Dois dias após Greve Geral, centrais sindicais voltam a
ocupar as ruas no Dia do Trabalhador.
No Brasil de Fato
Dois dias após a greve geral que mobilizou quase 40 milhões
de pessoas em todo o país, movimentos populares e centrais sindicais voltaram a
ocupar as ruas nesta segunda-feira (1). A data marca o Dia Internacional das
Trabalhadoras e dos Trabalhadores.
Em São Paulo (SP), o Ato Político de Resistência do 1º de
Maio reuniu milhares de pessoas na Avenida Paulista. O evento foi organizado
pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Intersindical, além de contar com o apoio das
entidades que compõem as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
Para Raimundo Bonfim, coordenador geral da Central de
Movimentos Populares (CMP) e da Frente Brasil Popular, a programação deste 1º
de Maio é uma continuação de uma jornada de luta, que também engloba a greve
geral da última sexta-feira (28).
"O ato dese primeiro de maio está dentro do contexto
dessa jornada. Estamos começando a reconectar dos movimentos sociais e das
centrais sindicais com a classe trabalhadora, então foi um dia histórico. No
dia 28 tivemos a maior greve da história do país, onde quase 40 milhões de
pessoas se envolveram e participaram das atividades da greve", afirmou.
Assim como nas mobilizações da semana passada, os movimentos
populares pautam nesta segunda-feira o desmonte dos direitos trabalhistas,
previdenciários e sociais por meio das reformas enviadas ao Congresso Nacional
pelo governo golpista de Michel Temer (PMDB).
"Esse 1º de maio é pra coroar esse mês de março e
abril, dois meses importantes, o que demonstra que classe trabalhadora está de
pé, lutando e combatendo o ataque aos seus direitos", disse Bonfim.
Já o Deputado Federal Ivan Valente (PSOL-SP) afirma que as
fortes mobilizações desmonta a retórica do governo federal. Temer reduziu as
ações da Greve Geral a "pequenos grupos que bloquearam rodovias e
avenidas" e disse que os protestos não terão impacto na discussão da
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287, que altera, entre outras coisas,
as regras da aposentadoria no Brasil.
"Hoje a própria Datafolha falou que 87% é contra a
idade mínima e o tempo de contribuição, e que a esmagadora maioria é contra a
reforma trabalhista. Os trabalhadores estão sabendo que é uma proposta para
retirar direitos, estão se mobilizando e na medida que conhecem mais a proposta
haverá uma paralisação maior. Os deputados não querem morrer politicamente. Por
mais que haja compra de votos eles vão medir o grau de impopularidade da
medida", acredita.
A pesquisa citada por Valente, realizada pelo Instituto de
Pesquisa Datafolha antes da Greve Geral e divulgada nesta segunda-feira, mostra
que sete em cada dez brasileiros se dizem contrários à reforma da Previdência.
Segundo o Deputado Federal Orlando Silva (PCdoB-SP), o
resultado da votação da PEC 287 ainda pode ser mudado. "O Congresso estava
tão preocupado com a Greve que manobraram para poder antecipar a votação. Mas a
batalha ainda não acabou porque o Senado Federal ainda vai analisar a matéria e
nós temos dialogado com vários senadores. Então nós não fizemos apenas a greve,
estamos preparando mobilizações e penetrando na consciência das pessoas"
Shows
Por volta das 16h, o ato político em São Paulo seguiu em
caminhada até a Praça da República, onde apresentações culturais encerraram a
mobilização do 1º de maio. O cortejo foi conduzido pelo grupo Ilú Obá de Min.
A programação cultural também contou com a participação do
rapper Emicida, Mc Guimê, Leci Brandão, As Bahias e a Cozinha Mineira, Bixiga
70, Mistura Popular, Marquinhos Jaca e Sinhá Flor. Para as entidades
organizativas, as atrações são "um instrumento de formação política, em
especial com a juventude".
Proibição
Após um impasse com a Prefeitura de São Paulo, As entidades
conseguiram permanecer com as atividades convocadas, com poucas alterações. No
domingo (30), em uma audiência com o Tribunal de Justiça de São Paulo, a CUT
conseguiu reverter a decisão da Prefeitura de São Paulo que proibia as
atividades do 1º de Maio na Avenida Paulista.
Antes de a CUT entrar com um recurso, o TJSP havia
determinado o pagamento de R$ 10 milhões em multa caso a central decidisse
realizar os shows na avenida Paulista. As atividades foram transferidas para a
Praça da República.
Estados
As centrais sindicais e as frentes Brasil Popular e Povo sem
Medo também organizaram mobilizações em outras capitais neste 1º de maio. No Rio
de Janeiro, um ato ecumênico teve início às 11h na Praça da Cinelândia. O local
foi marcado por forte repressão policial aos manifestantes que vinham da
Assembleia Legislativa durante os atos da Greve Geral da última sexta-feira.
No Distrito Federal, a Central Única dos Trabalhadores (CUT)
deu início às celebrações e luta do dia dos trabalhadores a partir das 9h, na
Torre de TV. Além dos debates políticos, as bandas Bossa Greve e Samba de
Tapera realizaram apresentações musicais durante o evento.
Já no Rio Grande do Sul, centrais sindicais e partidos
progressistas se reuniram a partir das 10h em um ato de resistência junto ao
Monumento do Expedicionário, no Parque da Redenção, em Porto Alegre. Em Belém
do Pará, um ato político e cultural teve início às 9h na Praça da República. Em
Goiânia um ato festivo-político e cultural reuniu lideranças religiosas,
políticos e artistas com shows ao vivo na Praça do Trabalhador.
Edição: Luiz Albuquerque
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