ex-presidente afirma que as investigações são
resultado de uma perseguição política, orientada para impedir a candidatura do
petista no ano que vem.
Dilema
O parágrafo 1º, inciso I do artigo 86 da Constituição prevê
que “o Presidente ficará suspenso de suas funções, nas infrações penais comuns,
se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal [STF]”. Ou
seja, nenhum presidente da República pode se tornar réu em ações penais. Se
isso acontecer, o chefe de Estado deve ser afastado do cargo. Não há consenso,
porém, sobre a situação inversa: o que deve acontecer quando um réu se
candidata à Presidência da República.
O STF deve se reunir no período de oficialização da
candidatura de Lula para definir se a chapa pode ou não ser eleita, conforme a
interpretação de cada ministro.
Primeira instância
De todas as ações penais em que Lula é réu, o processo
conhecido como “caso triplex” é o que está mais avançado no âmbito da operação Lava
Jato. A decisão do juiz Sérgio Moro deve sair entre junho e julho deste ano,
mas não é suficiente para tirar o petista da corrida eleitoral porque ocorrerá
em primeira instância.
Ficha limpa
A Lei da Ficha Limpa, sancionada pelo próprio Lula em 2010,
veta apenas a candidatura de cidadãos condenados por crimes em segunda
instância. Mesmo se Moro decidir pela prisão temporária do ex-presidente, o
quadro não muda: a Constituição Federal de 1988 e a Lei da Ficha Limpa permitem
que candidatos que já estiveram presos assumam cargos eletivos.
Em caso de condenação no caso triplex, a defesa de Lula deve
recorrer à segunda instância federal. Se Sérgio Moro houver optado pela prisão,
no momento do recurso o ex-presidente seria solto, porque tem o direito de
responder em liberdade até a nova sentença. Condenado nas duas instâncias, ele
se tornaria inelegível – embora lhe restasse, como última opção, recorrer ao
STF e tentar uma liminar que suspendesse os efeitos da decisão judicial.
Uma operação politizada
Desde o início da operação Lava Jato, a reportagem do Brasil
de Fato ouviu vários juristas e pesquisadores que estudam o campo do Direito e
constataram um processo de “politização” da operação nos últimos dois anos.
Relembre as críticas mais recorrentes sobre diferentes momentos da Lava Jato:
“No processo de impeachment, houve um direcionamento focado
no PT, quando se sabia que o problema era generalizado. Não se trata de livrar
o PT, mas nós vemos agora que, aparentemente, há uma corrupção muito maior nos
outros partidos” (Aldo Fornazieri, professor da Escola de Sociologia e Política
de São Paulo - Fesp).
“É um equívoco imaginar que a Lava Jato é seletiva e
pretende criminalizar apenas o PT. A Lava Jato pretende criminalizar o sistema
político como um todo, e atinge o Lula porque ele é o líder mais popular do
Brasil. Derrotá-lo, hoje, significa derrotar a política” (Luiz Moreira,
ex-membro do Conselho Nacional do Ministério Público)
“Para aqueles que acreditam no sistema democrático, temos de
dar o mesmo tratamento a todos. Deve-se lembrar que a delação diz tudo, mas não
prova nada. É a palavra de alguém que cometeu um crime. Eu não vejo a delação
como uma verdade incontestável. Não podemos comemorar o arbítrio estatal”
(Patrick Mariano, mestre em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de
Brasília).
Edição: Brasil de Fato Paraná.
segunda-feira, 29 de maio de 2017
Mãe Beata de Yemanjá deixa importante legado religioso e social
Sua liderança é reconhecida tanto por religiosos de matriz
africana, quanto em outras religiões e até mesmo na política.
"Uma mulher de fala amorosa e muito valorosa para a
sociedade”, disse o padre Luís Corrêa Lima sobre a ialorixá / Vânia Laranjeiras
| SECRJ
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Fania Rodrigues
Brasil de Fato
Mulher, negra, cidadã com preocupações sociais e liderança
religiosa importante. Assim será lembrada a Mãe Beata de Yemanjá, que faleceu
no último sábado (27). Ela deixou um
importante legado na defesa das religiões de matriz africana, na luta contra a
intolerância religiosa e no combate à discriminação racial.
Uma devota do candomblé, Mãe Beata era admirada por pessoas
de variados setores da sociedade. “Ela era uma das mais notáveis ialorixás do
Rio Janeiro”, afirmou o deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ).
Para o padre católico Luís Corrêa Lima, a Mãe Beata de
Yemanjá era fonte de inspiração, símbolo de resistência cultural e religiosa.
“Sem dúvida ela exercia um papel de liderança. Além disso, uma mulher de fala
amorosa e muito valorosa para a sociedade”, disse o padre, que também é
professor de Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
(PUC-Rio). Ele explica ainda que participou, junto com a Mãe Beata, de algumas
passeatas contra a intolerância religiosa, realizadas todos os anos, sempre em
setembro, na orla de Copacabana.
“Para além da questão religiosa, Mãe Beata de Yemanjá tinha
uma preocupação social e desenvolvia muitos projetos comunitários de combate à
pobreza. Seu legado é enorme, tanto do ponto de vista religioso e da herança
ancestral, quanto do social”, destaca o babalaô Ivanir dos Santos, que conviveu
de perto com ela. Para Ivanir, Mãe Beata nunca vai morrer. “Seu corpo se foi,
mas ela continua entre nós, nos inspirando a cada dia”, destaca o líder
religioso.
Mãe Beata nasceu no Recôncavo Baiano e chegou ao estado do
Rio no final dos anos 1960. Fundou o terreiro Ilê Omi Oju Aro, em Nova Iguaçu,
na Baixada Fluminense, em 1985, e o comandou até o último dia. O local virou
patrimônio cultural e entrou para o mapa da cultura do estado do Rio. A
ialorixá também foi presidente da ONG Criola (organização de mulheres negras),
integrante do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher – CEDIM e conselheira do
Projeto Ató Ire – Saúde dos Terreiros e também da ONG Viva Rio.
