No segundo turno da eleição presidencial de 2006, o
candidato tucano Geraldo Alckmin encolheu 2,4 milhões de votos em relação aos
40 milhões que havia obtido na primeiro. Seu adversário, o ex-presidente Lula,
foi reeleito com 60,1% dos votos, o maior sufrágio da história até hoje. Houve
na época um consenso analítico: o tucano encolheu porque frustrou sua base,
abandonando a agenda liberal, renegando privatizações e medidas fiscais
severas. Agora, novamente ele pode ter dado um tiro no pé ao tripudiar sobre o
infortúnio de Aécio Neves, exortando-o a não disputar cargo algum para não
prejudicar sua campanha, depois de ter virado réu no STF. O troco pode ser uma
barreira contra a entrada de Alckmin em Minas, o que seria fatal para quem já é
refugado pelo Nordeste.
A muito custo, Alckmin havia conseguido a proeza de
convencer o senador Antônio Anastasia a disputar o governo para lhe garantir um
palanque em Minas. Anastasia pode até recuar mas ainda que se mantenha no
páreo, ele é uma invenção de Aécio, de quem é leal escudeiro. Aécio pode ter
perdido sua força eleitoral mas não perdeu o comando da maquina partidária. Ele
já não havia perdoado os tucanos de São Paulo por aquela desfeita na convenção
do partido em dezembro, quando foi recebido aos gritos de “fora Aécio”, não foi
chamado para a mesa e, na falta de clima, ficou apenas 40 minutos na festa.
Estava licenciado da presidência do partido desde maio, quando estourou o caso
JBS.
Alckmin não esperou nem baixar a poeira levantada pela
decisão do Supremo para ditar outra condenação ao mineiro. Depois de proclamar
que “a lei é para todos” emendou: “Aécio sabe o que penso. E claro que o ideal
é que não seja candidato, é evidente”. A mágoa dos tucanos mineiros é grande.
Não vão passar recibo mas, se conheço Minas, vai ter troco. Em 2006, Aécio era
um governador altamente popular, reelegeu-se no primeiro turno. Houve em Minas
a pregação da chapa Lulécio, Lula e Aécio, e para desmentir suspeitas de
traição, ele arregaçou as mangas e garantiu ao paulista uma votação maior que a
esperada, de 40,6% dos votos no estado. Não impediu, porém, que no segundo
turno ocorresse ali também a sangria de votos que foi geral, em quase todos os
estados. A votação de Alckmin despencou para 34,8%.
Rejeitado no Nordeste, enfrentando a concorrência de Bolsonaro
em São Paulo e a de Álvaro Dias no Sul, Alckmin precisa muito de Minas. Mas
pode ter fechado a porteira.
Fonte: Jornal do
Brasil
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