terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Brasí Cabôco

Poeta Zé da Luz


 Por Zé da Luz


O qui é Brasí Caboco?

É um Brasi diferente

do Brasí das capitá.

É um Brasi brasilêro,

sem mistura de instrangero,

um Brasi nacioná!

 

 É o Brasi qui não veste

liforme de gazimira,

camisa de peito duro,

com butuadura de ouro...

Brasi caboco só veste,

camisa grossa de lista,

carça de brim da “polista”

gibão e chapéu de coro!

 

 Brasi caboco num come

assentado nos banquete,

misturado cum os home

de casaca e anelão...

Brasi caboco só come

o bode seco, o feijão,

e as veiz uma panelada,

um pirão de carne verde,

nos dias da inleição

quando vai servi de iscada

prus home de posição.

 

 Brasi caboco num sabe

falá ingrês nem francês,

munto meno o português

qui os outros fala imprestado...

Brasi caboco num inscreve;

munto má assina o nome

pra votar pru mode os home

Sê gunverno e diputado

 

 Mas porém. Brasi caboco,

é um Brasi brasileiro,

sem mistura de instrangero

Um Brasi nacioná!

 

 É o Brasi sertanejo

dos coco, das imbolada,

dos samba, dos vialejo,

zabumba e caracaxá!

 

 É o Brasi das vaquejada,

do aboio dos vaquero,

do arranco das boiada

nos fechado ou tabulero!

 

 É o Brasi das caboca

qui tem os óio feiticero,

qui tem a boca incarnada,

como fruta de cardoro

quando ela nasce alejada!

 

 É o Brasi das promessa

nas noite de São João!

dos carro de boi cantano

pela boca dos cocão.

 

 É o Brasi das caboca

qui cum sabença gunverna,

vinte e cinco pá-de-birro

cum a munfada entre as perna!

 

 Brasi das briga de galo!

do jogo de “sôco-tôco”!

É o Brasi dos caboco

amansadô de cavalo!

É o Brasi dos cantadô,

desses caboco afamado,

qui nos verso improvisado,

sirrindo, cantáro o amô;

cantando choraro as mágua:

Brasi de Pelino Guedes,

de Inácio da Catingueira,

de Umbelino do Texera

e Romano de Mãe-d’água!

 

 É o Brasi das caboca,

qui de noite se dibruça,

machucando o peito virge

no batente das jinela...

Vendo, os caboco pachola

qui geme, chora e soluça

nas cordas de uma viola,

ruendo paxão pru ela!

 

 É esse o Brasi caboco.

Um Brasi bem brasilero,

sem mistura de instrangêro

Um Brasía nacioná!

 

 Brasi, qui foi, eu tô certo

argum dia discuberto,

pru Pêdo Arves Cabrá.

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