terça-feira, 5 de novembro de 2019

Famintos e sedentos


Erram os que pensam que nos contentamos com o pouco. Enganan-se os que imaginam que a dignidade de um injustiçado seja alcançada com a assistência parca de pão e de água a qual nos submetem o excludente sistema que beneficia a poucos. Nossa fome e sede não se resumem em comida e bebida, não é por um salário que valha arroz e feijão que clama nossa gente injustiçada.

Passaram e passarão gerações de oprimidos, milênios já passaram, e os extremos sociais? Continuarão existindo? O opressor e o oprimido continuarão respectivamente compondo a sociedade humana?
Serão sempre rebeldes, subversivos e agitadores aqueles que recusam a conivência com a injustiça financiada pelo sistema explorador?

Nossa fome e sede estão muito além da fome e da sede natural, nossa fome e sede é acima de tudo por dignidade, pelo direito que nos garanta uma vida com qualidades básicas.
Jesus Cristo, o líder mais conhecido e um dos mais cultuados pela humanidade, chamou de bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, do início da humanidade até Cristo, muitos foram os ‘bem aventurados’, de Cristo até nós, outros tantos existiram, existem e ainda existirão. Não é certo que a desejada justiça chegará aos homens, porém sempre estará entre os homens a esperança de serem saciados.

Não é de hoje que o sistema dominante resume justiça em pão e água, definitivamente sabemos que justiça não é isso, nossas forças, nossa saúde, nossa vida, não valem tão pouco, esmola nunca saciará os tantos famintos que existem.
São gerações, são milhões que clamam por dignidade, e ela, um dia virá?
Dizem que tudo tem seu tempo determinado, se assim for, pode ser que um dia chegue aos homens vindouros o que nunca chegou até nós, a justiça em sua total abrangência.

Aos que se deleitam na miséria alheia, atentem-se, a humanidade por hora ainda vem suportando o arrocho, mas, chegará o dia em que ela tal qual um vulcão adormecido entrará em erupção, e de suas fumegantes larvas, não ficará uma pedra sobre a outra.

Se não saciarem aos que tem fome e sede de justiça o fim estará fadado ao caos completo.
Pensem nisso os senhores detentores do poder, os mesmos senhores que julgam ter nas mãos o controle do sono de um vulcão que ainda adormece.


Mateus Brandão de Souza – Graduado em História pela FAFIPA

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