Edição: Vivian Virissimo
Deputados do Mercosul defendem democracia e que "povo decida” futuro do Brasil
Resolução aprovada nesta 2ª pede que Comissão de Direitos
Humanos acompanhe “crise institucional e política" no país.
Brasil de Fato
O Parlamento do Mercosul (Mercado Comum do Sul), Parlasul,
aprovou um documento no qual ressalta que os problemas do Brasil devem ser
resolvidos “sem ingerência e que, no exercício de sua soberania, o povo
decida”. A votação, ocorrida na tarde desta segunda-feira (29), teve apoio de
51 parlamentares; três votaram contra.
O entendimento de que a população brasileira deve decidir os
caminhos para a solução dos problemas econômicos, sociais e políticos é o mote
da campanha realizada pelos movimentos sociais e partidos políticos
progressistas do Brasil que pedem a saída do presidente golpista, Michel Temer
(PMDB), e a realização imediata de eleições diretas, de forma que a cidadania possa
eleger seu próximo representante.
A declaração do Parlasul, que ressalta a soberania do
Brasil, ocorre no marco da forte repressão verificada no país durante as
manifestações realizadas nas últimas semanas contra o governo Temer e diante da
violência policial marco do conflito pela terra, que ocasionou recentemente a
morte de 11 camponeses no Estado do Pará. Assim, o texto, de iniciativa da
bancada progressista do bloco, também pede que a Comissão de Cidadania e
Direitos Humanos acompanhe a “crise institucional, política e social no
Brasil”.
Com base nesses fatos, o Parlasul avalia que há uma “grave
crise institucional e política”, que gera “incerteza política e social não
apenas no país irmão, mas em toda a região do Mercosul”. E “rechaça a
militarização e repressão violenta às manifestações pacíficas dos movimentos
sociais”.
Os deputados fazem coro à manifestação da Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e do Escritório Regional para a
América do Sul do Alto Comissionado das Nações Unidas para os Direitos Humanos
(ACNUDH) que “condenam o uso excessivo da força por parte da Polícia Militar
para reprimir manifestações pacíficas no Brasil”.
No Facebook, o senador Humberto Costa (PT - PE) e o deputado
Jean Wyllys (Psol – RJ) comemoraram a decisão do Parlasul, considerando que a
mesma é um instrumento importante para fazer o enfrentamento, no Brasil, pela
defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores e minorias.
Via – Brasil de Fato
Vacinação contra a gripe é prorrogada até 9 de junho
A campanha de vacinação contra a gripe, programada para acabar nesta sexta-feira (26), foi prorrogada até o dia 9 de junho. Crianças de seis meses a quatro anos de idade, gestantes, mulheres que tenham passado por parto há menos de 45 dias, idosos maiores de 60 anos, doentes crônicos (mediante prescrição médica), profissionais de saúde e professores em atividade terão mais duas semanas para se vacinar.
O Estado do Paraná já vacinou 80% do público prioritário
para a vacina. O percentual equivale a 2,4 milhões de doses aplicadas. A meta
para este ano é chegar a, pelo menos, 90%. A maior preocupação é com as
crianças e gestantes, que foram os que menos buscaram as unidades de saúde para
serem vacinados. Os índices estão em 62% e 64%, respectivamente.
De acordo com o coordenador estadual de imunização, João
Luís Crivellaro, a procura pela vacina está mais baixa este ano. “Com as ótimas
coberturas vacinais que o Paraná vem apresentando nos últimos anos, os casos e
óbitos estão cada vez menores. Entretanto, as pessoas precisam continuar se
vacinando para que esses números reduzam ainda mais”, enfatiza.
Crivellaro explica que a vacina demora de 10 a 15 dias para
garantir imunidade, por isso a campanha é promovida antes da chegada do
inverno. “A população deve ir até uma das 2,2 mil unidades de saúde o mais
rápido possível para que quando as temperaturas caírem, eles já apresentem a
proteção adequada”, comenta.
CASOS - Do início do ano até a última sexta-feira (19), o
Paraná registrou 66 casos de gripe com dois óbitos. A maior parte causado pelo
vírus Influenza A (H3) Sazonal, com 57 registros em 12 Regionais de Saúde.
Também foram contabilizados oito casos de Influenza B e um caso de H1N1. Mais
informações AQUI, clicando no link “Boletim da Gripe”.
Via - Portal Loanda
sábado, 27 de maio de 2017
JOSIANE MEDEIROS – A BELA DA SEMANA
Neste mês de maio onde se dedicam honras as mães, seguimos louvando as mulheres que chegaram a este estágio da vida, convém destacarmos aquelas que pela condição de ser mulher e pela graça de ser bela, atingiram, pois, ao ápice da condição humana e tornaram-se mães, mães amorosas e admiráveis de filhos privilegiados por possuírem progenitoras que são modelos no amor, dedicação e na beleza feminina.
Os olhos mais atentos dão conta
que o tempo não conta para determinadas mulheres e a beleza magistral da
adolescência, permanece como característica principal em mulheres que mesmo
sendo mães e em especial no caso desta que hora homenageamos que é também avó, continua
chamando a atenção pela notável formosura...
Assim é Josiane Medeiros, beleza
inegável geradora de beleza, do ventre desta formosa dama nasceram as belas
Tayná e Letycia Medeiros, filhas que aqui estiveram, pisando o pedestal das
belas, como as filhas, Josiane contribui para agraciar nossas retinas...
Louvemos, pois a flor mamãe, ela
também é mãe do Victor Medeiros, através de Josiane afirmamos que a mulher
sendo bela, já se torna merecedora de admiração, sendo mãe, ela supera suas
próprias perfeições, e nós, reconhecemos nestas beldades o retrato fidedigno da
perfeição que delas se originam.
Josiane Medeiros, visível beleza
na condição de mãe, sendo, pois detentora deste invejável título, é justo que
ela ocupe este espaço ao qual temos como uma vitrine de belas, e nós, consequentemente
nos tornamos súditos destas majestosas criaturas que em seus ventres geraram
vidas...
Se ser mulher já é um privilégio,
ser bonita é fazer-se divina, doutra forma, ser mãe é materializar-se na
perfeição e na santidade pela qual o ser humano sempre terá o respeito e a devoção
dos bons filhos...
