terça-feira, 31 de julho de 2018

Plano econômico anunciado por Maduro repercute de forma positiva

AVN

Essa semana o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro anunciou uma série de medidas para combater a crise econômicas, entre elas uma reconversão monetária, com a eliminação de cinco zeros da moeda local, o bolívar, a partir do dia 20 de agosto. Com isso o governo venezuelano espera diminuir a escassez de dinheiro devido a desvalorização da moeda.

Voltar a circular dinheiro, de forma regular, significa certas facilidades que já não faziam parte do cotidiano do venezuelano, como tomar um táxi na rua e fazer pagamentos em dinheiro. Praticamente todas as transações atuais são feitas através de pagamento em cartão ou transferência bancária.

A recepcionista Dayana Perez afirma que ter dinheiro na mão facilitará seu dia a dia. “Tenho que tomar ônibus todos os dias para vir ao trabalho e tenho muita dificuldade em conseguir sacar. As vezes tenho que ficar horas na fila do banco para retirar o equivalente a uma passagem”, explica. Apesar da dificuldade da população em conseguir o papel-moeda, os transportistas de ônibus públicos, a maioria organizada através de cooperativas, aceitam apenas dinheiro como forma de pagamento. Portanto, a nova medida deve favorecer aos trabalhadores que dependem do transporte público.

A inflação, a guerra cambial, o bloqueio econômico dos Estados Unidos e o baixo preço do petróleo, em uma economia dependente da renda petroleira, são alguns dos elementos que contribuem para a crise que afeta o país nos últimos quatro anos.

O valor artificial do dólar paralelo, produz o que especialistas classificam como “guerra cambial”. O economista venezuelano Luis Enrique Gavazut explica que trata-se de “uma manipulação artificial do valor do dólar ditada por páginas webs administras desde os Estados Unidos e da Colômbia”.

Um exemplo disso são os produtos de limpeza, como sabão em pó. Hoje um pacote de 1 kg vale o equivalente a dois salários-mínimos, enquanto a passagem de ônibus custa 0,33% do salário e a gasolina possui um valor simbólico. Em média, os venezuelanos gastam o equivalente a 8,3% do salário em passagens de ônibus, o que está dentro dos padrões latino-americanos. Além disso, o transporte em metrô é gratuito em Caracas. De acordo com Gavazurt, "é a guerra econômica contra a Venezuela que cria esse ambiente de especulação e desequilíbrio financeiro".

Entre 2016 e 2018, a inflação impactou nos preços de bens e serviços fornecidos por grandes empresas e multinacionais, como os produtos importados ou produtos venezuelanos como farinha de milho, processado pela empresa Polar, gigante venezuelana de alimentos. No entanto, no que se refere a produção de alimentos, fornecidos por pequenos produtores rurais, como frutas e verduras, a disponibilidade é regular e os preços estão estáveis.

Banco Central anunciará valor do bolívar

O plano de recuperação econômica anunciado pelo presidente Nicolas Maduro nesta semana tem como objetivo combater os efeitos da “guerra econômica”, que cria esse desequilíbrio entre a oferta e a demanda. Além de cortar cinco zeros do bolívar, o governo atrelou o valor da moeda local ao valor do petro, a moeda virtual venezuelana cotizada pelo preço do petróleo. Antes do dia 20 de agosto, o Banco Central da Venezuela vai anunciar o valor do bolívar em relação ao petro.

Para o deputado constituinte do estado venezuelano de Táchira, Gerson González, essa medida cria um novo cenário na chamada “guerra econômica” contra a Venezuela. “Ancorar o valor do bolívar ao petro foi uma decisão positiva já que agora não poderão mais desvalorizar nossa moeda de forma artificial, já que o petro é cotizado no valor do petróleo (um petro é o equivale a um barril de petróleo)”, afirma o deputado.

O petro está sendo comercializado normalmente e tem sido usado para fazer transações de compra e venda no mercado estrangeiro, sobretudo no fornecimento de insumos básicos como alimentos. Isso é o que explica um empresário brasileiro, que pediu para não ser identificado, já que sua empresa fornece alimentos para a Venezuela e teme sofrer sanções de outros países que possuem relação comercial com os EUA. O bloqueio imposto pelos Estados Unidos à Venezuela inclui sanção às empresas que mantém relações comerciais com a República Bolivariana.

Maduro também descriminalizou o uso do dólar em transações comerciais relacionadas com os setores produtivo do país, com o objetivo de diminuir a especulação do valor da moeda. Entre as medidas está ainda a exoneração os impostos pelo período de um ano de todos as importações de insumos para produção agrícola de alimentos, pneus e peças de carros e máquinas industriais, entre outros.

Fonte: Brasil de Fato

segunda-feira, 30 de julho de 2018

SAÚDE - Hospital municipal de Diamante do Norte passará por reformas

O prefeito de Diamante do Norte, Daniel Pereira, esteve em Curitiba na última quarta-feira, quando recebeu a Declaração de Adequação Orçamentária da Despesa de Regularidade, no valor de R$ 302.382,38, que será utilizado para reforma e recuperação do Hospital Municipal Emília F. de Souza.

Com a liberação do recurso é esperada a conclusão de 100% da reforma do Hospital
A previsão é que toda a reforma do Hospital seja concluída e a administração então prosseguirá com as manutenções preventivas para que a população possa usufruir de um espaço adequado, com ótima estrutura e onde os servidores possam a cada dia terem melhores condições de trabalho.

“Para muitos sempre vai faltar alguma coisa, para nós também. Mas o trabalho diário, o esforço em equipe, a dedicação, a aplicação correta dos recursos sempre trará novas conquistas, não para um ou para outro, simplesmente para toda população, pois somos nós diamantense que ganhamos quando a administração faz o que tem que ser feito,” explanou a secretária municipal da Saúde, Simone Soares da Silva.

domingo, 29 de julho de 2018

Jovem que pedia doações como surdo é preso ao ouvir e responder guardas municipais, no Paraná.


Um jovem que dizia ser surdo para pedir doações em dinheiro em semáforos de Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, foi preso após ouvir e responder à voz de abordagem de agentes da Guarda Municipal da cidade.

Segundo a guarda, o suspeito foi preso na tarde de quarta-feira (25), na esquina das ruas Xavier da Silva e Domingos Cordeiro.

No local, ele pedia doações aos motoristas, entregando panfletos com um pedido de ajuda e símbolos da Língua Brasileira de Sinais (Libras).

O comandante da Guarda Municipal de Campo Largo, Milton Cordeiro, afirmou que, ao perceber a aproximação da equipe, o jovem tentou fugir mas em seguida ouviu e respondeu claramente ao chamado dos guardas.

"No momento em que verbalizaram para ele, ele acatou de pronto e acabou abrindo o jogo, de que ele não tinha nenhum tipo de deficiência", afirma o comandante.

O suspeito foi preso pelo crime de estelionato, segundo a Guarda Municipal.

Ainda conforme o comandante, a Guarda Municipal já havia registrado outras denúncias de que o mesmo suspeito estava abordando motoristas em outras esquinas do Centro de Campo Largo.

Com o preso, os guardas apreenderam R$ 8,50 em moedas que o jovem havia arrecadado com os pedidos.

Fonte: G1 Paraná

sábado, 28 de julho de 2018

Quanto vale uma eleição? Regra de financiamento favorece ricos e quem já tem mandato

Em 2018, financiamento de campanhas eleitorais terá novas regras; 35 partidos vão dividir R$ 1,7 bi de fundo especial.

Eleições de 2018 terão novas regras de financiamento eleitoral / Nelson Jr./ASICS/TSE

Leonardo Fernandes

Duas reformas do sistema eleitoral, realizadas em 2015 e 2016 instituíram novas regras para o sistema eleitoral brasileiro. Além de encurtar o tempo de campanha, as reformas limitaram as formas de financiamento de campanhas, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu as doações de recursos por parte de empresas.

