Mais um ano termina, mais uma vez iremos comemorar o Natal, uma data religiosa que propõe a todos, não só aos católicos, mas a todos os homens de boa vontade a reflexão sobre o nosso relacionamento com nossos semelhantes e quais as atitudes que podemos tomar no nosso dia a dia em prol de uma sociedade mais fraterna e igualitária. O Natal foi implantado assim como as outras festividades católicas que temos incorporadas em nosso calendário, em substituição de algumas festas religiosas pagãs.
O 25 de dezembro, antes dedicado pelos romanos ao “Sol Invictus” agora é dedicado ao nascimento de Cristo que para a os cristãos é início de um novo tempo, pois Deus se faz de carne e osso a fim de estar mais próximo de nós e nos oferecer a salvação através do amor ao próximo.
Amor ao próximo, ensinamento visto como inocente e até utópico por muitos, mas se refletirmos realmente sobre ele, se chegará à conclusão de que este mandamento não tem nada de ingênuo, mais sim de revolucionário. Imaginem se o espírito fraternal foi o motor das ações humanas será que iríamos conviver com tantos problemas? Se realmente o desejo de partilhar fosse um desejo de todos, iríamos conviver com desigualdade social? Existiria a fome? A miséria? A violência?
Amar ao próximo como a ti mesmo é uma ação transformadora, afinal se eu amo o meu semelhante é lógico que o sofrimento dele é desconfortante, e desconforto nos faz agir e é isto que Cristo propõe, é ação, o trabalho em defesa do bem comum, a promoção da felicidade para todos.
Da mesma forma que ninguém o acolheu no dia do seu nascimento, sendo sua mãe obrigada a realizar seu parto em um local inadequado, o ideal de Cristo também não foi acolhido pelos homens.
O egoísmo, o sentimento anti-fraternal, a mercantilização da vida humana é quem ocupou o espaço na vida de cada individuo devido o espírito de competição implantado pelo capitalismo. Cristo nos ensina a chamar o outro de irmão, o capitalismo nos ensina a chamá-lo de concorrente.
A miséria e o sofrimento do outro para Cristo são símbolos de tristeza e de compaixão, para o capital, um sinal de vitória, afinal a miséria do outro representa o seu sucesso.
Ao longo do ano fomos testemunhas que essa realidade é verdadeira, ao redor do mundo, vários foram os acontecimentos que provam que o individualismo e que sede por ganhar dinheiro é o que importa. Nas vésperas do natal, alguns que ao longo do ano nem se preocupam em contribuir com a vida do próximo, acham que apenas dando um quilo de alimento em uma campanha de arrecadação qualquer, já o deixa em dia com suas responsabilidades em defesa de uma sociedade melhor, outros nem isso, apenas ficam eufóricos com chegada do “homem de vermelho e barba branca”, figura esta que aparece em todas as vitrines de lojas nos convidado apenas em comprar, em gastar o nosso suado dinheiro em presentes, nos incentivando a termos mesas fartas, a comermos tudo o que não comemos ao longo do ano apenas em único dia.
O natal para muitos é marcado pelo exagero, pela comilança, pela bebedeira, é a celebração não da chegada do Cristo, mais sim do prazer, do desejo de ter do “bem estar”, da felicidade vazia que o capitalismo nos apresenta nas prateleiras dos supermercados e nas vitrines das lojas.
È a mais triste festa de aniversário, afinal qual aniversário que o aniversariante é esquecido? Na verdade essa proposital troca de Cristo pelo Papai Noel é a tentativa de fazer as pessoas não conhecerem a humildade, a caridade, o amor, mas apenas terem contato com esse mundo que se apresenta em dia de natal todo iluminado e colorido, uma ilusão que na verdade está mergulhando a humanidade na hipocrisia, no desrespeito, na falta de ética e moral, numa vida onde o outro representa uma ameaça, algo que incomoda. Portanto neste natal a proposta verdadeira é oferecer a oportunidade a todos a refletirem qual seria o seu papel em defesa do bem comum e da dignidade humana.
Assim poderíamos começar um ano novo com novas perspectivas, novas realidades, e através desse exercício é que verdadeiramente poderemos desejar a todos que iremos encontrar um verdadeiro Feliz Natal.
Professor Lincoln de Britto Santos, Pós-graduado pela FAFIPA.
Meu amigo Lincoln, hoje este mesmo sistema capitalista ironiza os ensinamentos deste Cristo, o dia de natal tornou-se uma das datas mais visadas, onde este sistema excludente acumula seus lucros, sistema este que desumaniza os homens e se comporta de forma contraria à tudo que Jesus pregava.
ResponderExcluirJá compraram seus presentes??? rs
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