Através deste respeito, seja dada
reverência à beleza desta mãe, esta magnificente Josiane... Fechamos com chave
de ouro este mês de maio, expondo o capricho e a dedicação daquelas que
atravessam gerações sendo destaque pela imagem que favorece olhares, A beleza
das mães é presenciada nela... Josiane Medeiros é a Bela da Semana.
*JOSIANE MEDEIROS – Nova Londrina Paraná – Josiane é mãe da
Tayná, Victor e Letycia Medeiros.
sexta-feira, 26 de maio de 2017
quinta-feira, 25 de maio de 2017
Presidente do IBGE desmente Temer: economia não melhorou
Ao tentar explicar a polêmica revisão dos indicadores
relativos ao desempenho do comércio e dos serviços em janeiro, o economista
Paulo Rabello de Castro, presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), terminou se contrapondo ao discurso oficial do governo. De
acordo com ele – e ao contrário do que diz Michel Temer -, o cenário “é muito
ruim” e o ambiente econômico "não melhorou".
“O mercado já não aguenta mais as idas e vindas de um país
que, de fato, não consegue acordar do sono da grande recessão em que ainda está
metido”, disse Castro, em entrevista ao Valor Econômico. As declarações
desmontam a tese de que o Brasil já passa por uma recuperação econômica, algo
que a equipe de temer insiste em repetir.
De acordo com o economista, o quadro atual tende a agravar
“a síndrome de confiança” e justifica preocupação. “Tudo o que essa administração
tem tentado fazer desde o dia 1, que foi comemorado há dias o primeiro ano, foi
reinstituir a confiança. E, no momento em que politicamente essa confiança é
desmontada no seu aspecto mais visceral, que é a confiança na atitude do
governante, realmente é para ficarmos muito preocupados”, afirmou.
Questionado sobre como avaliava o futuro político com a
crise e a eleição em 2018 para a economia, ele defendeu que a reportagem
reformulasse a pergunta. “Porque diante de tamanha hecatombe não se pode mais
projetar 2018 como sendo ano eleitoral. Há uma hipótese de que eleição possa
vir a ser antecipada, inclusive por uma decisão unilateral do nosso presidente
atual, na medida em que se sinta desconfortável. A gente realmente não sabe
nesse momento o que tende a acontecer”, analisou.
Em abril, o IBGE revisou os indicadores relativos ao
desempenho do comércio e dos serviços em janeiro e terminou gerando
questionamentos e dúvidas. A princípio, o órgão havia anunciado que, no
primeiro mês do ano, as vendas do comércio caíram 0,7% em relação a dezembro, e
os serviços recuaram 2,2%. Com a revisão, houve uma mudança brusca nos
resultados. O comércio teria crescido 5,5% e o setor de serviços, 0,2%.
Ao ser indagado sobre o assunto, Castro buscou “explicações
técnicas e enumerou três razões para o que chama de "condição
excepcional": uma amostra menor que a usual, um resultado do mês de
dezembro muito ruim, e a não retropolação do índice”, publicou o Valor.
A respeito de uma possível interferência do governo, em um
momento em que se buscam números melhores na economia, ele defendeu o
instituto: "Que se dane o governo. Eu não 'tô' aqui nem para produzir
dados bons nem dados ruins para ninguém. Os dados são o que são."
Do Portal Vermelho, com Valor Econômico
"Meu" blogue faz sete anos
No decorrer de sete anos com apresentações diárias, procurei
expor a opinião que não é somente minha, mostrei as notícias de nossa comarca (Itaúna
Do Sul, Diamante do Norte, Marilena e Nova Londrina) para o mundo e do mundo
para nossa comarca. O blogue que tornou-se a maior vitrine da beleza feminina
no extremo noroeste do Paraná. Meu intuito
foi promover a boa leitura. Solidarizei-me
com a indignação de muitos, sei que minha opinião não é importante para
todos e nem sempre vai de encontro com os conceitos de muitos dos que leem o
que aqui é postado.
Importa-me, no entanto que este blogue seja um canal onde
possamos fazer uso de um direito que nos assiste, o direito de nos informarmos e nos indignarmos
contra tudo aquilo que não contribua para uma sociedade justa e igualitária.
Até hoje publicamos 8.073 postagens, no presente instante
contamos um milhão, trezentos e setenta mil e quatrocentas e quarenta e três
visualizações. 302 mulheres adornaram o Bela da Semana... Em sete anos,
postamos nossas vitórias, derrotas, alegrias e tristezas, eu não consigo parar.
Aos leitores obrigado por fazer parte desta história.
quarta-feira, 24 de maio de 2017
Vendido como mocinho pela irmã, Aécio garantiu blindagem da imprensa por 30 anos
Para entender a figura do político, é preciso conhecer
Andrea Neves, a irmã do senador, presa na semana passada.
Esqueça por um momento o espetáculo grotesco: um senador da
República, presidente de um dos maiores e mais importantes partidos do país, já
formalmente investigado pela maior operação anticorrupção do Brasil, se
encontra em um hotel de luxo com um megaempresário e combina com ele o
pagamento de uma propina de R$ 2 milhões. Na ação, o senador age em família,
ajudado pela irmã e por um primo. Antes de encerrar as tratativas com uma frase
lapidar – “isso vai me dar uma ajuda do caralho” –, o senador diz ao
empresário, entre risadas, que mandaria matar o primo, encarregado de recolher
a propina, caso este um dia resolvesse fazer delação premiada. O dinheiro,
embalado em maços, é enfim entregue em malas ao tal primo, e o destino final da
bolada são os cofres da empresa da família de outro senador, um político de
péssima fama (quatro anos antes, o helicóptero de sua família, registrado em
nome de uma pessoa jurídica, havia sido apreendido com 445 quilos de pasta de
cocaína).