Uma das principais mudanças foi a criação do Fundo Especial de Campanhas Eleitorais, que terá um valor superior aos R$ 1,7 bilhões, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), distribuídos entre os 35 partidos registrados no país, de acordo com as normas previamente fixadas: 15% entre os partidos, de acordo com a proporção de senadores em 28 de agosto de 2017; 2% - divididos igualmente entre os 35 partidos existentes no Brasil; 35% - entre os partidos com pelo menos um representante eleito na Câmara dos Deputados (eleição 2014); 48% - entre os partidos, de acordo com a proporção de representantes na Câmara dos Deputados em 28 de agosto de 2017.

Para o cientista político e assessor parlamentar Enrico Ribeiro, a diminuição da influência do poder econômico é positiva, mas não deve acabar com as contradições do sistema político brasileiro, que ‘privilegia a perpetuação nos seus cargos de políticos já eleitos’.

“Esse modelo pode diminuir o poder de interferência das empresas nas eleições, pode diminuir uma corrupção que existia nas eleições das empresas que faziam uma doação em troca de uma determinada ação do mandato. Então esse modelo fica enfraquecido, ou acaba, mas do jeito que está a lei, vai ocorrer que os mesmos deputados e senadores que estão eleitos, terão maiores chances de serem reeleitos quando quiserem. Porque eles que vão ter a maior capacidade de captar os recursos dos seus partidos e uma maior visibilidade dentro da campanha”, afirmou o cientista político.

A opinião de Ribeiro é compartilhada pelo advogado eleitoralista e representante do Instituto Brasileiro de Direito Eleitoral (Ibrade), Sidnei Neves.

“Particularmente, eu acho que a vedação de doação de pessoa jurídica, pode, de certa forma, criar uma espécie de super candidatos. Aqueles candidatos que possuem recursos privados em grande monta e que podem se autofinanciar”, afirma.

A preocupação de Neves se dá à ausência de limites para o chamado autofinanciamento. Um candidato com alto poder aquisitivo poderá financiar, segundo as regras, a totalidade dos gastos na campanha eleitoral, como explica o advogado eleitoralista João Meira, co-autor do livro Guia Prático das Eleições 2018.

“Criou-se uma limitação de gastos de campanha, mas dentro desse limite, não há limite nenhum ao autofinanciamento de campanha. Então a pergunta que se faz é exatamente essa: qual é a intenção em se permitir esse autofinanciamento sem limites, uma vez que a função da política não é medir quem é mais bem sucedido em relação ao sucesso pessoal, profissional da sua vida”, afirma Neves.

Outra distorção apontada no novo sistema de financiamento de campanha é em relação à distribuição do recém-criado Fundo Especial. Enquanto somente 2% do valor será distribuído de forma igualitária entre as 35 legendas partidárias, o restante obedecerá à proporção de representantes eleitos no Congresso Nacional, como mostra o infográfico abaixo.

“Em relação à distribuição do fundo, ele segue uma lógica que já acontece com a distribuição do tempo de rádio e TV, ou seja, pelo tamanho da bancada. Então, essa distribuição, da forma como foi feita, é para garantir que a maior parte dos recursos sejam encaminhados para aqueles partidos que tenham as maiores bancadas. Então você acaba fazendo com que haja pouca perspectiva de mudança na correlação de forças partidária”, afirma Enrico Ribeiro.

Novidade

Outra novidade do sistema de financiamento eleitoral em 2018 é a utilização do chamado crowfunding, ou o financiamento coletivo. Desde maio, os partidos já podem realizar campanhas para a arrecadação de fundos. As doações devem ser feitas através de plataformas devidamente registradas junto à Justiça Eleitoral e precisam obedecer os limites estabelecidos em lei, ou seja, não estão permitidas doações de empresas e as doações individuais não podem ultrapassar 10% dos rendimentos anuais.

Para Meira, essa é uma novidade que, para além do financiamento em si, aproxima o cidadão da estratégia eleitoral dos seus candidatos em uma campanha que será a mais curta da história da democracia brasileira, apenas 45 dias.

"O financiamento coletivo é mais uma mudança positiva, ao meu ver, por permitir uma propagação maior da arrecadação de campanha, permite que os partidos possam fazer campanhas mais difundidas na captação de recursos”.

Meira explica que há sanções previstas para o descumprimento das normas de financiamento de campanhas eleitorais, entre elas, a perda do mandato e a inelegibilidade.

“Sem dúvida alguma, o mais preocupante das sanções que podem vir a ocorrer por causa do descumprimento das normas relacionadas a doações e gastos de campanha é o chamado abuso de poder econômico, que pode, além de cassar o mandato, caso seja eleito, gera também a famosa inelegibilidade, que poderá fazer com que, caso a pessoa seja condenada, ele podem ficar até oito anos inelegível, ou seja, não poderão participar de processos eleitorais por oito anos”.

Embora a arrecadação de recursos para as campanhas eleitorais já tenha começado, os partidos só poderão fazer uso deles após o dia 15 de agosto, quando oficialmente começa a campanha eleitoral. As eleições serão realizadas em 7 de outubro, o primeiro turno, e em 28 de outubro, o segundo turno.

Teto de gastos

As novas regras de financiamento eleitoral também estipulam limites de gastos de acordo com o cargo concorrido. Para o cargo de Presidente da República o teto é de R$ 70 milhões no primeiro turno e de R$ 35 milhões no segundo turno. Já para governador o limite pode variar de acordo com a quantidade de eleitores do estado, podendo ir de R$ 2,8 milhões a R$ 21 milhões.

Os candidatos ao Senado poderão gastar entre R$ 2,5 milhões e R$ 5,6 milhões, também de acordo com o eleitorado estadual. Já os candidatos a deputado federal terão o limite de R$ 2,5 milhões e para candidatos a deputados estaduais e distritais, R$ 1 milhão.

 Edição: Juca Guimarães

THELMA SANTOS – A BELA DA SEMANA



De onde vem a beleza e a delicadeza feminina?

Vem da forma cativante, da formosura de seres representados na imagem de mulheres iguais a Thelma Santos. A cor morena da moça simpática que na meiguice feminina, mostra a grandeza e a feminilidade de quem tem o dom de nos prender o olhar.

Mulher de sorriso franco, de lábios generosos, de educação cativante, Thelma é indubitavelmente merecedora de ocupar este posto onde difundimos a beleza das notáveis...

Se há belezas que se tornam poesias, tal beleza é a que está destacada em Thelma , formosura que deve ser cantada em versos e em prosas. Semanalmente neste espaço, louvamos a condição suprema destes seres delicados e formidáveis, seres que se diferem do senso comum, por intermédio de Thelma Santos, concluímos que a mulher é o mais sublime dos seres que existem debaixo do céu...

A magia inebriante capaz de aprisionar os sentidos não está unicamente lá nas histórias de encantamento, a beleza que não podemos expressar por palavras, é real e visível, está diante dos nossos olhos.

Toda esta fantástica característica personalizou-se, tornou-se criatura e tomou forma feminina, aquilo que julgávamos haver apenas nas lendas, ganhou forma, adquiriu cor... É morena a beleza sem igual, seus cabelos causam inveja ao mar... Sim, a beleza em sua grandeza absoluta amorenou-se e transformou-se em Thelma Santos.

Uma bela mulher é um colírio natural que nos favorece as retinas, falar da beleza feminina é inevitável, neste ensejo, seja reconhecida a fascinação proveniente desta que hora recebe nossa atenção, exultemos a perfeição de sua desmedida beleza além do nosso respeito e gratidão por nos conceder o privilégio de apresentá-la neste panteão de belas.

