Ações de transferência de renda e de segurança alimentar são citadas como exemplo de que a proteção social gera um círculo virtuoso de crescimento inclusivo
A ministra Tereza Campello falou sobre os novos desafios |
O relatório O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2015,
divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
(FAO) ontem, destaca os avanços brasileiros na redução do número de pessoas em
situação de fome conquistado nos últimos anos. O Brasil é o país, entre os mais
populosos, que teve a maior queda de subalimentados entre 2002 e 2014, que foi
de 82,1%. No mesmo período, a América Latina reduziu em 43,1% esta quantidade.
Entre os mais populosos, o país também é aquele que
apresenta a menor quantidade de pessoas subalimentadas. São 3,4 milhões no
Brasil, pouco menos de 10% da quantidade total da América Latina, que é de 34,3
milhões. “O relatório confirma o esforço e reconhece a trajetória do Brasil na
ação de redução da pobreza e do combate à fome”, ressaltou a ministra do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello.
“O Brasil, ao contrário de outros países do mundo, sempre
foi um grande produtor de alimentos. E, mesmo assim, a população passava fome.
O nosso problema não era a disponibilidade de alimentos, o nosso problema era
acesso aos alimentos e à renda. E isso conseguimos alcançar com políticas
públicas”, explicou.
A publicação aponta também que o país alcançou todas as
metas das Nações Unidas em relação à fome. O Objetivo do Milênio (ODM) era de
reduzir pela metade a fome e o da Cúpula Mundial de Alimentação era de reduzir
pela metade os números absolutos de subalimentados. O Brasil é um dos 29 países
que conseguiram alcançar essas duas metas. “O Objetivo de Desenvolvimento
Sustentável (ODS), que está em processo de formatação, tem o objetivo de
reduzir até menos de 5% até 2030. Desde o ano passado, nós já conseguimos
alcançar esta meta”, contou a ministra.
As ações de segurança alimentar desenvolvidas e o Programa
Bolsa Família foram citados como cruciais para o crescimento inclusivo que o
Brasil alcançou. “A proteção social pode estabelecer um círculo virtuoso de progresso
à população pobre com melhores salários, empregos e rendas”, destaca o
relatório. “Estes programas reduziram significativamente a desigualdade de
renda - entre 2000 e 2012, a renda média do quintil [20%] mais pobre da
população cresceu três vezes mais rápido que a dos 20% mais ricos.”
A ministra Tereza Campello explica que o país agora enfrenta
um novo desafio. “O Brasil saiu do Mapa da Fome. Temos a primeira geração de
crianças alimentadas, que estão na escola e não vão repetir a trajetória de seus
pais. E nos deparamos com o Brasil vivendo problemas de saúde típicos de países
desenvolvidos, como a obesidade. E, principalmente, a obesidade infantil”,
destacando que é um dos principais temas que serão tratados pelos governos e
sociedade durante a 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional, no segundo semestre deste ano.
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