Esqueça tudo isso só por um momento. Não falaremos aqui do
Aécio Neves que a grande maioria do público que se informa pelo noticiário das
TVs, dos jornais, das rádios e da internet conhece há apenas cinco dias. O que
nos interessa é o outro Aécio, aquele que, em 32 anos de vida pública, foi
“vendido” pela quase totalidade da mídia como um político honesto, moderno,
“diferente” (no bom sentido) e até mesmo encantador.
Claro que é importante conhecer o “novo” Aécio que aparece
agora dirigindo megalicitações, pegando propina, tentando bloquear as
investigações da Lava Jato. Mas é igualmente fundamental entender o processo
que garantiu três décadas de blindagem ao “antigo” Aécio. É preciso esmiuçar a
armação que fez com que a grande maioria do público consumisse um político
holograma, uma mentira.
Para compreender esse fantástico case de construção de
imagem, é preciso jogar luz em uma personagem que, no sentido inverso ao de
Aécio, passou essas últimas três décadas nas sombras: Andrea Neves, a irmã do
senador que foi presa na semana passada suspeita de participar da operação de
pagamento de propina descrita no início deste texto.
Tancredo Neves, com os netos, Andrea e Aécio Neves, em
Cláudio, Minas Gerais (1984). (Foto: Divulgação/Flickr aecioneves).
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Aécio saiu do episódio com um enorme potencial eleitoral. Um
mês depois da morte do avô, ele começou a faturar seu prêmio ao ser nomeado
diretor de Loterias da Caixa Econômica Federal por seu primo Francisco
Dornelles, então ministro da Fazenda do governo José Sarney (1985-1990). Daí
ele não parou mais – no ano seguinte, Aécio conquistou uma cadeira na Câmara
dos Deputados. Novo, inexperiente na política, ele era uma espécie de mascote
do Congresso.
Andrea Neves entrou em cena no princípio da década de 1990
e, partindo de um início promissor, começou a transformar o irmão em um Robocop
da política nacional. Seu objetivo: moldar a imagem de Aécio como o mocinho da
fita e, sobretudo, blindá-lo na mídia não apenas contra possíveis ataques, mas
também contra a mais singela das críticas.
Quando o irmão gastava energia pegando onda nas praias no
Rio de Janeiro, Andrea já se revelava um animal político.
Se Aécio era inexperiente e pouco afeito às coisas da política,
o mesmo não podia ser dito em relação a Andrea. Um ano e 23 dias mais velha que
o irmão, ela era a verdadeira herdeira das artimanhas de Tancredo. Desde muito
jovem, no alvorecer dos anos 1980, quando o irmão gastava energia pegando onda
nas praias no Rio de Janeiro, Andrea já se revelava um animal político – seu
début se dera na fundação do PT fluminense, da qual participara. Formada em
jornalismo pela PUC do Rio, ela gostava de discutir, conchavar, compor. Amava
esse jogo e era muito boa no que fazia.
Em meados da década de 1990, Andrea já era a principal
mentora do irmão. Foi quando uma segunda tragédia familiar catapultou a
carreira de Aécio: a morte prematura, por infarto, aos 48 anos de idade, do
deputado Luiz Eduardo Magalhães (PFL-BA), filho do todo-poderoso senador
Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). Habilidoso, carismático e afinado com os
interesses do grande capital, o filho de ACM era a principal aposta política do
establishment. Na toada em que ele vinha (três mandatos consecutivos como
deputado federal, um mandato bem-sucedido como presidente da Câmara e, logo
adiante, uma barbada que o elegeria governador da Bahia), Luiz Eduardo haveria
de ser presidente da República, muitos pensavam. A morte, contudo, mais uma vez
bloqueou o acesso à rampa do Palácio do Planalto.
Com o desaparecimento de Luiz Eduardo Magalhães, Aécio se
viu no posto de reserva estratégica do establishment. É bem verdade que, nos
campos de centro-direita e direita, ele não era o primeiro da fila. Havia
Fernando Henrique Cardoso, presidente em primeiro mandato, então com 66 anos, e
outros nomes que ainda seriam testados, como José Serra, 56 anos, e Geraldo
Alckmin, 45. Mas, aos 38 anos de idade recém-completados, Aécio podia não ser o
amanhã, mas estava escrito em algum lugar que ele seria o depois de amanhã.
Bastava fazer uma conta de padaria para ver a potencialidade daquele jovem
político. Se FHC fosse reeleito em 1998, como de fato o foi, e o status quo
gastasse as três eleições presidenciais seguintes apostando em nomes mais
óbvios, Aécio poderia ser jogado no tabuleiro político principal na eleição de
2014. Se perdesse, como de fato perdeu, teria ainda 2018, 2022 e, quando seria
então um jovem senhor de 66 anos, 2026.
Posse de Aécio Neves após ser reeleito governador de Minas
(2007). (Foto: Eugênio Sávio).
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Andrea guiou o irmão no trajeto luminoso que fez dele
presidente da Câmara dos Deputados (2001-2), governador de Minas por dois
mandatos (2003-10), senador (a partir de 2011) e candidato a presidente da
República, em 2014. Andrea liderava pessoalmente a articulação com alguns dos
maiores empresários do país e autoridades do Executivo, do Legislativo e do Judiciário.
Em alguns casos, como mostram agora as gravações feitas por Joesley Batista,
sócio do grupo JBS, ela também levantava recursos para Aécio. Em outros,
negociava apoio em troca de apoio. Assim, trabalhando como uma formiga enquanto
Aécio bancava a cigarra, ela edificou uma estrutura política e financeira
poderosa em torno do irmão.
Em grande medida planejada, criada e gerenciada por Andrea,
a couraça que protegia Aécio o fez flanar liso durante três décadas. As
nebulosas conexões de Aécio com empresas públicas de números superlativos (como
Furnas), as suspeitas de envolvimento com obras superfaturadas (como as do
estádio do Mineirão) e a proximidade com corruptos notórios (como o operador
financeiro Marcos Valério) não eram assunto de interesse das autoridades. Não
havia delegado, promotor ou juiz que lhe criasse problemas. Na grande mídia,
por sua vez, salvo raríssimas e honrosas exceções, Aécio era retratado com um
homem sem máculas.
