Enquanto opiniões de analistas afirmando que o Brasil é um
dos países que menos crescem no mundo são divulgadas continuamente, se oculta
que, das 10 maiores economias do mundo, entre as quais a brasileira, apenas
Índia e China têm crescido mais.
Por Emilio Chernavsky*, publicado no Brasil Debate
Nos últimos meses, têm sido continuamente veiculadas
opiniões de analistas afirmando que o País seria um dos que menos crescem no
mundo.
Certamente, em meio à maior crise internacional desde os anos
1930 e ao aumento da incerteza gerado pelo processo eleitoral e pela forma com
que ele é noticiado, existem problemas reais e a situação econômica em 2014 não
é mesmo das melhores. Mas, seria isso suficiente para justificar aquelas
afirmações?
Defende-se aqui que não. Isto porque, se nos últimos anos o
Brasil tem de fato crescido abaixo da média dos emergentes, progrediu em ritmo
similar ao da média global e acima da média dos países desenvolvidos.
Sugere-se também que a comparação do crescimento brasileiro
com o de outras economias sul-americanas, muito menores e menos diversificadas,
é totalmente inadequada, o que não impede que ela venha sendo amplamente
propalada.
Enquanto isso, se oculta que, das 10 maiores economias do
mundo, entre as quais a brasileira, apenas a Índia e a China têm crescido
significativamente mais que ela.
Mas não somente o Brasil cresce em linha com a média global
e acima da média dos países desenvolvidos.
Como mostram os gráficos a seguir, elaborados a partir dos
dados do World Economic Outlook do FMI de outubro/2014, ele também tem crescido
de forma muito similar à média dos emergentes quando dela retiramos um único
país, a China, situação que se manteve, inclusive, após a eclosão da crise
global.
Ou seja, longe do que se poderia pensar a partir da
cobertura da imprensa, o desempenho da economia do País, de fato muito modesto,
não está em absoluto descolado da economia global. Isso contrasta fortemente
com os anos 1990, quando o Brasil crescia não somente menos que as economias
emergentes, mas até mesmo menos que as desenvolvidas, o que apenas começou a
mudar em meados dos 2000.
A superação dos problemas e a retomada do crescimento
requerem o conhecimento da situação real do País. Não ajuda, nesse sentido, a
difusão da imagem de uma economia paralisada em um mundo em clara recuperação,
que de forma alguma corresponde à realidade.
*Emilio Chernavsky é doutor em economia pela USP
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