Olhar para uma bela é terapia capaz de nos curar os reclames, o mundo vale a pena, pois elas estão entre nós, plenas de seus particulares fascínios... Testificando a existência divina, apresentamos Thelma Santos, que estará aqui nos sete dias que seguem em reconhecimento a tudo que significa a mulher em nossas vidas.

A beleza é morena e nos confiou seu nome e imagem, enaltecida seja a soberania da mulher. Thelma Santos é a Bela da Semana.

*THELMA DOS SANTOS – Nova Londrina/PR, é torcedora da seleção brasileira e do Santos, ela concluiu o Ensino Médio no Colégio Ary João Dresch.


sexta-feira, 27 de julho de 2018

Nordeste lembra os 80 anos das mortes de Lampião e Maria Bonita

Cidades de Pernambuco, Alagoas, Bahia e Sergipe programam espetáculos, lançamento de livros e missa sobre cangaço.

Grupo de Serra Talhada encena os últimos dias do rei do cangaço em espetáculo ao ar livre. FOTO: Fundação Cabras de Lampião/Divulgação
Por: Paulo Goethe
No OP 9

Há 80 anos, no dia 28 de julho de 1938, Lampião, Maria Bonita e outros nove cangaceiros foram surpreendidos por volantes no local onde eles se sentiam mais protegidos. Mortos, continuam presentes no imaginário nordestino. De quarta-feira até sábado, cidades marcantes da história do rei do cangaço lembrarão a data do massacre da grota de Angico com debates e apresentações artísticas. Herói para uns, bandido para outros, Lampião tornou-se um ícone a estampar camisetas, tatuagens e até ser tema de videogame. Recontada por pesquisadores universitários e investigadores independentes, sua história parece não ter fim.

Em Serra Talhada, Pernambuco, o lugar onde surgiu Virgulino Ferreira da Silva em 1897 ou 1898 – há controvérsias sobre a data do seu nascimento – a Fundação Cabras de Lampião apresentará o espetáculo “O Massacre de Angico – A Morte de Lampião”, na Estação do Forró (antiga estação ferroviária), entre os dias 25 e 29, sempre às 20h. Com uma hora e meia de duração, 50 atores e 70 figurantes, texto de Anildomá Willans de Souza e direção de José Pimentel, faz parte da programação do “Tributo a Virgolino – A Celebração do Cangaço”. A expectativa é reunir 50 mil pessoas na curta temporada.

A cidade do Pajeú pernambucano vai abrigar grupos musicais, folclóricos, violeiros repentistas, cantores, poetas, historiadores e pesquisadores do cangaço. Também haverá atividades no Sítio Passagem das Pedras, onde vivia a família de Virgulino antes das desavenças com os vizinhos Alves de Barros, que se tornaram inimigos mortais.

Em Paulo Afonso, na Bahia, local de nascimento de Maria Bonita, haverá nesta quarta-feira lançamentos de livros e palestras de integrantes da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, entre eles João de Souza Lima, que batalhou para transformar a casa da futura mulher de Lampião em um pequeno museu. Na quinta, o documentarista Aderbal Nogueira falará sobre as imagens do cangaço.

Em Piranhas, Alagoas, entre os dias 26 e 28 acontecerá o seminário Sertão Cangaço, com lançamentos de livros e palestras. O encerramento, no sábado, terá como ponto alto a Missa do Cangaço na Grota de Angico, seguido de apresentações culturais. Vale lembrar que o local da morte dos cangaceiros pertence à cidade sergipana de Canindé do São Francisco.

Carta para papai


Homenagem póstuma de Patrícia Laurentino a seu pai:

Oii Pai, demorei pra escrever né? Mas é que eu estava ali segurando as barras e fingindo ser forte( porque no fundo o Senhor sabe a filha que tem, mole demais) quem diria em Paizinho o Senhor que sempre foi o nosso alicerce me deixou agora com essa responsabilidade, tive que ser forte pela mãe, pelo o Rôo e até mesmo pelo Dii o mais velho, na verdade tive que ser forte por todos, eu chegava no ouvido e falava "a Mãe precisa da gente." 

Fiquei ao lado da mãe o tempo todo; ta? E vai ser assim de hoje em diante, você sempre me pediu “Não abandona sua mãe" mas, sabe que isso nunca iria acontecer. Aah, e a Catarina? Vou cuidar dela porque eu sei o quanto o Senhor tinha um apego por ela

A mãe vai passar uns dias comigo, vou levá-la pra passear; ta? E nem precisa ficar com ciúmes que vou cuidar dela muito bem, inclusive o Senhor estava lindo, ainda bem que aparamos suas sobrancelhas da última vez que vim, vou ficar morrendo de saudades de tirar seus cravinhos (aquela mania chata que eu tinha né Pai ?)

Olhe, hoje eu senti a maior dor do mundo quando nos despedimos, mas, sabe as 10 rosas que levou com você? Foi um pequeno gesto de gratidão pelo homem honesto, trabalhador, dedicado e de um coração enorme.❤❤❤ Você viu quantas visitas recebeu? Fiquei tão feliz em saber o quanto o Senhor era amado por todos, afinal não é pra menos sua simpatia e simplicidade sempre conquistou as pessoas.

Enfim Pai, seu aniversário é dia 31, a gente tinha até planejado o bolo e o churrasco né? Mas os planos de Deus foram maiores, ele quis te dar o céu de presente e eu tenho certeza que está no melhor lugar do mundo.

 Bom, vou ficar por aqui, logo volto a te escrever de novo, mas meu pensamento vai estar em você todo os dias da minha vida. Você deixou um legado lindo, obrigada por tudo.

Da sua futura Dra (era assim que falava pra todo mundo né? ) e da sua Filha que te ama muito.

Beijo Pai, cuida da gente ta? Como sempre fez! Te amo até o céu.

PSB quer Barbosa, que só quer paz

Foto O Globo

Segundo a coluna Painel, na Folha, sinal do desespero instalado e da divisão interna, dirigentes do PSB resolveram apelar para Joaquim Barbosa. Ele foi procurado em pedido para que volte ao páreo da disputa pelo Palácio do Planalto. Barbosa, ministro aposentado do STF, já havia anunciado em maio que não iria concorrer.

Segundo a coluna, o ministro aposentado foi procurado por um amigo seu após ser acionado por dirigentes do PSB, no sábado, 21. A intenção é persuadi-lo frente à crescente indefinição na sigala, que está sendo pressionada pelo PT e pelo PDT.

Já quem conhece Barbosa acha difícil que ele ceda à tentação, já que afirmou em outros tempos, alto e em bom som, que não tem saudades da época em que flertou com a pré-candidatura. Além disso, os informantes garantem que ele quer paz.

Via – Jornal GGN

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Por que O Capital de Marx continua importante


Entrevista com David Harvey: por que O Capital de Karl Marx ainda é o guia definidor para entender - e superar - os horrores do capitalismo.

Marx o capital

Entrevista concedida a Daniel Denvir:    

Faz mais de um século e meio desde que Karl Marx publicou o primeiro volume de O Capital. É um volume enorme e intimidador. O erudito radical David Harvey não concorda. Ele ensinou O Capital durante décadas. Seus cursos populares sobre os três volumes de O Capital estão disponíveis gratuitamente na internet, e foram assistidos por milhões de pessoas no mundo. E formam a base de seus livros sobre os volumes um e dois. O último livro de Harvey, Marx, Capital e a loucura da razão econômica é mais curto que os anteriores. Nele, lida com a irracionalidade fundamental de um sistema capitalista cujo funcionamento é supostamente qualquer coisa menos irracional.
Harvey conversou com Daniel Denvir sobre o livro, as forças simultâneas criativas e destrutivas do capital, as mudanças climáticas e por que ainda vale a pena lutar.