Aécio Neves, Ronaldo e Luciano Huck. (Foto: Foto: Omar
Freire/Imprensa MG)
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Modernizada era a chave da propaganda.
Em seu plantão permanente para blindar o irmão, Andrea
vigiava desde uma pequena rádio do interior até o Google. Para isso, construiu
uma musculosa estrutura de comunicação/imagem/imprensa que chefiava com rigor
marcial.
Não raro, a fixação de Andrea em plastificar a imagem do
irmão conduzia a exageros. Em 2011, por exemplo, em mais um de seus dias de
cigarra, Aécio levou um tombo de um cavalo. Nada que pudesse comprometer a
imagem do senador, mas ainda assim Andrea queria evitar a piada pronta: Aécio
caiu do cavalo. A assessoria do senador divulgou então uma nota meticulosamente
construída: “O senador Aécio Neves sofreu um pequeno acidente quando montava a
cavalo”. Ou seja, o senador sempre estivera em cima da montaria.
Aécio Neves após cair de cavalo e fraturar costelas e
clavícula. (Foto: Assessoria de Imprensa).
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No mesmo ano, aconteceu outro imprevisto, desta vez mais
grave. Em uma madrugada de domingo, no Rio de Janeiro, Aécio foi pego em uma
blitz da Lei Seca e se recusou a fazer o teste do bafômetro. Mais uma vez
Andrea entrou em cena para abafar o caso. Não havia apenas uma questão delicada
em jogo (Aécio havia bebido antes de dirigir?). Quando foi pego na blitz, o
senador guiava um dos carros de luxo (Land Rover) da frota de uma rádio da qual
ele era sócio. Havia mais: naquele fim de semana, Aécio viajara ao Rio nas asas
do jato Learjet prefixo GAF, que pertencia a uma empresa que tinha como sócio o
presidente da Codemig (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais),
Oswaldo da Costa Borges Filho.
Cidade Administrativa de Minas Gerais, que teria processos
de licitação fraudados. (Foto: Renato Cobucci/Imprensa-MG).
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Durante anos, o caso dormiu em berço esplêndido nas gavetas
das grandes redações do país. Você não ficou sabendo se Aécio havia bebido
naquela noite, assim como não ficou sabendo nada sobre a rádio, muito menos
sobre o avião. Nesses seis anos, houve tempo suficiente para investigar as
relações de Aécio com Borges da Costa Filho, mas curiosamente também nenhum
grande jornal, revista ou TV se interessou pela história. Os laços que uniam
ambos só começaram a vir à tona neste ano, quando Marcelo Odebrecht afirmou, em
delação premiada, que, mesmo antes de a licitação da Cidade Administrativa ser
oficializada, a obra havia sido repartida entre um grupo de megaempreiteiras,
entre elas, a Odebrecht. Segundo contou Marcelo Odebrecht, parte da propina, de
3% do valor da obra, foi paga em dinheiro a Borges da Costa Filho.
Ainda em 2011, em meu blog, fiz vários posts sobre o
Bafometrogate. Levantei informações sobre a recusa de Aécio em fazer o teste do
bafômetro, sobre a rádio e sua frota de carros de luxo, sobre o jatinho e sobre
as relações turvas de Aécio com Borges da Costa Filho. Aécio nunca respondeu de
forma objetiva às questões por mim levantadas. Meu blog, por sua vez, começou a
ser alvo de uma guerrilha de trolls, com uso agressivo de robôs, comandada pela
militância do PSDB mineiro.
A blindagem da mídia gerenciada por Andrea produziu um
político artificial com índices oficiais de aprovação dignos de um Saddam
Hussein, chegando à casa dos 90%.
Por cima, tudo estava dominado. Mas, por baixo, havia quem
teimasse em revelar a verdade. Isso aconteceu pela primeira vez de maneira mais
efetiva em 2006, quando o rei foi colocado a nu por um estudante de graduação
de jornalismo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Naquele ano,
cumprindo a obrigação acadêmica de apresentar um trabalho final de conclusão do
curso, Marcelo Baêta se aventurou a fazer um documentário em vídeo sobre as
relações de Aécio com a imprensa. Tendo Andrea Neves como personagem principal,
o trabalho (Liberdade, essa palavra) escancarou o esquema de manipulação da
mídia para proteger Aécio. Baêta conseguiu entrevistar jornalistas – inclusive
um ex-diretor da TV Globo Minas – que diziam ter sido perseguidos e/ou
demitidos por ousar divulgar informações que não eram do interesse de Andrea.
Coube, portanto, a um estudante de jornalismo mostrar que a
mídia estava amordaçada. O documentário, claro, durante anos foi solenemente
ignorado pela grande mídia. E Baêta depois sofreria na pele sua cota de
repressão.
Em Minas, até as palmeiras imperiais da Praça da Liberdade
sabiam que era um risco para os jornalistas desagradar a família Neves.
Em Minas, até as palmeiras imperiais da Praça da Liberdade
sabiam que era um risco para os jornalistas desagradar a família Neves. A lista
de repórteres e editores demitidos ou perseguidos é grande, e o clima de
terror, verdade seja dita, acabou por produzir uma nefasta cultura de
autocensura entre os profissionais mineiros. A blindagem comandada por Andrea
era tão eficaz que a própria Andrea rarissimamente era notícia. Se Aécio
tivesse sido eleito presidente da República em 2014, o que quase aconteceu, uma
das figuras mais importantes de seu governo seria uma desconhecida da quase
totalidade da população. Sem exagero, seria o mesmo que FHC ser eleito sem que
ninguém soubesse da existência de seu fiel escudeiro Sérgio Motta ou como se
Lula chegasse ao Planalto sem que o público tivesse ouvido falar em José
Dirceu. Andrea inventou um Aécio teflon e ainda por cima cobriu-se com um manto
de invisibilidade.
No ano passado, contudo, o escudo começou a falhar. No
início do governo Michel Temer, em uma conversa gravada com o então ministro do
Planejamento, Romero Jucá, em que discutiam uma forma de paralisar as
investigações da Lava Jato, o ex-senador do PSDB Sérgio Machado disse duas
frases que entrariam para a história: “quem não conhece o esquema do Aécio?” e
“o primeiro a ser comido vai ser o Aécio”. Para a grande maioria dos 51.041.155
eleitores do político mineiro, foi um susto. Aécio? Impossível!
