domingo, 20 de dezembro de 2015

Macri torna possível relação 'mais madura' com Argentina sobre as ilhas Malvinas, diz Cameron

Premiê britânico sinalizou otimismo de nova etapa com Buenos Aires após posse do candidato de oposição ao kirchnerismo, mas defende exploração inglesa

Cameron acena para possibilidade de fim de hostilidades com argentinos
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, afirmou neste sábado (19/12) que a vitória do neoliberal Maurício Macri à frente da Presidência da Argentina pode melhorar as relações dos dois países.

Segundo o chefe de governo conservador britânico, a recente entrada de Macri — que encerrou 12 anos de kirchnerismo — é uma "oportunidade" para Londres construir uma relação "mais madura" com Buenos Aires em relação às ilhas Malvinas.
"Tenho a esperança que a eleição de um novo presidente na Argentina nos permitirá avançar rumo a uma relação mais madura. Está claro que existem muitas áreas nas quais a cooperação beneficiaria a ambos", declarou Cameron, em mensagem natalina dirigida aos moradores das ilhas Malvinas.

Contudo, o premiê inglês destacou que seu Executivo "pressionará" para defender a exploração das jazidas de hidrocarbonetos, que foram descobertas nos arredores do arquipélago há cinco anos — e que aumentou a tensão sobre a reivindicação das ilhas com o governo argentino, então dirigido por Cristina Kirchner.

"Falei com o presidente Macri e, embora esteja disposto a melhorar as relações com a Argentina para o benefício de todos, fui claro no fato de que isso não muda a posição de meu governo sobre seus direitos à autodeterminação", afirmou Cameron aos malvinenses, segundo a Agência Efe.

Entenda o conflito

Desde 1833, o governo britânico administra e ocupa as Malvinas — também conhecidas como Falkland Islands — e rejeita apelos da Argentina e da comunidade internacional para abrir negociações a respeito da soberania da ilha.

Em 1982, houve uma guerra pela retomada do território. Após 70 dias de conflito, mais de 900 pessoas morreram e a Argentina saiu perdedora. A tensão ganhou um novo fôlego em 2010, quando os britânicos descobriram uma grande reserva de gás e de petróleo offshore, que poderia render bilhões de dólares.

Há quase três anos, Londres fez um referendo com os pouco mais de 1.500 residentes da ilha, que optaram por permanecer sob o status de território além-mar britânico. Buenos Aires rejeitou a consulta popular, alegando que os habitantes foram colocados na região pelo Reino Unido e que, portanto, não tinham o direito de autodeterminação.

Em 2014, o país europeu anunciou que aportaria US$ 268 milhões em infraestrutura militar no território que é reivindicado historicamente pelos sul-americanos. No mesmo ano, o diário britânico Sunday Express revelou que o Reino Unido realiza exercícios militares há anos nas Malvinas para testar a segurança do local diante de uma suposta possibilidade de ataque argentino.


Cristina, em abril de 2015, lança flores em homenagem aos mortos nos 33 anos da guerra das Malvinas



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