Daniel Denvir - Você tem ensinado O Capital por um bom tempo. Faça uma breve visão geral de cada um dos três volumes.

David Harvey - Marx está muito nos detalhes, e às vezes é difícil entender exatamente sua concepção de O Capital. Mas na verdade é simples. Os capitalistas começam com certa quantia de dinheiro, pegam o dinheiro no mercado e compram algumas mercadorias, como meios de produção e força de trabalho, que colocam para trabalhar num processo de produção que gera novas mercadorias. Elas são vendidas por dinheiro, com um lucro. Então o lucro é redistribuído de várias maneiras, na forma de aluguéis e juros, e então circula de volta para aquele dinheiro, e reinicia o ciclo de produção.

É um processo de circulação. E os três volumes de O Capital lidam com diferentes aspectos desse processo. O primeiro trata da produção. O segundo lida com a circulação e o que chamamos de “realização” - a maneira como a mercadoria é convertida em dinheiro. E o terceiro lida com a distribuição - quanto vai para o proprietário, quanto vai para o financista, quanto vai para o comerciante, antes que tudo seja revirado e reenviado de volta ao processo de circulação.

É o que tento ensinar, para que as pessoas entendam as relações entre os três volumes de O Capital e não se percam totalmente em nenhum volume ou em partes deles.

DD - Você difere de outros estudiosos de Marx. Uma grande diferença é que você presta muita atenção aos volumes dois e três, além do volume um, enquanto muitos estudiosos de Marx se concentram no volume um. Por quê?

DH - Marx, em sua mente, tinha uma idéia da totalidade da circulação do capital. Seu plano era dividi-la nessas três partes componentes, que formam os três volumes. Então, apenas sigo o que Marx diz que está fazendo. Agora, o problema é que os volumes dois e três não foram concluídos por ele, e não são tão satisfatórios quanto o volume um.

O outro problema é que o volume um é uma obra-prima literária, enquanto os volumes dois e três são mais técnicos e mais difíceis de acompanhar. Então, posso entender por que, se as pessoas quiserem ler Marx com um certo senso de alegria e diversão, elas o fazem com o volume um. Mas estou dizendo: "Não, se você realmente quer entender o que é a concepção de capital de Marx, não pode entender como sendo apenas sobre produção. É sobre circulação. É sobre colocar no mercado e vender, e sobre a distribuição dos lucros.”

DD - Uma razão pela qual isso é importante é que precisamos entender essa dinâmica de expansão constante que impulsiona o capitalismo - o que você chama de “infinito ruim”, citando Hegel. Explique o que é esse "infinito mau".

DH - Você chega a essa ideia de “infinito ruim” no volume um. O sistema tem que se expandir porque é sempre sobre lucro, sobre criar o que Marx chamou de “mais-valia”, e a mais-valia é reinvestida na criação de mais valor excedente. Então O Capital é sobre esta expansão constante.

E o que isso faz é: se você cresce 3% ao ano, para sempre, chega ao ponto em que o volume de expansão necessária é absolutamente enorme. No tempo de Marx, havia muito espaço no mundo para expandir, ao passo que agora estamos falando de uma taxa composta de crescimento de 3% sobre tudo o que está acontecendo na China, no sul da Ásia e na América Latina. O problema surge: para onde você vai expandir? Esse é o infinito ruim que está surgindo.

No volume três, Marx diz que talvez a única maneira de se expandir seja pela ampliação da base monetária. Porque com dinheiro não há limite. Se falamos sobre o uso de cimento ou algo assim, há um limite físico para o quanto se pode produzir. Mas com dinheiro, você pode simplesmente adicionar zeros à oferta monetária global.

Se você olhar para o que foi feito depois da crise de 2008, foram adicionados zeros à oferta monetária por algo chamado "quantitative easing" (flexibilização quantitativa). Esse dinheiro então retornou ao mercado de ações e depois às bolhas de ativos, especialmente nos mercados imobiliários. Temos agora uma situação estranha em que, em todas as regiões metropolitanas do mundo que visitei, há um enorme boom na construção e nos preços dos ativos imobiliários - tudo isso está sendo alimentado pelo fato de que o dinheiro está sendo criado e não sabe para onde ir, exceto em especulação e valores de ativos.

DD – Sua formação é de geógrafo e, para você, a explicação do capitalismo de Marx é fundamentalmente sobre como lidar com problemas de espaço e tempo. Dinheiro e crédito são formas de resolver esses problemas. Explique por que esses dois eixos de espaço e tempo são tão críticos.

DH - Por exemplo, a taxa de juros é sobre o desconto no futuro. E o empréstimo é sobre o encerramento do futuro. A dívida é uma reivindicação sobre a produção futura. Então o futuro está encerrado, porque temos que pagar nossas dívidas. Pergunte a qualquer aluno que deva US$ 200 mil: o futuro está encerrado, porque eles têm que pagar essa dívida. Esta exclusão do futuro é uma parte terrivelmente importante do que é o capital.

O material espacial entra em cena porque, na medida em que o capital começa a se expandir, sempre há a possibilidade de que, se não puder expandir em um determinado espaço, ele entra em outro espaço. Por exemplo, a Grã-Bretanha estava produzindo muito capital excedente no século XIX, então muito dele fluiu para a América do Norte, parte para a América Latina, e outra parte para a África do Sul. Então, há um aspecto geográfico nisso.

A expansão do sistema consiste em obter o que chamo de "correções espaciais". Você tem um problema: tem excesso de capital. O que vai fazer com isso? Bem, tem uma correção espacial, o que significa que sai e constrói algo em outro lugar do mundo. Se tem um continente "instável" como a América do Norte no século XIX, então há vastas áreas em que pode se expandir. Mas agora a América do Norte está praticamente coberta.

A reorganização espacial não é simplesmente sobre expansão. É também sobre reconstrução. Temos a desindustrialização nos Estados Unidos e na Europa, e depois a reconfiguração de uma área por meio de redesenvolvimento urbano, de modo que as fábricas de algodão em Massachusetts se transformem em condomínios.
Estamos ficando sem espaço e tempo agora. Esse é um dos grandes problemas do capitalismo contemporâneo.

DD - Você falou sobre o futuro ser encerrado. Esse termo é aplicável quando se trata de dívidas em moradias, obviamente.

DH - É por isso que acho que o termo "encerramento" é muito interessante. Milhões de pessoas perderam suas casas na crise. Seu futuro foi encerrado. Mas, ao mesmo tempo, a economia da dívida não foi embora. Você pensaria que depois de 2007-8 haveria uma pausa na criação de dívidas. Mas, na verdade, o que se viu foi um enorme aumento da dívida.

O capitalismo contemporâneo está cada vez mais nos sobrecarregando com dívidas. Isso deveria dizer respeito a todos nós. Como será paga? E com que meios? E vamos acabar com mais e mais criação de dinheiro, que então não tem para onde ir além de especulação e valores de ativos?
É quando começamos a construir coisas para as pessoas investirem, não para as pessoas morarem. Uma das coisas mais surpreendentes sobre a China contemporânea, por exemplo, é que existem cidades inteiras que foram construídas e ainda não vividas. As pessoas compraram, porque é um bom investimento.

DD - É precisamente essa questão do crédito que levou você a emprestar uma frase de Jacques Derrida, “a loucura da razão econômica”. Coloquialmente, loucura e insanidade são invocadas para estigmatizar ou patologizar indivíduos com doença mental. Mas o que Marx e seu livro nos mostram é que o sistema é realmente insano.