Meses depois, Benedito Jr., ex-presidente da Odebrecht,
contou em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que Aécio recebera
dinheiro sujo na campanha eleitoral de 2014, inclusive por meio de contratos de
prestação de serviço forjados com o marqueteiro Paulo Vasconcelos, parceiro de
Andrea Neves na construção da imagem do político mineiro. O testemunho que
incriminou Aécio foi dado no processo aberto pelo próprio PSDB para questionar
os gastos de campanha da chapa Dilma-Temer. O que fez Aécio? Apesar de o
conteúdo das declarações já ter sido tornado público pela imprensa, ele pediu
ao TSE para cobrir com uma tarja preta as menções a seu nome no depoimento, o
que lhe foi concedido.
A blindagem estava comprometida, mas Andrea e seu irmão
preferiam agir com um avestruz que enterra a cabeça na terra.
Para aqueles que nada sabiam, bem-vindos à Matrix.
Edição: The Intercept Brasil
MARCHA SOBRE BRASÍLIA FOI TREMENDA VITÓRIA POPULAR
A mídia monopolista e o governo usurpador tratam de inventar
sua narrativa sobre a formidável mobilização sindical e popular que tomou conta
de Brasília desde o final da manhã.
Por Breno
Altman
Opera Mundi
Seu esforço é marcar o protesto como bagunça e vandalismo,
em manobra para ocultar sua dimensão e propósito.
O que assistimos foram mais de 100 mil trabalhadores de
todos os cantos do país marchando para a capital com o intuito de lutar,
organizada e pacificamente, contra o governo Temer, as reformas da previdência
e trabalhista, por diretas já.
As forças repressivas desde ontem preparavam uma emboscada
contra o direito de manifestação dos trabalhadores, armando provocações e se
preparando para reprimir o ato como cães selvagens.
Um pequeno grupo de mascarados, infiltrado na marcha, foi
escalado ou estimulado para servir de pretexto às cenas de repressão
inconstitucional promovidas pela PM do DF e a Força Nacional.
Se não fosse esse o pretexto, outro seria.
O governo estava decidido a reprimir os trabalhadores e
demonstrar que ainda controla o monopólio estatal da violência.
Não foi à toa que, rapidamente, depois de suposto pedido do
presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, logo desmentido pelo próprio
parlamentar, Temer promulgou decreto que permite a convocação das Forças
Armadas para enfrentar o povo em luta, pela primeira vez desde a
redemocratização.
Seria insensatez se homens e mulheres de esquerda, caindo no
jogo do governo usurpador e da mídia conservadora, aceitassem discutir a versão
de vandalismo e violência que se vende ao país, transformando os black blocs no
assunto do dia.
Hoje foi uma data histórica.
Antes de mais nada, porque os trabalhadores ocuparam a
capital da república e fizeram ouvir sua voz.
Mas também porque o governo e seus aliados revelam, de uma
vez por todas, seu caráter antidemocrático e golpista, ao jogar tropas
policiais contra manifestantes, além de acenar com a convocação do Exército.
No mais, não tenhamos ilusões. Como em todo processo
golpista, o povo irá lutar e o os usurpadores irão reprimir. Teremos choques,
conflitos e tensões gravíssimas.
Onde está escrito, afinal, que resistir à usurpação seria
tranquilo como um passeio no parque?
*Breno Altman é diretor editorial do site Opera Mundi.
Defesa de Dilma pede que STF anule processo de impeachment
O caso será apreciado por Alexandre de Morais; para Cardozo,
denúncias da JBS mostram que Temer não tem legitimidade.
Brasil de Fato
Na tarde desta quarta-feira (24), a defesa da ex-presidenta
Dilma Rousseff (PT) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) o julgamento da
ação sobre a legalidade do impeachment, ocorrido em 2016.
A ação foi apresentada em setembro do ano passado pelo
ex-ministro da Justiça e ex-advogado Geral da União José Eduardo Cardozo, que
defendeu Dilma no Congresso durante o processo de impeachment.
O caso está com o ministro Alexandre de Morais desde que o
ministro Teori Zavascki faleceu, em janeiro. Zavascki negou a concessão da
liminar para anular o processo contra a então presidenta e agora a defesa pede
uma reconsideração.
Cardozo alega fatos novos com a divulgação do conteúdo da
delação dos empresários da JBS. Segundo ele, as denúncias de corrupção e de
tentativa de obstrução da Justiça envolvendo o presidente golpista, Michel
Temer (PMDB), evidenciam a impossibilidade do peemedebista permanecer no
exercício da Presidência.
Além disso, o advogado aponta que o processo de impeachment
foi "escandalosamente viciado e sem motivos jurídicos" e que Dilma
foi afastada pelo Congresso "sem que tenha sido praticado qualquer ato que
configure crime de responsabilidade.
"Uma renúncia desejada pela mais ampla maioria da
população brasileira, mas que fica aterrorizada pela possibilidade de uma
eleição indireta, feita pelo Congresso Nacional, onde muitos de seus membros
são acusados de terem incorrido na prática de atos ilícitos”, observa Cardozo.
Via – Brasil de Fato
terça-feira, 23 de maio de 2017
DESIGUALDADE SOCIAL - ONU: 6,5% da população global continuará na pobreza extrema até 2030
Relatório alerta que isso acontecerá se as atuais taxas de
crescimento e políticas permanecerem inalteradas.
Rádio ONU
O relatório da ONU sobre Financiamento para o
Desenvolvimento 2017, divulgado esta segunda-feira (22), afirma que 6,5% da
população global continuará na pobreza extrema até 2030, se a atual taxa de
crescimento e políticas para o setor permanecerem inalteradas.
Para as Nações Unidas, novos esforços multilaterais são
necessários para tirar 550 milhões de pessoas dessa situação.
Durante evento no Conselho Econômico e Social, Ecosoc, a
vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, fez um pronunciamento por vídeo
aos participantes do encontro.