DH - A melhor medida disso é olhar para o que acontece em uma crise. O capital produz crises periodicamente. Uma das características de uma crise é que você tem excedentes de mão de obra - pessoas desempregadas, sem saber como ganhar a vida - ao mesmo tempo em que você tem excedentes de capital que não parecem encontrar um lugar para ir e obter uma taxa adequada de retorno. Você tem esses dois superávits sentados lado ao lado, numa situação em que a necessidade social é crônica.

Precisamos colocar capital e trabalho juntos para realmente criar coisas. Mas você não pode fazer isso, porque o que você deseja criar não é lucrativo e, se não for lucrativo, o capital não o faz. Entra em greve. Então, ficamos com o capital excedente e o trabalho excedente, lado a lado. Esse é o cúmulo da irracionalidade.

Somos ensinados que o sistema econômico capitalista é altamente racional. Mas não é. Na verdade, produz incríveis irracionalidades.

DD - Você escreveu em Jacobin recentemente que Marx rompeu com socialistas moralistas como Proudhon, Fourier, Saint-Simon e Robert Owen. Quem eram esses socialistas e por que e como Marx se separou deles?

DH - Nos estágios iniciais do desenvolvimento capitalista, havia problemas óbvios de condições de trabalho. Pessoas razoáveis, incluindo profissionais e a burguesia, começaram a ver isso com horror. Uma espécie de repugnância moral contra o industrialismo se desenvolveu. Muitos dos primeiros socialistas eram moralistas, no bom sentido desse termo, e expressaram sua indignação ao dizer que podemos construir uma sociedade alternativa, baseada no bem-estar comunitário e na solidariedade social, e questões desse tipo.

Marx olhou para a situação e disse que, na verdade, o problema com o capital não é que seja imoral, mas que é quase amoral. Tentar confrontá-lo com a razão moral nunca vai muito longe, porque o sistema é autogerador e se auto-reproduz. Temos que lidar com essa auto-reprodução do sistema.
Marx adotou uma visão muito mais científica do capital e disse que agora precisamos realmente substituir todo o sistema. Não é apenas uma questão de limpar as fábricas - temos que lidar com o capital.

DD - Você viu O Jovem Karl Marx?

DH - Eu vi o filme e a peça. Marx é um personagem do seu tempo e acho interessante olhar para ele dessa perspectiva.

Mas o que quero fazer é dizer, olhe - nós ainda estamos em uma sociedade impulsionada pela acumulação de capital. Marx abstraiu as particularidades de seu tempo e falou sobre a dinâmica da acumulação de capital e apontou para seu caráter contraditório - como, em sua força motriz, está aprisionando todos nós em dívidas. Marx disse que precisamos ir além do protesto moral. Trata-se de descrever um processo sistemático que precisamos enfrentar e entender a dinâmica do processo. Porque de outra forma as pessoas tentam criar algum tipo de reforma moral, e a reforma moral é então cooptada pelo capital.

É realmente fantástico que tenhamos a internet, que todos pensavam inicialmente como uma grande tecnologia libertadora que permitiria uma grande liberdade humana. Mas agora veja o que aconteceu com isso. Ela é dominada por alguns monopólios que coletam nossos dados e os dão a todos os tipos de personagens decadentes que a usam para fins políticos.

Algo que começou como uma verdadeira tecnologia libertadora de repente se transforma em um veículo de repressão e opressão. Se for feita a pergunta "como isso aconteceu?", ou se diz que é por causa de algumas pessoas más que fizeram isso, ou, com Marx, que é o caráter sistemático do capital sempre fazer isso.

Não existe uma ideia moral boa que o capital não possa cooptar e transformar em algo horrendo. Quase todo esquema utópico que surgiu no horizonte nos últimos cem anos foi transformado em uma distopia pela dinâmica capitalista. É para isso que Marx aponta. Ele está dizendo: "Você tem que lidar com esse processo. Se você não fizer isso, não criará um mundo alternativo capaz de proporcionar liberdade humana a todos.”

David Harvey
DD - Vamos falar sobre as contradições desse processo. Marx era um feroz crítico do capitalismo, mas também era um admirador de seus poderes de destruição criativa. Ele pensou, por exemplo, que o capitalismo era uma grande melhoria sobre o feudalismo. Como devemos pensar nesses poderes destrutivos hoje? Muito do que o capitalismo destrói é bastante óbvio. Por outro lado, precisamos levar em conta o aumento da renda em lugares como a China e a Índia, e esse processo massivo de construção de infraestrutura que está acontecendo em países como esses. Como você aborda esses processos contraditórios?

DH - Você está certo em mencionar isso, porque Marx não é simplesmente um crítico do capitalismo, ele também é fã de algumas das coisas que o capitalismo constrói. Essa é a maior contradição de todas para Marx.

O capital construiu a capacidade, tecnológica e organizacional, para criar um mundo muito melhor. Mas o faz através de relações sociais de dominação, em vez de emancipação. Essa é a contradição central. E Marx continua dizendo: "Por que não usamos toda essa capacidade tecnológica e organizacional para criar um mundo que é libertador, em vez de um que é dominador?"

DD - Uma contradição relacionada é como os marxistas devem pensar sobre o atual debate sobre a globalização, que se tornou mais confuso do que nunca. Como você acha que a esquerda deveria olhar para o debate sobre o protecionismo de Trump, de uma forma diferente dos economistas?
DH - Marx realmente aprovou a globalização. No Manifesto Comunista há uma passagem maravilhosa que fala sobre isso. Ele vê isso como potencialmente emancipatório. Mas, novamente, a questão é por que essas possibilidades emancipatórias não são assumidas. Por que elas são usadas como meio de dominação de uma classe por outra? Sim, é verdade que algumas pessoas no mundo melhoraram suas rendas, mas oito homens têm tanta riqueza quanto cerca de 50% da população mundial.

Marx está dizendo que temos que fazer algo sobre isso. Mas, ao fazê-lo, não nos sentimos nostálgicos e dizemos: “queremos voltar ao feudalismo” ou “queremos ir viver da terra”. Temos que pensar em um futuro progressivo, usando toda a tecnologia que temos, mas usá-las para um propósito social, em vez de aumentar a riqueza e o poder, e concentrá-los num número cada vez menor de mãos.

DD - Qual é mesmo a razão por que Marx rompeu com seus contemporâneos socialistas românticos? Em termos do que as teorias econômicas liberais e os economistas tradicionais ignoram sobre tudo isso, você cita uma passagem de Marx: “Toda razão que eles - os economistas - colocam contra a crise é uma contradição exorcizada e, portanto, uma contradição real. O que pode causar crises. O desejo de se convencer da inexistência de contradições é ao mesmo tempo a expressão de um desejo piedoso de que as contradições, que estão realmente presentes, não deveriam existir”.

O que é que a economia mainstream se propõe a fazer? E o que eles elidem ou escondem no processo?

DH - Eles odeiam contradições. Não se encaixa com a visão de mundo deles. Os economistas gostam de enfrentar o que chamam de problemas, e os problemas têm soluções. Contradições não. Elas existem com você o tempo todo e, portanto, você precisa administrá-las.

Elas se intensificam naquilo que Marx chamou de “contradições absolutas”. Como os economistas lidam com o fato de que na crise dos anos 1930 ou 1970 ou mais recentemente, o capital excedente e o excedente de trabalho se encontram lado a lado, e ninguém parece ter uma pista para resolver isso. Como recolocá-los para que possam trabalhar para fins socialmente produtivos?

Keynes tentou fazer algo sobre isso. Mas, em geral, os economistas não têm ideia de como lidar com essas contradições. E Marx está dizendo que esta contradição está na natureza da acumulação do capital. E essa contradição então produz essas crises periodicamente, que reclamam vidas e criam miséria.

Esses tipos de fenômenos devem ser abordados. E a economia não tem uma maneira muito boa de pensar sobre eles.

DD - Em termos dessa contradição, você descreve em seu livro “capital excedente e mão-de-obra excedente existentes lado a lado, aparentemente sem maneira de juntá-los novamente.” Depois da recente crise, como essas duas coisas - capital excedente e mão-de-obra excedente - reaqueceram? E a maneira pela qual elas se juntaram resultou em uma nova forma de capitalismo, distinta daquela que prevalecia antes da crise? Ainda estamos vivendo sob o neoliberalismo ou algo novo foi criado?
DH - A resposta à crise de 2007-2008 foi para, na maior parte do mundo - exceto na China – adotar uma política de austeridade neoliberal. O que piorou as coisas. Desde então, tivemos mais cortes. Não funcionou muito bem. Lentamente, o desemprego caiu nos Estados Unidos, mas é claro que disparou em lugares como o Brasil e a Argentina.

DD - E o crescimento salarial é bem lento.

DH - Sim, os salários não saíram do lugar. Então, há o que a administração Trump vem fazendo. Primeiro, seguiu algumas políticas muito neoliberais. O orçamento que aprovaram em dezembro passado é um documento neoliberal puro. Isso basicamente beneficia os detentores de bônus e os donos de capital, e todos os outros são empurrados para o lado. E a outra coisa que aconteceu é a desregulamentação, que os neoliberais gostam. A administração Trump dobrou a desregulamentação - do meio ambiente, das leis trabalhistas e de tudo mais. Então, na verdade, houve uma duplicação nas soluções neoliberais.

O argumento neoliberal teve muita aceitação nas décadas de 1980 e 1990 como sendo de algum modo libertador. Mas ninguém acredita mais nisso. Todo mundo percebe que é uma trapaça na qual os ricos ficam mais ricos e os pobres ficam mais pobres.

Mas estamos começando a ver o possível surgimento de um protecionismo étnico-nacionalista-autárquico, que é um modelo diferente. Isso não se encaixa muito bem com os ideais neoliberais. Poderíamos estar nos dirigindo para algo que é muito menos agradável do que o neoliberalismo - a divisão do mundo em facções guerreiras e protecionistas que estão lutando entre si pelo comércio e tudo mais.

O argumento de alguém como Steve Bannon (um assessor de Donald Trump – JCR) é que precisamos proteger os trabalhadores da América contra a competição no mercado de trabalho, limitando a imigração. Em vez de culpar o capital, culpa os imigrantes. A segunda coisa é dizer que também podemos obter apoio dessa população criando tarifas protecionistas e culpando a concorrência chinesa.

Na verdade, você tem uma política de direita que está ganhando muito apoio sendo anti-imigração e anti-offshoring. Mas o fato é que o maior problema dos empregos não é o offshoring, é a mudança tecnológica. Cerca de 60% ou 70% do desemprego que ocorreu a partir dos anos 80 deveu-se à mudança tecnológica. Talvez 20% ou 30% foi devido ao offshoring.

Mas a ala direita agora tem uma política. Essa política não está apenas acontecendo nos Estados Unidos, mas na Hungria, na Índia, até certo ponto, na Rússia. A política autoritário-nacionalista está começando a dividir o mundo capitalista em facções em conflito. Nós sabemos o que aconteceu com esse tipo de coisa na década de 1930, então devemos estar muito preocupados. Não é uma resposta ao dilema do capital. Na medida em que o etnonacionalismo conquiste o neoliberalismo, estaremos em um mundo ainda mais feio do que já estivemos.

DD - Essas contradições são poderosas dentro da coalizão governamental conservadora nos EUA, mas acho que é um erro quando as pessoas as vêem como novas. Elas estão latentes há muito tempo.

DH - Oh sim. Por exemplo, na Grã-Bretanha, no final dos anos 1960, havia o discurso de Enoch Powell (conservador e ministro da Saúde no Reino Unido, na década de 1960 - JCR) que falava sobre “rios de sangue” se continuássemos com a política de imigração. O fervor anti-imigrante já existia há muito tempo.

Mas conseguiu, durante os anos 1980 e 1990, ser mantido em segredo porque havia dinamismo suficiente na economia capitalista global para as pessoas dizerem: “esse regime de livre comércio e políticas de imigração razoavelmente benignas estão trabalhando para nós.” Desde então, mudou de direção.

DD - Você mencionou o enorme poder da automação. O que Marx diz sobre automação e o que você faz dela? O fim do trabalho está realmente próximo?

DH - Eu vim para os Estados Unidos em 1969 e fui para Baltimore, onde havia enormes empresas de ferro e aço que empregavam cerca de trinta e sete mil pessoas. Em 1990, a siderurgia ainda produzia a mesma quantidade de aço, mas empregava cerca de cinco mil pessoas. Agora o trabalho do aço praticamente desapareceu. O ponto é que, na manufatura, a automação expulsou empregos por atacado, em todo lugar, muito rapidamente. A esquerda passou muito tempo tentando defender esses trabalhos e lutou contra a ação de retaguarda contra a automação.

Essa foi uma estratégia errada por algumas razões. A automação estava chegando de qualquer maneira, e você ia perder. Em segundo lugar, não vejo por que a esquerda deveria se opor absolutamente à automação. A posição de Marx, na medida em que ele tinha uma, seria que deveríamos usar essa inteligência artificial e automação, mas deveríamos fazê-lo de uma maneira que aliviasse a carga de trabalho.

A esquerda deveria estar trabalhando em uma política na qual diria: “damos as boas-vindas à inteligência artificial e à automação, mas elas devem nos dar muito mais tempo livre”. Uma das grandes coisas que Marx sugere é que o tempo livre é uma das coisas mais emancipatórias que podemos ter. Ele tem uma boa frase: o reino da liberdade começa quando o reino da necessidade é ultrapassado. Imagine um mundo em que as necessidades pudessem ser atendidas. Um ou dois dias por semana de trabalho, e o resto do tempo é tempo livre.

Agora, temos todas essas inovações que poupam trabalho na produção e também no lar. Mas se perguntar às pessoas, você tem mais tempo livre do que antes?, a resposta é: "não, eu tenho menos tempo livre". Temos que organizar tudo isso para que possamos ter o máximo de tempo livre possível. Esse é o tipo de imaginação de uma sociedade que Marx tem em mente. E é uma ideia óbvia.

O que está nos impedindo é que todas essas coisas estão sendo usadas para sustentar os lucros do Google e da Amazon. Até lidarmos com as relações sociais e as relações de classe por trás de tudo isso, não poderemos usar esses dispositivos e oportunidades fantásticos de maneira que beneficiam a todos.

DD - O que você acha dos esquemas de renda básica universal?

DH - No Vale do Silício, eles querem uma renda básica universal para que as pessoas tenham dinheiro suficiente para pagar pela Netflix. Que tipo de mundo é esse? Fale sobre uma distopia. A renda básica universal é uma coisa, o problema é o Vale do Silício e aquelas pessoas que estão monopolizando os meios de comunicação e entretenimento.

A renda básica universal em algum momento pode estar na agenda, mas não coloco isso no topo das minhas prioridades políticas. Na verdade, existem aspectos que têm possibilidades altamente negativas, como sugere o modelo do Vale do Silício.

DD - Você acha que a mudança climática coloca limites claros à expansão permanente exigida pelo capitalismo, ou o capitalismo será capaz de resistir à crise climática?

DH – O capital poderia resistir à crise da mudança climática. De fato, se você olhar para os desastres climáticos, o capital pode transformar isso no que Naomi Klein chama de “capitalismo de desastre”. Você tem um desastre, bem, você tem que reconstruir. Isso dá muitas oportunidades para o capital se recuperar de forma lucrativa de desastres climáticos.