Mohammed disse que Agenda de Adis Abeba, a Agenda 2030 para
o desenvolvimento sustentável e o Acordo de Paris, sobre mudança climática,
representam um mapa para um futuro melhor.
ODS
De acordo com o relatório da ONU, se a tendência permanecer
como agora, irá prejudicar seriamente os esforços para alcançar os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável, ODS, principalmente o de eliminar a pobreza até
2030.
Os países menos desenvolvidos, chamados de LCDs, devem ficar
muito abaixo das metas estabelecidas.
Por exemplo, as projeções indicam que o Produto Bruto
Global, o PIB mundial, deve crescer menos de 3% pelos próximos dois anos. O
relatório diz que com o lento avanço do comércio internacional, o PIB global
avançou menos de 2% em termos de valor anual entre 2011 e 2014.
Ação
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu ação
imediata dos países para combater o problema. Ele disse que "apesar dos
grandes esforços na luta contra a pobreza, a desigualdade aumentou em todo o
mundo".
Além disso, "os conflitos estão proliferando e outros
problemas como mudança climática, insegurança alimentar e escassez de água
estão colocando em risco os progressos alcançados nas últimas décadas".
O relatório diz que muitos dos desafios que os países
enfrentam, incluindo o lento crescimento econômico, mudança climática e crises
humanitárias, têm efeitos através das fronteiras ou até mesmo globais.
Cooperação
Segundo os especialistas, esses desafios não podem ser
enfrentados por apenas uma nação. A solução é uma cooperação multinacional para
o desenvolvimento sustentável.
O documento inclui experiências, análises e dados de mais de
50 instituições internacionais que formam a Força Tarefa Interagência sobre
Financiamento para o Desenvolvimento.
Neste grupo estão ainda o Banco Mundial, o Fundo Monetário
Internacional, a Organização Mundial do Comércio, o Programa da ONU para o
Desenvolvimento e a Conferência da ONU para Comércio e Desenvolvimento, Unctad.
Edição: Rádio ONU
Via – Brasil de Fato
Janot recorre no STF e defende prisão preventiva de Aécio e Rocha Loures
Na semana passada, o ministro Edson Fachin rejeitou o pedido
de prisão e aceitou apenas o afastamento dos parlamentares.
Em depoimento de delação premiada, empresário Joesley
Batista disse que pagou este ano R$ 2 milhões em propina a Aécio Neves / Valter
Campanato/Agência Brasil.
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Jéssica Gonçalves*
Radioagência Nacional
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou,
nessa segunda-feira (23), um recurso para o plenário do Supremo Tribunal
Federal para defender a prisão preventiva do senador afastado Aécio Neves e do
deputado federal licenciado Rodrigo Rocha Loures.
Na semana passada, o ministro Edson Fachin rejeitou
individualmente o pedido de prisão e aceitou apenas o afastamento dos
parlamentares do mandato. As acusações tem como base as informações prestadas
no acordo de delação premiada dos executivos da empresa JBS.
No recurso, Janot afirma que a prisão de Aécio e de Loures é
“imprescindível para a garantia da ordem pública e da instrução criminal”. O
procurador justifica que há no inquérito aberto pelo Supremo escutas
telefônicas e outras provas que demonstram que eles atuaram para obstruir as
investigações da Operação Lava Jato.
Em depoimento de delação premiada, o empresário Joesley
Batista disse que pagou este ano R$ 2 milhões em propina a Aécio Neves, para
que ele atuasse em favor da aprovação da Lei de Abuso de Autoridade e anistia
ao caixa 2 em campanhas eleitorais. Também em depoimento, os donos da JBS
afirmam que Rocha Loures recebeu R$ 500 mil para interceder em assuntos de
interesse do grupo.
A defesa de Aécio informou em nota que, com relação ao
pedido da PGR, aguarda ser intimada para apresentar seus argumentos, e que vai
demonstrar a impropriedade e o descabimento do pedido. E acrescentou que ainda
hoje vai entrar com um agravo contra a decisão de Fachin que afastou o senador
do cargo.
Já os advogados de Rocha Loures argumentam que não há
qualquer motivo para a prisão do deputado, e afirmam que Loures vai prestar
todos os esclarecimentos devidos no momento oportuno.
Via - Brasil de Fato
(*) Com informações da Agência Brasil.
Edição: Radioagência Nacional
Independente há 15 anos, Timor Leste enfrenta desafios sociais e econômicos
País comemorou restauração da independência com eleição de
novo presidente, um ex-guerrilheiro.
Mulher timorense exibe marca no dedo após votar para
presidente no último sábado / U.S. Embassy - Dili, Timor-Leste.
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Júlia Dolce
Brasil de Fato
Um dos países mais novos do mundo, a República Democrática
do Timor Leste comemorou, no último sábado (20), os 15 anos da restauração de
sua independência. No mesmo dia, foi eleito, com 70% dos votos, o novo
presidente do país, o ex-guerrilheiro Francisco "Lú-Olo" Guterres.
Localizado no sudeste asiático, o país tem 1,2 milhão de habitantes.
O novo presidente é uma aposta popular para o futuro do
país. Em seu discurso de posse, ele, que é membro da Frente de Libertação de
Timor-Leste Independente, ressaltou que ainda há muito a ser feito no país:
"Nós deveríamos ter orgulho do tanto que foi feito nos últimos 15 anos,
mas devemos estar atentos ao fato de que ainda há muito a ser feito".
Antero Benedito, professor da única universidade pública do
país, a Universidade Nacional Timor Lorosa'e (UNTL), concorda, em entrevista
para o Brasil de Fato. Para ele, embora a restauração da independência tenha
sido muito importante para o país, ainda há muitos desafios sociais e
econômicos a serem enfrentados pelo novo governo:
“A 50 minutos de viagem fora da cidade [de Díli, capital do
país] há um município totalmente diferente, uma estrada muito ruim, onde
algumas pessoas não têm luz. [Elas têm] uma vida ainda de subsistência
economicamente”, relata. Ele pontua ainda outras dificuldades enfrentadas: “as
pessoas não podem frequentar a escola da universidade por conta da distância e
não têm meios econômicos para continuar os estudos. A sociedade ainda não
conseguiu chegar a um lugar ideal".