Do ponto de vista da humanidade, acho que não sairemos bem disso. Mas o capital é diferente. O capital pode sair dessas coisas e, desde que seja lucrativo, ele fará isso.

DD - Vamos falar sobre resistência. Você escreve que produção e consumo são as duas facetas centrais do capitalismo, e que lutas sociais e políticas contra o poder do capital, dentro da totalidade da circulação do capital, tomam formas diferentes e exigem diferentes tipos de alianças estratégicas, para terem sucesso.
Como devemos pensar sobre a relação entre as lutas trabalhistas, por um lado, e as lutas contra o Estado - contra o encarceramento em massa, contra despejos de moradores ou empréstimos predatórios - por outro?

DH - Uma das virtudes de olhar o capital como uma totalidade e pensar em todos os aspectos da circulação do capital é que você identifica diferentes arenas de luta. Por exemplo, a questão ambiental. Marx fala sobre a relação metabólica com a natureza. Portanto, a luta pela relação com a natureza torna-se politicamente significativa. Neste momento, muitas pessoas que estão preocupadas com a questão ambiental dirão: “podemos lidar com isso sem confrontar a acumulação de capital”.

Eu me oponho a isso. Num certo ponto, teremos que lidar com a acumulação de capital, que representa um crescimento de cerca de 3% para sempre, como uma questão ambiental clara. Não haverá uma solução para a questão ambiental sem confrontar a acumulação de capital.

Existem outros aspectos também. O capital tem sido a produção de novos desejos e necessidades. Tem sido a produção do consumismo. Acabo de voltar da China e notei que em apenas três ou quatro anos houve um imenso aumento do consumismo. Isto é o que o Banco Mundial e o FMI estavam aconselhando aos chineses há vinte anos, dizendo: "você está economizando muito e não está consumindo o suficiente". Agora os chineses estão iniciando uma verdadeira sociedade de consumo, e isso significa que os desejos e necessidades das pessoas estão sendo transformados. Vinte anos atrás, na China, o que você queria, precisava e desejava era uma bicicleta, e agora você precisa de um automóvel.

Existem várias maneiras de fazer isso. Os "homens loucos" da publicidade têm seu papel a desempenhar, mas ainda mais importante é a invenção de novos estilos de vida. Por exemplo, uma das maneiras pelas quais o capital saiu do seu dilema em 1945 nos Estados Unidos foi através da suburbanização, que é a criação de um novo estilo de vida. Na verdade, o que descobrimos é que a criação de estilo de vida não é uma escolha.

Todos temos telefones celulares. Essa é a criação de um estilo de vida, e esse estilo de vida não é algo que eu possa escolher individualmente para entrar ou sair - tenho que ter um telefone celular, mesmo que não saiba como a maldita coisa funciona.

Não é como se, no passado, alguém estivesse desejando, querendo ou precisando de um celular. Essa necessidade surgiu por uma razão em particular, e o capital encontrou uma maneira de organizar um estilo de vida em torno disso. Agora estamos presos a esse estilo de vida. Consulte novamente o processo de suburbanização. O que você precisa nos subúrbios? Você precisa de um cortador de grama. Se você fosse inteligente em 1945, teria entrado na produção de cortadores de grama porque todos precisavam de um para cortar a grama.

Agora, há revoltas contra certas coisas que acontecem. As pessoas começam a dizer: “queremos fazer algo diferente”. Encontro pequenas comunidades em todo lugar nas áreas urbanas e também nas áreas rurais, onde as pessoas estão tentando criar um estilo de vida diferente. As que mais me interessam são aquelas que usam novas tecnologias, como o celular e a internet, para criar um estilo de vida alternativo com diferentes formas de relações sociais do que aquelas características de corporações, com estruturas hierárquicas de poder, que encontramos em nosso dia a dia.

Lutar por um estilo de vida é bastante diferente do que lutar por salários ou condições de trabalho em uma fábrica. Há, no entanto, do ponto de vista da totalidade, uma relação entre essas diferentes lutas. Estou interessado em fazer com que as pessoas vejam como a luta pelo meio ambiente, a produção de novos desejos e necessidades e o consumismo estão relacionados às formas de produção. Coloque todas essas coisas juntas e você terá uma imagem da totalidade do que é uma sociedade capitalista, e os diferentes tipos de insatisfações e alienações que existem nos diferentes componentes da circulação do capital que Marx identifica.

DD - Como você vê a relação entre as lutas contra o racismo e essas lutas contra a produção e o consumo?

DH - Dependendo de onde você está no mundo, essas questões são fundamentais. Aqui nos Estados Unidos, esta é uma questão muito grande. Você não terá o mesmo problema se observar o que está acontecendo na China. Mas aqui, as relações sociais são sempre marcadas por questões de gênero, raça, religião, etnia e afins.

Portanto, você não pode lidar com a questão da produção de estilos de vida ou a produção de desejos e necessidades sem englobar a questão do que acontece nos mercados imobiliários racializados e como a questão racial é então utilizada de várias maneiras. Por exemplo, quando me mudei para Baltimore, uma das coisas que estava acontecendo era o blockbusting - o uso, pelo setor imobiliário, de disparidades raciais para forçar a fuga dos brancos e capitalizar a alta rotatividade no mercado imobiliário como uma forma de obter vantagem econômica.

As questões de gênero que surgem em torno de questões de reprodução social também são primordiais em uma sociedade capitalista, não importa onde você esteja. Essas questões estão embutidas na acumulação de capital.

Quando estou falando sobre isso, muitas vezes tenho problemas porque parece que a acumulação de capital é mais importante do que esses outros aspectos. A resposta é que não, não é esse o caso. Mas os anti-racistas precisam lidar com a maneira pela qual a acumulação de capital interfere na política antirracista. E com a relação entre esse processo de acumulação e a perpetuação de distinções raciais.
Aqui nos Estados Unidos, temos todo um conjunto desses tipos de perguntas, que são de suma importância. Mas, novamente, elas podem ser tratadas sem que, em algum momento, se lide com a maneira pela qual a acumulação de capital está promovendo e perpetuando algumas dessas distinções? A resposta para isso, para mim, é não. Eu não acho que isso seja possível. A certa altura, os anti-racistas também precisam ser anticapitalistas se quiserem chegar à raiz real de muitos dos problemas.

DD – Você é bem conhecido pelo seu trabalho acadêmico, mas talvez seja mais conhecido como professor de Marx. Por que você acha importante que os esquerdistas de fora da academia se envolvam com o trabalho sobre Marx?

DH - Quando você está envolvido em ação política e no ativismo, você geralmente tem um alvo muito específico. Vamos dizer, envenenar a tinta no centro da cidade. Você está organizando o que fazer com o fato de que 20% das crianças no centro de Baltimore sofrem de envenenamento por tinta de chumbo. Você está envolvido em uma batalha legal e na luta com lobbies de proprietários e com todos os tipos de oponentes. A maioria das pessoas que conheço envolvidas em formas ativistas desse tipo estão tão preocupadas com os detalhes do que estão fazendo que muitas vezes esquecem onde estão no quadro geral - das lutas de uma cidade, quanto mais no mundo.

Muitas vezes você acha que as pessoas precisam de ajuda de fora. Essa coisa de tinta de chumbo é muito mais fácil de lidar se você tem todas as pessoas envolvidas no sistema educacional, que vêem crianças em escolas com problemas com envenenamento por tinta de chumbo. Você começa a construir alianças. E quanto mais alianças você puder construir, mais poderoso seu movimento se torna.

Eu tento não ensinar as pessoas sobre o que elas devem pensar, mas tente criar uma estrutura de pensamento, para que as pessoas possam ver onde estão na totalidade de relacionamentos complicados que compõem a sociedade contemporânea. Então, as pessoas podem formar alianças em torno dos problemas com os quais estão preocupadas e, ao mesmo tempo, mobilizar seus próprios poderes para ajudar outras pessoas em suas alianças.