Benedito conta que organizou um encontro entre estudantes
universitários e camponeses que vivem próximos de Díli para celebrar o
aniversário da independência. "Eu, como professor da universidade, também
trabalho com os camponeses em zonas de café onde existem latifundiários e
celebramos de uma forma diferente: Nós levamos por volta de 100 pessoas, entre
grupos de estudantes universitários e camponeses e celebramos os 15 anos da
restauração da independência".
Independência
Além da eleição, neste sábado também ocorreu a inauguração
da estátua do primeiro presidente do país e fundador da Frente de Libertação de
Timor-Leste Independente, Francisco Xavier do Amaral, que governou o país entre
1975 e 1977.
“A combinação entre os dois eventos: a eleição do novo
presidente e a inauguração da estátua do lendário Francisco Xavier do Amaral,
fez a data ainda mais especial. A sua capacidade de fazer discursos públicos e
influenciar as comunidades indígenas para apoiarem a luta de independência foi
lendária. Ele foi uma pessoa muito importante.", explicou.
Ele pontua que a memória e importância da revolução ainda
segue forte para os timorenses. O país foi uma colônia portuguesa por pouco
mais de 400 anos, tendo conquistado sua independência com a Revolução dos
Cravos, em Portugal, em 1974.
No entanto, o país foi invadido pela Indonésia no ano
seguinte, o que levou ao processo de resistência armada que conquistou a
restauração da independência em 2002. "O movimento lançou uma resistência
armada, política diplomática e uma resistência civil na clandestinidade dentro
das cidades da Indonésia. Essa resistência foi de natureza popular, um
movimento do povo de todas as frentes", conclui.
Edição: Vanessa Martina Silva
Governo sofre novos abalos, com críticas de Ferraço e cancelamento de sessão conjunta
Apesar de o Planalto ter considerado debandadas do PSDB e do
DEM controladas, senador tucano defendeu hoje saída do governo; sessão conjunta
do Congresso foi cancelada há pouco.
Brasília – Mesmo com a entrada e saída constante de
autoridades dos gabinetes do Palácio do Planalto para discutir as próximas
estratégias de defesa do presidente Michel Temer para se manter no cargo, e das
investidas feitas junto ao Congresso para garantir apoio da base, o governo
sofreu nova derrota nesta terça-feira (23). Diante do ambiente de tensão, a
sessão conjunta do Congresso Nacional que iria discutir e votar 17 vetos
presidenciais foi cancelada. O que se diz nos corredores do Senado é que a
equipe de Temer sofreu o impacto da fala do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES),
durante a manhã. Ferraço declarou oficialmente que sua posição é de rompimento
dos tucanos com o governo.
Na noite de ontem, ministros e assessores mais próximos de
Temer consideravam controlada a relação com as bancadas do PSDB e do DEM, que
teriam se comprometido a só tomar posição a respeito de deixar a base aliada
depois da votação da cassação da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). E procuraram passar um tom otimista com o argumento de que, se
conseguirem manter deputados e senadores dessas duas siglas, conseguirão manter
os outros partidos.
Ferraço, que é relator da proposta de reforma trabalhista,
adotou nesta terça-feira uma postura de “morde e assopra”: ao mesmo tempo em
que trabalhou pela manutenção do curso das reformas, chegou no Senado criticando
o presidente. O senador recuou em sua decisão, tomada na última semana, de
suspender a tramitação da proposta e deu andamento aos trabalhos. Mas não
segurou as palavras. Segundo ele, o PSDB precisa “dar continuidade à reforma e
ajudar a estabilizar o país, mas isto não significa que deva ficar no governo”.
Para muitos, sua fala foi um recado, para substituir
declaração mais enfática de algum líder tucano, enquanto se mantém o “pacto”
feito pelo partido de aguardar a decisão do TSE. E, dessa forma, evitar maiores
constrangimentos para o PSDB – já desgastado com as gravações que incriminam o
senador suspenso de suas atribuições e ex-candidato presidencial Aécio Neves.
“Sei que o tema ainda não é consenso dentro do meu partido, mas não vejo outra
saída a não ser entregarmos todos os ministérios, diante da gravidade da crise.
Até porque o compromisso da gente não pode ser com um ou outro governante de
plantão, mas com a sociedade”, afirmou.
Enquanto a fala de Ricardo Ferraço esquentou provocou
mal-estar no líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR), as conversas
de bastidores são de que a divisão entre as bancadas como um todo tomou mais
corpo. O que já tinha começado a ser observado com a visita de surpresa que
Temer fez, ontem, à casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
durante reunião com vários deputados.
Presença inoportuna
“O clima foi de constrangimento. A gente queria ponderar no
encontro se quer ficar ou sair do governo, conversar com Maia sobre a situação
que encontramos nos nossos estados durante o final de semana. Não era o momento
de o presidente chegar, nem lugar para ele estar. Foi inoportuno, para dizer o
mínimo, e demonstrou insegurança. Uma tremenda bola fora da assessoria de
Temer”, contou um deputado do PRB que estava no encontro.
Como se não bastasse a declaração de Ferraço, há pouco o
deputado João Gualberto (PSDB- BA), autor de um dos pedidos de impeachment,
defendeu que seja dado ao presidente da República tratamento igual ao que foi
dado à ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016. “O crime que possivelmente Temer
cometeu cabe a convocação de um processo de impeachment Está tudo muito claro,
não se pode esperar”, disse.
Na última sexta-feira, o deputado Jarbas
Vasconcelos (PMDB-PE), do partido de Temer rompeu o silêncio e afirmou que “o
presidente deve explicações ao país”. Também o senador Cristóvam Buarque
(PPS-DF), que apesar do desembarque do PPS vem mantendo defesa da continuidade
das votações das reformas, disse no sábado, após o segundo pronunciamento do presidente, que Temer deveria “ter a humildade de reconhecer
para os brasileiros que errou”.