Estou construindo alianças. Para construir alianças, você precisa ter uma imagem da totalidade de uma sociedade capitalista. Na medida em que você pode obter um pouco disso estudando Marx, acho que é útil.

(*) David Harvey, nascido na Inglaterra e radicado nos EUA desde 1969, é professor de antropologia e geografia no Centro de Pós-Graduação da Universidade da Cidade de Nova York. Seu último livro é The Ways of the World. Daniel Denvir é autor de All-American Nativism; escreve no The Appeal, e é apresentador de The Dig, na Rádio Jacobin.

Fonte: Jacobin. Tradução: José Carlos Ruy

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Cem anos de Antonio Candido

Antonio Candido costumava ser chamado assim, segundo ele mesmo, por quem o conhecia pela sua vida acadêmica. Para os mais íntimos, entre os familiares e os amigos mais próximos, era simplesmente Candido. Foi assim que o conhecemos, desde pequenos, como sobrinhos de um dos seus amigos mais próximos, Azis Simão.

Andre Penner

Por Emir Sader

Não tínhamos ainda a dimensão da sua figura para a cultura brasileira, mas conhecíamos sua genialidade, nas suas grandes tiradas irônicas, revelando toda a inteligência que permearia toda a sua obra. Nascido no Rio de Janeiro, há exatamente cem anos (24 de julho de 1918), cresceu em Poços de Caldas, antes que sua família se mudasse para São Paulo. Ali, estudou na USP, onde começou o curso de Direito, que abandonou antes de concluir, para estudar Ciências Sociais na velha e histórica Faculdade de Filosofia da rua Maria Antonia, sob a influência de Fernando de Azevedo.

Mas logo se concentrou na teoria da literatura, de que ele se tornaria o maior expoente brasileiro e latino-americano, além de formador das melhores gerações de estudiosos do tema aqui no Brasil. Mesmo antes disso, ele foi autor de algumas das obras sociológicas mais importantes do pensamento social brasileiro, Os parceiros do Rio Bonito, livro admirável também pela sua beleza literária.

A formação da literatura brasileira deu início à construção da obra de teoria literária que mudaria o panorama intelectual do Brasil, tornando-se um clássico na mais clara acepção da palavra, adotado, estudado, objeto de teses e edições em vários outros países.

Mas não me deterei aqui na obra de Candido e sim na sua imagem de intelectual da esfera pública, de que ele foi a melhor expressão no Brasil. Essa figura vem daquela da intelligentsia, do intelectual vinculado aos grandes temas de interesse da sociedade, abordados em linguagem acessível e do ponto de vista dos interesses populares, contra as oligarquias no poder. Um intelectual de que Antonio Candido foi o melhor exemplo.

Ele pertence a um tempo em que o intelectual se vinculava indissoluvelmente à esfera pública, à educação pública, à construção democrática da sociedade e do Estado. Era socialista, porque esse era o projeto que se identificava com aqueles interesses.

Pertenceu a grupos socialistas antes de participar da fundação do Partido dos Trabalhadores, partido com o qual se identificou sempre, em particular com a liderança do Lula. Como ele disse, sua personalidade não tem os traços da militância política, mas seu interesse pela política foi dado sempre pelo interesse pelas ideias que as práticas políticas contém.

A crise dos intelectuais das esfera pública é resultado de vários fatores, entre eles a burocratização da vida acadêmica, em que se escreve mais para as agências de financiamento, prestando contas ou solicitando recursos, do que para o grande público, para a opinião pública, para a sociedade no seu conjunto. A própria linguagem se adapta a essas necessidades, tornando-se hermética, inacessível, indecifrável.

Por outro lado, a disseminação dos campus universitários contribuíram decisivamente para afastar as universidades da vida das cidades, além de distanciar as próprias faculdades entre si, distanciadas também geograficamente. Os professores e estudantes de Ciências Sociais e de História da USP, por exemplo, não tendem a se encontrar, seus prédios são distintos, seus cafés são distantes entre si.
Tempos muito diferentes daqueles que eu tive a sorte de viver, em que no mesmo prédio da rua Maria Antonia se podia assistir cursos de Antonio Candido, de Sergio Buarque de Holanda, de Florestan Fernandes, entre tantos outros à disposição dos alunos de todos os cursos.

Além disso, a tendência permanente à hiper especialização das disciplinas faz com que se perca a visão da totalidade da sociedade, produzindo saberes cada vez mais restritos e distanciados da totalidade da realidade.

A morte de Antonio Candido, o nosso Candido, representou um novo momento na desaparição desse tipo de intelectual, do intelectual da esfera pública, que ele soube encarnar como ninguém no Brasil, pela sua trajetória de vida, pela sua obra, pela sua personalidade generosa e pelo exemplo que nos deixou.


terça-feira, 24 de julho de 2018

Justiça Eleitoral convoca mesários e cadastra trabalhadores voluntários para dias de votação

As convocações para quem trabalhará nas eleições deste ano já começaram. Desde o início do mês, a Justiça Eleitoral está enviando as notificações e cadastrando pessoas que se oferecem voluntariamente para atuar nos dias de votação.


Considerando os municípios que formam a Comarca de Paranavaí, são necessárias 976 pessoas, ou seja, quatro para cada uma das 244 seções eleitorais. As tarefas são divididas entre presidente de mesa, primeiro e segundo mesários e secretário.

As convocações vão até o início de agosto, quando será publicada oficialmente a lista com os nomes dos eleitores selecionados e dos voluntários.

Chefe de cartório da 72ª Zona Eleitoral de Paranavaí, Alethéia Barros Aparício explicou a função que exercem. O presidente de mesa é responsável por operar o microterminal eletrônico e liberar o eleitor para a votação.

Primeiro e segundo mesários localizam o nome do eleitor na lista específica da seção e separam o comprovante de votação. Já o secretário tem como funções organizar a fila de eleitores e controlar a entrada das pessoas.

No dia do pleito eleitoral, o trabalho tem início às 7 horas e se estende até o fechamento da urna eletrônica. De acordo com Alethéia, o procedimento de conclusão é simples e rápido, levando, no máximo, 30 minutos.

Para realizar as tarefas com precisão, as pessoas convocadas e as que se apresentam voluntariamente participam de treinamentos. Neste ano serão formadas 18 turmas divididas nos dias 4, 5, 6, 10, 11 e 12 de setembro, em três horários (9, 13 e 16 horas).

REQUISITOS - A lei eleitoral estabelece critérios para definir quem pode atuar no processo de votação. As exigências valem para todas as pessoas, não importando se foram convocadas ou se apresentaram de maneira voluntária.

Não pode: ter menos de 18 anos de idade, pertencer ao serviço eleitoral, ser autoridade policial, exercer cargo de confiança em qualquer âmbito do Poder Executivo, ser integrante de diretoria-executiva de diretório de partido político, ser candidato ou parente de candidato em até segundo grau e ser analfabeto.

VOLUNTÁRIOS - Composta por Itaúna do Sul, Diamante do Norte, Marilena e Nova londrina, a comarca sempre registra participação expressiva de pessoas que se oferecem voluntariamente para trabalhar nos dias de eleições.

Interessados podem se inscrever pela internet, no site da Justiça Eleitoral (www.tse.jus.br). É só clicar na opção “Mesário voluntário” e preencher o cadastro. O procedimento também pode ser feito pessoalmente no Fórum Eleitoral.

SERVIÇO - O Fórum Eleitoral de Paranavaí fica na Av. Kondo, 478. O expediente é de segunda a sexta-feira se estende das 12 às 19 horas. O telefone para contato (44) 3432-2274.